DAC-CEART-UDESC Professora Fátima Costa de Lima 1. Pré-romantismo 1ª onda romântica, Sturm und Drang: c. 1770-1780, sob influência de Rousseau e poetas ingleses; Nomes: Hamann, Herder, Lenz, Goethe e Schiller. Características: impulso racional, oposição à Ilustração e à literatura classicista francesa, subjetivismo radical, tendência ao primitivo, expressão emocional, gênio suposto “bruto e inconsciente de Shakespeare”, valorização da arte popular (Volkslied, Volkskunst, Folklore) - Produção rude e informe com recepção mundial; - “Dor do mundo” (Weltschmerz de Werther); - Pessimismo em relação à sociedade e à civilização; - Ódio do Absolutismo -> mundo = prisão; - “Romântico” antes nomeava “paisagens agrestes, solitárias, selvagens e melancólicas”; - Sturm und Drang nome dado por historiadores; Obras: Os Sofrimentos do Jovem Werther e uma parte do Fausto, (Goethe); Os bandoleiros (Schiller). Romantismo (1876-1830) já não exalta paixões, afetos, ímpeto irracionalista, melancólico-noturno, impulso dionisíaco, individualismo e subjetivismo anárquicos dos Stürmer und Dränger. Românticos e pré-românticos na Alemanha e na Europa Irracionalismo x idealismo Subjetividade x exterioridade Sturm und Drang = romantismo inglês Romantismo alemão x inglês Romantismo alemão -> decadénce de Baudelaire, simbolismo e autores do fin de siècle Sturm und Drang = Romantismo: tendências anticlássicas opostas ao equilíbrio, proporção, ordem, harmonia, objetividade, ponderação, disciplina e visão apolínea. Concepção de GÊNIO Classicismo: O POETA SERVE À OBRA com regras eternas e finalidade moral e catártica Romantismo: o valor se desloca para o artista, à auto-expressão da subjetividade do poeta. Autenticidade = verdade íntima do gênio x imitação Estranha objetividade romântica: projeção do íntimo no mundo exterior ( ~ expressionismo) Imaginação transcendental = subjetivismo radical O Não-Eu (mundo) é símbolo do Eu (poeta) = resultado de sua tarefa de autocompreensão Nova concepção do indivíduo Sujeito iluminista = racionalista, liberal, mecanicista, dado à abstração e igualdade Sujeito romântico = singularidade concreta, emocional, sensível; imponderável, diverso e orgânico Pertence a uma nação = todo concreto, integrado ao ambiente, biológico, étnico, histórico do sujeito único Abandono dos cânones clássicos -> o característico, mas... Às vezes conduz ao caricatural e grotesco. Organicismo histórico: cada povo passa por fases de crescimento vegetativo semelhantes, mas todas as suas manifestações sociais e culturais variam de acordo com o espírito ou alma particular, diferente conforme fatores geográficos, clima, etnia etc. Recusa das leis e cânones estéticos universais -> obra de arte = totalidade orgânica fruto da “cultura”[Bildung], não fabricada por regras exteriores Influencia: ciências históricas, linguísticas e jurídicas do século XIX, Hegel e Nietzsche 2. A segunda geração Filósofos de Jena Friedrich Schlegel, irmão de August, líder do movimento romântico influenciado por Fichte, rompeu com Schiller, criticou Wilhelm Meister de Goethe e traduziu Shakespeare. Dirigiu a revista Atheneum, colaboraram Schleiermacher e Novalis. No fim da vida, tornou-se cristão e reacionário. Fichte: movimento da filosofia (x encontrar a verdade) = pensar, falar e agir x crença na representação da verdade = superstição e erro Novalis: filosofia = idealismo mágico x descrição analítica da imitatio/representatio do mundo Novalis: “palavra mágica” = importância do nome e da linguagem; verdade das relações (x coisas) Saber = reciprocidade entre crer e pensar. Filosofia como passagem ao poético Poesia com prosa, romance, não separa gêneros Poeisis: ação e criação no mundo filosofia = poesia transcendental re-poetisa o mundo. Poético individual-universal e filosófico geral-abstrato Novalis: poesia cura razão; = partes em oposição Oposição poesia x entendimento e verdade do pensamento lógico 3. Ironia romântica Culto da ingenuidade pré-décadence de fin de siècle Voluptuosidade refinada e religiosidade estetizante Niilismo = sentimento de vazio + acrobacia cerebral; Ironia romântica de Schlegel baseada na filosofia de Fichte e na teoria de Schiller: “o estado estético (o único em que o homem é ‘integralmente’ homem, em que, portanto, deixa de ser dissociado) é um estado lúdico, de infinita disponibilidade.” Ironia é... Consciência da eterna agilidade e do caos infinito Simetria de contradições: transformação constante e autoproduzida de pensamentos em choque. “Antíteses absolutas não admitem uma síntese absoluta, a não ser em aproximação infinita que implica movimento constante.” Oscilação exige versatilidade da mente que pode inverter, retirar-se, virar tudo conforme quiser Ser o mesmo e outro no jogo das contradições para chegar à “segunda inocência” Unidade de contradições só existe na transcendência Fervor místico no ambiente lúdico dos virtuoses do paradoxo; efervescência intelectual quase patológica dos caçadores da coincidentia oppositorum; religiosidade da “volúpia da síntese” (Novalis) Contradição romântica antecipa a dialética de Hegel na filosofia, mas polêmica com Hegel sobre a incapacidade de decidir (“indecidibilidade”) Elemento religioso: na ruptura com o pensamento comum, exaltar o infinito A verdadeira ironia é a do amor (Schlegel): nasce do sentimento de finitude e da limitação do indivíduo em aparente contradição com amor infinito verdadeiro Eterna agilidade do pensamento no caos infinito Constante mudança de dois pensamentos em choque Disponibilidade ilimitada para tendências diversas Para entender alguém, ser o mesmo e outro Fusão religioso e filosófico no Eu transcendental Evoca o antigo: saudosismo e imagem de Grécia Sentimento de sublime insolência e liberdade Acrobatas na corda bamba da reflexão e da poesia Algo de satânico em: niilismo, duplo, fragmentação, homem-espelho, homem-máscara, sem pátria, vendeu a sombra, sem raiz, angústia e riso infernal (Baudelaire) Remitização do mundo Fichte (x Kant): em todos nós, Eu transcendental (essência, intuição intelectual) sob eu empírico Imaginação do Eu transcendental inconsciente produz um Não-Eu (multiplicidade objetiva do mundo) que parece separado de nós O Eu produz barreiras a fim de superá-las em processo de decantação infinita: a ironia vai desfazendo numa dialética contínua todas as aparências empíricas, abandonando cada eu que tenta se fixar; entre posição e negação, o agir supera a eterna tensão entre Eu empírico e Eu infinito Ironia na arte: artista cria a obra e se sua atitude é de tomar distância dela -> obra aberta, experimental que inclui em si seu processo de criação Conceitos: imaginação produtora inconsciente e intuição intelectual: pela (Schlegel) bufonaria ou (Novalis) poesia transcendentais o gênio se torna produtor através da ironia, sonho e alucinação > experiência ordinária cotidiana (para revelar mundo) Mundo exterior = mundo íntimo; fantasia = realidade; poiesis cria realidade; artista romântico = dono do “Eu absoluto” (Fichte); “idealismo mágico” (Novalis) = espírito > físico Filosofia da “identidade” (Schelling): identidade e unidade x dilaceramentos da civilização Reino (inconsciente) da natureza -> necessidade + reino (consciente) humano da história -> liberdade Se reúnem no Belo Identidade = coincidentia oppositorum -> tendência ao mito (unidade original homem-universo) e ao misticismo (para recuperar a unidade perdida no pecado original da individuação) A razão (teórica ou prática) não supera as antinomias Não há superação da tensão ciência-moral Só a OBRA DE ARTE une natureza-cultura, ideal-real, espírito-vida, finito-infinito, liberdade-necessidade Arte = superior à natureza, portanto não deve imitar a natureza Poetas magos decifram hieróglifos da natureza Flor azul = símbolo da saudade mítica romântica Mundo = imagem do espírito -> contos de fadas, seres sobrenaturais, fantasmas, espectros noturno, onírico, abismos, profundezas Presença romântica Richard Wagner: Leitmotiv e Gesamtkunswerk = todas as artes numa só arte Simbolistas também atravessam os gêneros Expressionistas: dor do mundo e manipulação livre da realidade Surrealistas: escrita automática, dramas de farrapos e uso das imagens oníricas Imagens da fantasia na realidade Autonomia da arte Arte concreta: tempo da poesia mais espaço gráfico Correspondências e afinidades químicas entre as artes