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Acadêmicos: Amanda Conceição,

Darci Cândido e Lorraine Vieira

LESÕES CORPORAIS
SOB O PONTO DE VISTA
JURÍDICO
CONCEITOS:

• LESÕES CORPORAIS SOB O PONTO DE VISTA JURÍDICO:


Significado médico-jurídico de caracterizar, no dolo ou na culpa,
um ato ilícito contra a integridade física ou a saúde da pessoa,
como proteção da ordem pública e social.

• Lesão: qualquer alteração ou desordem ou perturbação da


normalidade, de origem externa e violenta, capaz de provocar
um dano à saúde física, mental ou de qualquer natureza, ou
responsável pelo agravamento ou continuidade de uma
perturbação já existente, em decorrência de culpa, dolo,
acidente ou autolesão.
CONCEITOS:
 Concausa preexistente:
• Anatômica (anomalias orgânicas): inversão visceral
• Causa: ou malformação congênita de um órgão.
Leva a resultados imediatos e • Fisiológica: fadiga, convalescença, puerpério,
responsáveis por determinadas lesões repleção da bexiga ou gestação.
(relação de causa e efeito). • Patológica: TB, aneurisma de aorta, hemofilia ou
diabetes.
 Concausa superveniente
• Concausa:
 Concausa voluntária:
Conjunto de fatores suscetíveis de
modificar o curso natural do Agravamento de certas lesões por negligência, imprudência
resultado, fatores esses que o agente ou imperícia da vítima ou de terceiros, quando as lesões, por
desconhecia ou não podia evitar. si sós, não apresentariam maior gravidade.
 Lesão agravada pelo resultado:
Eventualidade entre a concausa preexistente e a
superveniente, cuja causa está no próprio evento.
Relacionada com os elementos disponíveis de que pode
valer-se a perícia na situação.
CONCEITOS:
• Tentativa de lesão corporal:
- Falta a orientação e a configuração para um
determinado resultado.
- É admitida quando o crime de lesão corporal é
de natureza material, apesar de alguns não
considerarem crime.
- Outros admitem que é reconhecível e punível a
tentativa de lesão corporal leve. Há dolo de
dano.

• Crime de periclitação à vida e à saúde: há dolo


de perigo.
LEGISLAÇÃO:
CLASSIFICAÇÃO:
LESÕES CORPORAIS DOLOSAS - LESÕES LEVES:

• Pequenos danos superficiais,


comprometendo apenas a pele, a tela
subcutânea e pequenos vasos sanguíneos.
(pouca repercussão orgânica e recuperação
rápida)

• “Teoria de insignificância”: lesões levíssimas


devem ser afastadas da lesão corporal sob o
ponto de vista jurídico para impedir que a
“criminalidade de ninharia” venha obstruir a
administração judiciária, já tão
sobrecarregada, evoluindo-se para ações
penais inúteis e inconsequentes.
CLASSIFICAÇÃO:
LESÕES CORPORAIS DOLOSAS - LESÕES LEVES:

• Edição da Lei Federal nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, que


dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais (Tribunais de
Pequena Causas), onde se justifica a economia processual pela
oralidade, simplicidade, celeridade e informalidade, buscando a
conciliação ou a transação.

• - Infrações penais de menor potencial ofensivo: contravenções


penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a
1 ano.

• - OBS: Dispensa-se o exame médico-legal quando a materialidade


do crime estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente.
CLASSIFICAÇÃO:
LESÕES CORPORAIS DOLOSAS - LESÕES GRAVES:

Incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias:

- Cura médico-legal:
Falta de relação entre as condições da atividade habitual e a
cicatrização do ferimento.
- Cura clínica (funcional) ≠ Cura anatômica

- Atividade necessária ≠ Atividade Acessória: um professor que


fratura um braço não sofre perda paralela a um trabalhador braçal
que foi vítima de dano idêntico.
CLASSIFICAÇÃO:
LESÕES CORPORAIS DOLOSAS - LESÕES GRAVES:

Perigo de vida:
- Conjunto de sinais e sintomas clinicamente demonstrável de uma condição concreta
de morte iminente, ou seja, uma ameaça imediata de êxito letal (realidade atual,
situação passada ou presente e nunca futura). Decorre do DIAGNÓSTICO (certeza).
“Perguntar sempre ao - Para sua configuração não há necessidade de exame complementar, desde que
coração, ao pulmão e ao durante a perturbação patológica da lesão tenha existido de fato uma probabilidade
cérebro o grau de
perturbação existente”
efetiva e concreta de morte.
Severi - Circunstâncias em que há perigo de vida: ferimentos da grande cavidade com
grandes lesões viscerais, coma, asfixia, hemorragias agudas, fratura alta da coluna
vertebral, traumatismo cranioencefálico com sinais e sintomas de comprometimento
do SNC, choque e queimaduras em mais da metade da superfície corporal.
- OBS: JUSTIFICATIVA DA RESPOSTA DO PERITO, QUANDO AFIRMATIVA, NO QUESITO
REFERENTE AO PERIGO DE VIDA.

- Risco de vida:
Probabilidade remota, condicionada a possíveis complicações e meramente
presumido. É um prognóstico, uma presunção, uma probabilidade.
CLASSIFICAÇÃO:
LESÕES CORPORAIS DOLOSAS - LESÕES GRAVES:

Debilidade permanente de membro, sentido ou função:

- Debilidade ≠ Debilitação

- O conceito de membro, órgão e sentido deve ter um significado


funcional, e não anatômico.  A perda de um dos órgãos duplos
(braço, perna, pulmão, rim, olho, ouvido) não leva à perda da função, e
sim constitui uma debilidade.

- Estabelecer o grau da debilidade.


CLASSIFICAÇÃO:
LESÕES CORPORAIS DOLOSAS - LESÕES GRAVES:

Debilidade permanente de membro, sentido ou função:

• Dentes:
- Distinguir o valor de cada peça, levando em conta as funções mastigatória, estética e
fonética.
- Coeficiente de antagonismo. DENTES Função Função Função
- Índice geral de lesões dentárias (IGLD): Mastigatória Estética Fonética
Incisivo 1% 6% 8%
central
Incisivo 1% 6% 8%
lateral
Canino 2% 6% 6%
1º pré- 3% 5% 2%
molar
2º pré- 3% 2% 1%
molar
1º molar 5% 0% 0%
2º molar 5% 0% 0%
3º molar 5% 0% 0%
Total 25% x 4 = 25% x 4 25% x 4 =
100% = 100% 100%
CLASSIFICAÇÃO:
LESÕES CORPORAIS DOLOSAS - LESÕES GRAVES:

Debilidade permanente de membro, sentido ou função:


PERCENTUAL DE DÉFICITS Primeira falande do 24% de 40%
Mão, antebraço ou braço 60% polegar esquerdo
direitos (destros) (destros)
Mão, antebraço ou braço 40% Primeira falande do 18% de 60%
esquerdos (destros) indicador direito
(destros)
Primeira falange do 18% de 40%
Dedo polegar direito 32 de 60%
indicador esquerdo
(destros)
(destros)
Dedo polegar esquerdo 32 de 40% Primeiras falanges do 12% de 60%
(destros) médio ou mínimo
Dedo indicador direito 24 de 60% direitos (destros)
(destros) Primeiras falanges do 12% de 40%
Dedo indicador esquerdo 24 de 40% médio ou mínimo
(destros) esquerdos (destros)
Dedos méio ou mínimo 18% de 60% Primeira falange do dedo 9% de 60%
direitos (destros) anular direito (destros)
Dedos médio ou mínimo 18% de 40%
Primeira falange do dedo 9% de 40%
esquerdos (destros)
anular esquerdo
(destros)
Dedo anular direito 12% de 60% Perda da primeira e da Considera-se o dedo
(destros) segunda falanges dos perdido
Dedo anular esquerdo 12% de 40% últimos quetro dedos
(destros) Membro inferior (total) 50%
Primeira falange do polegar 24% de 60% Perna (total ou parcial) 40%
direito (destros) Pé ou grande parte dele 30%
CLASSIFICAÇÃO:
LESÕES CORPORAIS DOLOSAS - LESÕES GRAVES:

Debilidade permanente de membro, sentido ou função:

DEBILIDADE OU PERDA DE SENTIDOS


Cegueira de um olho 50%
Cegueira dos dois 120%
olhos
Surdez de um ouvido 30%
Surde bilateral 60%
Anosmia ou ageusia 40%
total
CLASSIFICAÇÃO:
LESÕES CORPORAIS DOLOSAS - LESÕES GRAVES:

Aceleração do parto:

- Expulsão do feto, com vida, antes do termo


normal, motivada por agressão física, ou
psíquica à parturiente.

- Erro de fato invencível: se a gravidez era


desconhecida ou não manifesta e o agente
não queria esse resultado, não é lógica a
caracterização de crime.

- Ação preterdolosa: se a gravidez é conhecida


ou manifesta.
Lesões gravíssimas
Lesões gravíssimas
São agrupadas no parágrafo 2º do artigo 129 do Código Penal.

Sua caracterização como gravíssima está no resultado que a lesão causa:


1- Incapacidade permanente para o trabalho.
2- Enfermidade incurável.
3- Perda ou inutilização de membro, sentido ou função.
4- Deformidade permanente.
5- Dentes.
6- Dano estético no cível.
7– Aborto.
Incapacidade permanente para o trabalho

• Quando o indivíduo fica privado de exercer qualquer atividade


lucrativa.

Por invalidez: Danos graves permanentes e incapacitantes ou altamente


restringentes:

• Impede atividade laborativa.


• Depende de terceiros para atividades básicas de sobrevivência.
Critérios para avaliar invalidez:
• Persistência e agravamento de sinais e sintomas.
• Constatação dos exames subsidiários.
• Tempo de doença.
• Insucesso terapêutico.
• Local e extensão do dano.
• É o exercido por • É o desempenhado
Reflexão
todas as pessoas • por
Não éindivíduos de a
para forçar o mutilado
independentemente certa qualificação
trabalhar.
• Abrir novas perspectivas.
de especialização; • profissional.
Valorização ao sentido social do
trabalho.
• Próximo diploma penal -> penas
diferentes.

Trabalho Trabalho
genérico específico
Enfermidade incurável
• O dano resulta em uma enfermidade grave e de caráter incurável.
Um distúrbio ou perturbação que possa repercutir de maneira
intensa sobre uma ou mais funções orgânicas, que comprometa a
saúde e exija cuidados especiais e que tenha sido resultado de uma
ação dolosa. Não há diferença de
enfermidades graves e
+ Fique demonstrada pelos meiosgraves
enfermidades disponíveis a sua incurabilidade.
incuráveis:

1- TB
Limitações? 2- AIDS
Enfermidades X Moléstias x Doença x Afecção
As quais mantêm entre si limites nem sempre definidos, o que
também não se torna relevante em face de o legislador usar a
expressão “enfermidade” em uma concepção muito generalizada.
Doença:
um processo mórbido
Moléstias: definido, caracterizado Afecção:
fenômenos de reação por um conjunto de
uma série de
que se processa na manifestações mais ou
fenômenos que
economia orgânica, menos constantes, de
dependem da mesma
sempre produzidos pelo etiologia, patologia,
lesão e não dependem
mecanismo de um patogenia e terapêutica
do fator causal
mesmo fator mórbido. determinadas, capaz de
evoluir lenta, rápida ou
Diabetes e o
prolongadamente.
Hanseníase e TB Arterite e a artrite
hipertireoidismo
Pela Lei -> Enfermidade:
• Deve ter um comprometimento funcional e que venha acompanhado
de um caráter mais ou menos permanente, que, não chegando a
uma cura total, deixa uma perturbação bem evidente.

• Uma perturbação estável ou de discreta recuperação, permitindo, no


entanto, um relativo estado de saúde.
• Se o processo de cura é demorado, durando anos, ou incompatível
com os recursos da vítima ou com os meios médicos disponíveis em
nossa realidade, a enfermidade deve ser considerada incurável.

A vítima não pode ser coagida


O agressor não pode ser
a um tratamento de exceção,
prejudicado quando o paciente,
nem a um dispêndio
deliberadamente, dificulta o
extremamente oneroso para
processo de cura com uma
beneficiar a situação do
finalidade proposital.
agressor.
É necessário não confundir debilidade nem
inutilização permanente com enfermidade
incurável:

Debilidade Inutilização
Comprometimento:
Parte Todo

Repercussão
Não repercute sobre a saúde Perturba a higidez

Resíduo Processo
Perda ou inutilização de membro, sentido ou
função
• Não é a simples debilidade como as Lesões Graves.
• Resulta em um dano em grau muito elevado ou máximo em sua
Exemplos:
funcionalidade. • Perda da visão.
• Paralização das
• Debilidade -> excede o limitepernas.
teórico de 70% da função, já se
considera perdida ou inutilizada.
• Retirada dos
testículos
• Perda -> deve-se aceitar a ablação.
• Inutilização -> existe a presença do órgão, mas ele se mostra em
inaptidão ou em insignificante funcionamento.
Deformidade permanente.
Deformidade duradoura -> não existe reparação. Ex.: a enucleação de um
olho.
Deformidade permanente -> aquela que permanece, caso não haja
tratamento. Toda alteração estética grave capaz de reduzir, de forma
acentuada a estética individual. É a perda do aspecto habitual.
Ex.: uma cicatriz na face.
Novo estatuto:
Laudos sempre devem ter Dano estético
figuras coloridas, • Menor Quesito?
prejuízo estético.
localização, extensão, cor, • Pena
Semenor
não -> lesão leve
O dano estético é antes de • Se
Caracterização
sim -> lesãodegravíssima
lesão .
profundidade, mutilação,
tudo um dano moral. grave.
retração e afundamento da
lesão.
As condições da vítima, no que diz respeito à idade, ao sexo, à profissão
ou ao estado social, não devem ter nenhum relevo quanto à
caracterização da deformidade sob a ótica do Direito Público.

Discriminar as pessoas é um contrassenso jurídico, partindo do


pressuposto de que TODOS, indiferente a essa ou àquela condição, são
iguais por direito e por natureza.

A deformidade sob a ótica penal é uma só.


Mas o direito civil ...
-> Pode avaliar os danos em suas consequências patrimoniais.
Exemplo: Certas profissões, que ocasiona maior aviltamento
econômico.
Há defensores da desigualdade
• Eles propugnam que critério usado é inadmissível.
• Ninguém pode fugir à feição particular de cada caso, nem tratar
igualmenteÉ ocoisas desiguais.
princípio dos Direitos do Homem e do
• Uma mesma cicatrizconsagrado
Cidadão, na face da Bela,
pelanãorazão
reflete igualmente
através da na face
da Fera. Uma marca enfeiante no colo de uma jovem é diferente
qual nos
daquela mesma tornamos
marca iguais,
no pescoço de um independente
ancião.
de berço ou de posição sociocultural.

A lei que cria distinção é uma lei injusta.


• O perito deve ter o cuidado de esperar que as lesões deformantes
assumam seu aspecto definitivo.
• Afinal, deve-se conceber a deformidade também nos casos em que ela
surge eventualmente, como, por exemplo, uma paralisia facial cujo riso
mostra uma desarmonia, na triste face, que ri pela metade e pela outra
metade chora.

O risível é humano, é parte do natural.


Prejuízo estético -> alteração morfológica que pode chamar a atenção,
mas que não prejudica a boa aparência.

Deformidade -> alteração estética grave, capaz de reduzir


acentuadamente a estética individual, cuja modificação lhe acarreta o
“enfeamento”, traduzido pela humilhação e desgosto.

Aleijão -> uma coisa horripilante, repulsiva, que pode causar asco,
repugnância ou humilhação. É uma irregularidade, uma monstruosidade
caracterizada pela ausência ou pela deformação de uma peça anatômica
de significado valor estético.
DENTES

• Principalmente os incisivos e caninos, constituem pontos qualitativos na


estética individual. A ausência destas peças dentárias traz prejuízo e
compromete a função estética.
• A perda dos incisivos, principalmente dos superiores, contribui também
de forma negativa na emissão das palavras, levando-se em conta a
existência de um grupo de consoantes oclusivas linguodentais (D, N e T) e
fricativas labiodentais (F e V).
• Na perícia da natureza penal torna-se muito complexa esta avaliação, pois
a lesão será leve ou gravíssima.
“O fato de ter
a vítima implantado uma ‘ponte’ no lugar dos dentes perdidos na
agressão que sofreu é irrelevante
para fins de tipificação penal da infração. Ninguém está obrigado
a usar postiços ou disfarces para
favorecer a sorte do seu ofensor”
(TJSP–AC–RT 593/339).
Dano estético no cível
• Diferentemente dos interesses de natureza criminal, a avaliação do dano
corpóreo de interesse cível, no que diz respeito ao prejuízo estético, leva
em conta, além da lesão e de sua localização e permanência, fatores
extrínsecos ligados às condições pessoais da vítima, os quais
determinarão maior ou menor dano patrimonial, influindo de maneira
concreta na reparação.
• Na perícia de natureza civil, a valorização deste dano é de caráter
qualitativo e por isso lhe é permitida uma análise mais detalhada. Ter em
vista que esta perda da configuração individual constitui-se em um dano
à personalidade, ou seja, em nível de um dano moral.
Aborto
• A lesão corporal seguida de aborto (aborto preterintencional), quando a gravidez
é conhecida ou manifesta, classifica a ofensa como lesão corporal de natureza
gravíssima qualquer que seja a idade do feto.
• No Código atual, esta condição de lesão gravíssima tem em conta proteger dois
interesses: a saúde da mulher e a continuidade da vida do concepto, valores
significativos de tutela e proteção.

O papel da perícia será o de estabelecer a existência da gravidez, do aborto, as condições


anteriores do produto da concepção, o nexo da causalidade entre a lesão e o resultado, as
condições da gestante, e, se possível, a intenção do agente.
Aborto
Basta que esse
produto seja degenerado, inviável a uma vida própria,
como no caso da mola hidatiforme, ou mesmo um
concepto morto, para descaracterizar o agravante, pois
o interesse protegido não existe. Daí, o ato de expulsão
ser irrelevante.
Lesões corporais culposas
• Diz-se que uma lesão corporal é de natureza culposa quando o agente lhe deu
causa por imprudência, negligência ou imperícia. O artigo 129 do Código Penal,
no capítulo referente às Lesões Corporais, apenas no parágrafo 6o afirma: “Se a
lesão é culposa: pena – detenção de 2 meses a 1 ano”.
• Lesões corporais de natureza culposa não existe a graduação de pena referente à
quantidade e à qualidade do dano, como ocorre nas lesões corporais de natureza
dolosa, as quais se classificam, por certos critérios, em leves, graves e
gravíssimas.
Elaboração do laudo de uma lesão corporal desta ordem, deter-se nas seguintes
ocorrências:
• Considerar o dano: O perito, ao descrever as lesões, relatar de forma detalhada a
forma, as dimensões, a localização e as características e particularidades delas,
valorizando não apenas seu aspecto somático, mas também o que diz respeito à
funcionalidade dos segmentos ou dos órgãos atingidos.
• Estabelecer a relação de causalidade (nexo causal):Há necessidade de se
estabelecer o nexo necessário e indiscutível que tenha existido entre a ação e o seu
resultado
• Caracterizar a previsibilidade de dano: O elemento subjetivo existente na ocorrência
de tais lesões está representado pela culpa. Se possível, a perícia deve estabelecer,
com critérios, o grau de previsibilidade de dano, levando em conta as circunstâncias
em que o ato se realizou.
• Respostas aos quesitos:
1° – Se há ofensa à integridade corporal ou à saúde do paciente;
2° – Qual o instrumento ou meio que produziu a ofensa;
3° – Se resultou em incapacidade para as ocupações habituais por mais de
trinta dias;
4° – Se resultou em perigo de vida;
5° – Se resultou em debilidade permanente ou perda ou inutilização de
membro, sentido ou função;
6° – Se resultou em incapacidade permanente para o trabalho, ou
enfermidade incurável, ou deformidade permanente.
Lesões corporais seguidas de morte
• O parágrafo 3o do artigo 129 do Código Penal brasileiro trata das lesões corporais
seguidas de morte que a doutrina italiana conhece pelo nome de “homicídio
preterintencional”
• O dano produzido não está relacionado com a vontade do agente. Seu propósito
era ferir de maneira insignificante, sendo, no entanto, traído por um resultado
inesperado, Ou seja, quando o resultado ocorrido é mais grave do que o desejado
pelo autor.
• Assim, para que se considere homicídio preterintencional é necessário que as
lesões sejam causa eficiente de morte e que as circunstâncias demonstrem que o
agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo (RT 452/447).
Lesões corporais seguidas de morte
• Está caracterizada a lesão corporal seguida
de morte que a lei, em boa hora,
Um exemplo: Alguém esmurra distinguiu do homicídio.
outrem; este cai, fratura a base do • São, portanto, elementos dessa
crânio e morre tipificação penal: uma lesão corporal
dolosa, um resultado “morte” não
desejado e a previsibilidade do evento
como improvável.
Respostas aos quesitos oficiais
• Os atuais quesitos constantes dos
diversos autos e laudos chamados oficiais
foram formulados por uma comissão de
juristas e legistas quando da elaboração
do Código de Processo Penal vigente.
• São arguições claras e que respondem à
maioria das indagações factíveis pela
perícia médico-legal corrente.
• Isso não obsta que a autoridade
responsável pelo inquérito formule novas
questões.
• As respostas aos quesitos no exame
de lesão corporal, como em
qualquer relatório, devem ser
sempre incisivas, evitando-se, dessa
maneira, expressões dúbias. Na debilidade permanente
• Não deverá constituir dependentes de uma terapêutica
constrangimento quando, em uma em andamento, e ainda diante da
dúvida, confesse o perito sua exigência de um pronunciamento
incerteza, informando “não ter mais imediato, tais lesões possam
elementos de convicção” ou “não dar margem a dúvidas. A
ter condições para afirmar ou conclusão poderá ser dada com o
negar”. exame complementar dos 30 dias,
com respostas mais precisas.
A função pericial deve se ater ao aprimoramento de seu trabalho,
ajustando-o ao valor que ele
encerra no âmbito processual, pois será sempre a boa qualidade
descritiva do laudo ou do auto que
dará ao julgador, quando da apreciação do fato médico-legal, uma
condição para uma decisão mais
justa

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