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O Menino da Sua Mãe

O poema «menino de sua mãe» é no fundo a descrição extremamente


dramática de um jovem soldado que morreu a lutar pela pátria, longe de
casa, longe de tudo, longe de sua mãe.

O poema divide-se em 3 partes:

1ª Parte- Descrição realista do cenário – a planície e o soldado


2ª Parte- Discurso emotivo e valorativo
3ª Parte- Conclusão dramática do poema

O cenário descrito é uma planície abandonada «Que a morna brisa aquece»,


onde jaz um cadáver de um jovem. Ou seja é transfigurada uma situação de
extrema solidão, abandono e tristeza.

As frases exclamativas em “Tão jovem! Que jovem era!” servem para


reforçar a efemeridade da vida do menino, ou seja, o quão curta foi a
vida do menino que morreu tão jovem na guerra. “(Agora que idade
têm?). Esta última inclui também uma pergunta retórica que chama a
atenção do leitor para o quão novo era o jovem que foi para a guerra
que já não tem noção de quanto tempo passou.

Ao identificarmos aquele jovem que «Jaz morto, e arrefece» como


«menino de sua mãe» é incutir à situação um enorme dramatismo.
Não há nada mais dramático e triste, que um filho morto, e ainda por
cima, longe do colo de sua mãe.

Esta expressão utilizada pelo narrador serve para enfatizar a


inocência de uma criança e o apoio maternal que esta possui e o
facto de o jovem solado continuar a ter esta afectividade.

É por esta razão, pelos afectos que ainda existiam com a sua mãe e
criada, que entram dois elementos fundamentais neste poema: a
”cigarreira” e o “lenço”. A cigarreira foi-lhe dada pela mãe e o lenço
pela criada. É com esta simbologia que o sujeito poético consegue
fazer desvinculação familiar entre o soldado, a mãe e a ama, pois
como e evidenciado no poema, tanto a “cigarreira” como o “lenço”
caem-lhe do bolso, ou seja, separam.se dele.

Primeiramente começa por utilizar o presente para relatar a acção, e


utiliza depois o passado para voltar atrás no tempo, e recordar os
únicos momentos em que o “menino” alguma vez fora feliz.
(Momento em que a criada lhe oferecera o lenço branco).
No início da última estrofe são mostradas preces criadas pela Mãe do
jovem e pela Criada, contudo, estas Preces não iriam corresponder à
Realidade, pois as preces seriam “Que volte cedo, e bem!”, e a
realidade era que ele não voltaria cedo (pois nem voltaria), nem bem
sendo que já estava morto!

Já próximo do final do poema, o narrador atribui a culpa de todo o


sucedido aos governantes, que estão representados no poema como
o «Império», no verso 28 «Malhas que o Império tece!».
É de reparar que o verso acaba comum ponto de exclamação, sendo
por isso reconhecido por transmitir a emoção e a dor do narrador.

Esta ideia relaciona-se com a temática pessoana “a nostalgia da


infância”.

Podemos, de facto, relacionar este poema com a própria vida de


Fernando Pessoa. Esta imagem de infância como uma época perfeita
e feliz pode-se relacionar com os seus 5 primeiros anos de vida,
marcados pela felicidade, amor, bem-estar e protecção que a família
lhe proporcionava: altura em que vivia com a mãe, o pai, a avó e as
criadas.

Contudo, após a morte do pai, Fernando Pessoa sai do pais pois a


mãe casa, mudando a sua vida.

Assim, pode ver-se na figura do jovem morto, a representação de


Fernando Pessoa, que tal como o jovem «menino», o regresso ao colo
de sua mãe, à infância é impossível.

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