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Filtros rápidos modificados

Grupo 3:
1
David Assis Silva dos Santos
Iana Lívia de Oliveira Castro
Vitor Phablo de Araújo Dantas

Docente: Prof. Dr. Marcelo Prata Vidal


2 INTRODUÇÃO

 Tradicionalmente os filtros rápidos têm sido projetados com um leito filtrante


constituído de um único meio, a areia. A tendência atual é de inovar e projetar
filtros com meios duplos ou múltiplos, que permitem uma produção de água de
melhor qualidade e em maior quantidade por unidade de área.
 Outra inovação é a lavagem de um filtro com o efluente das outras unidades,
apresentando excelentes resultados.
3

 O mecanismo da filtração é extremamente complexo, envolvendo fenômenos


físicos (transporte, sedimentação, difusão etc.) e físico-químicos (forças
intermoleculares, ponte química etc. Durante a filtração, as partículas depositam-se
no meio filtrante, removidas pela ação de um ou mais dos fenômenos citados. À
medida que aumenta o volume de depósitos, a velocidade intersticial aumenta
pela diminuição da propriedade, com um correspondente aumento da perda de
carga e das forças hidrodinâmicas de cisalhamento arrastando, em consequência,
uma certa quantidade de partículas para o interior.
 Essas partículas podem ser retidas nas capas mais profundas ou serem carreadas
pelo efluente.
4

 Se possível controlar a velocidade de filtração, de maneira que esta diminua com o


aumento de depósitos no meio filtrante. Com a diminuição da porosidade, o arrasto
de sólidos para efluente seria assim, reduzido, produzindo um efluente de melhor
qualidade. Isso é conseguido com a operação dos filtros e taxas declinantes.

 Nos filtros descendentes de areia, a remoção de sólidos faz-se, principalmente nas


capas superiores do leito filtrante, produzindo uma perda de carga que aumenta
rapidamente com o tempo
5 VARIÁVEIS DE PROCESSO DE FILTRAÇÃO

No projeto de um filtro, uma série de variáveis deve ser manipulada de modo a se


garantir a melhor qualidade possível do efluente com ciclos ou carreias de filtração de
duração razoável.
Carreiras de filtração não menores que 12 horas, preferencialmente maiores que 24
horas e efluentes com turbidez inferior a 1,0 UNT, é o que se espera dos projetos
modernos desses filtradores.
Segundo Hudson, as variáveis a serem consideradas no projeto reacional de um filtro
estão relacionadas entre si através das relações empíricas apresentada s à seguir:
𝐻
𝐶𝑒 = 𝑓 𝑉, 𝑑 3 , 𝑝4 , 𝐿 , 𝐶0

4
𝑑 2𝑝 𝐻𝑆𝐿′
𝑇 = 𝑓( 1,5 )
𝑉 , 𝐶0
6 VARIÁVEIS DE PROCESSO DE FILTRAÇÃO

Nas quais,
𝐶𝑒 : concentração do material em suspensão na água filtrada
𝐶0 : concentração do material em suspensão na água aplicada aos filtros
𝑑: tamanho efetivo dos meios filtrantes
𝑝: porosidade deste
𝐻: perda de carga final no leito filtrante
𝐿: penetração dos flocos no filtro, floculação fraca
𝐿’: penetração dos flocos no filtro, floculação forte
𝑉: velocidade de filtração
𝑆: amplitude das oscilações de carga
7 VARIÁVEIS DE PROCESSO DE FILTRAÇÃO

As características da água aplicada aos filtros determinam a qualidade do efluente principalmente


através da concentração, natureza, tamanho e propriedades de aderência das partículas.
 O rendimento dos filtros chega a superar 90%, em termos de remoção de turbidez. Isso quando
considerado que não haja falhas no projeto e de construção.
O conhecimento de todas as propriedades que envolvem a coagulação e o emprego de
decantadores lamelares de alta taxa, têm conduzido à otimização do processo de coágulo-
sedimentação, resultando em uma eficiência na remoção da turbidez similar à idealidade.

As propriedades do meio filtrante desempenham um fator muito importante na eficiência da


filtração. Elas podem ser alteradas de acordo com a necessidade do processo. As características
do meio filtrante que exercem influência na eficiência dos filtros são:
• Tamanho;
• Forma;
• Distribuição dos grãos;
• Porosidade e profundidade do leito filtrante.
8 VARIÁVEIS DE PROCESSO DE FILTRAÇÃO

A velocidade de filtração não é tão significativa como as variáveis anteriores na qualidade


do efluente. Normalmente em uma taxa mais baixa produzirá um efluente de melhor
qualidade.
O aumento da perda de carga final no leito filtrante pode tornar pior a qualidade da água
filtrada.
Segundo Arboleda, em um filtro corrente, seja camada simples ou dupla, sabe-se que o floco
alcançou o seu máximo esforço cortante, quando a turbidez efluente sobre passa
continuadamente o valor máximo permissível (1 UNT).

𝑉
𝜏𝑐 = (𝜇𝑔𝑒 ℎ𝑐 ) 0,5
𝑝𝑐
𝜇: viscosidade absoluta
𝑔: aceleração da gravidade
𝑒: densidade
9 VARIÁVEIS DE PROCESSO DE FILTRAÇÃO

𝑉: velocidade de filtração
𝑝𝑐 : porosidade no momento em que se produz a ruptura
ℎ𝑐 : perda de carga que produz a ruptura

Esse esforço cortante crítico 𝜏𝑐 pode ser menor, igual ou maior que o esforço cortante
𝜏𝑚 produzido quando se alcança a máxima perda de carga permissível pela hidráulica
do filtro ℎ𝑚 . Logo, a seguinte relação é apresentada:
𝜏𝑐 √ℎ
= √ℎ 𝑐
𝜏𝑚 𝑚

𝜏𝑐
ao valor de denomina-se índice de dureza 𝐼𝐷 , que pode ser empregado como um
𝜏𝑚
parâmetro útil para qualificar o grau de resistência do floco ao cisalhamento.
10 VARIÁVEIS DE PROCESSO DE FILTRAÇÃO

Pode-se estabelecer uma tabela com valores de 𝐼𝐷 que caracterizassem o grau de pré-
tratamento, como segue:

Valor de 𝐼𝐷 Qualificação do floco


< 0,65 Não adesivo
0,65 – 0,8 Muito fraco
0,8 – 0,95 Fraco
0,95 – 1,05 Ótimo
1,05 – 1,10 Duro
> 1,10 Muito duro
11 VARIÁVEIS DE PROCESSO DE FILTRAÇÃO

A espessura do leito filtrante quase não afeta a filtração. É necessário, entretanto,


prever-se uma altura mínima de segurança, para que a qualidade da água filtrada
mantenha-se durante toda a carreira de filtração.
Finalmente, as perturbações no fluxo da água passando pelo filtro, devidas às
oscilações de carga, afetam em maior ou menos grau a eficiência do filtro,
dependendo da sua intensidade.
12 CARACTERÍSTICAS DOS MEIOS FILTRANTES

 Os materiais que compõem um leito filtrante, devem ser objeto de uma


definição racional, por sua influência no rendimento dos filtros.
 Uma areia fina produz um efluente de mais alta qualidade mas que resiste
a peneiração dos sólidos que ficam retidos na superfície. Ou seja, esse leito
filtrante é pouco aproveitado no que diz respeito a capacidade de
armazenamento.
 Os flocos depositados na superfície do leito filtrante tendem a se
compactar, dificultando a sua remoção pela lavagem em contra-
corrente. Inicia-se então a deterioração do leito filtrante, com a formação
de bolas de logo, gretas e fendas.
 Nos filtros europeus, constituídos por um meio filtrante mais grosso e com
maior espessura, isso mencionado não acontece.
13
 Os filtros europeus apresentam uma granulometria entre 1,0 e 2,0 mm em
uma camada de 1,0 a 1,2 m.
 Os filtros americanos, usados de maneira geral por todos nós, apresentam
uma granulometria entre 0,4 e 1,2 mm e espessura entre 0,5 e 0,6m.
 A ausência de bolas de lodos nos filtros europeus é relacionada a
lavagem dos mesmos com ar e água. Contudo as características
próprias no leito filtrante também exercem influência na eficiência da
lavagem.
 As forças cortantes hidrodinâmicas, principalmente agentes mecânicos
na lavagem a contra-corrente, são cerca de duas vezes maiores na
areia com características semelhantes às usadas nos filtros europeus que
nos americanos.
 Uma maior deposição de sólidos pode ser proveniente do emprego de
dupla camada de antracito e areia.
 A seleção da granulometria e espessura do antracito e da areia devem
ser realizadas com um cuidado especial
14  É preferível, de modo geral, um carvão com granulometria mais uniforme
para evitar acumulação de flocos na superfície e os problemas relacionados
com esta acumulação; diminuir ou evitar a perda de grãos finos na lavagem
e impedir uma intermescla excessiva ou total entre os meios.
 Ainda não existe um grau de intermescla definido, mas existem duas
correntes de pensamento: uma que defende uma nítida separação entre os
dois meios e a outra que é favorável à mistura de grãos de areia e antracito
na interface entre os mesmo.
 Os primeiros sustentam que o efluente será de melhor qualidade sem a
mistura entre os dois meios em sua interface. Em contraposição,
argumentam-se que algum grau de intermescla é desejável para que evite a
acumulação excessiva de flocos na interface entre os dois meios, que
produziria uma influência desfavorável na perda de carga. Essa interemescla
provoca redução na porosidade das camadas inferiores do antracito,
ocasionando a retenção de flocos que não foram retidos nas camadas
superiores
 Por outro lado, uma mistura total entre os dois meios é indesejável, porque a
porosidade resultante seria maior que a da areia e inferior a do antracito,
produzindo um efluente de pior qualidade se comparado à pequena mescla
ou a ausência.
15  Grãos de antracito com tamanhos maiores que 1,4mm não sofrerão
expansão à velocidade de lavagem de 0,70m/min, tendendo a se misturar
com a areia mais fina no processo de lavagem.
 A perda elevada de antracito mencionada no processo de lavagem dos
filtros, é geralmente avaliada pelo abaixamento da superfície do leito
filtrante após algum tempo de operação.
 Uma pequena porcentagem de grãos muito finos pode escapar pelas
calhas de lavagem. Em grande números de casos, é provável que tenha
ocorrido uma intermescla excessiva entre os dois meios, provocada por
especificações inadequadas. Em outras palavras: a areia estaria ocupando
grande parte do volume de vazios do antracito, causando uma redução
no volume total e consequentemente uma falsa avaliação das perdas.
16 FILTROS MULTICELULARES

 A perda de carga no leito filtrante fluidificado durante a lavagem é constante


e igual a:

ℎ𝑓 = 𝑆𝑠 − 1 1 − 𝑝0 . 𝐿

 Onde:

 𝑆𝑠 = densidade das partículas do meio filtrante;

 𝑝0 = porosidade do mesmo;

 𝐿= profundidade do leito.
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 Para um antracito de densidade 1,48 e uma porosidade de 0,47, resulta:

ℎ𝑓 = 0,25. 𝐿′

 Para a areia com densidade 2,65 e 0,42 de porosidade:

ℎ𝑓 = 0,96. 𝐿′′
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 Pode-se concluir, então, que a perda de carga no leito filtrante é, no


antracito, aproximadamente igual a 25% da profundidade da camada
deste material e, para a areia, é equivalente à profundidade da camada
correspondente.
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 Assim, por exemplo, em um leito filtrante constituído de 40 cm de antracito


e 25 cm de areia, a perda de carga na lavagem será:

 a)no antracito : 25 x 40 = 10 cm
 B)na areia : 25 cm
Total 35 cm
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 A perda de carga no leito filtrante, para sua expansão, é relativamente


muito pequena.

 Nisso baseia-se o sistema de filtros multicelulares , nos quais a lavagem de


uma unidade é feita com o fluxo das demais (Fig. 13.6).

 Todos os filtros têm uma canalização ou canal de água filtrada comum,


com uma saída a um nível mais alto que a borda da canaleta de água
de lavagem, na medida ℎ𝐿 .
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 Os filtros diferentemente do esquema da Fig. 13.6, podem ter saídas de


água filtradas individuais, mas, neste caso, deverão ter um canal de
intercomunicação que permita a água filtrada passar livremente entre as
diversas unidades.

 Para lavar uma das unidades , fecha-se a válvula de entrada de água A e


abre-se a válvula de descarga de água de lavagem B e o nível do filtro
baixa lentamente, com o que vai se estabelecendo a carga hidráulica ℎ𝐿
que inverte o sentido do fluxo no leito filtrante.
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 Esse sistema de lavagem tem as seguintes vantagens:

a) A expansão do leito inicia-se lentamente. Ao ir baixando o nível no filtro


abaixo do vertedor de saída, a velocidade do fluxo ascendente vai
aumentando gradualmente até atingir o valor máximo quando o nível
d’água chega à calha de coleta de água de lavagem.

b) Não necessita de equipamentos mecânicos, nem reservatório elevado,


nem equipamentos de controle de vazão.
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c) Necessita de um mínimo de válvulas e canalizações;

d) A operação fica extremamente facilitada, dando-se às válvulas de


entrada e saída uma disposição tal que permita o fechamento de uma
simultaneamente à abertura da outra, com uma só ação do operador;

e) Não há possibilidade de surgir carga negativa no leito filtrante;


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 O número de filtros depende da velocidade de água de lavagem e da


taxa de filtração adotadas. Sendo N o número de filtros, V a velocidade
da água de lavagem e 𝑉0 a taxa de filtração, tem-se:

𝑉
𝑁=
𝑉0
26 EXEMPLO

 O número mínimo de filtros dimensionados a uma taxa de filtração de 180


m³/m².dia para uma lavagem à velocidade de 0,60 m/mim (864
m³/m².dia) seria:

864
𝑁 = 180 = 4,8

Ou seja, 5 unidades.
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 As taxas de filtração atualmente utilizadas são superiores ao do exemplo.

 O número de filtros deve ser igual ou superior a três unidades,


preferencialmente quatro. A velocidade de filtração necessária a
promover uma velocidade de lavagem de 0,60 m/mim com três unidades,
deverá ser pelo menos:

864
𝑉0 = = 288 m³/m².dia
3
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 A carga ℎ𝐿 , necessária à lavagem, pode ser tão baixa como uns 65-75 cm,
bastando para isso que se dimensione os canais de interconexão e o
sistema de drenagem de modo a produzir uma perda de 30 a 40 cm.

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