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ESCOLA TÉCNICA PREMIER


CURSO TÉCNICO EM MECÂNICA

SERGIO BRUNO DE SOUZA PAPA

EXPERIMENTO COM CORPOS DE DIFERENTES MASSAS EM


CÂMARA DE VÁCUO:
QUEDA LIVRE

ARACRUZ-ES
2018
2

SERGIO BRUNO DE SOUZA PAPA

EXPERIMENTO COM CORPOS DE DIFERENTES MASSAS EM


CÂMARA DE VÁCUO:
QUEDA LIVRE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Escola Técnica PREMIER, como requisito parcial
a obtenção do título de técnico em mecânica.

Prof. Orientador: Gabriel Medeiros de Faria

ARACRUZ - ES
2018
3

SERGIO BRUNO DE SOUZA PAPA

EXPERIMENTO DE QUEDA LIVRE COM CORPOS DE DIFERENTES


MASSAS EM CÂMARA DE VÁCUO:
RESISTÊNCIA DO AR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola Técnica Premier, com


requisito parcial a obtenção do título de técnico em mecânica.

COMISSÃO EXAMINADORA

__________________________________________
Gabriel Medeiros de Faria
Prof. Orientador

__________________________________________
Jaderson Bozi Tonon
Prof. Convidado

Aracruz, 18 de Outubro de 2018.


4

A Deus, por ter me dado sabedoria, saúde


e força para superar as dificuldades.

Aos meus pais, pelo amor, incentivo e


apoio incondicional.

A minha namorada, por iluminar os meus


dias.

A todos que desacreditaram de mim.


5

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Orientador, pela dedicação em todas as etapas deste trabalho.

À minha família, pela confiança, apoio e motivação.

À minha namorada, pela força e incentivos.

Aos professores e colegas de Curso, pois juntos trilhamos uma etapa importante de
nossas vidas.

À meu amigo técnico em Mecânica Natanael, que me deu todo suporte necessário
na parte prática para que eu pudesse realizar esse experimento.

A todos que, de algum modo, colaboraram para a realização e finalização deste


trabalho.
6

Todas as verdades são fáceis de entender, uma


vez descobertas. O caso é descobri-las.

GALILEU GALILEI
7

RESUMO

O projeto consiste em observar a queda de objetos com massas diferentes em uma


câmara de vácuo. Em condições normais objetos com massas menores, como, a
pena e/ou uma folha de papel chegam ao chão mais lentamente, enquanto que
objetos mais pesados, como, martelo e/ou uma bola de bilhar caem mais
rapidamente. Estudando o movimento de um corpo em queda livre, Galileu Galilei
chegou à seguinte conclusão: Os objetos de massas diferentes têm variação ao cair,
devido à resistência do ar. Assim, neste projeto, observaremos a queda de uma
esfera de metal e uma pena.

Palavras-chaves: Queda dos corpos. Vácuo. Galileu Galilei. Resistência do ar.


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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Experimento de Galileu na Torre de Pisa - Itália ....................................... 17

Figura 2 - Plano Inclinado utilizado por Galileu Galilei. ............................................. 17

Figura 3 - Ilustração do experimento de plano inclinado de Galileu Galilei ............... 18

Figura 4 - Análise com fórmula de corpo em queda livre .......................................... 20

Figura 5 – Tampa da Caixa de Acrílico sendo perfurada .......................................... 20

Figura 6 – Conexões “T”............................................................................................ 20

Figura 7 – Válvula Direcional Pneumática ................................................................. 20

Figura 8 – Suporte para Cilindros.............................................................................. 20

Figura 9 – Cilindros Pneumáticos.............................................................................. 20

Figura 10 – Esfera de Chumbo Utilizada ................................................................... 20

Figura 11 – Pena Utilizada ........................................................................................ 20

Figura 12 – Tampa da Caixa Finalizada .................................................................... 20

Figura 13 – Montagem da Caixa Finalizada .............................................................. 20

Figura 14 – Teste Inicial com Bomba de Vácuo ........................................................ 20

Figura 15 – Teste Secudário da Vedação da Caixa .................................................. 20

Figura 16 – Base descolada da Caixa em Teste Terciário ....................................... 20


9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - TABELA ORÇAMENTÁRIA DO EXPERIMENTO .................................... 21


10

LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1 - Lei Aristotélica do Movimento ............................................................... 15

Equação 2 - Equação da 2ª Lei de Newton ............................................................... 19

Equação 3 - Movimento Uniformemente Variável 1 .................................................. 20

Equação 4 - Movimento Uniformemente Variável 2 .................................................. 20

Equação 5 - Movimento Uniformemente Variável 3 .................................................. 20

Equação 6 – MUV 1 - Aplicação................................................................................ 28

Equação 7 – MUV 2 - Aplicação................................................................................ 28


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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Cm – Centímetro
M - Metro
Mm – Milímetro
MRU – Movimento Retilíneo Uniforme
MUV – Movimento Uniformemente Variado
NASA - Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço
PUCSP – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
UFJF – Universidade Federal de Juiz de Fora
USP – Universidade de São Paulo
12

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................... 15

2.1 LEI ARISTOTÉLICA DO MOVIMENTO........................................................ 15

2.2 O RENASCIMENTO CIENTÍFICO ............................................................... 16

2.2.1 OS ESTUDOS DE GALILEU GALILEI................................................... 16

2.3 LEIS DE NEWTON....................................................................................... 19

3 PROPOSTA........................................................................................................ 21

3.1 MONTAGEM DOS COMPONENTES .......................................................... 22

3.2 TESTES REALIZADOS................................................................................ 26

3.3 COMPARAÇÃO DOS TESTES COM AS LEIS DE NEWTON ..................... 28

3.4 RESULTADOS DOS TESTES E EQUAÇÕES ............................................. 28

4 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 29

5 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 30
13

1 INTRODUÇÃO

O movimento de queda livre é uma particularidade do movimento


uniformemente variado (MUV) que vem sendo estudado desde 300 a.C. com o
filósofo grego Aristóteles (384 - 322 a.C.), nascido em Estágira, colônia de origem
jônica no reino da Macedônia. Por ser filho do médico da família real, gozou de
circunstâncias favoráveis para seus estudos, frequentando a Academia Ateniense de
Platão, onde foi discípulo e, posteriormente, professor. (PUCSP, 2018)
Para o tal, Aristóteles afirmava que se duas pedras de pesos diferentes
fossem soltas de uma mesma altura, a mais pesada atingiria o solo mais
rapidamente. Por ser um fato simples de comprovar nas condições naturais de
observação, tal afirmação foi aceita como verdadeira durante vários séculos, até que
no início do século XVII foi contestada por um físico e astrônomo italiano chamado
Galileu Galilei. (UFJF, 2018)
Após realizar outros experimentos de queda livre, Galileu lançou a hipótese
de que o ar exercia uma força que retardava o movimento de queda dos corpos e
que este movimento não dependida das suas propriedades, conforme abordaremos
com detalhes mais adiante.
Além disso, ao final da última caminhada na Lua, em 1971, o comandante da
missão Apollo 15, David Scott, realizou uma demonstração ao vivo para as câmeras
de televisão, em que segurou um martelo geológico e uma pena, deixando-os cair
ao mesmo tempo. Como o experimento foi feito na superfície da Lua, ou seja,
praticamente no vácuo, logo, sem a resistência do ar verificada na Terra, a pena caiu
ao mesmo tempo que o martelo. Comprovando então, que a teoria criada por Galileu
Galilei estava certa. (USP, 2018)
Segundo pesquisas da UFJF, embora essa discussão seja antiga,
atualmente ainda se verifica que a maioria dos alunos (75%), mesmo os que já
cursaram esse conteúdo na universidade, tem as mesmas concepções propostas
por Aristóteles para a queda e movimento dos corpos. Ou seja, creem em ideias que
já foram refutadas.
14

Portanto, se faz importante apresentar e difundir as afirmações de Galileu e


seus sucessores em oposição a Aristóteles, para levar os alunos a construírem
novas formas de pensamento embasadas em concepções atuais.
Desta forma, o projeto visa demonstrar na prática, por meio de experimento
científico, a teoria criada por Galileu Galilei, além de analisar os cálculos e
embasamentos teóricos utilizados para tal afirmação.
Portanto, o experimento consistirá em abandonar da mesma altura dois
objetos de massas diferentes, sendo uma esfera e uma pena, em uma câmara de
vácuo, à fim de perceber que os dois chegarão ao fundo da caixa no mesmo tempo,
demonstrando assim aos alunos as concepções reais do movimento.
15

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 LEI ARISTOTÉLICA DO MOVIMENTO

Desde a Antiguidade, estudos já mostravam algumas implicações acerca da


queda dos corpos e do estudo das forças que atuavam sobre estes. Aristóteles, em
300 a.C. constatou que havia dois fatores que eram de grande importância em todo
movimento: a força motriz (F) e a resistência (R). Segundo ele para haver
movimento é necessário que F > R. A força que impulsiona o movimento deve ser
maior do que a resistência do plano em que se encontra. (UFJF, 2018)

Logo, combinando as duas equações obtidas, Aristóteles obteve a seguinte


equação

Equação 1 - Lei Aristotélica do Movimento

𝐹
𝑉∝
𝑅

Esta equação conhecida como Lei Aristotélica do Movimento, muito embora


não tenha sido formulada por ele devido aos métodos restritos da época.

Entretanto, para o resultado em que R = F a equação não leva ao resultado V


= 0, mas V=1, o que implicaria que mesmo no caso da força motriz ser igual à força
de resistência do meio o corpo se moveria no qual não é possível. Ou seja, a
proposição só é verdadeira quando F > R, sendo assim, essa consideração não
serve como lei universal das condições de movimento.

Outro problema é o caso em que se consideram dois objetos de mesmo


tamanho, mesma forma, mas de pesos diferentes, como a situação a seguir:

Deixa-se cair duas esferas de mesmo tamanho e forma, porém com pesos na
razão 1 para 2. Isso implica que a velocidade do objeto mais pesado, segundo a
visão aristotélica, seria o dobro da do objeto mais leve. Implica ainda que o tempo de
queda da esfera mais pesada seria a metade do tempo de queda da mais leve.
Entretanto, o que se verifica não é o esperado. (UFJF, 2018)

Para que haja uma aprendizagem significativa sobre o movimento, as ideias de


Aristóteles não podem ser desprezadas na construção das novas concepções sobre
o movimento, que são apresentadas por Galileu. No instante em que o estudante
16

conseguir “desaprender”, ou perceber a linha de pensamento de Aristóteles sobre o


movimento, que se encontra muito enraizada ainda hoje, e desenvolver as ideias de
Galileu, a aprendizagem terá sido efetiva e dificilmente será esquecida. Verifica-se
que ao analisar livros de ensino médio, que muitos professores adotam esta
concepção aristotélica nem sempre aparece e o estudante começa o seu estudo
sobre as leis de Newton, com apenas uma menção das ideias de Galileu e parte-se
diretamente ao estudo das concepções de Newton, sobre o movimento (MESS,
2018).

2.2 O RENASCIMENTO CIENTÍFICO

A partir das ideias de Aristóteles já apresentadas, vale frisar que o estudo da


Física sofreu uma grande revolução nos séculos XV e XVI no que ficou conhecido
como Renascimento Científico. Tal marco deve ser entendido dentro do contexto do
Renascimento Cultural, ocorrido na Europa. Este período foi marcado por grandes
avanços nas áreas das ciências, possibilitados pelos estudos e experimentos de
grandes cientistas da época.

2.2.1 OS ESTUDOS DE GALILEU GALILEI

É de suma importância citar Galileu Galilei (1564-1642), cujos estudos


mudaram a ciência e influenciaram a Física, a Matemática e a Astronomia,
estabelecendo conceitos utilizados até os dias atuais. Galileu foi considerado um
dos fundadores do método experimental e da ciência moderna, nascido em 15 de
fevereiro de 1564, na cidade de Pisa, na Itália. (EBIOGRAFIA, 2018)

Após observar o movimento oscilatório do candelabro da catedral em Pisa,


Galileu realizou experiências com pêndulos de diferentes massas e comprimentos
constatando que o período de oscilação dependia somente do comprimento e não
das massas dos pêndulos. O que o fez suspeitar quanto à queda dos corpos,
questionando-se se a velocidade e o tempo em que esses atingiam o solo
dependiam ou não de suas propriedades: massas, formas, composições químicas,
etc. (GALILEI, 1988).
17

Para verificar tal dependência, segundo a lenda (KOYRÉ, 1937), o italiano


subiu no alto da famosa torre da cidade (Figura 1) e abandonou de lá objetos de
pesos diferentes, constatando que eles mantinham suas posições relativas durante a
queda, e percebendo que a velocidade de queda dos corpos independe de suas
massas.

Figura 1 - Experimento de Galileu na Torre de Pisa - Itália

Fonte: Site Eurodicas, 2018.

Entretanto, na queda livre a velocidade do objeto aumenta muito rapidamente


e, se não há instrumentos de alta precisão, não é possível medir adequadamente o
tempo que leva o corpo caindo para cobrir diferentes distâncias. Por essa razão,
Galileu procurou um método alternativo e decidiu usar planos com inclinação mínima
(Figura 2), que permitissem medições mais precisas. (CULTURA CIENTÍFICA, 2018)

Figura 2 - Plano Inclinado utilizado por Galileu Galilei

Fonte: Site Instituto Montani, 2018.


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Desta forma, para encontrar a relação entre a distância percorrida e o tempo


de queda, a experiência consistia em permitir que esferas de materiais diferentes
descessem em um plano inclinado. A partir disso pôde-se deduzir que os corpos
ideais - sobre os quais as forças de atrito não atuam ou qualquer outro fator que
interfira na queda – percorrem uma distância (h) diretamente proporcional ao
quadrado do tempo (t) transcorrido nesta mesma distância (GALILEI, 1988).

Vale frisar que essa regra vale para qualquer corpo que, em qualquer
situação, se mova com aceleração constante a partir do repouso.

Na figura 3 apresenta um estudo de Galileu comparando a velocidade de


queda da água com uma esfera num plano inclinado.

Figura 3 - Ilustração do experimento de plano inclinado de Galileu Galilei

Fonte: Site Instituto Montani, 2018.

Esses resultados serviram para estabelecer a mecânica como ciência e


prepararam o caminho para Newton, poucas décadas depois, enunciar as leis da
mecânica e da gravitação universal, pois Galilei deu a natureza ao experimento e a
expressão matemática dos resultados como um método de obter conhecimento.
(CULTURA CIENTÍFICA, 2018).
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2.3 LEIS DE NEWTON

Com base nas ideias de Galileu, Newton estabeleceu a primeira lei do


movimento conhecido como Lei da Inércia. Ela determina que: “qualquer corpo
permanece no estado de repouso ou de Movimento Retilíneo Uniforme (MRU) se a
resultante das forças que atuam sobre esse corpo for nula”. Com isso, se o corpo
estiver em repouso, permanecerá em repouso, enquanto se estiver em movimento,
continuará seu movimento em linha reta e velocidade constante.

Já a 2ª Lei de Newton pode enunciar-se do seguinte modo: A aceleração


adquirida por um corpo é diretamente proporcional à intensidade da resultante das
forças que atuam sobre o corpo, tem direção e sentido dessa força resultante e é
inversamente proporcional à sua massa. (NEWTON, 1996)

A segunda lei de Newton também conhecida por Lei Fundamental da Dinâmica


pode ser expressa matematicamente pela equação a seguir:

Equação 2 - Equação da 2ª Lei de Newton

𝐹 = 𝑚 ×𝑎

Para todos os exemplos aqui apresentados de corpos de diferentes massas


sendo abandonados pode-se usar o mesmo cálculo para provar suas afirmações.

A Queda Livre é um movimento uniformemente acelerado e faz com que


qualquer objeto influenciado pela aceleração da gravidade se movimente, sendo g =
9,8 m/s². Por definição movimento vertical de qualquer corpo que se move nas
proximidades da superfície da Terra, sob a influência unicamente da sua força peso,
é chamado movimento de queda livre. (PORTAL SÃO FRANCISCO, 2018)

Na queda livre, ao abandonar um corpo (v0 = 0) ele irá adquirir um movimento


acelerado no sentido do campo gravitacional local e, se esse corpo for denso o
suficiente para que se desprezem os efeitos da resistência do ar, a única força que
agirá será a gravitacional, ou seja, a força Peso, que fará o papel de resultante,
conforme apresentado na Figura 4.
20

Figura 4 - Análise com fórmula de corpo em queda livre

Fonte: Alvaro Csapo Talavera... [et al.]. – 1. Ed. – São Paulo: Nova Geração, 2005.

A massa à esquerda da igualdade é denominada “massa inercial” e refere-se


à resistência quanto à alteração de sua quantidade de movimento, enquanto a da
direita denominada “massa gravitacional” determina a intensidade da força de
atração que o campo gravitacional produz no corpo.

Albert Einstein (1879-1955) enunciou o Princípio da Equivalência que mostrou


que o fato de as duas massas terem o mesmo valor não é mera coincidência, pois
no fundo elas são a mesma entidade. Desta forma, pode-se cancelá-las na equação.

Portanto, conclui-se que a velocidade de um corpo caindo é afetada por uma


aceleração vetorial que não depende de sua massa, mas coincide com o campo
gravitacional local, para o tal: 𝑚 → = 𝑚 → ∴ → = → . Por isso → é denominado
𝛾 𝑔 𝛾 𝑔 𝑔

“aceleração da gravidade”.

Logo, ao abandonar um corpo de uma altura (h) com velocidade inicial nula,
ele entrará em um movimento retilíneo acelerado sob a ação da aceleração da
gravidade, podendo as equações do Movimento Uniformemente Variável (MUV)
serem descritas conforme Equações 3, 4 e 5.

Equação 3 - Movimento Uniformemente Variável 1

𝑣 = 𝑣0 + 𝑎𝑡 → 𝑣 = 𝑔𝑡

Equação 4 - Movimento Uniformemente Variável 2

𝑎𝑡 2 𝑔𝑡 2
𝑆 = 𝑆0 + 𝑣0 𝑡 + →ℎ=
2 2

Equação 5 - Movimento Uniformemente Variável 3

𝑣 2 − 𝑣0 2 = 2𝑎∆𝑆 → 𝑣 2 = 2𝑔ℎ
21

3 PROPOSTA

Isaac Newton (1642-1727) afirmou que: “Pequenas penas caindo ao ar livre


encontram grande resistência, mas num vidro alto bem esvaziado de ar elas caem
tão rápido quanto o chumbo ou o ouro, como me foi dado comprovar diversas vezes”
(NEWTON, 1996).

A experiência consiste em reproduzir o experimento de queda livre no vácuo,


tendo como referência inicial o experimento da Torre de Pisa realizado por Galileu
Galilei e como referência direta o experimento realizado por Newton.

Desta forma, visa-se abandonar dois objetos, uma pena e uma esfera de
chumbo, a fim de analisar suas implicações e demonstrar a veracidade das
afirmativas de Galilei, assim como desmitificar o pensamento aristotélico e arcaico
de muitos alunos.

Para atingir tal objetivo, construiu-se uma caixa acrílica de vácuo com um
sistema automatizado para a queda dos objetos, cujo os itens estão descritos e
orçados conforme a tabela 1.

Tabela 1 – Tabela Orçamentária do Experimento

TABELA ORÇAMENTÁRIA DO EXPERIMENTO


Qtd. Item Descrição Peso Valor
Caixa de acrílico com base quadrada de
1 Caixa de acrílico 30x30 cm, altura de 50 cm e espessura de 6 - R$ 620,00
mm;

1 Manifold R22 404 R134 -


Modelo:VP260
Medidas: 305mm x 132mm x 240mm
Potência Motor: 1/2 HP
Voltagem: Bivolt 110V / 220V com chave
Partida por capacitor.
Bomba de Vácuo Protetor Térmico com reativação automática R$600,00
1 9kg
Simples Estágio 6cfm Frequência 60Hz
Capacidade: 6CFM ou 170 Litros por minuto
Estágios: 2
Vácuo nominal: 15microns ou 0.3 Pa
Conexões: 1/4" x 3/8" SAE
Capacidade de Óleo: 450ml
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Temperatura ambiente para trabalho: 5ºC


a 40ºC

1 Pena Pena Sintética 1g -


1 Esfera Esfera de Chumbo 115g R$3,40
2 Conexão Pneumática Conexão Pneumática União Painel 6mm - R$14,00
Cilindro Pneumático 8kgf cm² com 10 barras
2 Cilindro Pneumático - R$236,00
de pressão
1 Válvula Válvula Direcional Pneumática - R$184,00
2 Conexão 90º Conexão pneumática 90º 6mm - R$6,00
3 Conexão reta’ Conexão pneumática reta 8mm - R$9,00
4 Conexão reta’’ Conexão pneumática reta 6mm - R$9,00
2 Conexão “T” Conexão “T” pneumática 6mm - R$7,00
2 Conector Conector ¼ x ¼ SAE - R$11,00
1 Niple Niple M. 16 MK x ¼ - R$16,36
2 Suporte Suporte Metálico para Cilindro Pneumático - R$75,00
TOTAL R$2.184,76

3.1 MONTAGEM DOS COMPONENTES

O primeiro passo realizado para montagem dos componentes foi a confecção


de uma caixa acrílica com tampa independente, que teria a função de vedar,
interligar, receber e distribuir os demais componentes do experimento.

Em conseguinte, partiu-se para a instalação da bomba de vácuo na tampa da


caixa a fim de criar o ambiente perfeito para a realização dos testes. Para o tal, foi
feito um furo central (Figura 5) para uma conexão em rosca que permite vedar a
passagem de ar no furo e proporcionar a ligação da mangueira da bomba de vácuo
à caixa.
23

Figura 5 – Tampa da caixa de acrílico sendo perfurada

Fonte: Arquivo pessoal, 2018.

Para montagem do sistema pneumático foram feitos mais 2 furos na tampa da


caixa de acrílico para interligar os tubos do sistema, que foi constituído por duas
conexões do tipo “T” (Figura 6), ligadas por tubos de plástico à válvula direcional
pneumática (Figura 7). Tal válvula foi conectada a compressores de ar, também por
tubos de plástico, a fim de realizar o controle da vazão e da pressão do sistema.

Figura 6 – Conexões “T” Figura 7 – Válvula Direcional Pneumática

Fonte: Arquivo pessoal, 2018.

Posteriormente, foram adequadas à parte inferior da tampa suportes metálicos


(Figura 8) para os cilindros pneumáticos (Figura 9) que estão ligados a um sistema
automatizado com a função de soltar ao mesmo tempo os objetos a serem
analisados.
24

Figura 8 – Suporte para Cilindros Figura 9 – Cilindros Pneumáticos

Fonte: Arquivo pessoal, 2018.

Com relação aos objetos, a esfera (Figura 10), visto sua forma difícil de se
adequar ao sistema, possuirá um anel de metal que facilitará o cilindro a prendê-la.
A pena (Figura 11), por ser de fácil manuseio não necessitará de tal instrumento.

Figura 10 – Esfera de Chumbo utilizada Figura 11 – Pena utilizada

Fonte: Arquivo pessoal, 2018.

Assim, após realizar todas as adaptações nos componentes necessários para


automatizar e retirar o ar da caixa acrílica, descritas acima, tem-se uma tampa de
caixa conforme a figura 12. Portanto, conclui-se com sucesso a montagem do
sistema, conforme mostram as imagens a seguir. Podendo assim partir para a fase
de testes.
25

Figura 12 – Tampa da Caixa finalizada

Fonte: Arquivo pessoal, 2018.

Figura 13 – Montagem da Caixa finalizada

. Fonte: Arquivo pessoal, 2018


25
26

3.2 TESTES REALIZADOS

Os testes foram realizados para conferir se a ligação dos sistemas foi feita de
forma correta. Após tal verificação, pode-se realizar o experimento com sucesso.
Que consiste no abandono simultâneo dos corpos e posterior chegada dos objetos
ao fundo da caixa ao mesmo tempo.

O primeiro teste foi realizado no dia 27 de novembro de 2018 para verificar a


vedação da caixa, conforme figura 14. Já com a conexão da bomba de vácuo
instalada na caixa de acrílico, ligou-se a bomba e pelo manômetro percebeu-se que
não se atingia o vácuo.

Figura 14 – Teste inicial com bomba de vácuo

. Fonte: Arquivo pessoal, 2018

Então, visando atingir o vácuo, vedou-se a tampa no corpo da caixa com fita
adesiva (Figura 15) e, posteriormente, realizou-se um novo teste, desta vez, obtendo
sucesso quanto ao vácuo.
25
27

Figura 15 – Teste secundário de vedação da caixa

. Fonte: Arquivo pessoal, 2018

Em outro teste realizado no dia 27 de novembro de 2018, ao ligar a bomba de


vácuo, admitiu-se a pressão 15psi negativo, conferindo vácuo à caixa. Entretanto, a
mesma não suportou tal pressão, tendo sua base descolando-se, conforme a figura
16.

Figura 16 – Base descolada da caixa em teste terciário

. Fonte: Arquivo pessoal, 2018


25
28

Já no dia 28 de novembro de 2018, foi realizada a vedação da caixa e um novo


teste, tendo desta vez um resultado positivo.

3.3 COMPARAÇÃO DOS TESTES COM AS LEIS DE NEWTON

Conforme já visto acima, a queda livre faz com que qualquer objeto
influenciado pela aceleração da gravidade se movimente com g = 9,8 m/s². Newton
afirmava que a aceleração adquirida por um corpo é diretamente proporcional à
intensidade da resultante das forças que atuam sobre o corpo, tem direção e sentido
dessa força resultante e é inversamente proporcional à sua massa.

O que implica que, no caso de um objeto que estiver sujeito somente a


aceleração da gravidade - como é o caso da situação proposta, em que foi retirado o
ar da caixa e, portanto, não há interferência da resistência do ar para retardar o
movimento - sua massa não interfere na velocidade de sua queda.

Feitos os testes chegou-se à conclusão que Newton estava certo em sua


afirmativa, pois verificou-se que dois corpos de diferentes massas, quando
submetidos a queda no ambiente com vácuo, chegam à base da caixa ao mesmo
tempo.

3.4 RESULTADOS DOS TESTES E EQUAÇÕES

Após realizar quatro tentativas, conseguiu-se obter um resultado positivo nos


testes do experimento.
Para o tal, visando realizar cálculos para comprovar matematicamente o
experimento, tem-se a altura útil da caixa, desconsiderando todo o sistema
pneumático implantado e a base em tecido para amortecer a queda, como 35 cm,
tem-se que:
Equação 6 - MUV 1 - Aplicação

𝑣 = 𝑔𝑡 → 𝑣 = 9,8 𝑥 0,26 → 𝑣 = 2,548 𝑚/𝑠²

Equação 7 - MUV 2 - Aplicação

𝑔𝑡 2 9,8𝑡 2
ℎ= → 0,35 = → 9,8𝑡 2 = 0,7 → 𝑡 2 ≅ 0,07 → 𝑡 ≅ 0,26 𝑠
2 2
25
29

4 CONCLUSÃO

Utilizando dos resultados obtidos nos testes e cálculos realizados durante o


experimento é possível concluir que, embora o pensamento aristotélico ainda esteja
bastante enraizado nas concepções de movimento atuais de muitos estudantes, ele
não tem base fundamentada.

De acordo com a metodologia estudada, assim como com o experimento


realizado e os cálculos que reafirmaram a sua veracidade, vê-se que as afirmativas
de Galileu Galilei e as posteriores leis de Isaac Newton se comprovam na prática.

Embora tenham-se enfrentado diversas dificuldades ao longo de todo o percurso


do projeto: com relação a aceitação do tema; quanto a desenvoltura do experimento
e seu custo elevado do projeto; quanto a dificuldade de se encontrar empresas que
trabalhassem com os materiais necessários para a montagem do experimento,
assim como a falta de profissionais que pudessem instruir; além da necessidade de
deslocamento constante para outra região para encontrar as peças necessárias;
conseguiu-se atingir um resultado satisfatório.

Portanto, apesar das adversidades, tal projeto cumpre a sua proposta de atrair a
atenção dos estudantes, ora pela parte metodológica, ora pela parte prática do
experimento, para que esse possam compreender melhor e na prática as reais
noções de movimento.
25
30

5 REFERÊNCIAS

ALVES, Talita. Queda livre. Disponível em:


<https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/queda-livre.htm>. Acesso em:
12/11/2018.
BASSALO, J. M. Pêndulos: Simples e Composto. Disponível em:
<http://www.seara.ufc.br/folclore/folclore360.htm>. Acesso: 30/08/2018.
CIENTIFICA, Cultura. Los experimentos con bolas y planos inclinados.
Disponível em: <https://culturacientifica.com/2015/07/31/galileo-v-los-experimentos-
con-bolas-y-planos-inclinados/>. Acesso em 20/10/2018.
COHEN, Bernard. O nascimento de uma nova física. EDART – São Paulo –
Livraria Editora LTDA. 1967.

FERREIRA, M.Q.; LANDERS, R. Experimentos simples elaborados com rapidez


e baixo custo (relatório da disciplina “Instrumentação para o Ensino-F809” do
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