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TC1 – Aulas 53 e 54

PROFA. PRISCILA F. B. DE SOUSA


Transferência de Calor
Condução Convecção Troca líquida de
através  sólido superfície  fluido/movendo radiação térmica
entre duas superfícies

T1 T1 > T2 T2 T s > T T1
q1”
q”
q”
q2”

Ts
T2
Radiação: Processos e Propriedades

 Radiação Não exige a presença


de meio material

 Importante:
- processos industriais: aquecimento,
resfriamento
secagem

- conversão de energia: combustíveis fósseis


radiação solar
Conceitos Fundamentais

vizinhança, Tviz

vácuo

sólido, Ts

vácuo  impede a condução de calor e a convecção

Intuitivamente  Ts  Tviz  Tequ


Conceitos Fundamentais
Resfriamento é associado com a redução da
energia interna armazenada pelo sólido
Emissão de radiação térmica pela superfície

•Superfície : emite
Intercepta e absorve radiação do ambiente

•Taxa líquida: superfície para o ambiente

A radiação térmica : taxa de emissão de energia pela


matéria a uma temperatura finita. Logo, a qualquer
instante toda a matéria emite radiação térmica.
Conceitos Fundamentais

Mecanismo de emissão:

 Energia liberada em conseqüência de oscilações ou


transições dos muitos elétrons que constituem a
matéria.

 Oscilações são sustentadas pela energia interna o


que as fazem depender da temperatura da matéria.
Conceitos Fundamentais
Assim, a emissão de radiação térmica:
Associada à excitação térmica no interior da matéria
emissão de radiação
emissão de radiação

1 m

líquido ou sólido

gás a alta temperatura ou meio


semitransparente

Figura 1 – Processo de emissão, gás, sólido e líquido


Conceitos Fundamentais
 Natureza do transporte. Duas teorias:

-radiação é a propagação de um conjunto de partículas (fótons)

- propagação de ondas eletromagnéticas

A radiação térmica é atribuída às propriedades de um onda


( frequência  e o comprimento de onda )

Para uma radiação que se propaga num certo meio, têm-se:


c


onde c é a velocidade da luz no meio.
Na propagação no vácuo, c0 = 2,998 x 108 m/s
Conceitos Fundamentais
 Espectro eletromagnético completo

visível

violeta – azul – verde – amarelo - vermelho

infravermelho

raios X ultravioleta
microondas
radiação térmica

raios gama
0,4 0,7

10-5 10-4 10-3 10-2 10-1 1 10 102 103 104

 (m)
Conceitos Fundamentais
 A radiação térmica emitida por uma superfície compreende
um certo intervalo de comprimento de onda.

 A grandeza da radiação varia com o comprimento de onda, e


se usa o termo espectral para identificar a natureza dessa
dependência.

 A radiação emitida é constituída por uma distribuição


contínua, não-uniforme, de componentes monocromáticas

 A grandeza da radiação em qualquer comprimento de onda e a


distribuição espectral variam com a natureza e com a
temperatura da superfície emissora.
Conceitos Fundamentais
distribuição direcional
E
distribuição espectral

emissão de
radiação
monocromática

comprimento de onda,  b)
a)
Figura 4. Radiação emitida por uma superfície. a) distribuição espectral. b)distribuição direcional.

Uma superfície pode emitir preferencialmente num certa direção, o


que provoca uma distribuição direcional da radiação emitida.

Assim, para se quantificar apropriadamente a transferência radiativa


de calor devemos tratar os dois efeitos, o espectral e o direcional.
Intensidade da Radiação

 A radiação emitida por uma superfície se propaga


em todas as direções possíveis, e muitas vezes
precisamos conhecer a sua distribuição direcional.

 Além disso, a radiação incidente sobre uma


superfície pode provir de diferentes direções e a
maneira pela qual a superfície responde a esta
radiação depende da direção.

 Esses efeitos podem ser tratados mediante o


conceito de intensidade de radiação.
Intensidade da Radiação

 Consideremos a emissão de um elemento de área dA1, numa certa


direção (Fig. 1). Essa direção pode ser caracterizada pelo ângulo polar θ
e pelo azimute  de um sistema de coordenadas esféricas.
radiação
emitida z (r, , )

dAn
 

dA1
dw

x 

Figura 1. Natureza direcional da radiação. a) emissão de radiação de uma área dA 1 em um ângulo sólido
subentendido por dAn e um ponto em dA1. b) coordenadas esféricas.
Intensidade da Radiação

dAn = r2 sen d d

r d

rsen

r sen d

d

d

dAn  r d . r sen  d dAn  r 2 sen  d d


Intensidade da Radiação

r r

dl

dl d An
d  dw 
r r2

Figura 6 . Definição de a) ângulo plano [d ] = rad (radiano) e b) ângulo sólido [dw] = Sr (esferorradiano)

dA n
Se dw  2 mas dA n  r 2sen d d
r
Então dw  sen d d
Intensidade da Radiação

 Radiação emitida (dq) I  , e ( ,  ,  )

- Onde dq é a taxa na qual a radiação emitida por dA1 passa por dAn

- E, intensidade espectral da radiação emitida é definida como sendo a


taxa de emissão de energia radiante no comprimento de onda, λ na
direção (θ,), por unidade de área da superfície emissora normal a
essa direção, por unidade de ângulo sólido nessa direção, e por
unidade de intervalo de comprimento de onda dλ no entorno de λ.
Intensidade da Radiação

 Então
dq  W 
I ,e ( , ,  )   m2 Sr  m 
dA1 cos dw d   

A taxa na qual a radiação de comprimento de onda 


deixa dA1 e passa através de dAn

dq  W 
dq  dq  I ,e ( , ,  )dA1 cos  dw  
d   m 
Esta importante expressão permite calcular a taxa na qual a
radiação emitida por uma superfície se propaga no espaço
definida pelo ângulo sólido em torno da direção (θ, ).
Fluxo Espectral

 Cálculo do fluxo espectral:

dq  I  ,e ( , ,  ) dA1 cos dw

mas, dw  sen  d d

dq
 dq "   I  ,e ( , ,  ) cos sen  d d
dA1

Se as distribuições espectral e direcional de Iλ,e forem conhecidas, o


fluxo de calor associado à emissão dentro de qualquer ângulo sólido
finito, pode ser determinado pela integração de dq”λ .
Fluxo Espectral

 Exemplo: fluxo térmico espectral associado com a


emissão para um hemisférico hipotético

2  /2 2  / 2
q ( )    dq"    I ,e ( , ,  ) cos  sen  d d
"

0 0 0 0

Assim o fluxo total de calor radiante: q"   q" ( ) d


0

 2  / 2
q    I ,e ( , ,  ) cos  sen  d d d
"

0 0 0
Relação com a emissão

 A intensidade de radiação está relacionada a vários fluxos


importantes de radiação

 Emitância ou Poder Emissivo⇒ Quantifica a quantidade de radiação


emitida por unidade de área da superfície. (E)

 Poder Emissivo Hemisférico Espectral ⇒ taxa na qual a radiação de


comprimento de onda λ é emitida em todas as direções por unidade de
comprimento de onda dλ em torno de λ e por unidade de área
superficial (E)
2  / 2
E ( )  
0
 I  ,e (, , ) cos sen d d
0
[W / m2 m
Relação com a emissão

 Eλ é baseado na área superficial real

 Iλ,e é baseado na área projetada

 Emitância total hemisférica E [W/m2] (Poder Emissivo)



E   E ( ) d
0

 2  / 2
E  I ,e ( , ,  ) cos  sen d d d
0 0 0
Relação com a emissão

 Emissor difuso ⇒ Intensidade da radiação


emitida é independente da
direção
 2  / 2
I  ,e ( , ,E ) I ,e (I) ,eentão
( , , E) cos
( )  
senI ,e (d) dou
 dE
   Ie
0 0 0
2  / 2
E ( )  I  ,e ( )   cos sen d d
0 0
 /2
E ( )  I  ,e ( ) 2  cos  sen d
0

1
E ( )  I  ,e ( ) 2     I  ,e ( )
2
Relação com a irradiação

 Radiação incidente

I  ,i (  ,  ,  )

Taxa de energia radiante com comprimento de onda, λ


incidente a partir da direção( θ, φ),por unidade de área
da superfície receptora normal a essa direção, por
unidade de ângulo sólido no entorno dessa direção, e
por unidade de intervalo de comprimento de onda dλ
no entorno de λ.
Relação com a irradiação

 Intensidade da radiação incidente, I  ,i ( ,  ,  )

Tem relação com fluxo radiante importante: a Irradiação

G
Irradiação espectral  [W / m 2
m]

A taxa de radiação com comprimento de onda,λ incidente sobre


uma superfície, por unidade de área da superfície e por unidade
de intervalo de comprimentos de onda dλ no entorno de λ.

2  / 2
G    I
0 0
,i ( , ,  ) cos  sen d d
Relação com a irradiação

 Irradiação total representa a taxa de radiação incidente por


unidade de área a partir de todas as direções e em todos os
comprimentos de onda

G   G ( ) d
0

Se a irradiação incidente for difusa: I  ,i (  ,  ,  )  I  , i (  )


2  / 2
G ( )    I
0 0
,i ( , ,  ) cos  sen d d   I  ,i ( )

 
G   G ( ) d    I  ,i ( ) d   I i
0 0
Relação com a Radiosidade

 Considera toda a energia radiante que deixa uma superfície.

Radiosidade é diferente do poder emissivo

Radiosidade

Emissão
Fração refletida
Irradiação da irradiação

Radiosidade de uma superfície


Relação com a Radiosidade

2 /2
J  ( )    I , e  r , ,  cos  sen  d d
0 0


J   J    d
0

 2  / 2
J     I  , e  r , ,  cos  sen  d d d
0 0 0

Se a superfície - refletor difuso e emissor difuso,

J  , e  r  , ,    J  , e  r ( ) J  ( )   I  , e  r J   I e r
Exemplo
 Exemplo 12.1
Uma pequena superfície de área A1 = 10-3 m2 emite difusivamente, e a intensidade
total associada à emissão na direção normal à superfície é In = 7 000 W/m2.sr. A
radiação emitida pela superfície é interceptada por três outras superfícies de áreas
A2= A3= A4= 10-3 m2 que estão a 0,5 m de A1 e orientados como mostra a figura.
A3

A2
0,5
A4
0,5
0,5

60º 45º
A1

 Qual a intensidade associada à emissão em cada uma das três direções? E a


taxa na qual a radiação emitida por A1 é interceptada pelas três direções?
Radiação do Corpo Negro

O corpo negro é uma superfície ideal que possui as seguintes


propriedades

 Um corpo negro absorve toda a radiação incidente,


independentemente do seu comprimento de onda e direção.

 Para uma dada temperatura e comprimento de onda,


nenhuma superfície pode emitir mais energia do que um
corpo negro.

 Embora a radiação emitida por um corpo negro se uma


função do comprimento de onda e da temperatura, ela é
independente da direção. Isto é, o corpo negro é um emissor
difuso.
Curiosidade

 Vantablack
 Material mais escuro já feito
pelo homem;
 Criado por uma companhia de
nanotecnologia no Reino
Unido;
 Feito de nanotubos de carbono,
absorve 99,96% da luz ( a cor
preta convencional absorve de
95% a 98%);
 Foi desenvolvido para ser
utilizado em telescópios,
câmeras e sistemas ópticos que
precisam reduzir a reflexão e
difração da luz.
Curiosidade

 Buraco Negro
 O adjetivo negro em buraco negro
se deve ao fato deste não refletir
nenhuma parte da luz.
 Acredita-se, também, que buracos
negros emitam radiação térmica,
da mesma forma que os corpos
negros.
 Esta temperatura, entretanto, é
inversamente proporcional à
massa do buraco negro.
Radiação do corpo negro

 A radiação de um corpo negro existe no interior da cavidade


independentemente do fato da superfície da cavidade ser
altamente refletora ou absorvedora.
 Radiação incidente sofre muitas reflexões antes de encontrar
a saída. Ou seja, ela é quase inteiramente absorvida.
 Radiação que sai é função somente de  e T.
Radiação do Corpo Negro: Emissão difusa

I, i I, e = I, cn

G = E(cn)

superfície isotérmica
Radiação do Corpo Negro

Uma vez que o campo de radiação que existe no interior da


cavidade (resultado dos efeitos acumulados de emissão e reflexão
da superfície da cavidade) deve ter a mesma forma que a radiação
que sai pela abertura, segue-se que o campo de radiação do corpo
negro existe também no interior da cavidade. Então qualquer
pequena área superficial sofre a irradiação na qual

G   E  , T 
A radiação do corpo negro existe no interior da cavidade
independentemente de a cavidade ter uma superfície interna muito
refletora ou muito absorvedora.
Radiação do Corpo Negro

Distribuição de Planck
A distribuição espectral da emissão de um corpo negro é bem
conhecida, tendo sido determinada primeiramente por Planck.
2
2 h c0
I  , b ( , T )  E  , b (, T )   I  , b (, T )
 5 exp (h c0 /  kT )  1 
h  6,6256 10 34 J . s k 1,3805 10 23 J / K c0 = 2,998 x 108 m/s

C1
E , b ( , T ) 
 exp (C2 /  T )  1
5

C1  2  h c0  3,742 108 W m4 / m2 C2  h c0 / k  1,439 104 m K
Distribuição
de Plank

Lei de Wien
Radiação do Corpo Negro

Distribuição de Planck
1. A radiação emitida varia continuamente com o comprimento de onda
2. Em qualquer comprimento de onda a intensidade da radiação emitida
aumenta com a elevação da temperatura.
3. A região espectral na qual a radiação é concentrada depende da
temperatura, com mais radiação aparecendo comparativamente em
menores comprimentos de onda conforme a temperatura aumenta.
4. Uma fração significativa da radiação emitida pelo sol, que pode ser
aproximada como um corpo negro a 5800K, encontra-se na região visível
do espectro. Ao contrário, para T<800K, a emissão é predominantemente
na região infravermelho do espectro e não é visível ao olho nu.
Radiação do Corpo Negro

Lei do deslocamento de Wien


A distribuição espectral do corpo negro tem um máximo e que o
comprimento de onda correspondente max depende da temperatura.

 max T  C 3 C3  2897,8 mK

O poder emissivo espectral máximo é deslocado para menores


comprimentos de onda com o aumento de temperatura.
Para a radiação solar: essa emissão encontra-se no meio do espectro
visível , uma vez que o sol emite aproximadamente como um corpo negro
a 5800 K.
Radiação do Corpo Negro

Lei de Stefan-Boltzmann:
Fornece a radiação total emitida em todas as direções e sobre todos os
.
comprimentos de onda a partir da temperatura do corpo negro
2  / 2 C1
    
EE  ( ,
   ,e
T ) I  ( , T 
)   
 exp (C2 /  T ) m1
2
 (
 , b) I ( ,  ,,b ) cos sen d
5 d [W / m
0 0

C1
Eb   5 d
0
 exp (C2 /  T )  1 

Uma vez que essa Eb


Eb   T 4 emissão é difusa,
Ie 

Radiação do Corpo Negro

Banda de emissão:
Fração total da emissão de um corpo negro que se encontra em um certo
intervalo de comprimento de onda ou banda.
 
 E

d  E  ,b d
E , b
,b T
E ,b
0 F0  0
 0
 d T   f T 

T 4  T 5

 E ,b d
0
E,b(,T)
0

2 1

E  ,b d   E  ,b d
F1  2  0 0
 F0 2  F01
 T 4
Emissão de Superfícies

Radiação emitida pela superfície


Emissividade =
Radiação emitida pelo CN a mesma temperatura

E
Corpo negro

Superfície real

E,b (,T)
E   , T     ( , T ) E  , b   , T 


Emissividade

I  , e  , , , T 
Emissividade espectral, direcional:   , ( , , , T ) 
I  , b  , T 
I e  ,  , T 
Emissividade total direcional:  ( ,  , T ) 
I b T

E   , T 
Emissividade espectral hemisférica:   ( , T ) 
E  ,b  , T 

2  /2

  I  , e  , ,  , T  cos sen  d d
  ( , T )  0
2
0
 /2

  I  , b  , , T  cos sen  d d
0 0
Emissividade

Emissividade espectral hemisférica


2  /2

    ,  , ,  , T  cos  sen  d d
  ( , T )  0 0
2  /2

  cos  sen  d d
E T 
0 0

 (T ) 
E b T 
Emissividade total hemisférica:

    , T  E , b  , T  d
 (T )  0
E b T 
Emissividade

Se as emissividades de uma superfície forem conhecidas, torna-se uma


questão simples calcular as características da sua emissão

Exemplo: Se   (, T ) for conhecido pode-se combinar

C1
E , b ( , T )   I  , b ( , T )  
 5 exp (C2 /  T )  1 
e
E   , T 
  ( , T ) 
E  ,b  , T 

para a obtenção do poder emissivo espectral da superfície em


quaisquer comprimento de onda e temperatura

E  , T     (, T) E  , b  , T 
Exemplo

 Uma superfície difusa a 1600 K tem a emissividade espectral hemisférica


mostrada a seguir.

2 T=1600K
()

0,8
1 = 2 m
1 2 = 5 m
0,4

0 2 5  (m)

 Determine a emissividade hemisférica total e o poder emissivo total.


 Em qual comprimento de onda o poder emissivo espectral será um
máximo?

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