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Faculdade de Direito

Universidade de São Paulo

TRIBUTOS FEDERAIS
(DEF-0512)

Imposto de Renda da Pessoa Física


AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física

Constituição Federal de 1988


Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: (...)
III – renda e proventos de qualquer natureza

Imposto regulado pelo Decreto nº 3.000/99


“Regulamento do Imposto de Renda”

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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
CR/88 – Art. 153. (...) § 2º - O imposto previsto no inciso III:
I - será informado pelos critérios da generalidade, da
universalidade e da progressividade, na forma da lei
Generalidade

Critério: ninguém será excluído da tributação sobre a renda


Veda a concessão do privilégio, ou a imposição exclusiva sobre classes

CR – Art. 150. (...) É vedado (...). II - CTN – Art. 43. (...) § 1o A


instituir tratamento desigual entre incidência do imposto independe da
contribuintes que se encontrem em denominação da receita ou do
situação equivalente, proibida qualquer rendimento, da localização, condição
distinção em razão de ocupação jurídica ou nacionalidade da fonte, da
profissional ou função por eles exercida origem e da forma de percepção.

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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
Constituição Federal de 1988
Art. 153. (...) § 2º - O imposto previsto no inciso III:
I - será informado pelos critérios da generalidade, da
universalidade e da progressividade, na forma da lei

Universalidade

Aspecto espacial
Abrange o conceito de renda universal
“Worldwide taxation”

IR poderá ir além da territorialidade


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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física

Produto do capital, do trabalho ou da sua combinação


Renda-produto
Fruto que se obtém sem que pereça a árvore

Problema: não explica a incidência do imposto sobre o ganhador da loteria


Inexistência de “fonte permanente” nos ganhos eventuais (“windfall gains”)

Comparação do patrimônio em dois momentos


Renda-acréscimo
Havendo acréscimo (variação positiva), há renda

Problema: não explica o contribuinte que gasta tudo entre os dois momentos
Neste caso, a situação patrimonial seria idêntica nos dois momentos

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CTN – Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e


proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da
disponibilidade econômica ou jurídica:

I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da


combinação de ambos;

II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos


patrimoniais não compreendidos no inciso anterior.

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CTN adota teoria abrangente da renda
(Art. 43 I e II do Código Tributário Nacional)
Renda-produto
Fato Aquisição da disponibilidade ou
gerador econômica ou jurídica da:
Renda-acréscimo

Evita discussão sobre a necessidade ou não de efetivo ingresso financeiro


Basta que se demonstre que a renda está “disponível”
(manifestação de riqueza – capacidade contributiva)
Disponibilidade
Direito incontestável ao ingresso financeiro (ainda que ele não ocorra)
Exemplo: crédito vencido já é renda tributável, mesmo que não exigida

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Imposto sobre a renda de fonte ilícita ou imoral
Suetônio (historiador): Tito questiona seu
pai, o Imperador Vespasiano, por
reestabelecer o imoral tributo sobre o uso
de latrinas e banheiros públicos
Princípio do “Pecunia non olet”

Informativo nº 637 do STF: Incide sobre sonegação advinda


É possível a incidência de do crime de tráfico de drogas: se
tributação sobre valores incide IR sobre o “trabalho
arrecadados em virtude de honesto”, deve incidir sobre o
atividade ilícita de jogo do produto do crime, sob pena de
bicho (HC-94240/SP). desigualdade (HC 77.530/RS).
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Formas de Apuração e Recolhimento do IRPF

1- Imposto sobre a Renda na Fonte por Antecipação (IRF-A)


2- Imposto sobre a Renda na Fonte Exclusivo (IRF-E)
3- Imposto sobre a Renda por Alíquota Fixa
4- Recolhimento Mensal Obrigatório (RMO)
5- Complementação Anual Obrigatória (CAO)
6- Recolhimento Complementar Facultativo (RCF)

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1- IR na Fonte por Antecipação (IRF-A)
Fonte pagadora
Obrigação de calcular e descontar o valor do imposto
Regra geral: pagamentos efetuados por PJ para pessoa física

Pessoa Jurídica Pessoa Física

Responsável Contribuinte

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1- IR na Fonte por Antecipação (IRF-A)
Algumas deduções permitidas (Exercício 2014)
Contribuições previdenciárias oficiais
Contribuições para entidade de previdência complementar
R$ 171,97 por dependente;
Pensão judicial (inclusive prestação de alimentos);
Até R$ 1.787,77 correspondentes à parcela isenta dos rendimentos
provenientes de aposentadoria e pensão.

Compensa-se com o imposto


devido na declaração de Sim
ajuste anual (CAO)?
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1- IR na Fonte por Antecipação (IRF-A)

Rendimento Bruto
Dedução de dependentes (-)

Dedução da contribuição previdenciária (-)

BASE DE CÁLCULO (=)


Alíquota aplicável (x)

VALOR APURADO (=)


Parcela a deduzir (-)

VALOR DE RETENÇÃO (=)

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1- IR na Fonte por Antecipação (IRF-A)
Exercício 2014 / Ano-Base 2013
Lei nº 11.482, de 31/05/2007 (alterada pelo art. 1 º da Lei nº 12.469, de 26/08/2011)

Base de Cálculo (R$) Alíquota (%) Parcela a Deduzir do IR (R$)

Até 1.787,77 - -

De 1.787,78 até 2.679,29 7,5 134,08

De 2.679,30 até 3.572,43 15 335,03

De 3.572,44 até 4.463,81 22,5 602,96

Acima de 4.463,81 27,5 826,15

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1- IR na Fonte por Antecipação (IRF-A)

R$ 6.000,00

0% 7,5% 15% 22,5% 27,5%

1.787,77 a 2.679,29 a 3.572,44 a


1.787,77 4.463,91 a
2.679,29 3.572,44 4.463,81
6.000,00

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1- IR na Fonte por Antecipação (IRF-A)
0% 7,5% 15% 22,5% 27,5%

1.787,77 a 2.679,29 a 3.572,44 a 4.463,91 a


1.787,77
2.679,29 3.572,44 4.463,81 6.000,00

Base de Cálculo (R$) Alíquota (%) Parcela a Deduzir do IR (R$)

Acima de 4.463,81 27,5 826,15

R$ 6.000,00 X 27,5% = R$ 1.650,00 - R$ 826,15 IRPF DEVIDO = R$ 823,85

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2- IR na Fonte Exclusivo (IRF-E)

Incide, de forma definitiva, sobre rendimentos pagos


para pessoa física
Responsabilidade da fonte pagadora pela apuração, o
desconto e o recolhimento do imposto devido

Rendimentos de aplicações financeiras


Rendimentos pagos a residentes ou domiciliados no exterior
13º salário etc.

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2- IR na Fonte Exclusivo (IRF-E)

Não se sujeitam a essa forma de tributação:

 Rendimentos de cadernetas de poupança e juros de


letras hipotecárias;
 Juros produzidos por Bônus do Tesouro Nacional (BTN)
e Notas do Tesouro Nacional;
 Rendimentos produzidos por Títulos da Dívida Agrária;
 Rendimentos do Fundo Nacional de Desenvolvimento.

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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
2- IR na Fonte Exclusivo (IRF-E)

Ganhos auferidos em aplicações de renda fixa


Tributação proporcional (ie.: não-progressiva)
(Lei nº 11.033/04 e IN 487/04)

Alíquota varia de acordo com o prazo de aplicação

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2- IR na Fonte Exclusivo (IRF-E)
Alíquota Prazo

22,5% Em aplicações com prazo de até 6 meses

20% Em aplicações com prazo de 6 meses e um dia até 12 meses

17,5% Em aplicações com prazo de 12 meses e um dia até 24 meses

15% Em aplicações com prazo superior a 24 meses

Compensa-se com o imposto


devido na declaração de Não
ajuste anual (CAO)?
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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
2- IR na Fonte Exclusivo (IRF-E)

Rendimentos em Aplicação Financeira de Renda Fixa

Rendimento Bruto

Alíquota aplicável (x)

VALOR DE RETENÇÃO (=)

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2- IR na Fonte Exclusivo (IRF-E)
13º Salário
Rendimento Bruto
Dedução de dependentes (-)

Dedução da contribuição previdenciária (-)

BASE DE CÁLCULO (=)


Alíquota aplicável (x)

VALOR APURADO (=)


Parcela a deduzir (-)

VALOR DE RETENÇÃO (=)

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3- IR por alíquota fixa (tributação definitiva)
Incide sobre ganhos de capital e sobre ganhos em aplicações de renda
variável, sendo sua apuração e recolhimento de responsabilidade do
próprio contribuinte que aufere a renda.

Alíquota aplicável: ganhos de capital e renda variável = 15%


Exceção: operações day trade, em que a alíquota é de 20%

Compensa-se com o imposto


devido na declaração de Não
ajuste anual (CAO)?

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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
3- IR por alíquota fixa (tributação definitiva)
IR no mercado de renda fixa: rendimento vs. ganho de capital

RENDIMENTO periódico e resultado positivo: 2- IRF-E


remuneração decorrente da aplicação.
Base de cálculo: valor total do rendimento

GANHO DE CAPITAL na alienação: qualquer


3- IR
evento de transmissão da propriedade do título,
Alíquota Fixa
como liquidação, resgate, cessão ou repactuação
(art. 37, § 4º IN nº 1.022/10).
Base de cálculo: diferença entre valor de
alienação (líquido de IOF/TVM) e valor investido

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3- IR por alíquota fixa (tributação definitiva)

Base de cálculo = Ganho de capital


(Instrução Normativa SRF nº 84/2001)
(Art. 43 Lei 5.172/66 – Arts. 117 e 138 RIR)

Valor de _ Custo de
alienação aquisição

Preço efetivo Valor de mercado


da operação na data da aquisição
(art. 123, I RIR) (arts. 125 e 128 RIR)
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3- IR por alíquota fixa (tributação definitiva)
Redução de ganho de capital no tempo
Art. 139 RIR/99 (Lei 7.713/88 art. 18)
Fator redutor do lucro imobiliário vinculado ao tempo
de permanência do imóvel no patrimônio do indivíduo

Imóvel adquirido
em 1969 ou antes 100% de redução do ganho de capital

Imóvel adquirido
5% de redução do ganho de capital
em 1988

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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
3- IR por alíquota fixa (tributação definitiva)
Tabela de percentuais de redução de ganho de capital
Art. 139 RIR (art. 18 da Lei 7.713/88)
Ano de aquisição Percentual Ano de aquisição Percentual
ou incorporação de redução ou incorporação de redução
1969 100% 1979 50%
1970 95% 1980 45%
1971 90% 1981 40%
1972 85% 1982 35%
1973 80% 1983 30%
1974 75% 1984 25%
1975 70% 1985 20%
1976 65% 1986 15%
1977 60% 1987 10%
1978 55% 1988 5%

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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
3- IR por alíquota fixa (tributação definitiva)
A partir de 01/01/1989
Período Hiperinflacionário

Sem fator de redução do ganho


de capital, o custo de aquisição
se sujeita à correção monetária

Plano Real: estabilização da moeda

Proibida a atualização monetária do custo


dos bens adquiridos após 31/12/1995

(Art. 17, inciso II da Lei nº 9.249/95)

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3- IR por alíquota fixa (tributação definitiva)
Desvalorização da moeda

Perceptível em 2005, mais de


10 anos depois do Plano Real

Fatores de redução do ganho de capital


Edição do art. 40 da Lei nº 11.196/05 (“MP do Bem”)
Entre 01/01/96 e 01/11/2005 FR1 desconto mensal de 0,6%

De 01/12/2005 até a alienação FR2 desconto mensal de 0,35%

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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
3- IR por alíquota fixa (tributação definitiva)
IMÓVEIS ADQUIRIDOS COMANDO APLICÁVEL

Entre 1969 – 1988 Tabela de redução de ganho de capital

Correção monetária do custo de aquisição


Entre 1988 – 1995 Período superinflacionário

IMÓVEIS ALIENADOS COMANDO APLICÁVEL

De 01/01/1996 a 31/11/2005 FR1 (desconto mensal de 0,6%)

A partir de 01/12/2005 FR2 (desconto mensal de 0,35%)

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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
3- IR por alíquota fixa (tributação definitiva)
Exemplo: aquisição de imóvel em Janeiro/2001 e alienação em
Julho/2013 com ganho de capital de R$ 55.000,00

FR1 (0,6%) de Jan/2001 até Nov/2005


59 meses X 0,6% = 20,886% de redução sobre ganho de capital
20,886% sobre R$ 55.000,00 = R$ 11.487,3
Ganho de capital após FR1 = R$ 43.512,70

FR2 (0,35%) de Dez/2005 até Jul/2013


90 meses X 0,35% = 28,35% de redução sobre ganho de capital após FR1
28,35% sobre R$ 43.512,70 = R$ 12.335,85
Ganho de capital após FR2 = R$ 31.176,85
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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
3- IR por alíquota fixa (tributação definitiva)
Receita Federal desenvolve o programa “GCAP” para download
Preencha os dados e exporte para a Declaração de Ajuste do IRPF

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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
3- IR por alíquota fixa (tributação definitiva)
Prazo de recolhimento do imposto
(art. 852, RIR/99)

Até último dia útil do mês seguinte ao


do efetivo recebimento da parcela do preço (“regime de caixa”)

Pagamento à vista em 27/02 recolhimento total devido em 30/03

PAGAMENTO PARCELADO

15% X ganho de capital proporcional à parcela recebida


Prazo: também até o último útil dia do mês subsequente
(art. 31 da Instrução Normativa SRF nº 84/2001)

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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
3- IR por alíquota fixa (tributação definitiva)
Bens de “pequeno valor”
(Art. 38 da Lei nº 11.196/05)

É isento o ganho de capital auferido na alienação de bens e


direitos de pequeno valor de alienação no mês igual ou inferior a:

R$ 20.000,00 Alienação de ações (mercado de balcão)

R$ 35.000,00 Demais casos

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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
3- IR por alíquota fixa (tributação definitiva)
Isenção de IR na alienação de imóveis
(art. 122, II do RIR/99)

Fundamento: moradia como direito


social básico do cidadão (art. 6º CR)

Seja o único imóvel que o titular possua;


Isento,
Com valor de alienação até R$ 440.000,00; e
desde que:
Não tenha sido realizada qualquer outra
alienação nos últimos 5 anos.
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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
3- IR por alíquota fixa (tributação definitiva)
Sistema do “roll-over”
(Art. 39 da Lei nº 11.196/05)

Isenção condicionada à reaplicação dos


recursos em bens da mesma natureza
Visa fomentar mercado de imóveis residenciais

Pessoa Física residente no Brasil que vende imóvel residencial;


Reaplica o valor na aquisição de imóveis no país em 180 dias da
celebração do contrato; e
Benefício só vale a cada 5 anos.

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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
3- IR por alíquota fixa (tributação definitiva)

22/07/2013 - Agência Senado - A lei que concede isenção do IR sobre o ganho de


capital em transações envolvendo imóveis residenciais (Lei 11.196/2005) poderá ganhar
um aprimoramento que ampliará o prazo de não incidência de juros e multa sobre
valores que não forem aplicados em outros imóveis. É o que prevê o PLS 285/2013, do
senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), apresentado neste mês.
Pela lei, o proprietário que vender um imóvel residencial e comprar outro no prazo de
180 dias fica dispensado do pagamento do IR sobre o ganho de capital da transação. No
entanto, há uma "incoerência", pois os juros e multa passam a incidir a partir do
segundo mês após o recebimento dos valores relativos à venda.
O parlamentar propõe que, caso o contribuinte decida não aplicar o produto da venda na
aquisição de novo imóvel no prazo estabelecido, o imposto devido deverá ser calculado
a partir do 181º dia do recebimento do valor da venda.

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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
3- IR por alíquota fixa (tributação definitiva)

Valor de alienação
Custo de aquisição (-)
GANHO DE CAPITAL (=)
Alíquota aplicável (x)
VALOR DO RECOLHIMENTO (=)

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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
4- Recolhimento mensal obrigatório – RMO (carnê-leão)

Incidirá sobre:

Rendimentos recebidos de pessoas físicas


Rendimentos provenientes de fontes no exterior
Acréscimos patrimoniais não justificados por outros rendimentos

Apuração do RMO feita da mesma forma utilizada para a apuração


do IRF-A. Diferença: a responsabilidade pela apuração e
recolhimento é do próprio contribuinte, e não da fonte pagadora.

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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
4- Recolhimento mensal obrigatório – RMO (carnê-leão)
LIVRO CAIXA
(art. 76, § 2º, RIR/99)
Autônomo pode deduzir da receita decorrente do exercício de sua
atividade profissional as despesas escrituradas em Livro Caixa.

Despesa de custeio: aquela indispensável à percepção da receita e à


manutenção da fonte produtora (eg.: aluguel, água, luz, telefone, material
de expediente ou de consumo).

Compensa-se com o imposto


devido na declaração de Sim
ajuste anual (CAO)?
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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
4- Recolhimento mensal obrigatório – RMO (carnê-leão)
Questão. Arlindo é advogado e tem duas casas, uma
alugada para a PF-X e outra para a PF-Y.
3
Em janeiro de 2014, além dos dois aluguéis, recebeu RENDIMENTO
honorários da PF-Z para emitir uma consulta jurídica. S

Tem dois filhos, de 14 e de 12 anos, que são seus DEPENDENTE


dependentes. S

Lançou as suas despesas comprovadas do mês com a LIVRO-CAIXA


atividade de advogado autônomo no livro-caixa.

Como deve calcular seu recolhimento mensal


obrigatório (RMO)?
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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
4- Recolhimento mensal obrigatório – RMO (carnê-leão)
Rendimento 01 - aluguel recebido da PF-X
Rendimento 02 - aluguel recebido da PF-Y (+)
Rendimento 03 - honorários recebidos da PF-Z (+)
SOMATÓRIA DOS RENDIMENTOS
Dedução dos dependentes (-)
Livro-caixa (-)
Dedução da contribuição previdenciária (-)
RENDIMENTOS LÍQUIDOS (=)
Alíquota aplicável (x)
VALOR APURADO (=)
Parcela a deduzir (-)
VALOR DO RECOLHIMENTO (=)
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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
4- Recolhimento mensal obrigatório – RMO (carnê-leão)
Não esquecer de aplicar a tabela de contribuição dos segurados
(empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso)

Para pagamento de remuneração a partir de 1º de janeiro de 2014:

Alíquota para fins de


Salário de contribuição (R$)
recolhimento ao INSS
Até 1.317,07 8%
De 1.317,07 até 2.195,12 9%

De 2.195,12 até 4.390,24 11%


De 4.390,24 em diante R$ 482,93
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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
5- Complementação anual obrigatória (CAO)
(Declaração de Ajuste Anual – DAA)
Anualmente, o contribuinte deve entregar à Secretaria da
Receita Federal do Brasil (SRFB) sua Declaração de Ajuste
Anual (DAA), na qual é apurado o imposto sobre a renda
devido, no ano, decorrendo dessa apuração:

Valor complementar de imposto a pagar


(complementação anual obrigatória); ou

Valor de imposto pago a maior, que será devolvido


(restituição) ao contribuinte.
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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
5- Complementação anual obrigatória (CAO)
(Declaração de Ajuste Anual – DAA)
Deduções permitidas
Dependentes: R$ 2.156,52 a deduzir, por dependente – não é fracionável

Pensões alimentícias (art. 643 RIR): escritura pública ou decisão judicial

Contribuição previdenciária INSS: somente do declarante, não do dependente

Previdência privada: dedutíveis até 12% do total da renda tributável

Despesas médicas: sem limite, observados os requisitos legais (variados)

Despesas com educação: limite anual individual de R$ 3.230,46

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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
5- Complementação anual obrigatória (CAO)
(Declaração de Ajuste Anual – DAA)
Obrigatoriedade
Receber rendimentos tributáveis na declaração, cuja soma foi superior
a R$ 25.661,70 (média de R$ 2.138,47 por mês)

Receber rendimentos isentos, não tributáveis ou tributados


exclusivamente na fonte em valor superior a R$ 40.000,00

Obter em qualquer mês, ganho de capital na alienação de bens ou


direitos, sujeito ao IR, ou realizar operações em bolsas de valores, de
mercadorias, de futuros e assemelhadas

Passar à condição de residente no Brasil em qualquer mês e nesta


condição se encontrava em 31 de dezembro
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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
5- Complementação anual obrigatória (CAO)
(Declaração de Ajuste Anual – DAA)
Obrigatoriedade
Ter, em 31 de dezembro, a posse ou a propriedade de bens ou direitos,
de valor total superior a R$ 300.000,00

Optar pela isenção do IR sobre valor da venda de imóveis residenciais


destinado à aplicação na aquisição de imóveis também residenciais
localizados no País, no prazo de 180 dias contados da celebração do
contrato de venda

Relativamente à atividade rural: (a) obter receita bruta em valor superior


a R$ 128.308,50; ou (b) pretender compensar, prejuízos de anos
anteriores ou do próprio ano da declaração

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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
5- Complementação anual obrigatória (CAO)
(Declaração de Ajuste Anual – DAA)

Base de cálculo Anual em R$ Alíquota % Parcela a deduzir

até 20.529,36 - -
de 20.529,36 até 30.766,92 7,5 1.539,70
de 30.766,92 até 41.023,08 15 3.847,22
de 41.023,08 até 51.259,08 22,5 6.923,95
acima de 51.259,08 27,5 9.486,91

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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
6- Recolhimento complementar facultativo (RCF)
(“Mensalão”)
Pode ser efetuado pelo contribuinte para antecipar o pagamento
do imposto devido na Declaração de Ajuste Anual, no caso de
recebimento de duas ou mais fontes pagadoras, pessoa física e
jurídica, ou mais de uma pessoa jurídica.
O recolhimento deve ser efetuado no curso do ano-calendário.

Compensa-se com o imposto


devido na declaração de Sim
ajuste anual (CAO)?

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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
Exemplo
Apolônio recebe um salário mensal no valor de R$ 10.000,00 no
ano-base de 2013.
Calcule o valor a ser recolhido a título de IRF-A.

Rendimento Bruto R$ 10.000,00


Alíquota aplicável 27,50% (x)
VALOR DE RETENÇÃO R$ 2.750 (=)
Parcela a deduzir R$ 826,15 (-)
VALOR DE RETENÇÃO (IRF-A) R$ 1.923,85 (=)
Faculdade de Direito da USP 49
AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
Exemplo
Apolônio recebeu um rendimento de aplicação financeira de renda
fixa de 18 meses, no valor de R$ 10.000,00 no ano de 2013.
Calcule o imposto retido na fonte (tributação exclusiva).

Rendimento Bruto R$ 10.000,00


Alíquota aplicável 17,50% (x)

VALOR DE RETENÇÃO (IRF-E) R$ 1.750,00 (=)

Faculdade de Direito da USP 50


AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
Exemplo
Apolônio vende um imóvel por R$ 1.000.000,00, cujo custo de
aquisição era de R$ 990.000,00 no ano de 2012. Despreze
eventuais reduções e isenções e calcule qual será a tributação
exclusiva (IR-Alíquota Fixa).

Valor de alienação R$ 1.000.000,00


Custo de aquisição R$ 990.000,00 (-)
BASE DE CÁLCULO (Ganho de capital) R$ 10.000,00 (=)
Alíquota aplicável 15,00% (x)
IR-AF R$ 1.500,00 (=)

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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
Exemplo
Apolônio recebeu aluguel pago por pessoa física, no valor de R$
10.000,00 no ano de 2013.
Calcule o recolhimento mensal obrigatório.
Rendimento Bruto R$ 10.000,00

Alíquota aplicável 27,50% (x)

Valor apurado R$ 2.750,00 (=)

Parcela a deduzir R$ 826,15 (-)

RMO (carnê-leão) R$ 1.923,85 (=)

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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
Exemplo
Perpétua, a irmã de Apolônio, recebeu em 2013 doze salários
mensais no valor de R$ 10.000,00 e doze aluguéis mensais no 2
RENDIMENTO
mesmo valor, pago por pessoa física.
S
A empresa na qual trabalha descontou o IR na fonte por IRF-A:
antecipação (IRF-A) no valor de R$ 23.921,64. COMPENSÁV
EL?
Perpétua também realizou, mediante carnê-leão, recolhimento RMO:
mensal obrigatório (RMO), no valor de R$ 23.921,64. COMPENSÁV
EL?
Tem dois filhos, de 11 e de 15 anos, que são seus dependentes. DEPENDENTE
S
Incorreu em despesas médicas no valor total de R$ 20.000,00. DESPESAS

Calcule o valor que Perpétua terá a pagar ou a restituir.

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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
Exemplo

Rendimento Bruto tributável no ajuste anual R$ 240.000,00


Despesas com dependentes R$ 4.127,28 (-)
Despesas médicas R$ 20.000,00 (-)
BASE DE CÁLCULO R$ 215.872,72 (=)
Alíquota aplicável 27,50% (x)
Valor apurado R$ 59.364,99 (=)
Parcela a deduzir R$ 9.486,91 (-)
IRPF DEVIDO NO AJUSTE ANUAL R$ 49.878,08 (=)
(IRF-A) + (RMO) R$ 47.843,28 (-)
VALOR A PAGAR OU A RESTITUIR R$ 2.034,80 (=)

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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
Tributação de lucros no exterior de pessoa física
Medida Provisória nº 627, de 11 de novembro de 2013

Art. 89. Os lucros decorrentes de participações em


sociedades controladas domiciliadas no exterior serão
considerados disponibilizados para a pessoa física
controladora residente no Brasil na data do balanço no
qual tiverem sido apurados e estarão sujeitos à tributação
do IR, quando: (...).

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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
Tributação de lucros no exterior de pessoa física
Medida Provisória nº 627, de 11 de novembro de 2013
Sociedade controlada
no exterior apura lucro
Não há
distribuição

Art. 89, I:

PF controladora Disponibilização ficta para a


residente no Brasil PF na data do balanço (31/12)

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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
Tributação de lucros no exterior de pessoa física
Medida Provisória nº 627, de 11 de novembro de 2013
Sociedade controlada
no exterior apura lucro
Não há
distribuição

Art. 89, II:


PF controladora não declara às
autoridades a constituição e Disponibilização ficta para a
alterações da PJ e sócios no exterior PF na data do balanço (31/12)

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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
Tributação de lucros no exterior de pessoa física
Medida Provisória nº 627, de 11 de novembro de 2013
Se a participação de duas Pessoas Físicas vinculadas superar
50% do capital votante da PJ no exterior, aplica-se a regra
como se ambas (em conjunto) fossem controladoras (art. 90).

“Pessoas vinculadas” (art. 91)


- Parente em até 3º grau, cônjuge ou companheiro (I)
- PJ cujos administradores sejam parentes da PF até o 3º grau (II)
- PJ da qual a PF é sócia ou quotista (III)
- Sócios ou administradores de uma mesma PJ (IV)
- PF ou PJ (residente ou não) associada com PJ da qual a PF seja sócia (V)
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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
Tributação de lucros no exterior de pessoa física
Medida Provisória nº 627, de 11 de novembro de 2013

O dispositivo subverte a sistemática do regime de caixa da


tributação da PF – art. 1º da Lei nº 7.713/88 se refere a
rendimentos e ganhos de capital “percebidos”

O art. 74 da Medida Provisória nº 2.158-35/2001, ao prever a


disponibilização ficta, tem por base o método da
equivalência patrimonial, que não se aplica para as PFs

O art. 153 III da CR/88 prevê a tributação da renda (direito),


e não de uma mera expectativa de direito, havendo,
portanto, ofensa à delimitação constitucional da competência

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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
Tributação de lucros no exterior de pessoa física
Medida Provisória nº 627, de 11 de novembro de 2013

O imposto grava o índice de capacidade contributiva, o que


não existe neste caso; o que se tributa com esta regra é a
capacidade contributiva revelada por um terceiro

RE 611.586/PR: o STF somente definiu com um mínimo de


clareza que a disponibilização independentemente de
distribuição seria possível no caso de controladas em
Paraísos Fiscais, não havendo serenidade jurisprudencial
sobre o tema sequer para as pessoas jurídicas

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AULA – Imposto de Renda da Pessoa Física
PONTOS IMPORTANTES PARA PESQUISA
(principais e adjacentes à aula)
- Formas de apuração e recolhimento do IRPF
- “Rendimento” vs. “ganho de capital”
- “Renda” vs. “provento de qualquer natureza”
- Existe um conceito constitucional de renda? Onde ele está?
- O conceito de renda do CTN equivale ao modelo SHS (Schanz-Haig-Simons)?
- Princípios específicos: generalidade, universalidade e progressividade
- “Aquisição” da disponibilidade econômica e jurídica da renda
- Princípio da realização da renda, capacidade econômica e contributiva
- Regime de “caixa” (IRPF) e rendimentos/ganhos “percebidos” (Lei nº 7.713/88)
- Arts. 89 a 91 da Medida Provisória nº 627/2013 e tributação da pessoa física
- Renda-acréscimo, renda-produto, renda psíquica e renda imputada
- Renda produzida, distribuída, poupada/reinvestida e consumida
- Métodos de integração entre sócios e sociedade na tributação da renda

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Faculdade de Direito
Universidade de São Paulo

OBRIGADO!
rdiniz@mattosfilho.com.br
gparo@mattosfilho.com.br
alexandre.pinto@usp.br
leonardo.branco@usp.br

Observação: esta apresentação foi desenvolvida e atualizada sob a


orientação do Prof. Titular Luís Eduardo Schoueri a partir do material
preparado pelos ex-monitores Fábio Piovesan Bozza e Phelippe Oliveira.

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