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INTRODUÇÃO AO

ESTUDO DO DIREITO
AULA 11 – INTERPRETAÇÃO DO
DIREITO
Interpretação do Direito – parte 01

Definição e objetivo
Métodos de
da interpretação
interpretação
jurídica
Definição e objetivo da interpretação
jurídica
O Direito se apresenta como um conjunto de normas
válidas que regulamentam o comportamento humano.

O Direito é assim um SISTEMA.

Seus elementos são interligados e ordenados, cumprindo


determinadas funções.

As regras do Direito só podem ser entendidas e aplicadas


se forem combinadas entre si.
Definição e objetivo da interpretação
jurídica

Aplicação
Direito Sistema por regras
combinadas
Definição e objetivo da interpretação
jurídica

Para entender o direito como conjunto ordenado


de normas deve-se efetuar uma interpretação, que
objetiva captar o sentido de cada norma emitida
pelo legislador.

“Na atividade relativa ao direito podemos distinguir


dois momentos: o momento ativo ou criativo do
direito e o momento teórico ou cognoscitivo do
próprio direito; (...).” (Bobbio, p. 211)
Definição e objetivo da interpretação
jurídica

Criação da
Interpretação Aplicação da
norma
da norma norma
(legislação)
Definição e objetivo da interpretação
jurídica
• Interpretação jurídica = processo de atribuição de
sentido aos enunciados normativos (textos de
norma).
• O jurista busca o sentido objetivo da norma.
• A finalidade da interpretação jurídica é constatar a
vontade do autor da norma.
• “A interpretação é a reconstrução do pensamento
estampado na lei.” (Savigny)
Definição e objetivo da interpretação
jurídica
• Necessidade de constatar a “vontade do
legislador”- fundamental para a interpretação do
direito.
• O aplicador não tem a liberdade de decidir de
acordo com sua consciência ou opinião política.
• Sua tarefa é entender os dispositivos vigentes para
construir a norma jurídica e aplicá-la ao caso
concreto, da forma mais fiel possível, aquilo que os
legisladores determinaram.
Definição e objetivo da interpretação
jurídica

Separação dos poderes – legislador (legitimado


pelo voto popular) cria as normas e demais
poderes aplicam.

O legislador não pode, contudo, contrariar a


Constituição. Neste caso ele poderá ser
censurado através do controle de
constitucionalidade.
Métodos de interpretação

Gramatical Sistemático

Histórico Teleológico
Interpretação gramatical
• Identificar o significado das palavras utilizado pelo
legislador, tentando entender o que ele quis
ordenar por intermédio da lei.
• As vezes, a própria lei facilita a interpretação
oferecendo a definição de seus principais termos.
• Ex. Política Nacional do Meio Ambiente (Lei
6.938/81). Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei,
entende-se por: (...) IV - poluidor, a pessoa física ou
jurídica, de direito público ou privado, responsável,
direta ou indiretamente, por atividade causadora
de degradação ambiental.
Interpretação gramatical
• Em outros casos o legislador emprega um termo
com significado específico, que pode ser diferente
do ordinário.
• Ex. Solidariedade – no direito civil (devedor
solidário) quer dizer que a dívida pode ser cobrada
integralmente de qualquer um dos devedores.
• Este significado é diferente do significado na
expressão “construir uma sociedade solidária” (CF).
Interpretação gramatical
• É possível que a norma use uma expressão de
forma contrária ao uso ordinário da palavra.
• Ex. Art. 81 (CC/02). Não perdem o caráter de
imóveis:
• I - as edificações que, separadas do solo, mas
conservando a sua unidade, forem removidas para
outro local (...)
• O que deve ocorrer, porém, quando a legislação
não oferece indicações sobre o sentido dos termos
que emprega?
Interpretação gramatical
• Em tais casos, o intérprete deve partir do sentido
comum dos termos adotados.
• A legislação destina-se à população em geral e não
apenas aos juristas, logo, o mais provável é que o
legislador adote o significado comum das palavras.
• Essa regra não é absoluta. O Direito tem termos
com significados próprios. Ex. ação popular.
• O método gramatical constitui o início da
interpretação. O significado gramatical dos termos
funciona como limite da interpretação.
Interpretação sistemática
• Objetiva integrar e harmonizar as normas jurídicas
considerando-as como um conjunto.
• Analisar a norma dentro do contexto do
ordenamento jurídico, levando em consideração as
relações lógicas e hierárquicas entre as várias
normas.
• Não é possível entender a maioria das disposições
jurídicas sem analisar o direito como um todo.
• A vontade do legislador é considerada como única
e coerente, ou seja, racional.
Interpretação sistemática
• O ordenamento jurídico é considerado um sistema
coerente e sem contradições (“unidade do
ordenamento jurídico”).
• Importante ficção jurídica – o intérprete deve admitir
(mesmo se isso não for verdade) que o legislador tem
uma única vontade, mesmo se os regulamentos forem
obscuros ou contraditórios.

• A combinação de disposições legais pode


solucionar dúvidas de interpretação.
Interpretação histórica
• Busca a vontade do legislador histórico, ou seja, as
intenções que ele tinha quando estabeleceu
determinado regulamento.
• Base: estudos das discussões parlamentares na
época da elaboração da lei, dos anteprojetos da lei
e da exposição dos motivos da lei.
• Este método também se utiliza do direito
comparado da época de criação da lei.
• Por que o legislador criou esta norma?
• Reconstrução do contexto de criação da norma.
Interpretação teleológica
• Teleologia significa busca de finalidade (vem do
grego telos = término e escopo).
• O intérprete busca a finalidade social das normas
jurídicas, tentando propor uma intepretação que
seja conforme as exigências atuais.
• Ao criar a lei, o legislador pretendia tutelar
determinados interesses ou bens e alcançar certas
finalidades.
• Entre a criação da lei e sua aplicação podem haver
mudanças sociais.
Interpretação teleológica
• Aplicar a norma pensando em como ela seria nos
dias atuais.
• Atualizar os textos normativos pensando qual é o
melhor caminho para alcançar, nos dias atuais, a
finalidade que o legislador tinha estabelecido.
• Entre as várias intepretações possíveis deve-se
buscar a que mais se adequa às finalidades da lei.
• A interpretação teleológica não se atém à letra da
lei e sim ao seu “espírito”.
Interpretação teleológica
• Art. 5o (Lei de introdução às normas do Direito
Brasileiro). Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos
fins sociais a que ela se dirige e às exigências do
bem comum.
• Em caso de dúvida sobre o sentido de uma lei, o
aplicador deve recorrer à teleologia e optar pela
interpretação que permite alcançar os objetivos
fundamentais do ordenamento jurídico.
• Art. 3º da CF – trata dos objetivos fundamentais do
Estado brasileiro.
Sugestão de leitura para a próxima aula

Capítulo 04 “A completude
do ordenamento jurídico”
do Livro “Teoria do
ordenamento jurídico” de
Norberto Bobbio.
Obrigada a todos(as)!

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