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PROCESSO CIVIL I

PROF. JOSEMAR PERUSSOLO


NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - É o diploma legal que dispõe
sobre:

• As partes e seus procuradores


• A forma dos atos processuais
• A atuação do juiz cível
• O modo pelo qual o juiz prestará a tutela jurisdicional

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JUIZ

AUTOR RÉU

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• Portanto, o Direito Processual contém as normas que regulam a
relação entre o Estado-juiz e as partes no processo.

• E PROCESSO é o meio pelo qual o Estado aplica as normas de direito


material aos casos concretos. É a sequência de atos interdependentes
que visam a solução da lide, através da vinculação do magistrado e
das partes a direitos e obrigações.

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• LIDE

• LIDE é o conflito de interesses qualificado por uma pretensão


resistida ou insatisfeita. (Francesco Carnelutti).

• Durante muito tempo o processo judicial foi o único método de


resolução de conflitos (art. 3º, CPC).

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• PROCESSO DE CONHECIMENTO é o processo que o autor ajuiza em
face do réu, para que o Estado-juiz lhe conceda seu direito. Aqui o
objetivo é que o juiz e o tribunal (se houver recurso) decida o mérito
da demanda. A 1a. etapa/fase do processo de conhecimento encerra
com a sentença.

• A 2a. etapa/fase do processo de conhecimento denomina-se


“cumprimento de sentença”, e se dá quando o vencido não cumpre
espontaneamente o que ficou determinado na sentença, a qual já
deve ter transitado em julgado.

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• Na fase de cumprimento de sentença o vencedor/Exequente vai
tentar obter do vencido/Executado o que ganhou na sentença. (art.
523, parágrafo 1o., CPC).

• Mas, pode haver também o cumprimento provisório de sentença,


quando a parte vencida interpuser recurso que não seja dotado de
efeito suspensivo (art. 520/522 CPC).

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• E quando o autor da demanda tiver um TÍTULO EXECUTIVO
EXTRAJUDICIAL (art. 784 CPC), como por ex. uma duplicata, uma nota
promissória ou uma letra de câmbio, não haverá necessidade de um
processo de conhecimento (art. 785 CPC), pois o seu direito já está
reconhecido em tal título.

• Portanto, nesta situação o autor irá ajuizar diretamente um


PROCESSO DE EXECUÇÃO (art. 829 CPC).

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AUTOTUTELA E JURISDIÇÃO
• AUTOTUTELA

• Forma primitiva de resolução dos conflitos.

• Solução dos conflitos pelas próprias partes envolvidas.

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JURISDIÇÃO

• Estado assume para si, com exclusividade, a resolução dos conflitos.


• Edição de normas e aplicação destas.
• Vedação da autotutela: exercício arbitrário das próprias razões (art.
345, CP. “Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão,
embora legítima, salvo quando a lei o permite: Pena - detenção, de
quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à
violência.”
• Exceções: legítima defesa (arts. 23 e 25, CP), legítima defesa da posse
e desforço imediato (art. 1210, parágrafo 1º, CC).

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• A jurisdição movimenta-se em decorrência da demanda (nemo iudex
sine actore), ficando, antes disso, inerte (ne procedat iudex ex officio).

• O início do processo é condicionado à demanda da parte, que é a


primeira manifestação processual do exercício do direito de ação.

• Direito de ação é o direito ao processo adequado, que observe as


garantias mínimas, decorrentes do devido processo legal (due
process of law).

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DIREITO MATERIAL E DIREITO PROCESSUAL

• DIREITO MATERIAL

• Regras de conduta.

• Outorga direitos subjetivos.

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DIREITO PROCESSUAL

• Instrumentalidade do processo:

• Formas não são um fim em si mesmo (Art. 188, CPC).

• Sistema de nulidades processuais: “pas de nullité sans grief”


(não há nulidade sem prejuízo). Art. 277, CPC. “Quando a lei
prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o
ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade.”
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• NATUREZA DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL

• Ramo do direito público.


• Regula a relação entre as partes e o poder estatal no curso
do processo.
• De regra, as normas não são disponíveis às partes.

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RELAÇÃO COM OS DEMAIS RAMOS DO DIREITO

• Constitucional: normas e princípios informadores do


processo civil contidos na CF.
• Processo Penal: institutos e princípios fundamentais
idênticos.
• Penal: vedação à autotutela (art. 345,CP).
• Direito Privado, Administrativo, Tributário,...: normas
processuais devem adequar-se às peculiaridades do direito
material.

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LEI PROCESSUAL CIVIL
• NORMA JURÍDICA PROCESSUAL
• NORMAS JURÍDICAS
• Regras e princípios (ex. Juiz natural, devido processo legal,
isonomia, contraditório, inafastabilidade do controle
jurisdicional, imparcialidade do juiz, publicidade dos atos,
duplo grau de jurisdição, razoável duração do processo,
etc.)
• Regras de conduta dotadas de generalidade e
imperatividade
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• NORMA COGENTE

• Norma de ordem pública (é a maioria), cujo cumprimento se


impõe, não podendo ser derrogada pelo particular.
• Visam, primordialmente, assegurar o bom andamento do
processo (ex. art. 3o. CC; todas as normas que definem
crimes; regras de competência absoluta, art. 64, parágrafo
1o. CPC; etc.)

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• NORMA NÃO COGENTE ou DISPOSITIVA

• São normas dotadas de imperatividade relativa


(excepcionais), pois tratam de interesses disponíveis
das partes. (ex. regime de bens do casal, art. 1639 CC;
modificação do procedimento, art. 190/191 CPC;
suspensão do processo, art. 313, II, CPC.

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• NORMA PROCESSUAL

• Regula as relações entre o poder estatal e as partes no


curso de um processo, bem como o modo pelo qual os
atos processuais se sucedem no tempo.

RELAÇÃO PROCESSUAL + PROCEDIMENTO


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FONTES DA NORMA PROCESSUAL CIVIL

• CONSTITUIÇÃO FEDERAL
• LEI FEDERAL
• CONSTITUIÇÕES E LEIS ESTADUAIS
• JURISPRUDÊNCIA

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• CONSTITUIÇÃO FEDERAL

• Garantias fundamentais do jurisdicionado


• Organização do Poder Judiciário
• Garantias dos membros da magistratura

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• LEI FEDERAL
• Disciplina o processo civil (CPC, LACP, LMS, …).
• Art. 22, I, CF: competência exclusiva da União, para
legislar sobre direito processual.
• Art. 24, XI, CF: competência concorrente da União e
dos Estados para legislar sobre procedimentos em
matéria processual. Normas gerais de competência
suplementar (art. 24, parágrafo 2o., CF).
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CONSTITUIÇÕES E LEIS ESTADUAIS

• Constituições Estaduais: estrutura do Poder Judiciário Estadual.


• Leis Estaduais: organização judiciária e normas de procedimento
suplementares.
• Normas procedimentais: regulam a forma dos atos processuais e
como se sucedem no tempo.

• ATENÇÃO: NORMAS MISTAS – É bastante comum um diploma legal


possuir normas de direito material e normas processuais. Ex. CDC
(art. 6o, direitos básicos do consumidor; art. 81 e ss., defesa em
juízo), Lei 1060/50, Lei de Falências e Recuperação Judicial de
Empresas.

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JURISPRUDÊNCIA

• Súmulas vinculantes do STF (art. 103-A, CF)

• Súmulas dos tribunais

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INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL CIVIL

• Incidência da normas contidas na LINDB (Dec. Lei 4657/42)


• Hermenêutica
• Métodos de interpretação: gramatical, sistemático,
teleológico, histórico.
• Interpretação declarativa, extensiva e restritiva.

• Importante: caráter instrumental da lei processual civil

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A LEI PROCESSUAL NO TEMPO

• REGRA: TEMPUS REGIT ACTUM

• Aplicação imediata da lei processual, inclusive sobre os processos em


curso, respeitados os atos processuais já realizados. (art. 14, CPC).
• LEI PROCESSUAL NÃO TEM EFEITOS RETROATIVOS
• Processo encerrado: não será atingido pela nova lei.
• Processo em curso: será regulado pela nova lei, desde a sua entrada
em vigor, respeitados os atos já praticados.
• Processo futuro: inteiramente regulado pela nova lei.

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• SITUAÇÃO COMPLEXA

• Existe “direito processual adquirido”?

• Se houver a superveniência de lei nova, durante o curso do prazo para


a prática de ato processual, poderá haver a supressão de recurso ou a
redução de prazo?

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LEI PROCESSUAL CIVIL NO ESPAÇO

• Art. 13, CPC. Aplicação da lei processual civil brasileira, ressalvadas


disposições de tratados e convenções ou acordos internacionais de que o
Brasil seja parte.
• Consequências:

• Impossibilidade de aplicação de lei processual civil estrangeira em


território nacional;
• Possibilidade de aplicação da lei brasileira fora do território nacional, desde
que o outro país aceite;
• Mesmo que as normas de direito material aplicáveis sejam estrangeiras
(LINDB), o processo observará a lei processual brasileira (ex. sucessão de
estrangeiro, art. 10, LINDB).
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PRINCÍPIOS DO PROCESSO CIVIL –
CONSTITUCIONAIS E
INFRACONSTITUCIONAIS
• PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

• PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL – ART. 5o., LIV, CF

• Base de todos os demais princípios/garantias.


• Due process of law
• Impõe o respeito às garantias processuais e às normas legais.

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• PRINCÍPIO DA ISONOMIA – ART. 5o., caput, I, CF

• “Paridade de armas”.
• Tratamento igualitário às partes (art. 7o, CPC).
• Idênticas oportunidades de manifestação das partes.
• Obs. Desigualdade formal (CDC, AJG, prazos da FP e do MP).

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• PRINCÍPIO DA AMPLITUDE DA DEFESA (ART. 5o, LV, CF)

• Garantia da ampla defesa: aspecto substancial do contraditório.


• Meios adequados para o exercício do contraditório (produção de
provas, exposição de argumentos, …)

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• PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO (ART. 5o, LV, CF)

• Possibilidade de reação em face de atos processuais desfavoráveis


• Direito de expor os argumentos e ser ouvido
• Processo civil: basta ciência com a oportunidade de reação. CPC, arts.
7o, 9o, 10.
• Contraditório diferido: liminar inaudita altera pars

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• PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE DO CONTROLE JURISDICIONAL
(ART. 5o., XXXV; ART. 3o., CPC)

• Garantia do acesso à Justiça


• Possibilidade de deduzir pretensão em juízo, para obtenção de
pronunciamento judicial
• Vedação a restrições estranhas à ordem processual que dificultem o
acesso à justiça (ex. esgotamento de vias administrativas, …). Obs.
Arbitragem (art. 3o., parágrafo 1o., CPC).

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• PRINCÍPIO DA IMPARCIALIDADE DO JUIZ

• Pressuposto processual de validade


• Princípio do juiz natural (art. 5o., LIII, CF) e vedação de tribunais e
juízos de exceção (art. 5o., XXXVII, CF)
• Juiz natural: órgão preexistente, julgador investido de jurisdição e
com competência de acordo com as regras da CF e da lei.

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• PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS (ART. 93, IX)

• CPC, ART. 11

• Todos os atos são públicos


• Partes e seus procuradores: não há restrição à garantia da publicidade
• Terceiros: restrição à publicidade nas hipóteses do art. 189 do CPC.

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• PRINCÍPIO DA ECONOMIA E DA CELERIDADE PROCESSUAIS

• Garantia da razoável duração do processo


• EC 45/2004: art. 5o., LXXIII: “a todos, …, são assegurados a razoável
duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua
tramitação.”
• CPC, art. 4o. Ex. Aproveitamento de atos processuais já praticados
(prova emprestada [art. 372, CPC], ato inválido que não acarretou
prejuízo).

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• NOVIDADE DO NOVO CPC – art. 12 – prolação de
sentenças, preferencialmente (Lei 13.256/2016) em
ordem cronológica, salvo exceções legais (parágrafo
2o.).

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• PRINCÍPIO DA EFETIVIDADE OU DA TUTELA ESPECÍFICA

• Chiovenda: processo deve dar a quem tenha razão o exato bem da


vida a que ele teria direito.
• Maior efetividade possível na satisfação do direito
• Moderna compreensão da garantia do acesso à justiça
• CPC, art. 6o. “… decisão justa e efetiva.”
• Ex. Tutela das obrigações de fazer, não fazer e de entrega de coisa
(arts. 536 e 538).
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PRINCÍPIOS INFRACONSTITUCIONAIS

• PRINCÍPIO DISPOSITIVO

• Princípio da inércia

• Propositura de ação depende de iniciativa da parte (art. 2o.)


• Iniciativa de investigação dos fatos e produção de provas: Posição
atual: o juiz detém poderes instrutórios, podendo ter participação
ativa na produção da prova (art. 370, CPC).

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• PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS

• Didier Jr: “processo não é um fim em si mesmo, mas técnica


desenvolvida para a tutela do direito material.”

• Função das formas processuais: dar efetividade às regras de direito


material. “Pas de nullité sans grief”.

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• PRINCÍPIO DA PERSUASÃO RACIONAL
• Princípio do livre convencimento motivado
• Sistemas de apreciação e avaliação das provas:

• Sistema da prova legal: valor da prova atribuído pelo legislador


• Sistema da íntima convicção: permite que o juiz julgue livremente,
ainda que não baseado em provas.
• Sistema da persuasão racional: apreciação livre da prova e
julgamento fundamentado nela. Não há hierarquia entre as provas
(art. 371, CPC)
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• PRINCÍPIO DA ORALIDADE
• Julgador deve aproximar-se da instrução e das provas produzidas ao longo
do processo.
• Dele decorrem 04 subprincípios:

• 1) Imediação: julgador deve colher diretamente a prova


• 2) Identidade física do juiz (art. 132 do CPC de 1973 não está no CPC/2015)
• 3) Concentração: audiência de instrução é una e concentrada (art. 365)
• 4) Inexistência de efeito suspensivo nos recursos em face de
interlocutórias: de regra, agravo não possui efeito suspensivo (art. 1019, I).

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• PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO

• CPC, art. 6o.


• Partes “devem cooperar entre si” e com a jurisdição.

• Fundamento: boa-fé objetiva.


• Objetivos: celeridade e obtenção de decisão “justa e efetiva.”
• Ex. Art. 357, parágrafo 3o. (cooperação no saneamento).

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JURISDIÇÃO

• CONCEITO

• Jurisdição: “juris dictio” (juris=direito, dição=dizer)


• Realizar o direito, fazer atuar o direito
• Uma das funções do Estado
• Resolução de conflitos por meio da atuação do Estado

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CARACTERÍSTICAS

• SUBSTITUTIVIDADE
• Chiovenda: substituir a vontade das partes

• IMPARCIALIDADE
• MONOPÓLIO DO ESTADO
• Arbitragem (Lei n. 9.307/96)?
• INÉRCIA
• Ajuizamento de demanda
• Produção de provas (art. 370 CPC)
• Pedidos implícitos. Art. 322, parágrafo 1o. CPC (sucumbência, correção
monetária, juros)
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• DEFINITIVIDADE
• Aptidão para produção da coisa julgada material

• LIDE
• Carnelutti: “jurisdição é a justa composição da lide”.
• Jurisdição voluntária (ex. emancipação, alvará, alienação de bens de
incapazes, art. 725, CPC)
• Jurisdição constitucional (controle de constitucionalidade, art. 102, I,
a, 103, CF)
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PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO

• INVESTIDURA

• TERRITORIALIDADE OU ADERÊNCIA AO TERRITÓRIO


• Autoridade dentro do território nacional, respeitados os limites de
competência do juiz.
• Obs: não confundir territorialidade com lugar de produção dos efeitos da
decisão.
• INDELEGABILIDADE
• Exceção: ex. Carta de Ordem
• Obs.: Carta de Ordem # Carta Precatória # Carta Rogatória

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• INAFASTABILIDADE

• CF, art. 5o. XXXV: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
lesão ou ameaça de lesão a direito.”

• INEVITABILIDADE

• Situação de sujeição do jurisdicionado às decisões dos órgãos


jurisdicionais

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JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA E JURISDIÇÃO CONTENCIOSA

• JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA/GRACIOSA/INTEGRATIVA
• Ausência de lide
• Obrigatória ou facultativa (notificação judicial, autorização para
realizar cirurgia, …)
• CPC - Capítulo XV, do Título III, do Livro II, da Parte Especial (arts.
719/770)
• Ex. Divórcio consensual, arrecadação de bens de ausentes, …
• JURISDIÇÃO CONTENCIOSA – Resolução de conflitos (lide)

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ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO

• QUANTO AO OBJETO
• Civil
• Penal
• Trabalhista

• QUANTO AOS ÓRGÃOS QUE A EXERCEM


• Comum (estadual e federal)
• Especial (militar, trabalhista e eleitoral).

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JUSTIÇA

COMUM TRABALHISTA ELEITORAL MILITAR DA UNIÃO

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

• Tribunal
• Superior STJ TST TSE STM

• 2o. Grau TJ e TRF TRT TRE

• 1o. Grau Juiz de Direito Juiz do Juiz Eleitoral Juiz auditor e CJ


e Juiz Federal Trabalho (Juntas)

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• Os TJ poderão instituir a Justiça Militar Estadual composta
de Juízes Auditores, Conselhos de Justiça (CJ) e o próprio TJ
ou TJM (Estados com mais de 20 mil militares).

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OUTRAS FORMAS DE RESOLUÇÃO DE
CONFLITOS
• AUTOTUTELA
• Imposição da vontade de uma das partes

• Como regra, é vedada


• Exceções: legítima defesa (art. 25 CP), desforço imediato
(art. 1210 CC), direito de retenção da coisa (art. 571,
parágrafo único e 578 do CC), estado de necessidade (art. 24,
CP).

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• AUTOCOMPOSIÇÃO

• Conciliação e mediação
• Acordo entre as partes
• Meio legítimo
• CPC, arts. 165/175
• Ex. Art. 139, V, CPC (a qualquer tempo, ou “com auxílio de
conciliadores e mediadores”); JEC; …

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• CONCILIAÇÃO
• Conciliador pode SUGERIR SOLUÇÕES para o litígio.
• Atuação efetiva na elaboração da solução. Ex. Causas trabalhistas

• MEDIAÇÃO
• Mediador AUXILIA NA COMPREENSÃO das questões, para que as
próprias partes construam a solução. Ex. Conflitos familiares e de
vizinhança
• OBS.: conciliadores e mediadores são auxiliaries da justiça, tal como o
perito, o intérprete, o escrivão, …
• Subsistem a mediação e a conciliação extrajudiciais (art. 175).

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DISPOSIÇÕES COMUNS NO CPC

• Centros de solução consensual de conflitos (art. 165).


• Composição e organização reguladas pelo próprio tribunal.

• Princípios: independência, imparcialidade, autonomia da


vontade, confidencialidade, oralidade, informalidade e
decisão informada (art. 166).

• Cadastro nacional de conciliadores, mediadores e câmaras


de conciliação e mediação (art. 167).
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• Requisito: capacitação em curso realizado por entidade
credenciada (par. 1o).

• Atuação: junto aos juízos de 1o. Grau e tribunais.


• Tribunais poderão criar quadros próprios de servidores
concursados.
• Partes têm liberdade de escolha.

• Remuneração: tabela fixada pelo tribunal.


• União, Estados, DF e Municípios criarão câmaras próprias.
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ARBITRAGEM

• Lei n. 9.307/96
• Espécie de heterocomposição (realizada por terceiro)
• Árbitro: escolhido pelas partes (pessoa física e capaz)
• Requisitos: capacidade das partes e disponibilidade dos direitos
• Instituída por convenção de arbitragem: cláusula compromissória ou
compromisso arbitral
• Sentença arbitral: título executivo judicial
• Controle judicial: apenas acerca da validade

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• Segundo José Medina, havendo dúvida se a lide deve ser
resolvida por árbitro ou por juiz estatal, é o árbitro quem
deve se manifestar a respeito, ainda que posteriormente
possa haver, se for o caso, manifestação judicial sobre a
dúvida (art. 8o, parágrafo único, 20, 32 e 33 da Lei 9307/96).
A jurisprudência é pacífica neste sentido.
• CPC, art. 485, VII, 2a. parte, dispõe que o juiz não resolverá o
mérito “quando o juízo arbitral reconhecer sua
competência”.
59
• Entende o STJ que “é certa a coexistência das
competências dos juízos arbitral e togado
relativamente às questões inerentes à existência,
validade, extensão e eficácia da convenção de
arbitragem.” Todavia, “a possibilidade de atuação do
Poder Judiciário é possível tão somente após a
prolação da sentença arbitral.” (REsp 1.278.852/MG,
rel. Min. Luis Felipe Salomão, 4a. T., j. 21.05.2013).
60
COMPETÊNCIA
CF e CPC, arts.21/25 e 42/66
• CONCEITO

• Poder de exercer a jurisdição de acordo com os limites


estabelecidos por lei.

• É a medida da jurisdição.

• Resultado de critérios para distribuir o exercício da jurisdição


entre os vários órgãos jurisdicionais.
61
DISTRIBUIÇÃO DA COMPETÊNCIA

• Distribuição interna dos tribunais: regimentos


internos (ex. art. 90 RITJPR, competências das
Câmaras Cíveis de acordo com a matéria).

• Realizada pela Constituição Federal, por leis


processuais e normas de organização judiciária.

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CLASSIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA

Competência originária

 Competência derivada ou recursal

 Quando o processo se origina em instância inferior, ou seja, em


outro órgão, mas irá “subir” até determinado tribunal, por meio de
recurso. Nesse caso, o juiz de 1º Grau exerceu a competência
originária, e o Tribunal exerceu sua competência recursal.

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• Via de regra a competência originária é dos juízos de 1o. Grau, ditos
monocráticos, mas pode haver competência originária dos Tribunais,
por exemplo, no caso de Ação Rescisória de Sentença e em Mandado
de Segurança contra ato do juiz.

• A regra é que a competência derivada é sempre de um


tribunal. Exceção: embargos infringentes de alçada (art. 34, Lei de
Execução Fiscal), que serão julgados pelo mesmo juízo prolator da
sentença. É o caso de uma competência derivada atribuída a um juiz
singular.
• Os casos de competência originária do STF e do STJ estão
disciplinados na CF nos artigos 102 e 105 respectivamente. 64
COMPETÊNCIA ABSOLUTA (art. 62)

Em razão da MATÉRIA (assunto), da PESSOA (qualidade de certas


pessoas, ex. União, JF, art. 109, I e parágrafo 1º, CF), do critério
FUNCIONAL (leis de organização judiciária distribuem as atribuições
dos juízes).

A competência absoluta é inderrogável por convenção entre as partes.

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COMPETÊNCIA RELATIVA (art. 63)

Em razão do TERRITÓRIO, pelo domicílio das partes (art. 46. móveis.


regra: domicílio do réu), pela situação da coisa (art. 47. imóveis), pelo
lugar de determinados atos e fatos (art. 53, V, acidente de trânsito)

Em razão do VALOR DA CAUSA, ex. JEC (Lei 9099/95, art. 97), máximo
40 salários mínimos. Ex. JECF (Lei 10259/01, art. 3º), máximo 60
salários mínimos.

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AÇÕES CONEXAS - CONEXÃO

• Não precisam ter as mesmas partes


• Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for
comum o pedido OU a causa de pedir (= motivo pelo qual busca o
Poder Judiciário).
• Ex. Município ajuiza execução para cobrança de IPTU, mas o
Executado já tinha ajuizado antes ação questionando a cobrança do
imposto. A causa de pedir de ambas as ações é a dívida.
• Ex. A mãe representa o filho em ação de investigação de paternidade,
mas antes ela já havia proposto ação de alimentos em face do
suposto pai. A causa de pedir em ambas as ações é a suposta
paternidade.
67
CONTINÊNCIA

• Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando


houver identidade quanto as partes E causa de pedir, mas o pedido
de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais.

• Ex. O marido ingressa com uma ação de separação judicial. A mulher,


por já estar separada de fato, ingressa com uma ação de alimentos. A
ação de separação é maior do que a de alimentos, porque,
normalmente, a questão da pensão já é discutida no âmbito da ação
de separação, assim, a segunda ação é chamada de “contida”. A
causa de pedir é a separação, as partes são as mesmas, mas a ação de
separação abrange a questão relativa aos alimentos.

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INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA INCOMPETÊNCIA RELATIVA
Atende interesse público (matéria de ordem Atende preponderantemente interesse
pública). Ex. Condições da ação (interesse e privado (matéria de ordem privada)
legitimidade, art. 17), pressupostos
processuais (subjetivos – juiz, partes;
objetivos – extrínsecos (-), intrínsecos)
Pode ser alegada por qq. das partes ou ser Pode ser alegada pelo réu ou pelo MP. Não
reconhecida ex officio pelo julgador pode ser reconhecida ex offício (Súmula 33
STJ)
Pode ser alegada a qq. Tempo Deve ser alegada no prazo de resposta

Regras não podem ser alteradas por vontade Partes podem modificar a regra:
das partes - Foro de eleição
- Ausência de alegação
Critérios: em razão da matéria, da pessoa e Critérios: territorial e valor da causa (art. 63)
funcional (art. 62) 69
COMPETÊNCIA INTERNACIONAL
Arts. 21/25
• Definição de quais causas deverão ser conhecidas e
decididas pela Justiça Brasileira.

• ESPÉCIES

• Competência internacional exclusiva. art.23, CPC


• Competência internacional concorrente ou cumulativa. arts.
21 e 22, CPC

70
COMPETÊNCIA INTERNACIONAL EXCLUSIVA

• Competência da justiça brasileira é exclusiva.


• Sentença estrangeira não produz efeitos no Brasil: Impossibilidade de
homologação.
• HIPÓTESES
• Ação relativa a imóvel situado no Brasil, real ou obrigacional.
• Confirmação de testamento, inventário e partilha de bens situados no
Brasil.
• Partilha de bens situados no Brasil em divórcio, separação ou
dissolução de união estável.

71
COMPETÊNCIA INTERNACIONAL
CONCORRENTE OU CUMULATIVA
• Causa pode ser julgada por tribunal estrangeiro.

• Sentença será eficaz no Brasil, desde que homologada pelo


STJ

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HIPÓTESES

• Réu domiciliado no Brasil (filial de pessoa jurídica);


• Brasil foro local de cumprimento da obrigação;
• Ação fundada em fato ou ato ocorrido no Brasil;
• Ação de alimentos: credor domiciliado no Brasil ou réu
mantiver vínculos no Brasil;
• Ação consumerista: consumidor domiciliado no Brasil;
• Eleição das partes.

73
• Ação ajuizada no estrangeiro
• Não induz litispendência

• Sentença estrangeira
• Eficaz no Brasil somente após a homologação do STJ (art. 105, I, i, CF).

74
ORGANIZAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO

COMUM TRABALHISTA ELEITORAL MILITAR DA UNIÃO

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL


Tribunal
Superior STJ TST TSE STM

2o. Grau TJ e TRF TRT TRE

1o. Grau Juiz de Direito Juiz do Juiz Eleitoral Juiz auditor e CJ


e Juiz Federal Trabalho (Juntas)

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• JUSTIÇA ESPECIAL

• Justiça do Trabalho: art. 114, CF


• Justiça Eleitoral: art. 118, CF, Código Eleitoral (Lei nº 4.737/65)

• JUSTIÇA COMUM
• Federal: art. 109, CF e 108, II
• Estadual: competência residual. art. 125, parágrafo 1º, CF
• Justiça Militar: art. 124, CF.

76
• SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - STJ
• CF, art. 105
• Função precípua: resguardar a lei federal.

• SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF


• CF, art. 102
• Função precípua: guarda da Constituição Federal.

77
FORO E JUÍZO

• FORO
• Base territorial sobre a qual o órgão judiciário exerce sua
jurisdição.

• 1ªinstância:
• Justiça Estadual – foro = comarca
• Justiça Federal – foro = subseção judiciária
• Regras de competência de foro: CPC

78
• JUÍZO
• Órgão jurisdicional.

• 1ª instância: juízo = vara


• Regras de competência de juízo: normas de organização
judiciária.

79
PRINCÍPIO DA “PERPETUATIO
JURISDICTIONIS”
• Perpetuação da competência
• Art. 43: competência é fixada no momento da distribuição da inicial,
sendo “irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito
ocorridas posteriormente”.
• EXCEÇÕES
• Supressão do órgão judiciário.
• Alteração de regra de competência absoluta.
• Desmembramento de Comarca???

80
CRITÉRIOS DE DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIA

• OBJETIVO
• -Em razão da pessoa (ratione personae): absoluta.
• -Em razão da matéria (ratione materiae): absoluta.
• -Em razão do valor da causa: em regra, relativa.
• TERRITORIAL
• -Em razão do local (ratione loci): em regra, relativa.
• FUNCIONAL
• Endoprocessual (absoluta).
• -Por grau de jurisdição (hierarquia): originária e recursal
• -Por fases do processo.
81
IDENTIFICAÇÃO DO JUÍZO
COMPETENTE
• 1º: Justiça especial ou comum: CF
• Sendo competência da Justiça Comum

• 2º: Justiça Federal ou Justiça Estadual: art. 109, CF


• -Justiça Federal: em razão da pessoa, da matéria e funcional.
• -Justiça Estadual: competência residual.

• 3º: Foro competente: CPC

• 4º: Juízo competente: normas de organização judiciária


82
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL
JURISDIÇÃO CIVIL
• Competência absoluta
• Art. 109, CF: rol taxativo

• Critérios
• -ratione personae;
• -ratione materiae;
• -funcional.

83
EM RAZÃO DA PESSOA. Art. 109, I, II e VIII, da CF.

• Art. 109, I, CF: União, entidade autárquica ou empresa pública federal


forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou opoentes.
• -Sociedade de economia mista?
• -Conselhos de fiscalização profissional?

• EXCEÇÕES:
• -Falência e recuperação judicial
• -Acidente de trabalho
• -Justiça Eleitoral
• -Justiça do Trabalho

84
• Súmula 42 do STJ. Compete à Justiça Comum Estadual
processar e julgar as causas cíveis em que é parte sociedade
de economia mista e os crimes praticados em seu
detrimento.

• Súmula 556 do STF. É competente a justiça comum


para julgar as causas em que é parte sociedade de economia
mista.

85
• “O Supremo Tribunal Federal consolidou o entendimento de que os
conselhos fiscalizadores de profissões têm personalidade jurídica de
autarquias federais, dotadas de personalidade jurídica de direito
público e inseridas na estrutura do Poder Executivo Federal. Desse
modo, cabe à Justiça Federal o julgamento das ações em que esses
conselhos sejam autores, réus, assistentes ou oponentes, salvo as
exceções constitucionalmente previstas, conforme o disposto no art.
109, inc. I, da Constituição da República.” Ministra Cármen Lúcia,
Relatora. 23.04.2010.

86
• “O ART. 109, I DA CONSTITUIÇÃO NÃO FAZ DISTINÇÃO ENTRE AS VÁRIAS
ESPÉCIES DE AÇÕES E PROCEDIMENTOS, BASTANDO, PARA A
DETERMINAÇÃO DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL, A PRESENÇA
NUM DOS PÓLOS DA RELAÇÃO PROCESSUAL DE QUALQUER DOS ENTES
ARROLADOS NA CITADA NORMA. Precedente: RE 176.881. 3. Presente a
Ordem dos Advogados do Brasil - autarquia federal de regime especial - no
pólo ativo de mandado segurança coletivo impetrado em favor de seus
membros, a competência para julgá-lo é da Justiça Federal, a despeito de
a autora não postular direito próprio. 4. Agravo regimental parcialmente
provido, tão-somente para esclarecer que o acolhimento da preliminar de
incompetência acarretou o provimento do recurso extraordinário” (RE
266.689-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, Segunda Turma, DJ 3.9.2004).

87
• Súmula 689 STF. O segurado pode ajuizar ação contra a instituição
previdenciária perante o Juízo Federal do seu domicílio ou nas Varas
Federais da capital do Estado-membro.

• Interpretação do artigo 109, § 3º, da CF/1988: repercussão geral


reconhecida
• Possui repercussão geral a questão acerca da definição do pressuposto
fático para a incidência do artigo 109, § 3º, da CF, se a inexistência de juízo
federal no município ou na comarca onde reside o segurado ou beneficiário
do Instituto Nacional do Seguro Social.
[RE 860.508 RG, rel. min. Marco Aurélio, P, j. 4-6-2015, DJE 162 de 19-8-
2015.]
88
SÚMULAS DO STJ

• 150. Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse


jurídico que justifique a presença, no processo, da União, suas
autarquias ou empresas públicas.

• 224. Excluído do feito o ente federal, cuja presença levará o Juiz


Estadual a declinar da competência, deve o Juiz Federal restituir os
autos e não suscitar conflito (CPC, art. 45, § 3º).

• 254. A decisão do Juízo Federal que exclui da relação processual ente


federal não pode ser reexaminada no Juízo Estadual.

89
• Art. 109, II, CF: JF. causas entre Estado estrangeiro ou
organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada
ou residente no País.
• Obs:
• Competência do STF para julgar causas entre Estado
estrangeiro ou organismo internacional e a União, Estado ou
Distrito Federal.
• Art. 109, VIII, CF: MS e habeas data contra ato de autoridade
federal.
90
• Não cabe originariamente ao STF julgar um litígio entre um
Estado estrangeiro e um município brasileiro. Esse é o
entendimento do ministro Celso de Mello, decano da
Suprema Corte, ao analisar a Reclamação (Rcl 10920)
ajuizada pelo Governo do Paraguai contra decisões judiciais
que beneficiaram o Município de Foz do Iguaçu, no Paraná.

91
COMPETÊNCIA FUNCIONAL
CF. art. 109, X

• Execução de sentença estrangeira, após homologação do


STJ.

• Cumprimento de carta rogatória, após o exequatur do STJ.

92
COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA
CF. art. 109, III, V-A , X e XI
• Art. 109, III: causas fundadas em contratos ou tratados
internacionais firmados pela União.
• Art. 109, V-A: causas relacionadas a graves violações de
direitos humanos.
• Art. 109, X: causas relativas à nacionalidade.
• Art. 109, XI: disputa sobre direitos indígenas (direitos
coletivos).

93
STJ. Relatora Min. Eliana Calmon. REsp 840918/DF,
2006/0086011-1, 2ª TURMA, jto. 14/10/2018
• 9. A Convenção Relativa à Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e
Natural tem aplicabilidade judicial direta no Brasil, seja porque seus
princípios gerais e obrigações, mesmo os aparentemente mais abstratos e
difusos, iluminam o sistema constitucional e legal brasileiro e com ele
dialogam, em perfeita harmonia, coerência e complementaridade, seja por
ser inadmissível que o País negocie, assine e ratifique tratados
internacionais para em seguida ignorá-los ou só aplicá-los de maneira
seletiva, cosmética ou retórica. 10. A cooperação entre os Estados-Parte,
uma das marcas da Convenção, não a transforma em desidratado acordo
de cavalheiros, que legitima a inação e a omissão estatal, algo que
imunizaria seu texto, em cada País, contra eventual tentativa de
implementação pelo Poder Judiciário. 94
STJ. IDC 14 / DF
INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA
2017/0180367-0. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Órgão Julgador: Terceira
Seção. Jto. 08/08/2018.
• INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA (IDC).
GREVE DE POLICIAIS MILITARES DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO. JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL. INEFICÁCIA DAS
INSTÂNCIAS LOCAIS E RISCO DE RESPONSABILIZAÇÃO
INTERNACIONAL, QUANTO AOS CRIMES MILITARES
PRÓPRIOS OBJETO DO IDC, NÃO CARACTERIZADOS.
INDEFERIMENTO. 1. O IDC foi introduzido no ordenamento jurídico
brasileiro por via da EC 45/2004 para possibilitar a transferência
de investigações ou julgamentos, da Justiça Estadual para a
Justiça Federal, nos casos em que identificadas graves violações
de direitos humanos passíveis de atrair a responsabilização do
Estado brasileiro no plano internacional - CF, artigo 109, § 5º. 95
REGRAS DE COMPETÊNCIA
TERRITORIAL
FORO COMPETENTE
• FORO COMUM – REGRA GERAL

• Art. 46. Bens Móveis: foro do domicílio do réu

• Pluralidade de domicílios: foros concorrentes (qq. deles, parág. 1º).


• Domicílio incerto ou desconhecido: onde for encontrado ou no
domicílio do autor. (parág. 2º).
• Domicílio no exterior: foro do domicílio do autor. (parág. 3º).

96
• Réu incapaz: foro do domicílio de seu representante (art. 50).
• Litisconsórcio passivo: foro de qualquer domicílio (art. 46, parág. 4º).
• Ré pessoa jurídica: foro da sede ou da sucursal que tenha contraído a
obrigação (CC, art. 75, § 1º; CPC, art. 53, III, b).
• Réu ausente: último domicílio (art. 49).
• Obs: domicílio necessário: incapaz (art. 50, CPC), servidor público,
militar, marítimo e preso (CC, Art. 76, parág. único).

97
FOROS ESPECIAIS

• FORO DA SITUAÇÃO DA COISA (forum reisitae). art. 47, CPC


• -Ações que versam sobre direitos reais ou posse sobre imóveis.

• -HIPÓTESE EXCEPCIONAL DE COMPETÊNCIA TERRITORIAL ABSOLUTA


(propriedade, vizinhança, servidão, divisão, demarcação, nunciação
de obra nova). (art. 47, parágrafo 1º, CPC).

• UNIÃO RÉ. art. 51, parágrafo único, CPC


• -Foro do domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato, no de
situação da coisa ou no DF.
98
• UNIÃO AUTORA. Art. 51

• Domicílio do réu.

• AÇÕES ACERCA DE CASAMENTO E UNIÃO ESTÁVEL. Art. 53, I

• 1º- Domicílio do guardião;


• 2º- Último domicílio do casal;
• 3º- Domicílio do réu.

99
• FORO DO DOMICÍLIO DO ALIMENTANDO. Art. 53, II
• -Ações de alimentos.

• FORO DO LUGAR DO CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO. Art. 53, III, d


• -Ações de cobrança e de execução

• FORO DO DOMICÍLIO DO IDOSO. Art. 53, III, e


• -Ações fundadas no Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003, art. 80)

100
• FORO DA SEDE DA SERVENTIA NOTARIAL OU DE REGISTRO
• -Ação de reparação de danos por ato praticado em razão do ofício
(art. 53, III, f).

• FORO DO LUGAR DO ATO OU FATO (art. 53, IV)


• -Ação de reparação de dano.
• -Ação civil ex delito ou fundada em acidente de veículos, inclusive
aeronaves: foro do domicílio do autor ou do local do fato (art. 53, V).

101
• FORO DO DOMICÍLIO DO DE CUJUS. Art. 48

• -Ações de inventário, partilha, arrecadação,..., ou que o espólio for


réu.
• -Sem domicílio certo: foro da situação dos bens.

• FORO DO CONSUMIDOR. Art. 101, I, CDC


• - Domicílio do autor

102
MODIFICAÇÕES DE COMPETÊNCIA

• CONCEITO - Ampliação da esfera de competência de um órgão


judiciário. Ocorre somente nos casos de competência relativa.
• HIPÓTESES
• Modificação legal
• -Conexão
• -Continência
• Modificação voluntária
• -Foro de eleição
• -Ausência de alegação de incompetência
103
• NÃO ALEGAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA. Art. 65
• -Prazo?

• FORO DE ELEIÇÃO. Art. 63

• -Acordo constante em negócio escrito.


• -Eventual abusividade: possibilidade de conhecimento de ofício, antes
da citação.
• Após, incumbência do réu, sob pena de preclusão.
104
CONEXÃO
Art. 55

• Causas com identidade de pedidos ou causa de pedir.


• -Teoria tradicional: identidade de pedido ou causa de pedir (CPC).
• -Teoria materialista: identidade da relação jurídica de direito material
(jurisprudência).
• Conexão em instância recursal.
• Forma de alegação
• -Por qualquer das partes ou ex officio pelo juiz.
• -Na inicial (distribuição por dependência) e preliminar de
contestação.
105
CONTINÊNCIA
Art. 56

• -Identidade de partes e causa de pedir, sendo o pedido de uma mais amplo


que o da outra.
• -Pressupõe a ocorrência de conexão.
• -Obs: continência # litispendência
• CONEXÃO POR PRELIMINARIDADE OU PREJUDICIALIDADE. Art. 55, § 3º
• Processos que possam gerar risco de decisões conflitantes.
• OUTRAS REGRAS
• -Imóvel localizado em mais de uma comarca (art. 60, vide tb. art. 59).
• -Ações acessórias (art. 61).

106
PREVENÇÃO

• Critério de reunião de causas conexas que tramitam em juízos


diversos (art. 58).

• REGRA

• Registro ou distribuição da petição inicial (art. 59).

107
ALEGAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA

• LEGITIMIDADE
• -Réu;
• -Ministério Público (art. 65, § único).

• FORMA E PRAZO (RÉU)


• ABSOLUTA: qualquer tempo e grau de jurisdição. De regra, em
preliminar de contestação.
• RELATIVA: no prazo de defesa, em preliminar de contestação, sob
pena de prorrogação da competência. (art. 64).

108
• Art. 340. CPC

• Havendo alegação de incompetência relativa ou absoluta, a


contestação poderá ser protocolada no foro de domicílio do réu, fato
que será imediatamente comunicado ao juiz da causa,
preferencialmente por meio eletrônico.
• § 3o Alegada a incompetência nos termos do caput, será suspensa a
realização da audiência de conciliação ou de mediação, se tiver sido
designada.
• § 4o Definida a competência, o juízo competente designará nova data
para a audiência de conciliação ou de mediação.

109
CONFLITOS DE COMPETÊNCIA

• ESPÉCIES
• -Conflito positivo: art. 66, I.
• -Conflito negativo: art. 66, II.
• Obs: não há conflito se entre os juízos houver diferença hierárquica.

• LEGITIMIDADE PARA SUSCITAR


• -Partes;
• -Juiz;
• -MP.
110
• COMPETÊNCIA

• -STF: quando envolver tribunal superior.


• -STJ: entre juízes vinculados a tribunais diversos ou entre
tribunais.
• -TJ e TRF: entre juízes a eles vinculados.

111
• CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO DE INEXIGIBILIDADE
DE TÍTULO. AÇÃO DE COBRANÇA. CONEXÃO. PREVENÇÃO.
DIREITO INTERTEMPORAL PROCESSUAL. TEMPUS REGIT
ACTUM. TEORIA DO ISOLAMENTO DOS ATOS PROCESSUAIS.
CITAÇÕES REALIZADAS NA VIGÊNCIA DO CPC/73. COMPETÊNCIA
DO JUÍZO DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL DE PARANAGUÁ - PR. 1.
Trata-se de conflito positivo de competência instaurado entre juízes
vinculados a tribunais diversos que se declararam competentes para
o conhecimento de ações conexas (ação de inexigibilidade de título e
ação de cobrança). Um por se considerar prevento pelo critério da
anterioridade da distribuição da petição inicial (art. 59 do NCPC), e o
outro por adotar como critério de prevenção a anterioridade da citação
válida (art. 219 do CPC/73). 2. Segundo o art. 14 do NCPC a aplicação
imediata da lei nova é a regra. No entanto, deve-se respeitar as situações
consolidadas sob a égide do diploma processual anterior, evitando-se
que as partes se surpreendam com as novas disposições legais. 3. A
redação do art. 14 do NCPC positivou a teoria do isolamento dos atos
processuais, segundo a qual cada ato deve ser considerado
separadamente dos demais para o fim de se determinar qual lei o rege,
sendo aplicável aquela do momento em que o ato processual foi
praticado. A nova lei tem vocação para disciplinar o presente, não o
passado. Doutrina e jurisprudência. 4. Conflito conhecido para declarar
a competência do Juízo de Direito da 1ª Vara Cível de Paranaguá – PR.
• 112
DIREITO DE AÇÃO
• Segundo José Miguel Garcia Medina, “o direito de ação é o direito
ao processo adequado, que observe as garantias mínimas,
decorrentes do devido processo legal”. Este entendimento está de
acordo com o que preconiza Ada Pellegrini Grinover, ao citar José
Frederico Marques e Eliézer Rosa, segundo os quais, “o direito de
ação, constitucionalmente garantido, também se estende ao direito
ao processo, assegurando às partes – e não apenas ao autor, que
movimentou o mecanismo jurisdicional – o direito de fazer valer suas
razões em juízo, o direito ao contraditório, o direito de defesa, o
direito, em suma, de usar dos meios necessários para poder influir
sobre a razão do pedido.” Portanto, o réu também tem direito de
ação.
113
TEORIAS DO DIREITO DE AÇÃO
• TEORIA IMANENTISTA OU CIVILISTA

• Savigny (Friedrich Carl von Savigny, 1779-1861), um dos maiores


expoentes dessa corrente, defendia que “não podia haver ação sem
direito, nem direito sem ação”. Para ele a ação seria uma qualidade
inerente ao direito.
• Esta teoria está ultrapassada, pois não explica o fato de a ação ser
julgada improcedente.

114
• TEORIA DA AÇÃO COMO DIREITO CONCRETO

• Defendia que, embora distinto do direito material, o direito de ação


somente existiria quando existente o direito material (Wach, Adolf.
1843-1926).
• Para Wach, a ação é um direito autônomo, não pressupondo
necessariamente o direito subjetivo material violado ou ameaçado,
como demonstram as ações meramente declaratórias em que o
autor pode pretender uma simples declaração de inexistência de uma
relação jurídica. Entretanto, como a existência de tutela jurisdicional
só pode ser satisfeita através da proteção concreta, o direito de ação
só existiria quando a sentença fosse favorável.

115
• TEORIA DA AÇÃO COMO DIREITO POTESTATIVO

• Para (Giuseppe) Chiovenda (1872-1937), embora autônomo em


relação ao direito material, o direito processual de ação não seria
direito a ser exercido contra o Estado, mas um direito potestativo a
ser exercido em relação ao adversário.

116
• TEORIA DA AÇÃO COMO DIREITO ABSTRATO

• Degenkolb e Plòsz entenderam a ação como direito autônomo e


abstrato (o direito de agir não exclui a possibilidade de uma sentença
desfavorável), totalmente desvinculado do direito material.
• De acordo com tal corrente, o direito de ação independe da existência
efetiva do direito material invocado, portanto, não deixa de haver
ação, quando uma sentença justa nega a pretensão do autor, ou
quando uma sentença injusta a acolhe, sem que exista na realidade o
direito subjetivo material.
117
• TEORIA ECLÉTICA

• Liebmann (Karl Otto Heinrich, 1874-1939) sustentava que a ação seria


direito autônomo e abstrato, mas condicionável aos requisitos para
a existência da ação. Essa foi a teoria adotada pelo CPC/1973 (Código
Buzaid - Alfredo Buzaid), o qual aludiu textualmente às (3) “condições
da ação” (expressão que era utilizada naquele antigo Código, mas não
foi reproduzida no CPC/2015). O CPC vigente menciona apenas 02
requisitos da ação (interesse processual e legitimidade), não mais
fazendo referência à “possibilidade jurídica do pedido”, a qual estava
expressa no revogado CPC.

118
• Liebmann assevera que, somente se exerce a função
jurisdicional quando o juiz prolata uma sentença de
mérito, ou seja, decisão sobre a pretensão material
deduzida em juízo, podendo ser favorável, como
também desfavorável.

119
REQUISITOS DA AÇÃO (Arts. 17, 485, VI, 337, XI)
I - Legitimidade ad causam
II- Interesse processual
• TEORIA ECLÉTICA (Liebman): direito ao julgamento de mérito, desde
que preenchidos determinados requisitos.
• Requisitos para uma resposta de mérito: Legitimidade ad causam,
interesse processual
• Ausência: carência de ação - extinção do processo sem resolução do
mérito (art. 485, VI).
• Obs: exclusão da “possibilidade jurídica do pedido” no Novo CPC.
Agora a verificação da previsão legal (ou não), que embasa o pedido,
é decisão de mérito, que será analisada na sentença.

120
LEGITIMIDADE AD CAUSAM

• Pertinência subjetiva da demanda.


• Vínculo entre os sujeitos do processo e a relação jurídica de direito
material.
• ESPÉCIES
• - Legitimidade ativa.
• - Legitimidade passiva.
• - Legitimidade ordinária. Art. 18 (início).
• - Legitimidade extraordinária (substituição processual).
• - Legitimidade exclusiva.
• - Legitimidade concorrente ou co-legitimidade.
121
LEGITIMIDADE ATIVA – aquele que tem legitimidade para propor a
ação. Aquele que se intitula titular do direito pleiteado.

LEGITIMIDADE PASSIVA - aquele que tem legitimidade para ser réu.


Aquele a quem o autor atribui o dever de satisfazer sua pretensão.

LEGITIMIDADE ORDINÁRIA (art. 18) – Se dá quando a lei atribui


legitimidade ao titular da relação jurídica controvertida que, neste
caso, defenderá em nome próprio direito próprio.

122
• LEGITIMIDADE EXTRAORDINÁRIA (substituição processual, art. 18, final) -
Ocorre quando o legitimado não coincide com o titular do direito. Neste
caso será legitimado para agir em nome próprio defendendo interesse
alheio. Ex. litisdenunciado que ingressa em juízo defendendo direito alheio
e não próprio. Ex. art. 91, CDC.

• LEGITIMIDADE EXCLUSIVA – Se verifica quando a lei atribui legitimidade a


um só sujeito, o qual, via de regra, é o próprio titular do direito.

• LEGITIMIDADE CONCORRENTE OU CO-LEGITIMIDADE OU LEGITIMIDADE


DISJUNTIVA - Ocorre quando a lei atribui legitimidade a mais de um
sujeito. Ex. art. 82, CDC.

123
INTERESSE DE AGIR
• a) Utilidade; b) Necessidade; c) Adequação

• Segundo Garcia Medina, “há interesse processual quando presentes a


necessidade e a utilidade (ou adequação) de se promover a ação com
intuito de prevenir ameaça ou reprimir lesão a direito.”

• INTERESSE - NECESSIDADE
• O interesse processual nasce da necessidade da tutela jurisdicional do
Estado, invocada pelo meio adequado, que determinará o resultado útil
pretendido, do ponto de vista processual, viabilizando uma decisão de
mérito, que pode ser de procedência ou de improcedência.

124
MOMENTO DE VERIFICAÇÃO DOS REQUISITOS

• CPC: art. 485, § 3º. A qualquer tempo e grau de jurisdição.


• TEORIA DA ASSERÇÃO (in statu assertionis)
• Ao examinar a petição inicial.
• “Deve o juiz raciocinar admitindo, provisoriamente, e por hipótese, que
todas as afirmações do autor são verdadeiras”. Alexandre Freitas Câmara.
• “O que importa é a afirmação do autor, e não a correspondência entre a
afirmação e a realidade, que seria problema de mérito”. Marinoni.
• A ausência de legitimidade e interesse (art. 17) como requisitos da ação,
conduz à uma decisão terminativa, a qual não resolve o mérito (art. 485,
VI).
125

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