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O PÉ DIABÉTICO

Se implementadas as medidas correctas, as


lesões do pé diabético são preveníveis

70% das amputações dos membros inferiores


são em pessoas com diabetes (valor ARS
Alentejo- diagnostico saude)
• Estima-se que cerca de 25% de todas as
pessoas com diabetes tenha condições
favoráveis ao aparecimento de lesões nos pés,
nomeadamente pela presença de (prevalência
de):
1. 23-42% neuropatia sensitivo-motora
2. 9-23% para doença vascular aterosclerótica
3. 5-7% para ulceração do pé..
• A Doença Vascular Periférica é factor de
prognóstico mais importante numa úlcera do pé
diabético

• Usualmente as ulceras resultam de uma


combinação de factores como:

1. - Alterações da perfusão cutânea


2. Perda da sensibilidade e trauma externo.
DIABETES MELLITUS

NEUROPATIA Rigidez ANGIOPATIA


articul
ar

Microangiop Macroangiop
atía atía

Traumatism
isquemia
o

Amputaç
Ulceração ão
infecção
TRATAMENTO DE FERIDAS
AGUDAS E CRÓNICAS
Tratamento de feridas agudas:
Perante uma ferida aguda devemos
concentrar-nos em:
1. Parar hemorragias
2. Remover corpos estranhos e
3. Proteger o local de novos traumatismos ou
agressões externas.
Tratamento de feridas crónicas
A prevenção é o melhor tratamento

Características das feridas crónicas:


• Particularmente na diabetes existe uma redução
da resposta inflamatória.
• As alterações das artérias periféricas,
nomeadamente dos membros inferiores,
comprometem a circulação sanguínea e
consequentemente o aporte de oxigénio e
nutrientes.
 Como tratar as feridas crónicas:

 Uma ferida crónica exige uma monitorização


atenta, no sentido de tentar perceber como
podemos estimular, favorecer ou acelerar o
complexo processo de cicatrização (rever
tratamento de feridas cronicas
• A utilização de gazes para a limpeza das feridas
pode não ser eficaz para a retirar os
microorganismos e pode destruir o tecido de
granulação.
• Actualmente aconselha-se uma irrigação com
soro fisiológico a 37/38 ºc, com uma pressão e
quantidade adequadas à remoção dos materiais
que se pretendem retirar do leito da ferida, no
entanto, sem lesar o tecido de granulação.
• O IWGDF (2015), acrescentas a possibilidade
de se poder utilizar também água da torneira.
Resumo
Tratamento Local-Apósitos
• O penso ideal é aquele que:
• Garante um meio húmido no leito da ferida, mas
removendo o exsudado e componentes tóxicos em
excesso;
• É permeável, permitindo trocas gasosas, mas impedindo a
passagem de bactérias;
• Garante o isolamento térmico na zona da ferida, mantendo
o leito da lesão a 37 ºC (a manutenção da temperatura
estimula a mitose na granulação e epitelização)
• Não provoca dôr durante o tratamento;
• Permite que o penso seja feito com pouca
frequência;
• controla os maus odores;
• Tem um tamanho adequado às dimensões da
lesão, permitindo que o penso final fique o mais
pequeno possível;
• Resiste à humidade, facilitando a higiene da
pessoa;
• Protege a ferida de traumas;
• Possui uma boa relação custo/eficácia- esta ultima
e a característica que cada vez assume uma
importância maior.
Particularidades no
Tratamento de Feridas no Pé
Diabético
 Relativamente às feridas com
características de neuropatia,
nomeadamente localizadas em locais de
pressão com bordos hiperqueratósicos:
 Os procedimentos específicos a ter em
conta no contexto do pé diabético,
passam pelo:
 1a
O próprio desbaste das hiperqueratoses que
circundam a ferida pode diminuir até cerca de
20% da pressão exercida nos locais onde estas se
encontram.

O alivio da pressão também pode fazer-se


diminuindo a carga exercida no membro inteiro,
por exemplo, através do uso de canadianas ou de
cadeira de rodas, como também pode ser feito
redistribuindo a pressão neste local para o resto do
pé.
Particularidades no Tratamento
de Feridas no Pé Diabético
 Existem apenas pequenas particularidades: uma
relacionada com a neuropatia, nomeadamente os
bordos hiperqueratósicos, e outra relacionada com a
arteriopatia , devido à calcificação da túnica média das
artérias, estas tornam-se rígidas, apresentando uma
maior dificuldade na avaliação do real compromisso
circulatório existente no seu interior
 Relativamente às feridas com características de
neuropatia, com bordos hiperqueratósicos os
procedimentos específicos a ter em conta no contexto
do pé diabético, passam pelo desbaste (corte com
lâmina, tesoura ou outro instrumento) dos bordos
calosos da ferida e do alívio da pressão local.
 O próprio desbaste das hiperqueratoses que circundam a
ferida pode diminuir até cerca de 20% da pressão exercida
nos locais onde estas se encontram.
• PODEMOS ALTERAR A PRESSÃO EXERCIDA
NA PLANTA DO PÉ:
1. Confeccionando e utilizando palmilhas
especificas para esse fim
2. Aplicando gessos com janela para
monitorização da ferida
3. Utilizando calçado especial ou
4. Fazendo o penso com materiais mais
volumosos à volta da lesão relativamente à
zona da lesão em si.
Palmilhas e Baruk

Sapato clinicamente
comprovado para reduzir a
pressão e o peso no ante pé,
que promove a rápida
cicatrização após a cirurgia,
trauma ou quando feridas ou
ulcerações estão ainda
presentes.
OBJECTIVOS GERAIS
- Educação da pessoa com diabetes, dos
prestadores de cuidados e do pessoal
responsável pelos cuidados de saúde (hospitais
e centros de saúde).
 - Sistema de detecção das pessoas com
diabetes em situação de risco.
 - Medidas para redução do risco.
AVALIAÇÃO ANUAL: PÉ
DIABÉTICO
Avaliação
Anual:
Exame aos
Pés
Nível de
Risco

BAIXO MEDIO
ALTO

Exam Exame
e Exame cada
anua semest 1a3
l ral meses
Programa De Cuidados do pé
• - Detecção precoce de complicações
activas do pé (calos, infecção, ulceração,
neuropatia periférica, e deformação do pé)
• -Prevenção das complicações do pé através
de educação e tratamento
• - Prevenção da progressão para amputação
• - Referenciação adequada
Identificar causas/factores de
agravamento da úlcera

Factores
intrínsecos FACTORES
EXTREINSECOS
Deformações
Calçado
Rigidez articular
Caminhar descalço
Hiperqueratoses
Traumatismos
Circulação deficiente
Fricção
Baixa densidade óssea
Agressões térmicas e
Descompensação
químicas
metabólica
Objectos dentro do sapato
Deficit sensitivo
Infecção
Abordagem do pé
diabético
 Caracterização da DM
 FRCV
 Caracterização da lesão
 Sintomas e sinais da neuropatía
 Sintomas e sinais de isquemia

Pé isquémico Pé neuropático
Diferenças entre pe isquemico
e pe neuropatico
Clasificação de Edmons
• Pé neuropático • Pé Neuro-isquémico
• Pulsos + • Ausência de pulsos
• Indolor • Dôr
• Localização em zonas
• Localização
• de pressão
inespecífica
• Aumento do fluxo de
sangue • Menor fluxo de sangue
• Aumento da • Menor tecido de
hiperqueratose granulação
• ITB>0.9 • ITB<0.9
• Exemplo: pé de Charcot
NEUROPATÍA PERIFÉRICA

Diminuição das
sensibilidades:

Táctil
Dolorosa
Térmica
Diminuição da percepção
da vibração
Diminuição da percepção
da pressão
Neuropatia Motora
-Atrofia dos músculos interósseos, com
repercussões no equilíbrio da
actividade dos músculos extensores e
flectores levando a deformações

-Deslocamento da almofada plantar da zona


das cabeças metatarsianas para
se posicionar por baixo das falanges
proximais

-Pé pendente

Aumento do arco do pé
Dedos em garra ou martelo
Hallux valgus
Neuropatia Autonómica
 Vasodilatação
 Formação de shunts arteriovenosos
 Aumento do fluxo sanguíneo
 Circulação de alta velocidade Traum
 Enfraquecimento do osso a
Defi
 Neuro-osteoartropatía de Charcot cit
sens
itivo
Abordagem neuropatía
periférica/avaliação de risco
Diapasão

Martelo de
reflexos

Pincel
EXAME OBJECTIVO

• Palpação sistematizada dos pulsos arteriais


• Constitui a etapa fundamental da
observação
• Diagnóstico de pé isquémico
• Localização anatómica das lesões (filme
youtuve exame do pe)
• https://www.youtube.com/watch?v=a_ayhY6_l
Z8
• O Exame Objetivo do Pé Diabético (Apoio
Novartis
IDADE E
 Exames complementares ESTADO
GERAL
INSUFICIEN
Doppler com ITB CIA RENAL
RX

 Programação da Angiografia

 cirurgia de revascularização Ecodoppler


arterial
 AngioTAC
ITB
 RASTREIO ITB

Diabéticos com mais de 50


anos
ADA (American Diabetes
Association
Ulceras no pé diabético-
Abordagem
• Alívio de pressão- descarga mecânica
• Restauração da circulação
• Tratamento da infecção
• Tratamento local
• Controlo metabólico e das comorbilidades
• Educação terapêutica
• Avaliar a causa e evitar recorrência
Avaliação por uma equipe
multidisciplinar para cuidados
do pé, reduz em 45-85% o
numero de amputação dos MII

Abordagem geral
Envolvimento das próprias pessoas e familiares no
tratamento
• Consultas de vigilância, repetição cuidados- educação
(simples em grupo ou individual)
• Pelo menos uma visita anual (historia clinica, exame do pé,
nova avaliação de risco para ulcera)
• Exame do pé deve incluir no mínimo,
• - percepção da pressão com monofilamento de Semmes-
Wenstein
• - Pesquisa dos pulsos do pé
• -Inspecção de deformidade e calçado
• - Classificação de risco para ulcera de pé
Abordagem Local
• Limpeza e Desinfecção
• Existem produtos líquidos de desinfecção que
no passado a sua utilização era de rotina,
mas hoje há estudos que indicam que estão
associados a um atraso da cicatrização e
toxicidade para granulação
• Ex:
• Solução de hipoclorito
• Peroxido de hidrogeno
• Iodopovidona
• Acido acético
 Actualmente abandonou-se o conceito
da desinfecção e passou-se a utilizar o
da limpeza das feridas, que consiste na
remoção de restos tecidulares, corpos
estranhos e produtos tóxicos do leito da
lesão, favorecendo a cicatrização.
NORMA DA DIRECÇÃO –GERAL
DE SAUDE
- As pessoas com diabetes e com pés de
médio e alto risco são orientadas para o
nível adequado de cuidados ao pé
diabético
 - Registos dos dados
 - Operacionalização da presente Norma
consta em Orientação especifica da
Direcção- Geral da Saúde
• Papel da
Enfermeiro(a)/Quiropodist
a
•  Cuidados gerais
• › Ensino
•  Tratamento das unhas:
• › Desbaste de calosidades
• › Corte de unhas
• › Uso de lixa, lima de cartão
• › Recomendação de meias
• › Calçado
• Hiperqueratoses

•  Espessamento da pele
• Pode ser bem delimitado (calosidade/calo)
• Por vezes, conformação especial tipo “olhos de
perdiz”
• Local: Região plantar, calcanhar, dorso dos dedos
• Tratamento:
• › Uso de lixa
• › Desvaste com bisturi
• › Creme hidratante (ureia)
• Fissuras

•  Solução de continuidade, superficial


• Porta de entrada de vários agentes...
• Localização mais frequente:
• › Espaço interdigital e calcanhares
• Tratamento:
• › Secar bem os pés
• Creme hidratante
• PATOLOGIA DA UNHA

• o A unha é uma estrutura orgânica situada nas


extremidades dos dedos das mãos e dos pés.
• o Apresenta uma capa constituída por
queratina
• o Barreira natural
• o Protecção contra traumatismo e infecções
• o Estética
• PATOLOGIAS UNGUEAIS MAIS
FREQUENTES
• Alterações da cor
• Alterações da textura/consistência
• › Onicólise, dermatofitose
• Aumento da espessura(onicogrifose)
• Traumatismo agudo/subagudo
• › hematoma subungueal
• Alterações de inserção:
• › paroníquia e onicocriptose
• Solução de continuidade:
• Ulceração
• Infecções:
• Fúngicas-ónicomicoses (as mais frequentes)
DIAGNÓSTICO DE LESÃO DA
UNHA
 O diagnóstico é essencialmente clinico
  Deve ser feita uma observação cuidadosa
  A avaliação laboratorial está reservada:
 › Situações especiais (maior acuidade diagnóstica)
 › Monitorização de terapêutica antifúngica,
sobretudo se sistémica
• Prevenção e tratamento
das lesões (unhas e dos
pés)
•  Boa higiene individual
•  Boa hidratação dos pés
•  Acidificação dos pés (vinagre de maçã...)
•  Desbaste periódico das calosidades e corte
adequado das unhas
•  Se necessário: antimicóticos tópicos e/ou sistémicos
•  O tratamento é geralmente prolongado
•  Se remissão » pode continuar por 2 semanas
•  Papel do(a) Enfermeiro(a)/Quiropodista
CUIDADOS DO DIA-A-DIA
(RESUMO)
• Observação
• Lavagem
• Secagem
• Hidratação
• Corte das unhas
• Remoção das calosidades
• Tratamento de feridas
 Observação:
 Recomenda-se que as pessoas com diabetes
observem os seus pés pelo menos uma vez por dia,
de preferência no fim do dia quando as pessoas
se descalçam.
 Na observação deve-se ter uma atenção especial
aos espaços entre os dedos, locais propícios ao
desenvolvimento de lesões ou infecções
provocadas por fungos.
 Lavagem: A lavagem dos pés deve ser
realizada diariamente, de preferência no
final do dia. O ideal é que seja feita em
agua tépida corrente.
 Para auxiliar a remoção da sujidade do pé
não é aconselhável uma esponja sintética,
e preferível utilizar uma esponja natural ou
uma mácula turca macia.
A secagem: Deve ser efectuada com uma
toalha clara, de algodão.

A hidratação: Deve ser aplicado um


creme hidratante diariamente nos pés e
pernas, com excepção dos dedos e
espaços interdigitais.
O corte das unhas: poder ser um acto
perigoso devido à falta de sensibilidade
e diminuição da acuidade visual.
 O ideal para o desbaste das unhas é a
utilização de limas de cartão uma ou
duas vezes por semana.
A remoção das calosidades: Utilizar lixas
de pés, uma a duas vezes por semana.
Não objectos cortantes nem metálicos
por causa do risco elevado de provocar
feridas
 Paraaquecer os pés: não utilizar fontes
de calor , a insensibilidade causada pela
doença pode não permitir que a pessoa
se aperceba da temperatura real que a
sua pele atinge, fazendo uma
queimadura profunda.
O tratamento de feridas: O ideal e lavar
as feridas com soro fisiológico.
Posteriormente, deve-se proteger a ferida
com uma compressa e ir procurar ajuda
de um profissional.
AVALIAÇÃO DAS FERIDAS –
ESCALA PEDIS
• Perfusion grau 1-3

• Extent/Size cm2

• Depth/Tissue Loss grau 1-3

• Infection grau 1-4

• Sensation grau 1-2


AVALIAÇÃO DAS FERIDAS-
ESCALA PEDIS
A.Perfusão:
• 1 - aparentemente normal;
• 2 - isquémica não crítica;
• 3 - Isquémica crítica.
B. Extensão/Dimensão: cm2.
C.Depressão/Profundidade/Perda de Tecido:
• 1 - Derme apenas;
• 2 - Tecido subcutâneo, músculo e tendões;
• 3 - Osso ou articulação.
• D. Infecção:

• 1- Sem sintomas ou sinais de infecção;

• 2- Infecção envolvendo a pele e tecido subcutâneo apenas,


sem envolvimento de tecidos profundos com pelo menos 2
de:
• - Edema ou tumefação,
• - Temperatura local elevada,
• - Dôr localizada, eritema de 0.5-2 cm em redor da úlcera, pús.
• Devem excluir-se outras causas de inflamação (Trauma,
Gota, Charcot, fractura, trombose, estase venosa);
 3- Eritema > 2 cm mais um dos items:

- edema, tumefacção, calor, pús ou infecção envolvendo


estruturas mais profundas que a pele e tecido
subcutâneo tais como abcessos, osteomielite, artrite
séptica, fascites
4-Qualquer infecção do pé com pelo
menos 2 dos seguintes sinais de
resposta inflamatória sistémica:

 Temperatura > 38°C ou <36°C,


frequência cardíaca > 90 bpm,
frequência respiratória > 20 ciclos/min,
PaCO2 < 32 mmHg, leucocitos > 12.000
ou < 4.000/cu mm.
 E. Sensibilidade:

 1- com sensibilidade protectora;


 2- sem sensibilidade protectora (testes à
sensibilidade de pressão com
monofilamento de 10g, ou à sensibilidade
vibratória com diapasão ou
biotensiómetro >25v).
AVALIAÇÃO DAS FERIDAS-
ESCALA PEDIS
Guia de Avaliação da Pessoa
com Diabetes em Relação ao
seu Pé- Patologias não
ulcerativas
GUIA-ESCALAS-FERIDAS
ULCERAS NO PÉ DIABÉTICO-
CONCLUSÃO
- Na diabetes, a cura de úlceras do pé requer
uma abordagem multifactorial.
 - O controlo da infecção, o tratamento da
doença vascular, o alívio da pressão, e o
tratamento local da úlcera são componentes
essenciais no tratamento multifactorial de
úlceras no pé.
 - Tipo, localização e causa da úlcera devem ser
considerados na escolha das estratégias de
tratamento.

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