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Pastagens e Plantas Forrageiras

Aula 3. Morfologia, Fisiologia e Índices de


Produtividade

João Paulo V. Alves dos Santos


Eng° Agrônomo/ESALQ-USP
jpvasantos@hotmail.com
Aula 3. Morfologia, Fisiologia e Índices de
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Princípios de Fisiologia e Morfologia de Plantas Forrageiras:

Decisões técnicas envolvendo pastejo = Equilíbrio

Exigência
do Animal
sob Pastejo

Exigência
Fisiológica
da Planta
Forrageira
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Princípios de Fisiologia e Morfologia de Plantas Forrageiras:

Elevada produção animal à Pasto (carne ou leite)

Depende: consumo de forragem de alta qualidade

Sistema à Pasto = Grande disponibilidade de folhas novas


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Princípios de Fisiologia e Morfologia de Plantas Forrageiras:

Sucesso do pastejo = associação de diferentes fatores

• Demanda do animal

• Estágio de desenvolvimento da planta

• Estação do ano

• Frequência, intensidade e uniformidade de desfolha (pastejo)

• Fertilidade do solo
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Princípios de Fisiologia e Morfologia de Plantas Forrageiras:

Por quê conhecer a fisiologia da planta forrageira?!

Estabelecimento de limites: até que ponto podemos explorar uma


planta sem prejudicar o seu desenvolvimento?!

Somente conhecendo o funcionamento do metabolismo e princípios de


desenvolvimento da planta podemos estabelecer conceitos
associados ao: MANEJO DE PASTAGENS
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Ausência de conhecimentos básicos sobre fisiologia das forrageiras:

• Degradação de pastagens!

Redução da produtividade = queda na taxa de lotação

Queda na taxa de lotação: “mal já foi instalado” = REDUÇÃO:

• Sistema radicular

• Perfilhamento

• Expansão de novas folhas

• Níveis dos carboidratos de reserva (raízes)


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HUMPHREYS & ROBINSON (1966):

Panicum maximum var. trichoglume

Redução de 8% na produção de matéria seca (MS) representou:

• 3,8 vezes: menos área de sistema radicular

• 4 vezes: menos carboidratos de reserva

• 1,7 vezes: menos folhas emitidas


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Produção da Planta Forrageira:

FOTOSSÍNTESE (Corsi, 1994):

“Conversão dos fatores ambientes em energia digestível e minerais, que


serão utilizados pelos ruminantes”

Gramíneas Tropicais - Metabolismo C4:

Dobro da eficiência no processo de fixação do CO2 em relação à


gramíneas de clima temperado!

Motivos: combinação de enzimas específicas + anatomia (Kranz)


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Conceito de crescimento foliar:

• IAF remanescente (determina: velocidade rebrota)

• Equilíbrio entre produção e perdas

Perdas:

• Senescência de folhas

• Fotorrespiração

• Pastejo (pisoteio, contaminação com fezes, urina, seleção)

• Sistema de pastejo (altura de pastejo, intervalo entre pastejos)


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Senescência de folhas - Associadas a diferentes fatores, como:

• Sombreamento

• Estresse hídrico

• Redução do sistema radicular por ataque de pragas

• Doenças

• Severidade de pastejo

• Insuficiência de nutrientes
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Deficiência nutricional: por quê provoca senescência??!

Translocação de nutrientes das folhas + velhas para folhas + novas

Nível de eficiência fotossintética de folhas novas:

Estritamente correlacionado com ambiente em que elas se desenvolvem

Ex.:

Plantas com hábito de crescimento prostrado: desenvolvimento de folhas


novas em ambiente de baixa intensidade luminosa
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Fixação máxima de CO2 - afetado por:

• Estação do ano

• Estágio de crescimento da planta (IAF)

ÁGUA:

Um dos principais fatores limitantes ao crescimento de gramíneas tropicais

Potencial Hídrico: ψ (símbolo)

Força que regula a absorção de água – gradiente de menor concentração


para maior concentração
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ÁGUA:

Solução do solo menos concentrada que raízes: água penetra na planta

Solução do solo mais concentrada que raízes: planta perde água para
solo

Produção de carboidratos solúveis (via fotossíntese) e translocação


dos mesmos pela planta, depende:

• Da abertura e fechamento de estômatos da planta

• Que por sua vez, dependem da pressão osmótica das células


vegetais (estado de turgescência)
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Camadas superficiais do solo:

• Local de maior acúmulo de nutrientes

• Local onde solo seca mais rapidamente

• Diferencial de concentração (potencial hídrico) não permite a


absorção de nutrientes do solo pela planta

Morfologia de Plantas:

Estrutura e arranjo foliar – determinam a quantidade de luz que penetra na


pastagem
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Como alteramos a produção de uma planta forrageira??!

• Peso dos perfilhos

• Número de perfilhos

Perfilhamento de uma planta forrageira – Associado à:

• Genótipo

• Balanço hormonal

• Florescimento

• Fotoperíodo – Temperatura – Luminosidade (intensidade luminosa)

• Disponibilidade de nutrientes e água


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Qual o n° de folhas expandidas por perfilho??

• Ao redor de 3 (ROBSON, 1981)

Velocidade com que as folhas aparecem = intimamente associada à


temperatura

Gramíneas selecionadas para maior peso/perfilho:

• Apresentam sistemas radiculares + vigorosos

Característica morfológica da planta forrageira para maior


produtividade:

• Depende do manejo utilizado


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Característica morfológica da planta forrageira para maior
produtividade:

Manejo utilizado – Ex.:

Cortes freqüentes e baixos = resulta em maior perfilhamento

Efeito da Desfolha:

Frequência ≠ Intensidade

Freqüência: intervalo de tempo entre 1 desfolha e outra

Intensidade: período de utilização da pastagem (ou duração da desfolha)


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Carboidratos de reserva: Onde se acumulam na planta?!

• Raízes

• Base dos colmos (gramíneas)

• Diretamente correlacionados com capacidade de rebrota


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Características Morfológicas de Plantas Forrageiras
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Características Morfológicas de Plantas Forrageiras
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Hábito de crescimento: Ereto

Ex.: Capim Elefante Paraíso


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Hábito de crescimento: Cespitoso

Ex.: B. brizantha, P. maximum cv Mombaça


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Hábito de crescimento: Prostrado

Ex.: B. decumbens
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Hábito de crescimento: Estolonífero

Ex.: Cynodon sp
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Nome científico: Brachiaria brizantha cv Marandu
Origem: África Tropical e Sul
Ciclo: Perene
Altura: 1,00 a 1,50 m
Fertilidade do solo: média a alta
Precipitação Pluviométrica requerida: acima 500 mm/ano
Crescimento: touceiras, semi-ereta
Tolerância à seca: média
Produção de forragem: 10 a 14 ton MS/ha/ano
Tolerância à insetos: resistente à cigarrinha das pastagens
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Nome científico: Brachiaria decumbens cv Basilisk
Origem: Uganda/África do Sul
Ciclo: Perene
Altura: 0,60 a 1,00 m
Fertilidade do solo: baixa, média e alta
Precipitação Pluviométrica requerida: acima 800 mm/ano
Crescimento: touceiras, prostrado
Tolerância à seca: boa
Produção de forragem: 8 a 12 ton MS/ha/ano
Tolerância à insetos: sensível à cigarrinha das pastagens
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Nome científico: Panicum maximum cv. Mombaça
Origem: África do Sul/Embrapa
Ciclo: Perene
Altura: 1,60 a 2,00 m
Precipitação Pluviométrica requerida: acima 800 mm/ano
Crescimento: touceiras, cespitoso
Tolerância à seca: média a alta
Produção de forragem: 20 a 23 ton MS/ha/ano
Tolerância à insetos: resistente à cigarrinha das pastagens
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Nome científico: Pennisetum cv. Paraíso
Origem: EUA
Ciclo: Perene
Precipitação Pluviométrica requerida: acima 800 mm/ano
Crescimento: cespitoso
Tolerância à seca: média
Produção de forragem: 30 a 50 ton MS/ha/ano
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Nome científico: Cynodon sp (Tifton-85, Coast-Cross, Estrela, Florakirk, Jiggs)
Origem: EUA
Crescimento: estolonífero
Produtividade: de 12 a 20 ton MS/ha/ano
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Diferenças Morfológicas entre os cultivares Mombaça, Tanzânia-I, Tobiatã e Colonião

Variável     Mombaça Tanzânia-I Tobiatã Colonião

altura da planta (m) 1,7 1,2 1,6 1,4

largura das folhas (cm) 3 2,7 4,6 2,9

manchas rochas nas espiguetas poucas muitas muitas médias

pilosidade nas folhas pouca ausente pouca ausente

pilosidade nos colmos ausente ausente muita ausente

cerosidade nos colmos ausente ausente ausente presente

porte das folhas   ereta documente ereta ereta

Fonte: Jank (1995)


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Produção de Matéria Seca (ton/ha) de cultivares de Panicum maximum, em diferentes localidades quando submetidos ao corte ou
pastejo

        MS (ton/ha) MS (ton/ha) Adubação    


Referência
Local   Cultivar Manejo Verão Inverno (N)  
Maringá (PR) Cecato et al. (1996)
  Tanzânia Corte 7,4 2,7 1,50%  
Pirassununga (SP) Luz et al. (1997)
  Tobiatã Corte 7,6 1,1 240 kg/ha  
Pirassununga (SP) Luz et al. (1998)
  Tobiatã Corte 11 0,86 300 kg/ha  
São Carlos (SP) Corrêa et al. (1998)
  Mombaça Corte 19   400 kg/ha  
São Carlos (SP) Teixeira (1998)
  Tobiatã Pastejo 51 11 430 kg/ha  
Pirassununga (SP) Herling et al. (1998)
  Mombaça Pastejo 24,3 7,4 150 kg/ha  
Pirassununga (SP) Sisti et al. (1999)
  Mombaça Pastejo 23,8 4,9 150 kg/ha  
São Carlos (SP) Tosi (1999)
  Tanzânia Pastejo 23,6 5,9 320 kg/ha  
Fonte: Adaptado de Herling et al. (2001)
 
 
         
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Produção de Matéria Seca (ton/ha) de cultivares de Panicum maximum em função das alturas de corte

Cultivar Época 20 cm 40 cm

Mombaça Verão 21,1 19,9

  Inverno 5,7 4,6

Tanzânia Verão 16,6 12,3

  Inverno 4,8 3,7

Tobiatã Verão 19,1 16,8

  Inverno 4,6 2,6

Fonte: Adaptado de Machado et. al (1997)


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Níveis médios e máximos de produtividade de pastagens de Panicum maximum sob diferentes manejos

        produtividade animal      

Local   Cultivar UA/ha kg/cab/dia kg/ha/ano Autores  

Campo Grande (MS) Colonião 1,16 0,42 324 Jank (1994)  

    Tobiatã 1,39 0,45 414 Jank (1994)  

    Tanzânia 1,29 0,52 446 Jank (1994)  

               

Campo Grande (MS) Colonião 1,84 0,37 295 Euclides (1996)

    Tobiatã 2,93 0,39 525    

    Tanzânia 2,99 0,47 570    

Fonte: Adaptado de Herling et al. (2001)


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Produtividade de Matéria Seca (ton/ha) dos cultivares comerciais de Brachiarias, sob cortes em diversos locais

Local   Espécie ton/ha Estacionalidade Fonte    

Nova Odessa (SP) B. decumbens 9,3 83% verão Pedreira e Mattos (1981)  

    cv Ipean   17% inverno      

    B. ruziziensis 10,8 88% verão      

    cv Basilisk   12% inverno      

Belém (PA)   B. humidicola 11 a 25   Simão Neto & Serrão (1974)

    B. ruziziensis 14 a 22        

Campo Grande (MS) B. brizantha 8 a 20   Nunes et. al (1994)  

    cv Marandú          

Fonte: Adaptado de Herling et al. (2001)


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Médias GPD (g/nov/dia) e por Área (kg/ha) e Taxas de Lotação (n° nov/ha) em diferentes pastagens e diferentes níveis de adubação de
formação (plantio)
Nível 1 Nível 2
   
     

Pastagem g/nov/dia nov/ha kg/ha/ano g/nov/dia nov/ha kg/ha/ano

Tanzãnia-I 430 2,99 490 515 3,61 660

Marandú 340 2,97 400 435 3,63 600

Basilisk 330 2,88 380 420 3,60 600

Nível 1 - 1500 kg calcário dolomítico, 400 kg/ha 0-16-18 e 50 kg/ha microelementos

Nível 2 - 3000 kg calcário dolomitico, 800 kg/ha 0-16-18 e 50 kg/ha microelementos

Fonte: Euclides et al. (1997,1998)


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Produção de Matéria Seca e Digestibilidade in vitro da matéria seca de 4 cultivares de Cynodon (média de 3 anos)

 
  Tifton 85 Tifton 68 Tifton 44 Coastal

Produção (ton/ha)
  18,60 15,20 15,70 15,50

DIVMS (%)
  60,30 63,30 55,00 54,30

Fonte: Pedreira et. al (2001), adaptado de Hill et al. (1993)


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Caracteristicas Nutricionais de Fenos de Cultivares de Cynodons em diferentes idades de corte

idade (dias)
   

cultivar 20 30 40 50 60 70

%MS 
   

Coastcross 14,66 17,67 23,39 33,02 36,2 27,6

Florakirk 26,14 28,7 30,37 34,88 35,61 40,13

% FDN (MS)
    

Coastcross 68,7 71,63 75,91 78,42 79,74 80,55

Florakirk 71,51 74,85 78,14 78,31 79,07 77,39


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  % FDA (MS)

Coastcross 39,45 37,94 42,27 44,88 45,13 46,55

Florakirk 32,86 33,36 35,83 36,98 37,83 38,11

% PB
   

Coastcross 19,06 17,09 13,88 11,64 10,43 8,78

Florakirk 17,64 13,69 11,17 10,08 8,84 6,86

Fonte: Adaptado de Haddad & Castro (1998)


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Potencial do Capim Elefante para produção de Leite

  Composição
    Composição da forragem do  
Requerimentos diários (kg)  
  necessária para atender
Produção     Concentrado  
 
Concentrado
Diária (kg) MS PB NDT %PB % NDT kg/dia %PB %NDT

10 10 1,2 6,71 12 67,1 0    

15 12 1,62 8,21 13,5 68,4 2,3 18,2 65,6

20 14 2,04 9,72 14,5 69,4 4,5 18,6 67

25 16 2,46 11,22 15,3 70,1 6,8 18,5 66,1

30 18 2,88 12,73 16 70,7 9 18,6 66,6

35 20 3,3 14,23 16,5 71,1 11,3 18,5 66,6

40 22 3,72 15,74 16,9 71,5 13,6 18,5 66,4

Fonte: Adaptado (NRC, 1989)


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Potencial de lotação de pastos de capim elefante (UA/ha)

Produção de MS - verão
 

% utilização
da MS 10 ton/ha 20 ton/ha 30 ton/ha 40 ton/ha 50 ton/ha

40 2,1 4,3 6,4 8,6 10,8

50 2,7 5,4 8,1 10,8 13,5

60 3,2 6,4 9,7 12,9 16,2

70 3,7 7,5 11,3 15,1 18,9

Fonte: adaptado de Faria et. al

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