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Seminário Presbiteriano

Rev. José Manoel da Conceição

A Justiça de Deus demonstrada na


punição do pecado com pecado
Aluno: Neemias Barbosa da Silva
Orientador: Prof.º Rev. Ronaldo Bandeira Henriques

Defesa de monografia apresentada em cumprimento parcial das exigências da matéria


Monografia II, para obtenção de título de Bacharel em Teologia
 A relação entre a soberania de Deus e o pecado humano
sempre foi campo de acirrado debate.
 Calvino recusava a visão daqueles que faziam de Deus um
mero espectador do pecado humano.
 Para ele, Deus mantém uma relação de eficiência com as
ações dos ímpios, permitindo e ordenando-as para o
cumprimento de seu decreto eterno.
 Turretini tem afirmações ainda mais severas sobre a
relação entre soberania de Deus e o pecado humano.
 Para ele, Deus, muitas vezes, pune o pecado com pecado.
 Este é um assunto difícil, mas impossível de ser evitado por
alguém que queira estudar toda a Bíblia.
 O assunto surge quando se lê textos como os de Êxodo 4 e
7-14, e Romanos 1.18-32.
 A Confissão de Fé de Westminster não o evitou, pelo
contrário, interpretou esses textos, na seção VI do capítulo
V, da seguinte maneira:
Quanto àqueles homens malvados e ímpios que Deus, como
justo juiz, cega e endurece em razão de pecados
anteriores, ele não só lhes recusa a graça pela qual
poderiam ser iluminados no entendimento e movidos no
coração, mas às vezes tira os dons que já possuíam, e os
expõe a objetos que, por sua corrupção, tornam ocasião de
pecado; além disso os entrega às suas próprias paixões,
às tentações do mundo e ao poder de Satanás; assim,
acontece que eles se endurecem sob as influências dos
meios que Deus emprega para o abrandamento dos outros.¹
¹ ASSEMBLEIA DE WESTMINSTER. Confissão de Fé de Westminster. 17ª ed., São Paulo: Cultura
Cristã, 2008, p. 54-55.
 O assunto da relação entre a soberania de Deus e o pecado
humano não é um assunto fácil ou popular. O assunto se
torna mais complicado ainda quando se parte para a
questão da punição do pecado com pecado.
 Há pouco material falando sobre o assunto.
 Contudo, é uma doutrina bíblica, e foi afirmada por
diversos teólogos de renome na história da igreja.
 Se é uma doutrina bíblica, merece ser estuda de forma
mais aprofundada.
 Esta monografia tem o propósito de explicar e explorar as
partes desse parágrafo da Confissão, mostrando como a
justiça de Deus se manifesta na punição do pecado com
pecado.
 Adicionalmente, este trabalho busca fornecer informações
bibliográficas que ajudarão a esclarecer o leitor sobre este
assunto.
 Este trabalho consiste em uma pesquisa exploratória.
 O método utilizado nesta monografia é a pesquisa
bibliográfica.
 Até onde é possível, esta pesquisa se detém em autores
reconhecidamente de tradição reformada.
 Teólogos de outras tradições também são citados em
determinados momentos, mas apenas quando estão de
acordo com os símbolos de fé de Westminster.
 Esta pesquisa não apresenta um caráter polêmico.
 Por causa do escopo do trabalho, e por causa da limitação
de tempo e recursos, optou-se nesta monografia por uma
pesquisa que mostra o que a teologia reformada tem a
dizer sobre o tema proposto.
 Para esclarecer como a justiça de Deus é demonstrada na
punição do pecado com pecado, este trabalho está
dividido em três partes:
 Capítulo 1: A justiça de Deus
 Capítulo 2: O pecado
 Capítulo 3: A punição do pecado com pecado
 Neste capítulo a justiça divina é definida como aquela
perfeição de Deus por meio da qual ele “é em si santo e justo,
e tem a constante vontade de dar a cada um o que lhe é
devido.”²
 Nessa definição a justiça divina tem um aspecto absoluto,
como uma perfeição do ser divino, e um aspecto relativo,
como uma perfeição das obras de Deus no trato com suas
criaturas.
 Intimamente ligada à justiça de Deus, está a sua santidade. A
justiça é santa, pois Deus julga de acordo com seu ser santo.
² TURRETINI, F. Compêndio de teologia apologética. v. 1, p. 315.
 Essa santidade divina é manifestada na sua lei. Como uma
expressão do seu ser, a lei é tanto um padrão para a vida
de suas criaturas, quanto o padrão mediante o qual ele as
julga.
 Ao julgar suas criaturas Deus exerce sua justiça
distributiva. Ao obediente, como fruto da graça, remunera
com recompensas. Aos desobedientes, como produto da
ira, retribui com punições.
 A manifestação da ira de Deus e do seu ódio pelo pecado é
a sua justiça retributiva. Ele é o justo juiz que já está
punindo pecadores de diversas formas, inclusive
entregando-os ao pecado. Ele é o justo juiz que está
aguardando pacientemente o dia do juízo, quando
retribuirá a cada um segundo seus feitos.
 Visto que a ira e o ódio de Deus são temas intimamente
relacionados à sua justiça retributiva, reservou-se um
subtópico deste capítulo para tratar sobre eles.
 Para entender como o pecado pode ser punido com
pecado é necessário primeiro entender do que se está
falando quando se usa esse termo.
 Por conta disso, o segundo capítulo apresenta o conceito
reformado de pecado, que inclui ilegalidade, privação
corruptora e insensatez.
 Além disso, há uma breve descrição da entrada do pecado
na Criação de Deus, começando pelo mundo angélico e se
estendendo ao mundo humano.
 As consequências desse desastre foram grandiosas. São
essas consequências, chamadas de pecado original, que
fazem com que o pecado seja punido com pecado.
 O último capítulo reúne os temas abordados nos dois
primeiros capítulos e mostra como Deus pune pecadores
entregando-os ao pecado.
 Para tanto, há nele uma breve análise de como Deus
restringe o pecado mediante sua graça comum.
 Ao contrastar a restrição do pecado com o abando judicial,
o leitor obtém uma noção melhor de como Deus pune
pecados anteriores entregando pecadores à corrupção do
pecado, para que eles cometam pecados posteriores e se
afundem ainda mais em sua depravação.
 Nesse capítulo, são analisadas duas passagens bíblicas que
falam claramente sobre pecadores sendo punidos com
pecado (Ex 4, 7-14; Rm 1.18-32).
 No final do capítulo há uma comparação entre a reação de
Moisés e Paulo ao juízo divino, o que dá ao leitor um
paradigma de como agir quando percebe que Deus está
punindo com pecado a sua nação, geração, cultura ou
indivíduos.
 A doutrina da punição do pecado com pecado, apresentada na
seção VI do capítulo V da CFW, é bíblica e faz parte da teologia
reformada. Tais fatos já seriam suficientes para motivar qualquer
cristão a estudar esse tema. Entretanto, essas não são as únicas
razões. A realidade do mundo atual parece demonstrar que a ira de
Deus está se manifestando do céu contra toda impiedade e
perversão dos homens que suprimem a verdade pela injustiça; tais
homens parecem estar sendo entregues por Deus à imundícia, a
paixões infames, e a uma disposição mental reprovável (Rm 1.18-32).
Diante disso, essa pesquisa teve como objetivo apresentar e
esclarecer os dados bíblicos e teológicos que fundamentam a
doutrina da punição do pecado com pecado.
 Desenvolvimentos posteriores:
 A principal desenvolvimento posterior a que esse trabalho
pode ser submetido é a análise de linhas teológicas
divergentes da apresentada nesta pesquisa.
 Este trabalho buscou ser uma exposição do que a teologia
reformada fala sobre o tema em estudo.
 Contudo, será muito válido analisar e criticar, posteriormente, à
luz da Bíblia e da teologia reformada a oposição dos socinianos
à doutrina reformada da justiça de Deus, a objeção dos
remonstrantes e arminianos modernos à doutrina reformada do
pecado original, e a resistência do teólogos pós-modernos ao
conceito de ira divina e justiça retributiva.

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