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CAPÍTULO 1:

Base para Tratamentos Térmicos de ligas, aços


e ferros fundidos.
- Transformações alotrópicas em metais e
transformações de fase em ligas
- Tipos de transformações de fase
- Diagramas de equilíbrio e não equilíbrio
- Solubilidade e temperatura.
- Termodinâmica e Cinética de transformações de fase
- Difusão
- Curvas “temperatura-tempo-transformação”
Introdução
O ferro é o principal constituinte de uma das ligas mais importantes
na engenharia, o aço.
 Eles são empregados nos mais variados componentes, sendo difícil
imaginar um equipamento que não possua uma peça de aço.

Estrutura do Ferro Puro


O ferro é um metal alotrópico, ele
apresenta mais de uma estrutura
cristalina de acordo com a temperatura.

 Temperatura 1538ºC: solidificação do


Fe, estrutura cristalina CCC, fase δ.
 Temperatura 1394ºC: com resfriamento
ocorre mudança de fase, os átomos de
Fe sofrem um rearranjo para uma
estrutura CFC, fase . 2
Alotropia do Ferro
 Temperatura 912ºC: ocorre um
novo rearranjo cristalino e o Fe
apresentar estrutura CCC, fase α.

 Temperatura 768ºC (ponto Curie):


Abaixo desta temperatura o Fe
passa a apresentar um
comportamento magnético, sem,
no entanto, apresentar qualquer
mudança na estrutura cristalina.

Todas as transformações alotrópicas ocorrem com liberação de calor


no resfriamento (reações exotérmicas) e com absorção de calor no
aquecimento (reações endotérmicas), entretanto, a quantidade de
energia envolvida é inferior à transformação de estado (calor latente
de solidificação, por exemplo).
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Alotropia do Ferro
A existência destas transformações faz com que os aços apresentem-
se como uma classe de materiais extremamente versáteis atendendo
a um grande espectro de propriedades mecânicas.
 Estas alterações na estrutura
cristalina produzem uma série de
implicações nas transformações
do ferro puro e nas ligas de ferro.
 A estrutura CCC tem um fator de
empacotamento de 0,68 enquanto
que uma estrutura CFC tem um
fator de empacotamento 0,74.

 Quando o ferro passa de CCC


para CFC a 912°C, esta diferença
no fator de empacotamento
provoca uma redução no volume e
um aumento na densidade.
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Solução do Carbono no Fe
A aplicação mais importante da transformação alotrópica do ferro
se encontra nas ligas ferro-carbono.
 Carbono forma uma solução sólida
intersticial com o Fe.

 Conseqüência prática: liga de


baixo custo e com grande variação
nas propriedades, dependendo do
teor de carbono e do tratamento
térmico utilizado.

 As figuras mostram os interstícios


tetraédricos e octaédricos nas
estruturas CCC e CFC.
 Observe a relação entre o tamanho do átomo de carbono e o
interstício octaédrico em uma estrutura CCC e entre o tamanho do
átomo de carbono e o interstício octaédrico em uma estrutura CFC. 5
Solução do Carbono no Fe
Os interstícios variam de tamanho de acordo com a estrutura.
Interstícios da estrutura CCC são menores que da CFC.

 De acordo com a estrutura, um


menor ou maior espaço disponível
para que um átomo de uma
solução intersticial venha se
colocar naquela posição.
 Os átomos que entram em solução
são sempre maiores do que os
interstícios, portanto, cada átomo
intersticial produzirá uma certa
quantidade de distorção do
reticulado cristalino.
 Quanto menor for o interstício
maior será a distorção.
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Distorção na Rede Cristalina
Quanto menor for o interstício maior será a distorção.
 Estrutura CCC: os raios atômicos
máximos possíveis para que não haja
distorção correspondem a 0,29R para os
interstícios tetraédricos e 0,15R para os
interstícios octaédricos.

 Estrutura CFC: correspondem a 0,23R


para os interstícios tetraédricos e 0,41R
para os interstícios octaédricos.

 R é o raio atômico do átomo.


Ligas ferro-carbono:
 Estrutura CCC: estes valores correspondem a 0,36A e 0,19A, onde o
raio atômico do Fe é 1,24A.
 Estrutura CFC: estes valores correspondem a 0,29A e 0,52A, onde o
raio atômico do Fe é 1,27A.
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Distorção na Rede Cristalina
Em qualquer situação teremos uma distorção do reticulado sempre
que um átomo de carbono se colocar em um interstício.
 O raio atômico do carbono ~ 0,77A, ou seja, em qualquer situação
teremos uma distorção do reticulado sempre que um átomo de
carbono se colocar em um interstício.

 Quando se forma a solução Fe-C os átomos de C irão se alojar nos


interstícios octaédricos, pois estes propiciam uma melhor
acomodação, o que implica em uma menor energia de distorção.

 Com isto, deverá haver uma menor solubilidade do carbono no


ferro α do que no ferro .

 Ferro α: solubilidade máxima do carbono é ~ 0,025% em peso,


temperatura de 727°C.

 Ferro : solubilidade máxima do carbono é de 2,1% em peso, na


temperatura de 1148°C.
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Diagrama Ferro-Carbono
Aspectos Gerais
 Ligas Fe-C representam os materiais de maior utilização prática.

 Grande variação nas suas propriedades pela simples variação na


quantidade de carbono.

 É possível que se tenha uma gama maior de propriedades se


considerarmos a possibilidade de deformação plástica e os
tratamentos térmicos.

 Estas características está principalmente atrelado ao fato de que o


ferro puro apresenta transformação alotrópica e que o carbono forma
uma solução sólida intersticial com o ferro.

 Isto conduz a uma série de possibilidades de transformações, cada


uma com suas microestruturas típicas, resultando na grande variação
das propriedades.
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Diagrama Ferro-Carbono

As transformações em uma liga ferro-carbono são influenciadas


basicamente pela temperatura e pelo teor de carbono.

 Se considerarmos apenas estes dois


fatores pode-se montar um mapa das
transformações que irão ocorrer, o qual
será chamado de diagrama de
equilíbrio.

 As figuras mostram o diagrama de


equilíbrio da liga Fe-C.

 As fases presentes para cada


temperatura e composição, e também
os pontos que são fundamentais para
a compreensão das transformações.

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Diagrama Ferro-Carbono
Considerações Importantes a respeito do diagrama de Equilíbrio
1. Diagrama vai somente até 6,69%C,
pois, ligas acima deste teor não têm
qualquer importância comercial.
2. Ligas comerciais não são
constituídas apenas por Fe e C. Na sua
composição contêm outros elementos
de liga, além de pequenas quantidades
de impurezas que são inerentes ao
processo de obtenção do material.

Diagrama Equilíbrio não representa


fielmente o que sucede na prática,
mas como pequenas quantidades de
outros elementos não produzem
grandes alterações, podemos
utilizá-lo como base para o estudo.
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Diagrama Ferro-Carbono
O diagrama Fe-C utilizado é um falso diagrama de equilíbrio, ele
representa o equilíbrio metaestável entre ferro e um carboneto de
ferro chamado cementita, com fórmula estequiométrica Fe3C.
 A forma mais estável da liga Fe-C seria
ferro e grafita mas como a grafita pode
levar anos para se formar, o diagrama
estável não possui aplicação prática.

 Na figura, o diagrama estável ferro-


grafita está representado pelas linhas
tracejadas e o diagrama metaestável
ferro-cementita por linhas contínuas.

 As fases denominadas ferrita, austenita


e cementita, podem ou não estar
presentes na microestrutura do
material, dependendo do teor de
carbono e da temperatura.
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Diagrama Ferro-Carbono
Observações importantes
 Composição de 2,11%C a 1148°C:
este ponto representa uma fronteira
entre as ligas Fe-C que são
caracterizadas como aços e as ligas
que são caracterizadas como ferro
fundido.
 Aço é uma liga com menos de 2,11%C
e ferro fundido é uma liga com mais de
2,11%C.
 Resfriando um aço desde o estado
líquido, este sempre passará por uma
faixa de temperaturas em que a sua
microestrutura será composta de uma
única fase chamada austenita, o que
não acontece para os ferros fundidos.
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Diagrama Ferro-Carbono
Observações importantes
 A austenita, fase , é uma fase
derivada do Fe , CFC.
 Quando combinamos Fe e C forma-se
uma solução sólida intersticial em que é
mantida a estrutura cristalina original.
 Para temperaturas inferiores, o fato de
o ferro  passar para ferro α produz o
aparecimento de uma nova fase
chamada fase α ou ferrita.
 A ferrita também é uma solução sólida
intersticial de Fe e C, mantendo a
estrutura cristalina CCC do ferro α.

As duas fases além de diferentes estruturas cristalinas, possuem


uma grande diferença de solubilidade do carbono entre elas.
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Solubilidade do Carbono

 Austenita: solubilidade C pode


chegar a 2,11% na temperatura
1148°C.
 Ferrita: solubilidade do C é somente
0,025% a 727°C.
 A solubilidade do carbono não é fixa
para estas fases, podendo variar
com a temperatura.
 Desta maneira a austenita e a ferrita
só apresentarão a sua solubilidade
máxima nas temperaturas indicadas
acima, variando tanto para
temperaturas superiores como para
temperaturas inferiores.

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C estabilizador da Austenita
Carbono: Elemento estabilizador da
austenita.
 Fe puro a temperatura mínima em
que a austenita é estável é 912°C
mas, à medida que o teor de carbono
cresce esta temperatura vai
diminuindo até 0,77%C, chegamos ao
mínimo de 727°C. A partir daí a
temperatura aumenta novamente até
o máximo de 2,11% para 1148°C.
 A ferrita é estável até 912°C na
ausência de carbono e à medida em
que aumenta o teor a temperatura
diminui até atingir a solubilidade
máxima de 0,025%C a 727°C.
 Abaixo desta temperatura a solubilidade diminui novamente chegando
praticamente a zero na temperatura ambiente. 16
Formação da Cementita
Como existe um limite de solubilidade do carbono tanto na austenita
quanto na ferrita, o excesso de carbono poderá propiciar a formação
de uma terceira fase que é chamada de cementita

 Cementita possui estrutura cristalina


ortorrômbica, ainda em solução sólida
intersticial com 6,69% de carbono.
 %C > 0,77%, > 727°C e < 1148°C
 %C > 0,025%, < 727°C.
 Desta maneira teremos no diagrama
regiões em que o aço é monofásico e
regiões em que é bifásico.
 As regiões monofásicas podem ser
formadas por austenita ou por ferrita
e as regiões bifásicas podem ser
formadas por austenita e ferrita,
austenita e cementita ou ferrita e
cementita.
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Ponto Eutetóide
Ponto do diagrama em que três fases coexistem e permanecem em
equilíbrio termodinâmico. Com o resfriamento do aço ocorre a
transformação da austenita em ferrita e cementita.

 Ocorre para a composição de


0,77%C a 727°C. Especificamente
para esta composição, a temperatura
permanece constante enquanto a
transformação não se completar
totalmente.
 Quando outros elementos fazem
parte da composição do aço, o teor
de carbono correspondente ao ponto
eutetóide será deslocado mais para
a esquerda ou para a direita e a
temperatura em que ocorre esta
reação irá aumentar ou diminuir.
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Transformação dos Aços
 A cementita apresenta reticulado ortorrômbico com 12 átomos de
Fe e 4 átomos de C, localizados nos interstícios dos átomos de ferro.
 A ferrita é muito dúctil, mole e com resistência relativamente baixa.
 A cementita é muito dura e por isto muito frágil e sua resistência
mecânica é extremamente baixa, devido a sua fragilidade.
A perlita apresenta as melhores propriedades, embora nela
estejam presentes 11,5% de cementita. A combinação dos dois
constituintes altera o comportamento da perlita sob o ponto de vista
da resistência mecânica, que aumenta desde que a quantidade de
cementita não ultrapasse a porcentegem + ou – à do eutetóide.
Constituinte Limite Resistência Alongam.2” Dureza
Tração % Brinell
Kgf/mm2 MPa
Ferrita 35 340 ~40 90
Perlita 85 830 ~10 250-300
Cementita 3 30 0 900
Transformação dos Aços
Propriedades Mecânicas de Aços resfriados lentamente
em função do teor de carbono
Transformação dos Aços
Propriedades Mecânicas de Aços resfriados lentamente
em função do teor de carbono
Efeito de aquecimento e resfriamento
nas linhas de transformação

 A1 média entre curvas resfriamento (abaixo) aquecimento (acima).


 Esta diferença não afeta a prática dos tratamento térmicos nos
aços, quanto se objetiva aquecer e resfriar para obter os
constituintes normais.
Efeito dos Elementos de liga nas zonas
austeníticas e críticas

 O efeito dos elementos de ligas deve ser avaliado no tratamento


térmicos dos aços ligados
 A tabela apresenta a tendência de distribuição dos elementos de
liga nos aços resfriados lentamente.
Efeito dos Elementos de liga nas zonas
austeníticas e críticas

 Alguns dos elementos tendem a se dissolver na ferrita apenas.


 Outros se dissolvem tanto na ferrita como formam carbonetos.
 Existem elementos que formam inclusões não metálicas ou
compostos intermetálicos.
 Geralmente todos se dissolvem no ferro gama.
 A principal consequência é a modificação das faixas de
temperatura de transformação, alterando os diagramas de
equilíbrio das ligas Fe-C.
Efeito dos Elementos de liga

 Diagramas com elementos


de liga estabilizadores da
austenita.
 Grupo I: elementos de liga
que ampliam a faixa de
temperatura para a austenita
estável. Mn, Ni, Co.
 Rebaixamento da
temperatura de transformação
gama-alfa e elevação da
temperatura gama-delta.
Efeito dos Elementos de liga

 Diagramas com elementos


de liga estabilizadores da
austenita
 Grupo II: elementos de liga
que tornam estável o diagrama
de equilíbrio.
 C, Zn, N.
Efeito dos Elementos de liga

 Diagramas com elementos


de liga estabilizadores da
ferrita.
 Grupo I: estreitam a faixa
austenítica até fazê-la
praticamente desaparecer.
 Si, Cr, Mo, P, V, Ti, Al.
Efeito dos Elementos de liga

 Diagramas com elementos


de liga estabilizadores da
ferrita.
 Grupo II: incluem elementos
que foram compostos
intermetálicos ou constituintes
outros de soluções sólidas de
ferro gama e ferro alfa.
 Tl, Zr, B, S, Nb.
Efeito dos Elementos de liga
Efeito dos Elementos de liga no
campo austenítico
Classificação dos Ferros Fundidos

Faixa de composição de ferros fundidos típicos comuns:


TIPO FOFOs C Si Mn S P
Branco 1,8-3,6 0,5-1,9 0,25-0,80 0,06-0,20 0,06-0,18
Maleável 2,0-2,6 1,1-1,6 0,20-1,0 0,04-0,18 0,18 mãx.
Cinzento 2,5-4,0 1,0-3,0 0,25-1,0 0,02-0,25 0,05-1,0
Nodular/Dúctil 3,0-4,0 1,8-2,8 0,10-1,0 0,03 máx. 0,10 máx.
Classificação dos Ferros Fundidos
Resfriam.
Perlítico Moderado
Fofo CINZENTO
Resfriam.
Ferrítico
Lento

Resfriam.
Perlítico
Moderado
Fofo NODULAR
FERROS Resfriam.
Ferrítico
FUNDIDOS Lento

Ledeburita
Resfriam.
Fofo BRANCO
Rápido

Perlítico Resfriam.
Moderado
Fofo MALEÁVEL
Ferrítico Resfriam.
Lento
Transformação dos Ferros Fundidos

 Teor carbono dos ferros fundidos


brancos. Tem pequena importância
prática, dureza <600HB e fragilidade.
 Ferros fundidos cinzentos Fe-C-Si
 Abaixo de solidus constituintes
austenita e cementita.
 Ao ultrapassar a linha de
transformação a austenita se
transforma em perlita, na temperatura
ambiente temos:
- Eutético 4,3%C, ledeburita, glóbulos
de perlita, fundo de cementita.
- Hipoeutético 2,11-4,3%C, ledeburita
e perlita.
- Hipereutético 4,3-6,67%C, longos
cristais de cementita sobre o fundo
de ledeburita.
Transformação dos Ferros Fundidos

Ledeburita, glóbulos de perlita, Hipereutético, cristais longos


fundo de cementita, 530x. de cementita, fundo de
ledeburita, 530x.

Hipoeutético, dendritas de perlita,


ledeburita e cementita, 100x
Liga Ternária Fe-C-Si
A figura mostra para temperatura acima de 1000ºC quatro seções
para teores de silício 2,3%; 3,5%, 5,2%; 7,9%.

Composição do eutético
diminui com o aumento de Si.
 A reação do eutético ocorre
num intervalo de temperatura
que aumenta com teor de Si.
 O Si é um elemento que
exerce importante influência
na composição do eutético.
Criou-se o conceito “carbono
equivalente” que que combina
a influência dos elementos
carbono e silício sobre a
composição do eutético.
Liga Ternária Fe-C-Si
 Liga Ternária Fe-C-Si corresponde aos ferros fundidos cinzentos
 O Si possui a propriedade de decompor o carboneto Fe3C que
se apresenta em teores apreciáveis nesta liga.
 A decomposição é favorecida por um resfriamento muito lento.
Fe3C  3Fe + C
 O carbono livre formado se apresenta sob a forma de grafita em
lâminas alongadas que são denominadas “veios”.

 Os “veios se distribuem ao
longo da estrutura da liga, que
pode ser ferrita, perlita ou
ambas. Pode existir alguma
cementita não decomposta.
Ferro fundido cinzento do tipo
hipoeutético, mostrando veios
de grafita e os constituintes
perlita e ferrita. Aumento 100x.
Carbono Equivalente

 Carbono equivalente pode ser representado pela equação:


carbono equivalente: %C + 1/3%Si
• Se o carbono equivalente de um ferro fundido, obtido pela
equação acima equivale a 4,3% a liga é eutética.
• Se é inferior a 4,3% a liga é hipoeutética
• Se é superior a 4,3% a liga é hipereutética.

 Quando a liga apresenta porcentagens apreciáveis de fósforo, o


que não é comum para ferros fundidos, seu carbono equivalente é
representado pela equação:

carbono equivalente: %C + 1/3 (%Si+%P)


Diagrama Fe-C-2%Si
 Áreas hachuradas indicam a presença de 3 fases, uma é grafita.
 Observe a região caracterizada pela presença de austenita e
grafita, originada pela decomposição do carboneto.
 Do ponto de vista de aquecimento para tratamento térmico,
poucas mudanças ocorrerão em função da presença de Si, desde
que as temperaturas sejam corretamente escolhidas.
Considerações Importantes

 No aquecimento das ligas Fe-C, a escolha da temperatura de


aquecimento deve levar em conta a necessidade ou não de
produzir transformações de fases.

 Ao determinar a temperatura e o tempo de aquecimento,


deve-se levar em consideração que quanto mais elevada a
temperatura e o tempo de permanência da liga à temperatura,
pode ocorrer em crescimento dos grãos, o que prejudica a
qualidade do produto.

 Para a obtenção, pela transformação da austenita, dos


constituintes normais, é necessário resfriamento lento, qualquer
velocidade que rompa as condições de equilíbrio resulta em outras
transformações, que não produzem ferrita, perlita ou cementita.
Considerações Importantes

 A presença dos elementos de liga altera o campo austenítico


e a posição das linhas de transformação, resultando em novas
temperaturas de aquecimento para que ocorra ou não as
transformações de fases.

 Na faixa do diagrama de equilíbrio correspondente aos ferros


fundidos, a liga resultante tem uma aplicação prática muito
restrita, na verdade, os ferros fundidos mais empregados são as
ligas ternárias, em que além do carbono está presente o silício.

 Nestas condições o diagrama de equilíbrio binário Fe-C fica


alterado pela presença do silício e as reações que ocorrem na
solidificação e resfriamento levam a decomposição do Fe3C,
formando-se carbono livre, na forma de grafita, que modifica o
comportamento mecânico das ligas correspondentes.
Cinética das Transformações de Fases
Par de Difusão
Mecanismo de Difusão
Difusão por Lacunas
Difusão Intersticial
Fluxo de Difusão
Fluxo de Difusão
Difusão em Estado Estacionário
Primeira Lei de Fick
Difusão em Estado Não-Estacionário
Segunda Lei de Fick
Efeito da Temperatura – Ativação Térmica
Efeito da Temperatura – Ativação Térmica
Efeito da Temperatura – Ativação Térmica
Caminhos para Difusão
Cinética de Transformação de Fases
Cinética das Transformação no Estado Sólido

Equação de Avrami

• O progresso da transformação geralmente é verificado por meio


de um exame microscópico ou através da medição de alguma
propriedade física (como condutividade elétrica).
Cinética das Transformação no Estado Sólido

• A temperatura terá uma influência profunda sobre a cinética e,


dessa forma sobre as taxas de transformação. A figura mostra as
curvas em forma de S para y em função de log t para a
recristalização do Cu a diferentes temperaturas.
Estados Metaestáveis x Estados de Equilíbrio
Estados Metaestáveis x Estados de Equilíbrio
Alterações Microestruturais em Ligas Fe-C

Transf. de austenita em perlita.


A amostra com 100% austenita
foi resfriada até a temperatura
indicada e mantida constante ao
longo da reação.
Exercícios do Callister – 8 edição

Capítulo 5 (pag. 123-125)


Transformação Isotérmica: Curvas S ou TTT

 Em 1930, dois pesquisadores Davenport e Bain


desenvolveram um método para verificar as transformações
da austenita que podem ocorrer quando o aço é resfriado a
determinadas temperaturas, abaixo da linha de transformação
eutetóide e ali mantido a temperaturas constantes de modo a
poder-se verificar o tempo necessário para que a
transformação se inicie e termine. Essa técnica foi
denominada Transformação Isotérmica.

 O aumento da velocidade de resfriamento altera as condições


de equilíbrio do diagrama Fe-C e portanto, as condições de
formação dos constituintes normais resultantes da
transformação da austenita.
Transformação Isotérmica: Curvas S ou TTT

 Essa formação é baseada na mudança do reticulado cristalino do


ferro (  a), ou seja, numa movimentação de átomos por
difusão.

 Com maiores velocidades de resfriamento, a transformação da


austenita se realiza em temperaturas cada vez mais baixas, ou
seja, há um pequeno rebaixamento das linhas de transformação.

 Na realidade, o que ocorre é um fenômeno de inércia próprio de


certos fenômenos físicos, resultando num atraso da
transformação da austenita, o que pode ser traduzido por um
atraso na reação de transformação da austenita.

 Os microconstituintes resultantes de um aumento da velocidade


de resfriamento adquirem microestrutura diferentes.
Transformação Isotérmica:
Velocidade de Resfriamento

 Com menores velocidades os microconstituintes, apesentam


granulação mais fina, com características próprias e que
afetam de outro modo, as propriedades dos aços.

 Aumentando a velocidade de resfriamento surge, junto com


os constituintes normais, um novo microconstituinte, a
martensita, com estrutura diferente e com novas
propriedades.

 Haverá uma velocidade de resfriamento para o qual os


constituintes normais desaparecem e o único
microconstituinte resultante da transformação da austenita
será a martensita.
Transformação Isotérmica
Curvas S ou TTT

• Progresso de transformação da austenita a uma temperatura


constante abaixo da crítica, de um aço eutetóide.

• Curva de reação isotérmica para um


aço eutetóide resfriado bruscamente
da temperatura de austenitização até
600ºC. (austenita  perlita)
Diagramas TTT de Transformações Isotérmicas

• Sistema Fe-C, Co = 0,76%p C


• Transformação em T = 675ºC
Alterações Microestruturais em Ligas Fe-C
Curvas TTT para uma liga Eutetóide de Fe-C

 Composição eutetóide, Co = 0,76%p C


 Início em T > 727ºC
 Resfriada rapidamente até 625ºC (mantida na isoterma.)
Resultado do Tratamento Térmico
Morfologia da Perlita
Morfologia da Perlita
Morfologia da Perlita
Morfologia da Perlita

Microestrutura da perlita em função da isoterma mantida: (a) 655ºC,


(b) 600ºC, (c) 534ºC e (d) 487ºC. A morfologia da estrutura de 2 fases é a
mesma, mas o espaçamento entre elas diminui com o decréscimo da
temperatura da isoterma.
Diagrama TTT para Composição Hipereutetóide

• Sistema Fe-C com 1,13% C formação de cementita proeutetóide.


• Para ligas Fe-C com outras composições, uma fase proeutetóide
(ferrita ou cementita) coexistirá com a perlita. Desta forma curvas
adicionais correspondentes a uma transformação proeutetóide
também devem ser incluídas no diagrama transformação isotérmica.
Microestruturas fora do Diagrama de Fases
Bainita Superior e Inferior

• Há duas principais formas de


bainita.
• A bainita superior se forma logo
abaixo da faixa de formação da
perlita (abaixo do cotovelo curva
C). Sua coloração ao microscópio
é escura. As placas de ferrita se
apresentam em feixes com forma
de penas. As partículas de
carboneto formam-se entre as
placas de ferrita e tendem a ser
alongadas. Sua dureza é 40 a 45
RC.
Bainita Superior e Inferior

• Há duas principais formas de bainita.


• A bainita inferior forma-se próximo
as temperaturas correspondentes a
linha Mi. Ao microscópio aparece com
coloração escura e ela é composta de
grandes placas e é frequentemente
caracterizada como acicular (como a
martensita). Os carbonetos da bainita
inferior formam-se no interior das
placas e se apresentam muito mais
finos que os da bainita superior. A
dureza é elevada, aproximando-se da
dureza da martensita (50 a 60 RC).
Microestruturas fora do Diagrama de Fases
Microestruturas fora do Diagrama de Fases
Martensita
• A formação da martensita consiste no mecanismo de
cisalhamento e não de difusão, que é característico da
formação da perlita.
• A inexistência da difusão se deve ao fato da martensita
formar-se somente quando, no resfriamento, uma determinada
temperatura é atingida.
• O início da formação da martensita é instantânea e a
quantidade de martensita formada cresce à medida que a
temperatura cai.
• Se após uma certa quantidade de transformação, a
temperatura for mantida constante, não prossegue a formação
desse constituinte.
• Para que a transformação prossiga é necessário que a
temperatura volte a cair até que tenha ultrapassada a linha Mf.
Martensita
Martensita x Teor de Carbono
• Nos aços de baixo a médio carbono, as placas de martensita se
caracterizam por pequena largura, tendo esta forma levado a alguns
estudiosos a chamá-las de martensita em ripas.
• Trata-se de uma estrutura mais fina mas que mantêm a
característica acicular.
• Nos aços de alto carbono, as placas são mais largas e
denominada “martensita em placas”. Neste caso a martensita se
apresenta com estrutura mais grosseira, mantido ainda o
característico acicular.
Microestruturas fora do Diagrama de Fases
Microestruturas fora do Diagrama de Fases
Martensita x reticulado cristalino

• A martensita tem sido caracterizada uma


solução sólida supersaturada de C no Fe
α, esta supersaturação provoca uma
distorção do reticulado cúbico centrado,
que resulta na extrema dureza possuída
pela martensita.
• Um átomo de carbono em solução
intersticial no ferro alfa transforma o
reticulado na sua vizinhança imediata, em
reticulado tetragonal em vez de cúbico.
Martensita x reticulado cristalino
• Admite-se que esta tetragonalidade se
deva ao fato de um átomo de carbono
posicionar-se na aresta do cubo entre os
átomos de ferro localizados no vértice.
• Os pontos pretos da figura representam
posições que podem ser ocupadas pelos
átomos de carbono. Esta localização seria
devida ao fato que o centro do cristal já
esta ocupado por um átomo de ferro.
• O resultado desta movimentação atômica
é um aumento da distância entre os
átomos A e B. A variação dos parâmetros
do reticulado cúbico transforma-o em
tetragonal; esta variação é acentuado pelo
aumento do teor de carbono.
• As condições de formação da martensita
são responsáveis pela sua elevada dureza
e aparecimento de tensões internas.
Transformação Isotérmica
• Experimento para faixas diversas
de temperatura, abaixo da linha de
transformação, tem-se traçado um
diagrama de transformação
isotérmica para um aço eutetóide.
• Este diagrama é chamado de C
devido a forma das curvas ou TTT
(transformação-tempo-temperatura)
• Curva I marca o início da
transformação e curva F o fim .
• As linhas Mi e Mf horizontais
marcam o início e o fim da
formação da martensita.

• Esta transformação só depende da temperatura, o que significa que


uma vez iniciada a formação da martensita ela só continua e termina
se houver queda da temperatura, independente do tempo de
permanência à temperatura.
Exemplo 1
Exemplo 2
Exemplo 3
Exemplo 4
Exemplo 5

Considerando o diagrama de transformação isotérmica para um aço


contendo 1,13%p C determine a microestrutura final (em termos de
microconstituintes presentes) de uma pequena amostra que tenha sido
submetida aos seguintes tratamentos tempo-temperatura. Para cada
caso, assuma que a amostra estava a 845ºC e que ela foi mantida nessa
temperatura durante tempo suficiente para atingir uma estrutura
totalmente austenítica e homogênea.

(a) Resfriamento rápido até 250ºC, manutenção por 103s e


têmpera até a temperatura ambiente;
(b) Resfriamento rápido até 700ºC, manutenção por 30s e
têmpera até a temperatura ambiente;
(c) Resfriamento rápido até 400ºC, manutenção por 500s e
têmpera até a temperatura ambiente;
(d) Resfriamento rápido até 700ºC, manutenção por 105s e
têmpera até a temperatura ambiente;
(e) Resfriamento rápido até 650ºC, manutenção por 3s,
resfriamento rápido até 400ºC, manutenção por 10s e têmpera até
a temperatura ambiente;
(f) Resfriamento rápido até 450ºC, manutenção por 10s e têmpera
até a temperatura ambiente;
(g) Resfriamento rápido até 625ºC, manutenção por 1s e têmpera
até a temperatura ambiente;
(h) Resfriamento rápido até 625ºC, manutenção por 10s,
resfriamento rápido até 400ºC, manutenção durante 5s e têmpera
até a temperatura ambiente;
Diagramas de Transformação
por Resfriamento Contínuo

• Os tratamentos térmicos isotérmicos não são práticos de realizar


pois, a liga deve ser resfriada rapidamente desde uma temperatura
elevada, acima da eutetóide e ser mantida em uma temperatura
também elevada.
• A maioria dos tratamentos térmicos para os aços envolve o
resfriamento contínuo de uma amostra até temperatura ambiente.
• Um diagrama de transformação isotérmica só é válido para
temperaturas constantes.
•O diagrama é modificado para as transformações que ocorrem
quando a temperatura é variada constantemente.
• No resfriamento contínuo, o tempo necessário para início e
término da reação são retardados . Assim, as curvas isotérmicas
são deslocadas para tempos mais longos e temperaturas mais
baixas, como indicado diagrama de transformação por resfriamento
contínuo (TRC).
Transformação Resfriamento Contínuo

• No TRC, a parte inferior das


curvas (abaixo do cotovelo) não
tem mais significado, uma vez
ultrapassadas curvas superiores, a
transformação da austenita cessou.

• As linhas Mi e Mf permanecem para indicar a formação da


martensita com maiores velocidades de resfriamento.
• As diferenças entre os diagramas isotérmicos e para resfriamento
contínuo não são muito sensíveis, de modo que os primeiros são
geralmente empregados para projetar os TT usuais.
Transformação Resfriamento Contínuo

• A transformação começa após um intervalo de tempo que corresponde à


interseção da curva de resfriamento com a curva de início da reação e
termina ao se cruzar a curva para o término da transformação.
•As microestruturas para as curvas equivalentes às taxas resfriamento
moderadamente rápido e lento são a perlita fina e a perlita grosseira.
• É possível controlar a taxa de variação de temperatura, com o meio de
resfriamento.
Transformação Resfriamento Contínuo

• A região que representa a


transformação da austenita em
perlita termina imediatamente
abaixo da inflexão (curva AB).
• Para qualquer curva de
resfriamento que passe através
de AB, a transformação será
interrompida no ponto de
interseção; com a continuação
do resfriamento, a austenita que
não tiver reagido começará a se
transformar em martensita após
o cruzamento com a linha M.
• As linhas de transformação
martensíticas são idênticas nos
diagramas TTT e TRC.
• Para o resfriamento contínuo de
um aço, existe uma taxa de
resfriamento brusco crítica, que
representa a taxa mínima de
resfriamento brusco que produzirá
estrutura totalmente martensítica.
• Esta taxa de resfriamento crítica,
quando incluída no diagrama TRC
será praticamente tangente ao
ponto de inflexão no qual a
transformação perlítica começa.
•Existirá apenas martensita para
taxas de resfriamento ao longo da
qual serão produzidas tanto a
perlita quanto a martensita.
•Dependência da microestrutura
• Uma estrutura totalmente
final em relação às
perlítica será desenvolvida para
transformações que ocorrem
taxas de resfriamento mais baixas
durante o resfriamento.
• O carbono e outros elementos
de liga também deslocam as
inflexões da perlita (assim como
da fase proeutetóide) e da bainita
para tempos mais longos,
diminuindo a taxa de resfriamento
crítica.
•Uma das razões para a adição
de elementos de liga aos aços é
facilitar a formação da martensita,
de modo que estruturas
totalmente martensíticas possam
ser desenvolvidas em seções
transversais relativamente
grossas.

•Diagrama de TRC para aço-liga (4340) e a superposição de várias


curvas de resfriamento mostrando a dependência da estrutura final
em relação às transformações que ocorrem durante o resfriamento.
• Diagramas TTT e TRC para aço-liga (4340).
•A presença da inflexão da bainita é responsável pela possibilidade
de formação da bainita durante um tratamento térmico por
resfriamento contínuo.
• Várias curvas superpostas indicam a taxa de resfriamento crítica, e
também como o comportamento da transformação e a microestrutura
final são influenciados pela taxa de resfriamento.
• Interessante o fato que a taxa de resfriamento crítica é diminuída
até mesmo pela presença de carbono.
• De fato, as ligas Fe-C que contem < 0,25%p de C não são
normalmente tratadas termicamente para formação de martensita,
uma vez que são necessárias taxas de resfriamento muito rápidas
que, na prática, não são factíveis.
•Outros elementos de liga (Cr,Ni,Mo,Mn,Si,W) que são
particularmente efetivos em tornar os aços tratáveis termicamente,
devem estar em solução no momento da têmpera.
•Os diagramas TTT e TRC são, diagramas de fases em que o
parâmetro tempo é introduzido.
• cada um deles é determinado experimentalmente para uma liga
com uma composição específica, na qual as variáveis são a
temperatura e o tempo.
•Estes permitem prever a microestrutura após um dado intervalo de
tempo em tratamentos térmicos, sob respectiva, temperatura
constante e com resfriamento contínuo.
Exercícios do Callister – 8 edição

Capítulo 10 (pag. 329 – 331)


Fatores que afetam a posição das
curvas TTT
• A posição das curvas TTT ou em S pode ser afetada por:

1. composição química
2. tamanho de grão da austenita
3. homogeneidade da austenita
1. Composição Química
• Curvas TTT para aços hipoeutetóide e hipereutetóide.
• O aumento no teor de carbono, desloca as curvas de início e fim de
transformação da austenita para a direita, assim como rebaixa Mi e Mf.
• Para aço hipoeutetóide as curvas podem estar posicionadas muito à
esquerda, tornando praticamente impossível obter-se, por resfriamento
extremamente rápido a martensita.
• Pouco ou nenhum carbono, não poderá ocorrer a movimentação atômica
do carbono que produz a estrutura típica da martensita
1. Composição Química

• A presença de outros elementos


de liga além C (Cr,Mn,Ni,Mo,W)
pode causar alterações
significativas nas posições e
formas das curvas dos diagramas
transformação isotérmica.
(1) O deslocamento da inflexão da
transformação da austenita em
perlita para tempos mais
longos (e uma inflexão da fase
proeutetóide , se ela existir.)
(2) a formação de uma inflexão
separada para a bainita
1. Composição Química

AISI 1335 AISI 2340 AISI S140


0,35%C, 1,85Mn 0,37%C, 0,69%Mn, 3,41Ni 0,43%C, 0,68%Mn, 0,93%Cr
Dependendo da sua posição das curvas, tem-se as seguintes alternativas:
1. Obtenção da martensita com velocidades de resfriamento não
excessivamente rápidas (curvas deslocadas para direita); evita-se
excesso de tensões internas que pode ocasionar empenamentos
indesejáveis.
2. Obtenção de maior quantidade de martensita (em profundidades,
curvas deslocadas para a direita) em peças de maiores seções
3. Em função do TT desejado, seleção mais apropriada do tipo aço.
1. Composição Química

• A figura apresenta a influência de


carbono e cromo sobre a
temperatura de início de formação
da martensita.
• Pode-se chegar a teores de ligas
que rebaixam as linhas Mi e Mf a
ponto desta última situar-se a
temperaturas abaixo de zero, o que
significa que o resfriamento até a
temperatura ambiente, poderá
resultar alguma austenita residual
ou retida, fato esse que deve ser
levado em conta ao tratar
termicamente tais aços.
2. Tamanho de grão da austenita

• Os produtos de transformação começam a formar-se nos


contornos de grão de austenita.
• Comparando dois tamanhos de grão, no grão maior, a
transformação da austenita é mais demorada, isto significa que
quanto maior o tamanho de grão da austenita tanto mais deslocadas
para a direita estarão as curvas em S.
• Este fato levaria a preferir-se os aços de granulação grosseira para
facilitar a obtenção da martensita, entretanto, os inconvenientes de
granulação grosseira são maiores que a vantagem acima citada

3. Homogeneidade da austenita
• Carbonetos residuais não dissolvidos ou áreas localizadas da
austenita rica em carbono atuam no sentido de apressar a reação
de transformação da austenita.
• Deste modo quanto mais homogênea a austenita, mais
deslocadas para a direita as curvas em S.
Endurecibilidade ou Temperabilidade
• O endurecimento de uma peça de aço por TT significa obter a
martensita, ou seja, evitar a transformação da austenita nos seus
constituintes normais.
• Procura-se nesta operação obter-se um endurecimento uniforme
de toda a seção da peça.
• Embora o TT objetive produzir uma superfície de grande dureza, é
importante, na maioria das vezes, que essa mesma dureza
superficial se estenda de modo uniforme através de toda a seção
da peça.
• O aço deve apresentar suficiente “capacidade de endurecimento”
ou adequada “profundidade de endurecimento” uniforme de toda a
seção da peça.
• O conhecimento desta propriedade dos aços é tão importante
como o conhecimento de suas curvas em S.
• Existem diversos processos para a determinação da
endurecibilidade, os mais comuns são os métodos de Grossmann e
Jominy.
Métodos de Grossmann
• Neste método barras cilíndricas de aços com diâmetros
crescentes são austenitizadas e resfriadas rapidamente, em
condições controladas, para a transformação da austenita em
martensita.
• Seções transversais das barras são em seguida, submetidas à
determinação de dureza, do centro à superfície, se modo a ter-se
uma curva de distribuição ao longo de toda a seção transversal de
cada barra.
Métodos de Grossmann

• Curva de distribuição ao
longo de toda a seção
transversal de cada barra.
• Gráfico valores de dureza em
RC versus distancias do centro
(em polegadas).
• As barras mais finas são as
que apresentam uma
distribuição de dureza mais
uniforme ao longo de toda a
seção.
• Para o aço considerado nas
condições de resfriamento
adotadas, a melhor
endurecibilidade corresponde
ao menor diâmetro.
Métodos de Grossmann

• Devido a dificuldade de conseguir


uma estrutura martensítica total em
toda a seção, é comum considerar
adequada a endurecibilidade de um
aço quando o seu centro apresentar
50% de martensita.
• Diâmetro crítico corresponde ao
diâmetro de barra, que resfriada da
temperatura austenítica, mostrará no
centro 50% de martensita.
• O gráfico mostra a dureza RC dos
centros das barras x diâmetro das
barras.
• O diâmetro para o qual se verifica a
mais brusca queda de dureza é o
diâmetro crítico. O diâmetro crítico é
~1,05”.
Método Jominy

• Chamado de ensaio de
resfriamento da extremidade.
• Um corpo de prova cilíndrico de 1”
de diâmetro e 4” de comprimento é
austenitizado e levado ao
dispositivo Jominy, onde é
submetido ao efeito de um jato de
água na sua extremidade, sob
condições determinadas de
quantidade, pressão e temperatura
da água.
•Após o resfriamento o corpo de
prova é retificado longitudinalmente
e os valores de dureza, a distâncias
de 1/16” são determinadas.
Método Jominy
• Para barras de aço com
diâmetros < 1”, pode-se
utilizar corpos de prova de ¾”
ou 1/4” de diâmetro.
• Para isso é necessário
modificar o diâmetro do
orifício de água e a distância
do orifício à extremidade
resfriada do corpo de prova.
- corpo de prova ¾” diâmetro
• diâmetro orifício: ½’’
•distância extremidade: ½’’
- corpo de prova ½” diâmetro • Não se pode comparar os valores
• diâmetro orifício: ¼’’ obtidos de dureza com os obtidos para
•distância extremidade: 3/8’’ o corpo de prova padronizado a 1’’
- corpo de prova ¼” diâmetro diâmetro, devido a maior velocidade de
• diâmetro orifício: 1/8’’ resfriamento nos diâmetros menores,
•distância extremidade: ¼’’ sobretudo abaixo de ¾’’.
Método Jominy
• Como no método Grossmann a posição que separa a zona em
que predomina a estrutura martensítica (50% ou mais) da zona em
que predomina a estrutura periférica é utilizada para medir a
endurecibilidade do aço.
• Essa posição corresponde a chamada distância crítica, a qual
pode ser comparada do diâmetro crítico do método de Grosmann,
embora não corresponda exatamente a esse diâmetro crítico.
• Pode-se dizer que cada posição ao longo do corpo de prova
Jominy corresponde a um determinado diâmetro de barras
redondas utilizadas no método Grossmann.
• A distância crítica também conhecida como distância de Jominy
(Jp) e a dureza correspondente é a dureza crítica.
Severidade de resfriamento ou de têmpera –
Diâmetro ideal

• O diâmetro crítico de um aço depende do meio de resfriamento.


Quanto maior a velocidade de resfriamento do meio, maior a sua
severidade (H).
• A tabela mostra valores típicos de H para os três meios de
resfriamento mais empregados, em vários estados de agitação.
• A severidade varia durante o ciclo de resfriamento, sobretudo em
meios líquidos, diminuindo à medida que o aço vai atingindo a
temperatura do meio e devido à formação ideal de vapor.
Severidade de resfriamento ou de têmpera –
Diâmetro ideal

• Por isso tem se procurado exprimir a endurecibilidade de um


modo mais preciso, definindo um meio de resfriamento ideal, o qual
corresponde ao meio no qual a superfície da peça atinge
instantaneamente a temperatura do meio.
• O diâmetro crítico correspondente ao resfriamento do meio ideal é
denominado “diâmetro ideal”.
• Como existe uma correlação entre a condição de resfriamento
normal e a condição de resfriamento ideal, é possível utilizar-se a
temperabilidade de um aço em termos de diâmetro ideal, para
predizer o diâmetro de uma barra redonda que endurecerá em
qualquer meio, cuja severidade seja conhecida.
• Ou do mesmo modo se conhece o diâmetro de uma barra que
endurece no centro num meio de resfriamento padronizado, tal
diâmetro pode ser convertido no valor do diâmetro ideal para
exprimir a temperabilidade.
Severidade de resfriamento ou de têmpera –
Diâmetro ideal
• O gráfico permite, conhecida a
severidade de resfriamento, do
meio, transformar os valores de
temperabilidade em termos de
diâmetro crítico em valores de
temperabilidade em termos de
diâmetro ideal.
• Por ex., para um aço com
Dc=1,2’’, resfriado num meio
H=0,4, correspondente ao
diâmetro ideal Di=2,6’’.
• É possível determinar o diâmetro de barras cilíndricas que podem
ser endurecidas sob diferentes condições de resfriamento com a
temperabilidade que ocasionou o diâmetro ideal de 2,6’’. Suponha –
se resfriamento em água sem agitação , com H=1; neste caso pode-
se obter o endurecimento em barra de cerca de 1,7’’ de diâmetro.

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