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IDENTIDADE E HISTÓRIA

DE PORTUGAL
9. Portugal oitocentista
9.1 - Invasões Napoleónicas
■ Após a carnificina e os delírios governamentais e sociais da
Revolução Francesa (1789) a França vai paulatinamente agregando-
se politicamente em torno da figura de napoleão (1799 – primeiro
cônsul; 1804 – imperador).

■ A esta ascensão política da França não correspondia à


preponderância no plano internacional que pertencia à Inglaterra.

■ Determinado a quebrar este poder anglo-saxónico, a França e a


Espanha fazem em 1801 um ultimato a Portugal para fechar os
seus portos aos navios ingleses.
D. Maria I
(1777-1816),
A Louca
Embora oficialmente
ainda fosse a rainha,
devido à demência já não
reinada efetivamente
delegando o poder desde
1792 no seu filho João.
D. João VI (1792-
1806-regência);
(1806-1826), o
Clemente
Filho segundo, foi provavelmente
um dos reis mais injustiçados na
historiografia portuguesa.
Vivendo e reinando num tempo de
mudança, a ele estão associado as
Invasões Francesas, a fuga para o
Brasil, a independência do Brasil e
a implantação do regime
constitucional em Portugal.
■ Dependente economicamente da Inglaterra e não
confiando na boa vontade dos seus adversários
Portugal encontra-se num dilema. No entanto a aliança
prevalece e Portugal é atacado.

■ Na Guerra das Laranjas, para além de perdas


económicas perdeu-se a praça de Olivença, fecharam-
se os portos aos navios ingleses e privilegiaram-se os
têxteis franceses (Paz de Badajoz).

■ Praticava-se uma política de neutralidade.


■ No entanto a rivalidade entre o Galo/Águia (França) e o Leão
(Inglaterra) mantinha-se e dela dependeria o futuro político
europeu e mundial.

■ A derrota francesa na batalha de Trafalgar (1805) eleva


definitivamente a Inglaterra a senhora do mares, remetendo a
França para o território continental.

■ Abertas as hostilidades económicas, em 1806 a França lança o


Bloqueio Continental aos países europeus.

■ Em 1807 é expedida a ordem de intimação para que Portugal


adira ao bloqueio, que não será aceite e precipitará a invasão.
O tratado de Fontainebleau, 1807
■ Tratado secreto que contemplava a conquista e partilha do território
português, assinado entre a Espanha e a França.

■ Artigo 1. — A província de Entre Douro e Minho, com a cidade do Porto, se


trespassará em plena propriedade e soberania para Sua Majestade o Rei da
Etrúria, com o título de Rei da Lusitânia Setentrional.
■ Artigo 2. — A província do Alentejo e o reino dos Algarves se trespassarão em
plena propriedade e soberania para o Príncipe da Paz (Manuel Godoy), para
serem por ele gozados, debaixo do título de Príncipe dos Algarves.
■ Artigo 3. — As províncias da Beira, Trás-os-Montes e Estremadura portuguesa,
ficarão por dispor até que haja uma paz, e então se disporá delas segundo as
circunstâncias, e segundo o que se concordar entre as duas partes
contratantes.
1ª invasão
Reunido o exército em Baiona, a
sua marcha atingirá Portugal a 17
de novembro de 1807, entrando o
Grand Armée pela Beira Baixa
comandados por Jean-Andoche
Junot.

Dia 21 atingem Abrantes;


Dia 28 ocupam Santarém;
Dia 29 a família real parte para o
Brasil. (Ficar a ver navios)
Fuga da família
real para o Brasil
Transferência de grande parte da
corte portuguesa para a colónia do
Brasil.

A capital foi igualmente transferida


de Lisboa para o Rio de Janeiro.

Pela 1º vez o rei de um país


europeu habitava
permanentemente fora da Europa.

Contribuirá decisivamente para a


separação das duas nações em
1822.
Se numa primeira fase, as tropas
francesas foram acolhidas com
estupefação e resignação pela
população e até com euforia
pelos maçons e adeptos de
França, lentamente esta
ocupação passou a ser
contestada.

Em 1808, após a colocação


bandeira tricolor no castelo de
São Jorge e o nome do
imperador passar a constar nos
documentos oficiais, está
lançada a resistência!
Aproveitando as
insurreições de 2 e 3 de
maio em Espanha, inicia-se
em Portugal uma revolta
popular por todo o país com
a consequente repressão
por parte das tropas
invasoras sobretudo pelo
seu comandante Henri-
Louis Loison (Ir para o
maneta).
Inicialmente destinado
à Corunha, o exército
inglês comandam por
Arthur Wellesley
avança para Sul em
direção ao Porto,
Mondego e Torres
Vedras.
É aqui que em 17 de
agosto 1808 tem lugar a
Batalha da Roliça e no dia
21 de agosto a batalha do
Vimeiro.

Com a derrota francesa


está finalizada a 1ª
Invasão tendo-se
assinado o armistício em
setembro na Convenção
de Sintra.
Bíblia dos Jerónimos, séc. XV Gabinete de Lisboa
Roliça Vimeiro
2ª invasão
Em 1809, o general Soult inicia a
2ª invasão francesa a partir da
Corunha.

Após violentas batalhas em


Chaves e Amarante, atinge o Porto
e as suas riquezas.

Assustados pelos rumores de


massacres a população precipita-
se para o lado de Gaia, dando-se o
episódio da ponte das Barcas.
Convento de São Francisco, Porto
■ De novo foi necessário recorrer ao apoio inglês. Chegaram
Beresford e de novo Wellesley.

■ A este exército juntaram-se mais uma vez a força popular.

■ Não tendo poderio militar e logístico para chegar a Lisboa,


Soult retira-se para a Galiza.

■ Finalizava a 2ª Invasão.
3ª invasão
Comandada pelo marechal
André Massena, tinha o
cognome de «Filho querido
da vitória».

Conquistada grande parte de


Europa central, faltava a
Napoleão os flancos do
continente para poder
finalmente derrotar a
Inglaterra.

Cerca de 65000 soldados.


■ Estudada a melhor estratégia para conquistar o país (no geral e
Lisboa em particular), decidiu-se uma entrada pelas Beiras.

■ Estacionado o exército em Ciudad Rodrigo, esta transformou-se


num gigantesco depósitos de víveres para a conquista de Almeida.

■ Uma bala perdida atingiu o paiol de pólvora destruindo grande


parte das suas muralhas e matando um número significativo dos
seus habitantes e soldados.

■ Estavam abertos os caminhos do Mondego e do Tejo.


■ Embora com um exército menor, os ingleses e portugueses eram
conhecedores do terrenos, contavam com tropas experimentadas
em batalhas anteriores para além das (ainda) incógnitas Linhas de
Torres.

■ No seu caminho para Coimbra, Massena sofreu o primeiro revés, a


derrota na Batalha do Buçaco que para além de deteriorar os
ânimos, saldou-se por perdas elevadas e atrasou o passo do
exército francês.

■ Após esta vitória decreta-se a evacuação das populações em


direção à capital, com ordens expressas de queimar tudo o que
não se conseguisse levar e que pudesse ser útil ao inimigo.
Novamente em marcha
pretendia-se a conquista de
Lisboa.
No entanto o exército francês
deparou-se com um conjunto
de fortes, postos de vigia e
posições favoráveis que
tornaram o seu avanço
impossível.
Ao fim de 4 semanas Massena
ordena a retirada do exército.
Estava concluída a tentativa de
conquista de Portugal por
Napoleão.
Linhas de Torres
■ Conjunto de aproximadamente 150 fortificações construídas entre
1809 e 1812 tendo em vista a proteção de Lisboa, composto por
três linhas defensoras.

■ Requereu o trabalho de milhares de operários e populares


constituindo-se um dos melhores e maiores exemplares de
arquitetura militar.

"O grande objetivo em Portugal é o domínio de Lisboa e do Tejo, e todas as medidas devem
ser dirigidas para esse objetivo. Existe um outro, também relacionado com aquele primeiro
objetivo, para o qual deveremos, igualmente, prestar atenção, a saber: o embarque das
tropas britânicas, em caso de revés“. Duque de Wellington
■ http://ensina.rtp.pt/artigo/linhas-de-torres/
■ http://ensina.rtp.pt/artigo/ir-pro-maneta-e-outras-historias-das-
invasoes-francesas/
■ http://ensina.rtp.pt/artigo/o-espolio-roubado-do-cabinet-de-
lisbonne/
■ http://ensina.rtp.pt/artigo/o-impacto-das-invasoes-francesas-em-
castelo-branco/
■ http://ensina.rtp.pt/artigo/quando-as-gentes-da-trofa-pararam-os-
franceses/
■ http://ensina.rtp.pt/artigo/primeira-invasao-francesa/
■ http://ensina.rtp.pt/artigo/a-batalha-do-vimeiro/
■ http://ensina.rtp.pt/artigo/a-entrada-de-junot-em-lisboa/
■ http://ensina.rtp.pt/artigo/a-segunda-invasao-francesa/
■ http://ensina.rtp.pt/artigo/monumento-recorda-o-desastre-da-
ponte-das-barcas/
■ http://ensina.rtp.pt/artigo/o-desastre-da-ponte-das-barcas/
■ http://ensina.rtp.pt/artigo/a-conquista-da-ponte-de-amarante/
■ http://ensina.rtp.pt/artigo/invasoes_marco_canaveses/
■ http://ensina.rtp.pt/artigo/recriacao-da-terceira-invasao-francesa/
■ http://ensina.rtp.pt/artigo/a-batalha-do-bucaco/
■ http://ensina.rtp.pt/artigo/redescobrir_linhas_torres/
■ http://ensina.rtp.pt/artigo/linhas-de-torres/
9.2 - A Monarquia Constitucional e o fim do
Antigo Regime: causas e consequências.
■ As invasões francesas não trouxeram apenas os soldados de
Napoleão a Portugal mas sobretudo as ideias da Revolução
Francesa (liberdade, igualdade e fraternidade).

■ Com o fim das Invasões e a derrota napoleónica na Batalha de


Waterloo o fantasma franco estava posto de parte tornava-se
urgente o regresso da família real do Brasil, não apenas para
normalizar a vida política e social do reino mas também para que
este deixasse de ser um protetorado inglês.

■ Assim em 1817 um grupo de oficiais liderados por Gomes Freire de


Andrade é denunciado e executado por tentar introduzir o
Liberalismo.
■ Entretanto formava-se no Porto um grupo secreto de resistência: o
Sinédrio. Era composto por vários burgueses portuenses tendo
como líder Manuel Fernandes Tomás.

■ Aproveitando a ida de Beresford ao Brasil e inspirados pela Revolta


de Cádis este grupo incita à revolução no dia 24 de agosto de
1820 implantando o Regime Liberal e acabando com o Antigo
Regime.

■ Juntando-se ao movimento lisboeta as duas juntas governativas


agregam-se na Junta Provisional do Supremo Governo do Reino.
Este ajuntamento
será o responsável
pelas Cortes de
1821 de onde sairá
por sua vez
Constituição Política
da Monarquia
Portuguesa de 1822
também designada
de Vintista.
■ No entanto a notícia da revolução do Porto apenas chegou à corte
no Rio de Janeiro em finais de 1820. Entre indecisões e conselhos,
decidiu o rei regressar a Portugal investido D. Pedro como regente
do Brasil.

■ Tendo embarcado em 22 de abril chega a Lisboa no dia 3 de julho


de 1821 onde jura a Constituição (ainda provisória).

■ No ano seguinte haveria de jurar a Constituição, ato que D. Carlota


Joaquina se recusou a fazer.
Reino Unido de
Portugal, Brasil
e Algarves
Criado em 1815 com a
elevação da antiga colónia
do Brasil na sequência das
Invasões Francesas, teve
apenas 2 reis – D. Maria I
e D. João VI – e uma
existência efémera –
1822.
Foi reconhecido por
Portugal em 1825.
A vinda do rei (D. João VI)
para Portugal, a não
aceitação das propostas dos
deputados brasileiros nas
Cortes de 1821, o receio de
regresso à condição de
colónia, a crise financeira e o
amor/identificação de D.
Pedro com esta terra – a sua
terra – levariam à sua
independência.

Grito de Ipiranga.
■ Embora tivesses aprovada, a Constituição não se moldava ao um
país eminentemente agrícola e atrasado socialmente.

■ Aproveitando este clima, D. Miguel – que encabeça o grupo


Absolutista – é o protagonista de duas revoltas que tinham como
finalidade acabar com sistema liberal e instituir o Antigo Regime –
Vila-Francada (1823) e a Abrilada (1824).

■ Em 1826 morre D. João e levanta-se o problema dinástico.


Impedido de governar
Brasil e Portugal, o filho
primogénito, D. Pedro
outorga a Carta
Constitucional –
constituição mais
moderada mas sem ter
sido aprovada pelas
Cortes – e renuncia a
coroa Lusitana na sua
filha Maria da Glória.
■ Esta casaria como seu tio (D. Miguel que regressaria de Viena) que
governaria como regente até à maioridade rainha, tendo de jurar
os princípios da Carta.

■ A 13 de Março de 1828, D. Miguel rompe com a jura, dissolve a


Câmara do deputados e deixa-se jurar como rei Absoluto.

■ Desta cisão resultará a Guerra Civil/Guerras Liberais (1828-34).


Guerra civil/Guerras Liberais
■ A entronização do Absolutistas instaurou em Portugal um clima de
repressão pelas ideias liberais.
■ Com todo o país a aderir à causa Absolutismo só a ilha Terceira
(Açores) se manteve firma no apoio aos Liberais.
■ Só em 1831 com a abdicação ao trono Brasileiro, D pedro de
envolveu afincadamente nos direitos da sua filha.
■ Depois de reunir um pequeno exército (cerca de 7000 homens)
desembarcou no Mindelo (Vila do Conde).
Entrincheirados
na cidade do
Porto, os
Liberais
conseguem
furar o cerco e
dirigem-se para
o Algarve
marchando de
seguida para
Lisboa.
Com o grosso das tropas
Miguelistas no Norte a
capital é tomada e o
regime Liberal novamente
instaurado.

A 29 de maio é assinado
o armistício em Évora-
monte e no dia seguinte
D. Miguel segue para o
exílio.
Após a Guerra Civil e instabilidade
política seguiu-se um período de
estabilização política – Rotativismo
– que foi acompanhado por uma
melhoria nas infraestruturas.

Identificado com a figura de Fontes


Pereira de Melo, a Regeneração ou
Fontismo (1851-68) tentou
aproximar o país das potencias
europeias.

Entre as suas medidas contam-se:


Ano Acontecimento
1852 Criação do ministério das obras públicas, comércio e indústria
1852 Reforma da pauta aduaneira e das alfândegas
1852 Introdução dos sistema métrico
1852 Estabelecimento do ensino industrial
1853 Introdução do selo postal
1855-57 Instalação do telégrafo em Portugal
1856 Inauguração do caminho de ferro entre Lisboa e o Carregado
1856 Introdução da máquina a vapor na indústria e na agricultura
1865 Exposição Universal no Porto
Criação de Liceus em todas as capitais de distrito
Melhoramento e construção de estradas
Melhoramento e construção de pontes
Melhoramentos dos portos e na navegabilidade dos rios
9.3 - Colonização e exploração em África
■ Perdido o domínio dos mares da Índia no século XVII e o Brasil em
1822, Portugal vira-se para África.

■ Inserida numa política internacional feita pelas potências


europeias (em especial pela Alemanha que como resultado da sua
unificação procurava ser reconhecido como uma potência colonial)
de busca por novas fontes de matérias primas, de mercados e
alianças.

■ Realizado em Berlim entre 1884/85, neste Congresso


participaram as grandes potências económicas e militares
europeias + EUA + Império Otomano e teve como objetivo a
demarcação de zonas de influência.
Mapa cor-de-rosa
■ Desde a década de 70 que a exploração africana ganhou um novo
incremento. Para tal foram realizadas várias expedições de
reconhecimento ao interior do continente.

■ Como resultado dessas explorações foi apresentado pela


Sociedade de Geografia de Lisboa em 1881 uma proposta de
ocupação de uma faixa de território que ligava as duas colónias –
Angola e Moçambique – e que se designou de Mapa cor-de-rosa.
No entanto este projeto colidia com as pretensões Britânicas de
estabelecer um caminho de ferro entre o Cairo e o Cabo
■ Após vários conflitos diplomáticos, em 11 de janeiro de 1890 a
Grã-Bretanha declara o Ultimatum a Portugal.
■ O recuo da diplomacia portuguesa perante o poderio Britânico
haveria de levantar pelo país uma onde de indignação que
conduzir ao Regicídio, ao golpe de 1891 e à República.
Guerra Junqueiro, Finis Pátria A Portuguesa
9.4 – O fim da Inquisição
■ Com a ascensão do Marquês de Pombal, a Inquisição tinha já sido
abolida como tribunal eclesiástico (1773) tendo-se transformado
por sua vez num tribunal de Estado seguindo os desígnios do
Despotismo Esclarecido e dos regimes Absolutistas.

■ Usado pelo Marquês e mais tarde pelo intendente Pina Manique


serviu intenções estatais como a proibição de livros e de ideias
(estrangeirados) exercendo um papel persecutório e censório em
completa oposição ao novo pensamento saído das Revoluções
Liberais (sobretudo a Americana e a Francesa) marcado pelo
individualismo e pelo livre arbítrio.

■ O seu fim foi decretado nas Cortes Constituintes de 1821.


Pina Manique Bocage
■ http://hemerotecadigital.cm-
lisboa.pt/EFEMERIDES/Junqueiro/OEscritor/FinisPatriae/FinisPatriae.pdf
■ http://ensina.rtp.pt/artigo/a-conferencia-de-berlim/
■ http://ensina.rtp.pt/artigo/ultimato-ingles/
■ http://ensina.rtp.pt/artigo/regicidio-em-lisboa-1908/
■ https://www.youtube.com/watch?v=X7qPcgjnfCE
■ https://www.youtube.com/watch?v=oLzj3fdTiwo
■ http://ensina.rtp.pt/artigo/breve-historia-da-inquisicao-em-portugal/
■ http://ensina.rtp.pt/artigo/fim-da-inquisicao-em-portugal/
■ http://ensina.rtp.pt/artigo/a-extincao-da-inquisicao-em-portugal/
■ http://ensina.rtp.pt/artigo/guerra-civil-liberais-absolutistas/
■ http://ensina.rtp.pt/artigo/as-constituicoes-da-monarquia-portuguesa/
■ http://ensina.rtp.pt/artigo/pina-manique/
■ http://ensina.rtp.pt/artigo/revolta-republicana-1891/

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