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Arte na Pré-História

Prof. Dr. Jorge Miklos


Curso: Licenciatura Plena em História
Disciplina: História Antiga – Oriente
1º Semestre de 2016
A Arte do Paleolítico
Superior
ESTRANHOS COMEÇOS
• As primeiras expressões era muito
simples.
• Consistiam em traços feitos nas
paredes de argila das cavernas ou das
“mãos em negativo”.
• Somente muito tempo depois de
dominarem a técnica das mãos em
negativo é que os artistas começaram
a pintar ou desenhar animais
Como trabalhavam os artistas
da pré-história
• Em suas pinturas usavam óxidos
minerais, ossos carbonizados, carvão,
vegetais e sangue de animais;
• Os elementos sólidos eram dissolvidos
na gordura dos animais;
• Utilizavam os dedos como pincel
• Utilizavam pincéis feitos de penas e
pelos.
“mãos em negativo”
• Técnica – “mãos em negativo”
• Após obter um pó colorido a partir da
trituração de rochas, os artistas
sopravam, através de um canudo, sobre a
mão pousada na parede da caverna
• A região em volta da mão ficava colorida
e a parte coberta não
• Assim, obtinha-se a silhueta da mão
como num filme negativo
Naturalismo
• A principal característica dos
desenhos da Pré-História (Paleolítico
Superior) é o NATURALISMO
• O artista pintava os seres do modo
como via de uma determinada
perspectiva, reproduzindo a natureza
tal qual sua vista captava
• RETRATAVA APENAS O QUE O
ARTISTA VE.
Que motivos levaram o ser humano do
Paleolítico a fazer essas pinturas?
• Essa arte era realizada por caçadores
• A pintura fazia parte de um processo
de magia pelo qual procurava-se
interferir no processo de captura do
animal
• O pintor caçador do paleolítico
supunha ter poder sobre o animal
desde que possuísse sua imagem
A mais famosa imagem de Lascaux é o chamado Bisonte Ferido, célebre
por ser uma das raríssimas representações da figura humana.
OS DESENHOS NÃO ERAM
REPRESENTAÇÕES DE
SERES, MAS OS PRÓPRIOS
SERES
“DUPLO”
Interpretação

As imagens de animais
temidos estão carregadas de
traços que revelam força e
movimento
Pinturas Rupestres
ALTAMIRA
ALTAMIRA
Pinturas Rupestres
CHAUVET
Pinturas Rupestres
CHAUVET
As imagens que
representam renas e
cavalos, os traços revelam
leveza e fragilidade
Pinturas Rupestres - CHAUVET
Pinturas Rupestres - CHAUVET
Pinturas Rupestres
COSQUER
Pinturas Rupestres
COSQUER
Pinturas Rupestres
GAUME
Pinturas Rupestres
LASCAUX
Pinturas Rupestres
LASCAUX
Pinturas Rupestres
Parque Nacional Serra da Capivara
Pinturas Rupestres
Parque Nacional Serra da Capivara
Pinturas Rupestres
Parque Nacional Serra da Capivara
http://www.culture.gouv.fr/culture/arcnat/chauvet/en/index.html
Gombrich lembra que a mesma
lógica que regeu a produção dessas
imagens ainda vigora.

Ele refere as festividades tribais nas


quais os nativos se vestem como
animais e executam danças rituais.

Segundo ele, o que fundamenta


esses atos é a crença de que isso
lhes dará poder sobre suas presas.
Podemos também pensar em
identidade com animais.

Os povos primitivos formavam clãs


em torno de símbolos de animais,
totens, como se tivessem parentesco
com eles.

Seriam seus protetores.


Haverá uma interessante
correspondência entre essas crenças
e, hoje, por exemplo, a relação
contemporânea de clubes esportivos
com animais?

No basquete dos Estados Unidos, há


times que têm nomes de animais:
Chicago Bulls, Atlanta Hawks e New
Orleans Hornets, por exemplo.
Clubes de futebol brasileiros também
se identificam com totens: o
Cruzeiro, de Belo Horizonte, é a
“Raposa”; na mesma cidade, o Clube
Atlético Mineiro é o “Galo”; o
Flamengo é o “Urubu”; o Palmeiras é
o “Porco”; o Sport Recife é o “Leão”,
o Santos é o “Peixe” etc.
Historicamente, há bons exemplos.

Os romanos cultuam a loba que teria


alimentado Rômulo e Reno.

O leão britânico e a águia


estadunidense são outros exemplos.
E mais: a imagem parecia ter um poder
mágico para os primeiros humanos.

Mas, a sociedade contemporânea não utiliza


o mesmo princípio?

Não é incomum ouvir dizer que uma imagem


vale mais do que mil palavras.

As roupas não servem para proporcionar


uma “boa imagem”?

Não se diz que “a aparência é tudo”?


Os objetos, para o consumidor, têm
poderes mágicos.

Um carro, por exemplo, confere


potência ao seu proprietário.

Determinadas marcas de cerveja


prometem transformar o homem num
“garanhão”.

Com certeza, não estamos tão distantes


assim dos tais “primitivos”.
A Deusa-Mãe
• A arqueologia registra que no
Paleolítico existiu uma religião
primitiva.
• Essa era baseada no culto à mulher
com a associação desta ao poder de
dar a vida.
• Foram descobertas, no abrigo de
rochas conchas, descritas como "o
portal por onde uma criança vem ao
mundo";
A Deusa Mãe
• Eram cobertas por um pigmento de
cor vermelho ocre, que simbolizava o
sangue, e estavam intimamente
ligadas ao ritual de adoração às
estatuetas femininas, que
evidenciavam a função da mulher no
período, a de procriar, com úteros
grandes, que se entende como
gravidez e seios também grandes,
evidenciando a amamentação.
Vênus Pré-Histórica
• Realizaram esculturas
• Ausência de figuras masculinas
• Predominam as figuras femininas
• Cabeça surgindo como prolongamento
do pescoço
• Seios Volumosos
• Ventre saltado
• Grandes nádegas
Vénus de
Willendorf
Vénus de Hohle
Fels
35000 anos
6cm; 33gr
achada Set 2008
Sudoeste da
Alemanha
Vénus de Lespugue
(Haute-Garonne);
Pirenéus franceses
Marfim; 14 cm; + 20 000
anos
Vénus Kostienki
c. 21 000 a. C.
Dama de Brassempouy
23 000 a. C.
Osso de mamute; 3,7 cm
1894
Vênus de
Laussel
A Arte do Neolítico
A Arte do Neolítico leva à escrita
• O ser humano se sedentariza
• Não precisa ter os sentidos do caçador
• A observação foi substituída pela
abstração e pela racionalização
• Abandono do estilo racionalista
• Surgimento de um estilo simplificador e
geometrizante
• Figuram sugerem mais do que
reproduzem os seres
A Arte do Neolítico
• Os temas mudaram
• Começam a desenhar a vida
coletiva, as atividades cotidianas
• Um novo problema
• Como dar ideia de movimento por
meio de uma imagem fixa?
Pinturas Rupestres
LASCAUX
Pinturas Rupestres
Parque Nacional Serra da Capivara
Pinturas Rupestres
Parque Nacional Serra da Capivara
Pinturas Rupestres
Parque Nacional Serra da Capivara
Pinturas Rupestres
Parque Nacional Serra da Capivara
Traços Simples
• A preocupação com o movimento fez com
que os artistas criassem figuras leves e
de pouca cor
• Com o tempo essas figuras foram se
reduzindo a traços e linhas muito
simples, mas que comunicavam algo para
quem as vida
• Desses desenhos irão surgir as primeiras
formas de escrita, a escrita pictórica que
consiste em representar seres e ideias
pelo desenho
Além de
desenhos e
pinturas,
produziram
cerâmicas que
revelam uma
preocupação
com a beleza e
não apenas
com a utilidade
do objeto.
As Primeiras Esculturas em Metal

• Fazer uma fôrma de barro


• Nela era despejada metal derretido
• O ferro era deixado dentro da fôrma de
barro até esfriar
• Depois de frio, a fôrma era quebrada
As primeiras esculturas em Metal
A técnica da cera perdida
• Construção de um modelo em cera
• Esse modelo era revestido com barro aquecido
• Com o calor do barro a cera derretia-se e
escorria por um orifício que era propositalmente
deixado na peça de cerâmica
• Obtinha-se assim um objeto oco
• Depois, por esse mesmo orifício preenchia-se o
objeto com metal fundido
• Quando estivesse frio e endurecido quebrava-se
o molde de barro
• Dentro dele estava a escultura de metal igual à
que o artista tinha moldado em cera.
Nuragues
• O homem do Neolítico abandonou
gradativamente as cavernas e passou
a construir as próprias moradias
• Nuragues
• Edificações em pedra, sem nenhuma
argamassa e, em forma de cone
truncado
Dolmens
• Consiste em duas ou mais
pedras fincadas verticalmente
no chão como se fossem
paredes e uma grande pedra
colocada horizontalmente
sobre elas parecendo um teto
Santuário de Stonehenge
Strickland conta que, na Idade
Média, havia a crença de que o
Stonehenge havia sido feito por
gigantes e havia também a versão
de que havia sido o mago Merlin o
autor da obra.
Tudo indica, porém, que foi obra de
homens e é um calendário
astronômico, um santuário.
O anel externo é formado por trilitos de
granito, formando portais.
Há outro anel de pedras verticais
menores e uma formação de pedras
em forma de ferradura, também de
trilitos.
Isolada, uma pedra marcando o local
onde o sol nasce no solstício de verão.
Santuário de Stonehenge
Santuário de Stonehenge
Monumento megalítico de Stonehenge (Inglaterra)
É impossível entender esses estranhos
começos se não procurarmos penetrar na
mente dos povos primitivos e descobrir qual
é o gênero de experiência que os faz pensar
em imagens como algo poderoso para ser
usado e não como algo bonito para se
contemplar. Não penso que seja realmente
difícil reavermos esse sentimento. Tudo o
que precisamos é sermos profundamente
honestos conosco e apurarmos se em nosso
próprio íntimo não se conserva também algo
do "primitivo". EM VEZ DE COMEÇARMOS
COM A ÉPOCA GLACIAL, PRINCIPIEMOS
POR NÓS MESMOS! (Ernst Hans Gombrich)
Referências
FRANCH, José Alcina. (coord.). Diccionario de Arqueología. Madrid: Alianza
Editorial, 1998.
GOMBRICH, Ernest H. História da Arte. São Paulo: LTC, 2000.
HAUSER, Arnaud. História Social da Arte e da Literatura. São Paulo: Martins
Fontes, 2003.
PESSIS, Anne‐Marie. Imagens da Pré‐História. Parque Nacional Serra da
Capivara São Paulo: FUMDHAM/PETROBRAS, 2003.
SANTIAGO, Janaina. Artes Visuais na Pré-história. São Paulo: Editora Sol,
2015.
SPENCER, Walner Barros. Lajedo de Soledade: Os grafismos sagrados dos
guardiões do cosmo. Tese de doutorado. Natal/RN: UFRN, 2004.

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