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Mulheres e Sistema de justiça

Pesquisas realizadas e em andamento

• MOYSES, J. F. Accesso à justiça para mulheres no Brasil: análise de decisões judiciais baseadas em
estereótipos do TJSP (Me/ FAPESP)
• SAMPAIO, M. F. Alimentos compensatórios e paridade. (FAPESP).
• KAHWAGE, T. Mulheres na magistratura do estado do Pará (Me/FAPESP).
• SEVERI, F. C. Políticas e institucionalidades em gênero no Sistema de justiça brasileiro. (AR/FAPESP).
• JESUS FILHO, J. Lei Maria da Penha e Sistema de justiça (Pos-doc).
• FIRMINO, I. F. C. Acesso à justiça em perspectiva interseccional. (Me) CAPES.
• NASCIMENTO, F. P. Violência doméstica e conquistas da Lei Maria da Penha (IC).
• LEMES, M. B. Políticas institucionais de democratização do sistema de justiça brasileiro (Mestrado-
FAPESP)
• CAVALCANTE, R. L. Segregação espacial urbana a partir da literatura caroliniana: como age um estado
racializado? (IC-FAPESP)
Lei Maria da Penha

Suporte para novas


institucionalidades, políticas e
compreensões relacionadas ao acesso
à justiça para as mulheres
Lei Maria da Penha
• Resultado de uma advocacy feminista de sucesso;
• Reconhece a violência doméstica como uma violação dos direitos
humanos;
• Insere no direito brasileiro a perspectiva interseccional de gênero
na análise do direito;
• Obriga todas as autoridades públicas a garantir uma prevenção
adequada, reparação, investigação e punição em casos de
violência doméstica contra mulheres;
• Foco nas políticas de prevenção e educação.
Campanha feminista pela Lei Maria da Penha
• Novos tipos de coalizões entre o campo feminista e o Estado

• Diversificação de vozes no feminismo, especialmente a partir de


feminismos antirracistas e os ligados às lutas urbanas pela reforma
agrária e pelo trabalho, contra a homofobia e contra a violência do
Estado

• As interações entre o campo feminista e o Estado se tornam mais


complexas: há uma aposta na criação de experiências de participação
formal em espaços públicos, favorecidas pela Constituição Federal de
1988.
LMP e Acesso à justiça
• Novas institucionalidades: Juizados/Varas especializadas; Núcleos
especializados e Coordenadorias dos TJs

• Novo desenho de acesso à justiça: rede de atendimento e rede de


enfrentamento

• Novos conceitos e abordagens: devida diligência, gênero e


atendimento integral
Projeto jurídico feminista
• Justiça social
• Radicalidade democrática
• Articulação entre mudanças nos domínios:
• estrutural,
• disciplinar,
• hegemônico e
• interpessoal
Acesso à justiça para mulheres em contextos de alta
vulnerabilidade de direitos humanos
Orçamento voltado à VDCM-SPM (milhões R$/ano)
300
CUP in Executive and Judicial Politics in Restorative Justice
250

200

150
Maria da Penha Law
100

50

0
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Autorizado SPM Executado SPM Autorizado VD/SPM Executado VD/SPM
Domesticação da Lei Maria da Penha
• Invisibilização do papel das lutas feministas no processo de criação da Lei
Maria da Penha;

• Enquadramento da lei como exclusivamente penal;

• Propostas de políticas judiciárias focadas em atividades terapêuticas e de


conciliação;

• Desmanche das políticas federais de atendimeto integral às mulheres;


Disputas do campo teórico feminista pela
interpretação da Lei
- Conceitos como intersetorialidade, interdisciplinaridade, transversalidade,
interseccionalidade, atenção integral e organização da rede têm sido
mobilizados com crescente frequência nos processos de disputa pela
interpretação e aplicação da LMP, em contraposição ao marco penal que
a lei inicialmente recebeu.

- Outras formas de violência com base no gênero, como feminicídio,


violência obstétrica, violência no nível universitário e racismo institucional
contra as mulheres, também emergem como uma expressão da
ampliação dos significados do Direito.

- Judicialização de políticas públicas em gênero.


Políticas e institucionalidades em
gênero no sistema de justiça
Políticas públicas
(TATAGIBA; ABERS, 2018)

• “Construídas mediante complexos processos ideacionais, experimentais e


relacionais”.
• Processos ideacionais - definem os problemas que devem merecer atenção
pública e as formas de solução desses problemas.
• Essas ideias surgem e se transformam por meio de experiências práticas ao
longo do tempo e em diferentes localidades e níveis. Tais experiências não
somente produzem informações “técnicas” sobre a adequação de uma
definição de problema ou sobre a viabilidade de uma solução, mas
também geram recursos e relacionamentos para defender e implementar
ideias específicas
• Dimensão relacional - na medida em que seus resultados dependem das
interações entre atores políticos e sociais estratégicos, em condições
institucionais e conjunturais dadas.
Políticas em gênero no sistema de justiça

Conjunto articulado de diretrizes, ações, mecanismos e estruturas


criadas pelo sistema de justiça brasileiro, que mobilizam recursos e
preveem estratégias de coordenação dos esforços entre os diversos
tribunais para a transversalidade de gênero no sistema de justiça.
Condições para o bom desenvolvimento das
políticas em gênero (BERGALLO; MORENO, 2017):
• A) Desenvolvimento de conhecimento e informação sobre os problemas e as
propostas;
• B) Criação de um discurso que legitime e difunda as propostas e que resulte
eficaz para gerar sensibilidades sociais sobre o tema;
• C) Capacidade de articular os intereses de atores sociais em torno do tema,
com as comunidades de profissionais, organizações etc para formar uma
coalizão defensora da política e neutralizar intereses contrários;
• D) Permeabilidade do aparato público e a remoção de resistências e inercias
das instituições para serem transformadas;
• E) desenvolvimento de capacidade para enfrentar problemas normativos,
financeiros, técnicos e de gestão para a difusão da política em questão
Mulheres nas carreiras jurídicas: análise
comparada
Pará: entrevista com 9
desembargadoras, 2 juízas
auxiliares e duas aposentadas.
Pará
São Paulo: entrevista com 2
juízas desembargadoras, duas
promotoras de justiça e análise
de documentos (decisões
judiciais).

São Paulo
Gênero 38% mulher
23% desembargadoras

Perfil do Idade
44% juízas substitutas
46 anos

Poder Naturalidade

Estado civil
Mais de ¼ de São Paulo.

80% casados

Judiciário Número de filhos 78% tem filhos,


74% das mulheres e 81% dos homens

brasileiro Raça, cor e etnia

Escolaridade dos
80% brancos, 18% negros (16,5% pardos e 1,6% pretos),
1,6% asiáticos e 11 indígenas.
51% com pai com Ensino superior complete e 42%
pais também com mãe com Ensino superior completo
Escolaridade de 92% tem esposo com Ensino superior completo
conjuges
Membros da 1/5 tem parentes na magistratura
familia na mesma
carreira
Religião 57,5% são catolicos, 12% são espíritas
TJPA
• Em 2014, mulheres eram 64% das
desembargadoras;

• TJPA teve a primeira mulher presidenta do


TJPA, em 1979;

• Em 15 anos, a maioria das presidências tem


sido presidida por mulheres;
Vencimento base inicial
30000

25000

Por que 20000

muitas 15000

mulheres? 10000

5000

0
1995 2000 2015
Pará São Paulo
• 7% são mulheres
TJSP • 57% delas vieram pela regra do 5o constitucional
• A primeira mulher desembargadora foi designada em 1997
TJSP – Des. Angélica Almeida
• Seu percentual de reuso de sentença é o mais baixo de sua
câmara
• O percentual de decisões contra a defesa é o menor na sua
câmara
• A maioria das decisões do TJSP que mencionam termos
como relações de gênero, direitos das mulheres, convenção
de Belém do Pará e discriminação baseada em gênero foi
feita em seus votos.
• Ela é a atual coordenadora da Coordenadoria Estadual
sobre Violência Doméstica contra as mulheres do TJSP
Como é possível fazer a diferença?
Diferenças não acontecem naturalmente com o aumento de mulheres na carreira
Condições para as mudanças acontecerem:
1. Oportunidade
2. Compromisso pessoal
3. Encorajamento ou suporte externo
4. Tolerância do corpo de profissionais interno em relação às diferenças, com apoio
ou suporte para a diversidade ou pluralidade.
Achados da pesquisa
1. Importancia do 5o constitucional
2. Necessidade de revisão do modelo de ingresso e preparação para o Judiciário
• SEVERI, Fabiana C. Lei Maria da Penha e o projeto jurídico feminista.
Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2018.
• TATAGIBA, Luciana; ABERS, Rebecca; SILVA, Marcelo. Movimentos
sociais e políticas públicas: ideias e experiências na construção de
modelos alternativos. In: PIRES, Roberto; LOTTA, Gabriela; OLIVEIRA,
Vanessa Elias (orgs.). Burocracia e Políticas Públicas no Brasil:
interseções analíticas. Brasília: Ipea/Enap, 2018, p. 105-138.
• BERGALLO, Paola; MORENO, A. (coord.) Hacia políticas judiciales de
género. Ciudad Autónoma de Buenos Aires : Editorial Jusbaires, 2017.
Obrigada
fabianaseveri@usp.br
jjesusfilho@usp.br

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