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TEORIA GERAL DOS RECURSOS E

PRINCÍPIOS
TEORIA GERAL DOS RECURSOS

Conceito: “é o remédio voluntário idôneo a ensejar, dentro do mesmo


processo, a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração
de decisão judicial que se impugna” (José Carlos Barbosa Moreira,
Comentários ao Código de Processo Civil, 11 ed., RJ. Forense, 2003).
TEORIA GERAL DOS RECURSOS

» desdobramento do direito de ação


Recurso
» sujeito às condições da ação

 legitimidade para recorrer (partes, MP ou terceiros): que sofreu


um prejuízo advindo da decisão que se pretende recorrer

 interesse de recorrer: binômio necessidade/utilidade do


provimento a ser dado no julgamento do recurso

Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro
prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem
jurídica.
Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão
sobre a relação jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de que
se afirme titular ou que possa discutir em juízo como substituto processual.
TEORIA GERAL DOS RECURSOS

Manifestações judiciais e decisões recorríveis


 sentenças/acórdãos
 decisões interlocutórias
 despachos de mero expediente
Art. 203.  Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões
interlocutórias e despachos.
§ 1o Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença
é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e
487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a
execução.
§ 2o Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que
não se enquadre no § 1o.
§ 3o São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no
processo, de ofício ou a requerimento da parte.
§ 4o Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória,
independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e
revistos pelo juiz quando necessário.
Motivação das Decisões Judiciais (art. 11, NCPC)
Art. 489. São elementos essenciais da sentença:
(...)
§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela
interlocutória, sentença ou acórdão, que:
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo,
sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo
concreto de sua incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes
de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem
identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso
sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente
invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em
julgamento ou a superação do entendimento.
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REMESSA NECESSÁRIA NÃO É RECURSO
Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo
tribunal, a sentença:
I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e
fundações de direito público;
II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal.
§ 1o Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no prazo legal, o juiz ordenará a remessa
dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o presidente do respectivo tribunal avocá-los-á.
§ 2o Em qualquer dos casos referidos no § 1o, o tribunal julgará a remessa necessária.
§ 3o Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito econômico obtido na causa
for de valor certo e líquido inferior a:
I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito público;
II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e
fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos Estados;
III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e fundações de
direito público.
§ 4o Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em:
I - súmula de tribunal superior;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento
de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de
competência;
IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio
ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa.

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TEORIA GERAL DOS RECURSOS

Decisões interlocutórias
– têm cunho decisório (juízo de valor)

– resolve questão incidente (não soluciona a lide)

– não contemplam as hipóteses dos arts. 485 e 487 do NCPC


TEORIA GERAL DOS RECURSOS

Atos meramente ordinatórios e despachos de mero


expediente
– não têm conteúdo decisório (juízo de valor)
• por isso podem ser realizados de ofício
• não cabe recurso

– servem apenas para promover a marcha processual

Art. 1.001.  Dos despachos não cabe recurso.


TEORIA GERAL DOS RECURSOS

– Espécies

total: impugnação de toda a decisão recorrida


parcial: impugnação de parte da decisão recorrida
Art. 1.002.  A decisão pode ser impugnada no todo ou em parte.

principal: é o recurso interposto tão logo a parte interessada


tenha ciência da decisão que lhe é prejudicial
adesivo: depende da interposição de recurso principal pela outra
parte
RECURSO ADESIVO

Art. 997.  Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e


com observância das exigências legais.
§ 1o Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer
deles poderá aderir o outro.
§ 2o O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente,
sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos requisitos de
admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo disposição legal diversa,
observado, ainda, o seguinte:
I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora
interposto, no prazo de que a parte dispõe para responder;
II - será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso
especial;
III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou
se for ele considerado inadmissível.
DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO?

 art. 5 º, LV da CF: princípio da ampla recorribilidade:


Art. 5 º. (…)
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados
em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios
e recursos a ela inerentes;
CARACTERÍSTICAS

• taxatividade
– art. 994 do NCPC não é restritivo

• unirrecorribilidade
– cada decisão comporta uma única espécie de recurso
» Recurso especial e extraordinário?
• Fungibilidade
– necessidade de dúvida objetiva
» decorrente de impasse legal (e não da falta de técnica do
profissional contratado pela Recorrente)
» afasta má-fé e erro grosseiro
» prazo adequado para o recurso correto
» prestigia o princípio da instrumentabilidade das formas
TEORIA GERAL DOS RECURSOS
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. PRINCÍPIO DA
INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS. INAPLICABILIDADE. ERRO
GROSSEIRO.
1. As hipóteses de cabimento de agravo de instrumento para o
Superior Tribunal de Justiça são as dos arts. 544 e 539, parágrafo
único, ambos do Código de Processo Civil.
2. Segundo orientação jurisprudencial desta Corte, os princípios
da fungibilidade e da instrumentalidade das formas só têm o
condão de amparar as situações em que haja dúvida objetiva
quanto ao recurso cabível na espécie, inexistência de erro
grosseiro e observância do prazo do recurso adequado.
3. Por se tratar de erro grosseiro e inescusável, inaplicável o princípio
da fungibilidade recursal. Precedentes.
4. Agravo de instrumento não conhecido.
(STJ; Ag no REsp 921.926/RS, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS
JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 04/08/2011, DJe 24/08/2011)
(g.n.).
CARACTERÍSTICA

• Vedação a reformatio in pejus


– recurso interposto delimita a atuação do Tribunal
» não pode agravar a situação do recorrente
» exceção: questões de ordem pública

• Liberdade para desistir ou renunciar

Art. 998.  O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do


recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso.
Parágrafo único.  A desistência do recurso não impede a análise de
questão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela
objeto de julgamento de recursos extraordinários ou especiais
repetitivos.
Art. 999. A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da
outra parte.
TEORIA GERAL DOS RECURSOS

PROCESSO CIVIL - PEDIDO DE DESISTÊNCIA DA AÇÃO FORMULADO APÓS A PROLAÇÃO DA


SENTENÇA - IMPOSSIBILIDADE - DISTINÇÃO DOS INSTITUTOS: DESISTÊNCIA DA AÇÃO,
DESISTÊNCIA DO RECURSO E RENÚNCIA.
1. A desistência da ação é instituto de natureza eminentemente processual, que possibilita a
extinção do processo, sem julgamento do mérito, até a prolação da sentença. Após a citação, o
pedido somente pode ser deferido com a anuência do réu ou, a critério do magistrado, se a parte
contrária deixar de anuir sem motivo justificado. A demanda poderá ser proposta novamente e se
existirem depósitos judiciais, estes poderão ser levantados pela parte autora. Antes da citação o
autor somente responde pelas despesas processuais e, tendo sido a mesma efetuada, deve arcar com os
honorários do advogado do réu.
2. A desistência do recurso, nos termos do art. 501 do CPC, independe da concordância do recorrido
ou dos litisconsortes e somente pode ser formulado até o julgamento do recurso. Neste caso, há
extinção do processo com julgamento do mérito, prevalecendo a decisão imediatamente anterior,
inclusive no que diz respeito a custas e honorários advocatícios.
3. A renúncia é ato privativo do autor, que pode ser exercido em qualquer tempo ou grau de
jurisdição, independentemente da anuência da parte contrária, ensejando a extinção do feito com
julgamento do mérito, o que impede a propositura de qualquer outra ação sobre o mesmo direito. É
instituto de natureza material, cujos efeitos equivalem aos da improcedência da ação e, às avessas, ao
reconhecimento do pedido pelo réu. Havendo depósitos judiciais, estes deverão ser convertidos em
renda da União. O autor deve arcar com as despesas processuais e honorários advocatícios, a serem
arbitrados de acordo com o art. 20, § 4º do CPC ("causas em que não houver condenação").
(...) (REsp 555139/CE, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 12/05/2005, DJ
13/06/2005, p. 240)
EFEITOS DOS RECURSOS

A) Obstativo: obstar o trânsito em julgado/preclusão recursal


» o que não impede que a decisão seja cumprida
» todos os recursos possuem esse efeito, inclusive ED

B) Devolutivo
» jurisdição recursal é uma extensão da jurisdição latu sensu
» uma vez provocado o Tribunal tem o dever de prestar
jurisdição
» recurso limita (extensão, mas não profundidade) o âmbito de
atuação do Tribunal
» tantum devolutum quantum appelatum
» consectário do princípio da inércia

C) Translativo
» É a aptidão que os recursos em geral têm de permitir ao órgão
ad quem examinar de ofício matérias de ordem pública,
conhecendo-as ainda que não integrem o objeto do recurso
(Marcus Vinicius Rios Gonçalves)
EFEITOS DOS RECURSOS

D) Suspensivo
– suspende os efeitos da decisão recorrida
– impede o cumprimento de sentença/execução provisória
– não restabelece os efeitos de tutelas de urgência anteriormente
concedidas

Regra geral (?): somente efeito devolutivo. Possibilidade ampla de efeito


suspensivo:

Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição


legal ou decisão judicial em sentido diverso.
Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por
decisão do relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de
dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a
probabilidade de provimento do recurso.
EFEITOS DOS RECURSOS

E) Substitutivo
– consiste em substituir a decisão recorrida no que tiver sido objeto de recurso
– a substituição é apenas da parte impugnada
– na hipótese de provimento do recurso para invalidação da decisão impugnada
(error in procedendo), não há que se falar em substituição da decisão
recorrida, mas sim em anulação ou cassação

F) Expansivo
– a aptidão de alguns recursos cuja eficácia pode ultrapassar os limites objetivos
ou subjetivos previamente estabelecidos pelo recorrente.
– Efeito expansivo subjetivo: recurso por apenas um dos litisconsórcio
– Efeito expansivo objetivo: quando há pedidos interdependentes, que mantêm
entre si relação de prejudicialidade. Ex. Se, em ação de investigação de
paternidade cumulada com alimentos, o réu recorrer contra a procedência do
pedido declaratório de paternidade, o acolhimento do recurso afetará também
a pretensão condenatória a alimentos.

G) Regressivo
Art. 1.013.  A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da
matéria impugnada.
§ 1o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal
todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que
não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo
impugnado.
§ 3o Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o
tribunal deve decidir desde logo o mérito quando:
I - reformar sentença fundada no art. 485;
II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com
os limites do pedido ou da causa de pedir;
III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em
que poderá julgá-lo;
IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.
§ 4o Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a
prescrição, o tribunal, se possível, julgará o mérito, examinando as
demais questões, sem determinar o retorno do processo ao juízo de
PREPARO RECURSAL
Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido
pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno,
sob pena de deserção.
§ 1o São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos
interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos
Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal.
§ 2o A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, implicará
deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no
prazo de 5 (cinco) dias.
§ 3o É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo em autos
eletrônicos.
§ 4o O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento do
preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu
advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção.
§ 5o É vedada a complementação se houver insuficiência parcial do preparo, inclusive porte de
remessa e de retorno, no recolhimento realizado na forma do § 4o.
§ 6o Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de deserção, por
decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo.
§ 7o O equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena
de deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar
o recorrente para sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias.
TEORIA GERAL DOS RECURSOS

• Tempestividade

Art. 1.003.
§ 5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo
para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15
(quinze) dias.
OBS
§ 4º Para aferição da tempestividade do recurso remetido
pelo correio, será considerada como data da interposição
a data da postagem.
§ 6º O recorrente comprovará a ocorrência de feriado
local no ato de interposição do recurso.
TEORIA GERAL DOS RECURSOS

STF
EMENTA
AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO SUBSCRITO POR ADVOGADO SEM
PROCURAÇÃO NOS AUTOS. RECURSO INEXISTENTE. AGRAVO IMPROVIDO.
I - A jurisprudência da Corte firmou-se no sentido de considerar inexistente o
recurso interposto por advogado sem procuração nos autos e de que não se
aplica a regra do art. 13 do CPC em sede extraordinária.
II - Agravo regimental improvido.
(AI 776736 AgR, Relator:  Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma,
julgado em 14/06/2011).

STJ
Súmula 115
Na instância especial é inexistente recurso interposto por advogado sem
procuração nos autos.
TEORIA GERAL DOS RECURSOS

• Irregularidades Formais

Art. 932.
Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o
recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias
ao recorrente para que seja sanado vício ou
complementada a documentação exigível.
JUÍZO DE MÉRITO

Mérito recursal: é a pretensão recursal, que pode ser a


de invalidação, reforma, integração ou esclarecimento

Causa de pedir:

•Error in procedendo: defeito da decisão, apto a invalidá-


la

•Error in judicando: consiste no equívoco do juiz

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