Você está na página 1de 10

GREGÓRIO DE MATOS

Precursor do Modernismo

Catarina Lemes
Larissa Leite
Caroline Pinagé
João Alves
Raissa Floriano
O Boca do Inferno

Gregório de Matos (1623 - 1696), baiano, se interessa em deixar a história social dos
seiscentos.

Formado em Coimbra, Portugal, escreve sobre a Bahia trazendo à luz o sistema


político corroendo as aparências por ela dadas. Alerta o povo para uma verdadeira
visão do que ocorre no clero, nos governos e no sistema comercial também.

Fazia parte de suas obras a expressão de uma ideologia social, ou seja, uma
sociedade perfeita, incorrupta. Em outras obras revela sua educação ibérico-jesuítica
oposta ao caráter demonstrado nas obras anteriormente comentadas agressivas e
rancorosas.

Em toda a sua poesia há jogos sonoros, rimas burlescas em algumas poesias com
versos autônomos, séries arbitrárias de tercetos, como as usadas por Dante em
“Divina Comédia”, por exemplo. Também é freqüente as antíteses, como veículo de
sátira, sons imitativos, metáforas, hipérbatos e outras modalidades conceptistas e
cultistas.
Situação Histórica

O século XVII europeu constitui época profundamente conturbada porque bifurcada


pela vivência de uma forte crise espiritual: de um lado, o racionalismo recém-triunfante
(Descartes, Newton, Leibnitz e Pascal). e de outro, o espírito da Contra-Reforma,
concretizado pela Inquisição e pelo aparato de dominação ideológico-religioso,
utilizado nas Colônias pela Península Ibérica. Daí a difícil convivência entre o
absolutismo contra-reformista dos domínios da Casa da Áustria e o modus vivendi
reformista e burguês característico da República das Províncias Unidas dos Países
Baixos.

O painel da ambivalência seiscentista vai estruturar-se, desta forma, num extremo,


pela submissão ao autoritarismo da fé e do poder político e, no outro, pelos
precursores ensaios de um interpretação mecanicista e científica dos fenômenos vitais,
a começar pela idéia cartesiana de um Deus __ não mais transcendência voluntarista,
mas, apenas, garantia do equilíbrio universal de imutáveis leis científicas.
Além da ocupação de Pernambuco (1630 - 1654), os
holandeses, desde 1624-25, realizam sucessivas investidas
contra Salvador, ocasionando constantes perturbações na vida
sócio-econômica da cidade, tanto pelo constante clima de tensão
e violência, quanto pela desorganização dos meios de produção,
resultante da destruição de inúmeros engenhos de cana e da
insegurança dos transportes e do comércio, por via marítima.

A partir da restauração portuguesa, a administração colonial


passa a ser cada vez mais controlada não só pela instituição do
Conselho Ultramarino (1642) - destinado a liberar sobre “todas
as matérias e negócios de qualquer qualidade que forem
tocando aos ditos Estados da Índia, Brasil” __ como também
pela fundação da Companhia Geral do Comércio do Estado do
Brasil (1649), ambas as medidas da iniciativa de D. João IV.
MOTE
MOTE
 Se de dous ff composta
está a nossa Bahia,
errada a ortografia
De dous ff se compõe
a grande dano está posta:
esta cidade a meu ver
eu quero fazer aposta,
um furtar, outro foder e quero um tostão perder,
que isso a há de preverter,
GLOSA se o furtar e o foder bem
não são os ff que tem
Recopilou-se o direito, Esta cidade a meu ver.
e quem o recopilou Provo a conjetura já
com dous ff o explicou prontamente como um brinco;
por estar feito, e bem feito: Bahia tem letras cinco
por bem Digesto, e Colheito que são BAHIA:
só com dous ff o expõe, logo ninguém me dirá
e assim quem os olhos põe que dous ff chega a ter,
pois nenhum contém sequer,
no trato, que aqui se encerra,
salvo se em boa verdade
há de dizer, que esta terra
são os ff da cidade
De dous ff se compõe. um furtar, outro foder.
 
Análise do Poema
Aspectos:

Formal;

Estilístico;

Fonético-Fonológico;

Morfossintático;

Semântico.
O porquê da escolha do poema
Por se tratar de um mote, que seria um recurso estilistico muito utilizado no
nordeste do Brasil, ser escrito com poucos versos, e por Gregório ter utilizado
deste recurso de forma desprendida de regras, o que nos remete à ruptura
com as regras gramaticais muito utilizada pelos Modernistas.

Outra característica em comum encontrada no poema escolhido para a


análise é o uso do tom irônico quanto à visão estrangeira, colocando esta
como ladra e pretensiosa diante da apropriação da cidade da Bahia.

O uso de palavras explicitas como furtar e foder, apesar de sua


interpretação no poema ser de ampla conotação, é um recurso comum
também aos modernistas. Apesar dos termos coloquiais, o escritor joga com
as palavras a ponta de torná-las dúbias.

Sem falar da escolha do tema que é uma crítica social , além de ser uma
denúncia implicita. Neste caso, Gregório se destaca das demais produções do
período barroco por tratar de um tema tão delicado que atingia ao clero à
nobreza em uma época que se o Teocentrismo está em evidência, bem como
o exagero e o cultismo.
Ode ao Burguês
Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,
o burguês-burguês!
A digestão bem-feita de São Paulo!
O homem-curva! o homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!

Eu insulto as aristocracias cautelosas!


Os barões lampiões! os condes Joões! os duques
zurros!
que vivem dentro de muros sem pulos;
e gemem sangues de alguns mil-réis fracos
para dizerem que as filhas da senhora falam o francês
e tocam os "Printemps" com as unhas!

Eu insulto o burguês-funesto!
O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!
Fora os que algarismam os amanhãs!
Olha a vida dos nossos setembros!
Fará Sol? Choverá? Arlequinal!
Mas à chuva dos rosais
o èxtase fará sempre Sol!
Morte à gordura!
Morte às adiposidades cerebrais!
Morte ao burguês-mensal!
ao burguês-cinema! ao burguês-tílburi!
Padaria Suissa! Morte viva ao Adriano!
"–Ai, filha, que te darei pelos teus anos?
–Um colar... –Conto e quinhentos!!!
Mas nós morremos de fome!“

Come! Come-te a ti mesmo, oh gelatina pasma!


Oh! purée de batatas morais!
Oh! cabelos nas ventas! oh! carecas!
Ódio aos temperamentos regulares!
Ódio aos relógios musculares! Morte à infâmia!
Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados!
Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,
sempiternamente as mesmices convencionais!
De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia!
Dois a dois! Primeira posição! Marcha!
Todos para a Central do meu rancor inebriante
Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!
Morte ao burguês de giolhos,
cheirando religião e que não crê em Deus!
Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
Ódio fundamento, sem perdão!

Fora! Fu! Fora o bom burgês!


Mário de Andrade
Análise do Poema
Aspectos:

Formal;

Estilístico;

Fonético-Fonológico;

Morfossintático;

Semântico.

Você também pode gostar