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Apocalípticos e

Integrados
Umberto Eco
Prefácio
• Apocalípticos e integrados: difusores de conceitos-fetiche
• Apocalípticos: cultura é distinção, portanto cultura de massa é
a anticultura.
• Porém, a cultura de massa é transitória?
• O aspecto trágico da pergunta
• Integrados: o otimismo na democracia da cultura de massa
• Porém, quem produz cultura de massa e para quê?
• O aspecto omisso da resposta
Nova questão
• “Mas até que ponto não nos encontramos ante duas faces de
um mesmo problema, e não representarão esses textos
apocalípticos o mais sofisticado produto oferecido ao consumo
de massa?” (p. 9)
• O consolo da crítica apocalíptica
• A recusa “aristocrática” e o ativismo “apolítico” do
ubermensch diante e na cultura de massa.
• “O universo das comunicações de massa é - reconheçamo-lo
ou não - o nosso universo; e se quisermos falar de valores, as
condições objetivas das comunicações são aquelas fornecidas
pela existência dos jornais, do rádio, da televisão, da música
reproduzida e reproduzível, das novas formas de comunicação
visual e auditiva.” (p. 11)
Antecedentes da cultura de massa
• Biblia pauperum: “adequação ao receptor médio”
• Gutemberg
• Os impressos populares
• Enfim, os jornais e a vida pública: os sistemas de
condicionamentos da indústria cultural se interpõem na
comunicação
• Isso afeta também a possibilidade de uma cultura do Espírito
não ser historicamente envolvida
• “Então está claro que a atitude do homem de cultura, ante essa
situação, deve ser a mesma de quem, ante o sistema de
condicianamentos "era do maquinismo industrial", não cogitou
de como voltar à natureza, mas perguntou a si mesmo em que
circunstâncias a relação do homem com o ciclo produtivo
reduz o homem ao sistema, e como Ihe cumpriria elaborar uma
nova imagem de homem em relação ao sistema de
condicionamentos; um homem não liberado da máquina, mas
livre em relação à máquina.” (p. 16.)
Roteiro metodológico
• 1- análise estrutural das mensagens de massa
• 2 – compreensão das diferentes formas de recepção das
mensagens a partir da diversidade de públicos
• 3- formulação de ações políticas a partir da pesquisa histórica
A industrial cultural como objeto de
pesquisa
• Estudo dos produtos e dos modos de consumo
• Contexto da cultura de massa: conquista pelas massas de
participação na vida política X perda de autonomia na
produção cultural pelo consumo de modelos baseados na
cultura da sociedade burguesa (?)
• E o aspirador de pó?
O mito do Superman
• Definição de mito: produção cônscia/incônscia de caráter
particular/geral/histórico de determinadas finalidades (sonho?)
• Dos símbolos objetivos ao subjetivos da modernidade
• Mitopoiética da cultura de massa: o objeto é a situação social e
o seu signo; não só o fim buscado, mas o significado mítico
dessa busca
• Quem produz as mitopoiéticas da cultura de massa?
Proposta
• “Em face, portanto, destas novas situações mitopoiéticas,
parece-nos que o processo a seguir deve ter duas qualidades: de
um lado, a pesquisa dos objetivos que a imagem encarna, do
que está depois da imagem; de outro, um processo de
desmistificação, que consiste em identificar o que está atrás da
imagem, e, portanto, não só as exigências incônscias que a
promoveram como também as exigências cônscias de uma
pedagogia paternalista, de uma persuasão oculta motivada por
fins econômicos determinados.” (p. 243)
O Mito do Superman
• O fenômeno das histórias em quadrinhos e seu boom
• O Superman: objetivação compensatória das frustrações de
poder do homem moderno
• O Superman como duplo: estratégia catártica
A estrutura do mito e a civilização do
romance
• Diferença do mito moderno aos da tradição: a narrativa do já
acontecido é substituída pela narrativa do que acontecerá
• Das personagens previsíveis do mito às tipificadas do romance
• “A personagem mitológica da estória em quadrinhos encontra-
se, pois, nesta singular situação: ela tem que ser um arquétipo,
a soma de determinadas aspirações coletivas, e, portanto, deve,
necessariamente., imobilizar-se numa fixidez emblemática que
a torne facilmente reconhecível (e é o que acontece com a
figura do Superman) ; mas, como é comerciada no âmbito de
uma produção "romanesca" para um público que consome
"romances", deve submeter-se àquele desenvolvimento
característico, como vimos, da personagem do romance.”
(p.251)
O enredo e o consumo da personagem
• O romance popular e a expectativa de peripécias
• Porém, o Superman tem adversários?
• As ações e o consumir-se nas ações: O Superman deve
permanecer inconsumível e, todavia, consumir-se como nós
• Como resolver o impasse?
O enredo e o consumo da personagem
• A solução: o tempo onírico das narrativas em oposição ao
tempo como causalidade
• Os coadjuvantes: Superboy, Superbaby, Super girl
• As estrtatégias: os imaginary e untold tales;
• “O Superman só se sustenta como mito se o leitor perder o
controle das relações temporais e renunciar a raciocinar com
base nelas, abandonando-se, assim, ao fluxo incontrolável das
estórias que lhe são contadas e mantendo-se na ilusão de um
contínuo presente.” (p. 260)
O Superman como modelo de
heterodireção
• O homem heterodirigido: as escolhas determinadas pelas
mensagens de massa
• Nessas circunstância a relação com a temporalidade se submete
aos projetos estabelecidos por outrem
• A temporalidade narrativa do Superman espelharia a
manutenção da estrutura política da sociedade
Defesa do esquema iterativo
• O prazer da iteração veiculado nas mensagens de massa
• A redundância na sociedade do folhetim e industrial
• As formas de consumo da redundância
Consciência civil e consciência política
• O poder dos super-heróis e sua escolha pelo bem
• O que é o Bem?
• O provincianismo do Superman: O mal como ameaça à
propriedade privada, o Bem como caridade
• “Bastaria essa simples equivalência para caracterizar o mundo
moral do Superman. Mas, de fato, o que se vê é que o
Superman é constrangido a manter suas operações dentro do
âmbito de pequenas e infinitesimais modificações do fatual,
pelos mesmos motivos arrolados a propósito da estaticidade de
suas tramas: toda modificação geral impeliria o mundo, e
dentro dele o Superman, para o consumo.” (p. 271)

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