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Noção e Função dos Registos

1. Noção e Função dos Registo


O Direito é o objecto da justiça. No entanto, a justiça na virtude de
atribuir a cada um o seu direito. E para que os direitos sejam
legitimados, foram criadas instituições várias e especificas
vocacionadas a prática de registos dos actos, em vista a
salvaguarda dos direitos inerentes aos cidadãos.
As Conservatórias dos Registos e do Notariado, bem como
algumas conservatórias distritais ou postos são instituições ou
serviços criados onde os cidadãos podem exercer seus direitos de
registos, quer de nascimento, de casamento, de óbito, de
emancipação, de patrimónios móveis ou imóveis, de suas
actividades comerciais e tantos outros actos sujeitos a registo.
Os serviços notariais e de registos são encarregados, por definição
normativa, a exercerem funções públicas consistente em receber,
interpretar e dar forma legal à vontade das partes, redigindo os
instrumentos adequados a esse fim, bem como dedicar-se ao
assentamento de títulos de interesse privado ou público, para
garantir oponibilidade a todos os terceiros, com a publicidade que
lhes são inerentes.
É importante salientar quês estas instituições realizam suas
actividades á luz de instrumentos legalmente aprovados.
1.1. Breve Historial do Direito Notarial e de Registo
O Direito Notarial e Registral surgiram a partir da necessidade de
mediação nos relacionamentos sociais primitivos, a actividade
notarial é uma das mais remotas actividades jurídicas já
desempenhadas pelo ser humano. A crer em registos deixados
pelas civilizações longínquas, a referida actividade já era tradição
na Roma antiga, onde se dava de modo muito peculiar. Naquela
época e lugar, o notário (ou notarius, como era chamado) era
responsável pela realização de transcrições e registos de
julgamentos e de procedimentos judiciais.
A origem histórica dos serviços de notas e de registro vem de
longas datas, estando relacionada à natureza humana e sua
necessidade de perpetuar actos e fatos relevantes. Há registos
históricos de realização desses serviços já pelos povos do Egipto.
Coube a Justiniano I, imperador bizantino (527-565) e unificador
do Império romano cristão, a transformação da rudimentar
actividade tabelião em profissão regulamentada.
Por muito tempo não existiu qualquer regulamentação para a
actividade. Apenas no Século XIX surgiram as primeiras leis
estabelecendo a necessidade de requisitos para o exercício da
profissão.
Uma das principais características da actividade notarial, que
reflecte inclusive um dos seus alicerces, é a segurança jurídica
proporcionada pela participação do tabelião, profissional do
Direito, isento e detentor de fé pública.
Conforme anteriormente referido, o Poder Público delega ao
tabelião o exercício de uma actividade pública. Trata-se, portanto,
de uma função que seria do Estado por dizer respeito a interesses
de toda uma colectividade – e isso a qualifica como função
pública –, mas que acaba sendo repassada ao notário.
1.3. Princípios de actuação da Administração Pública
No que tange aos princípios da actuação da administração pública
(Capitulo II do Decreto nº. 30/2001, de 15 de Outubro) na qual as
conservatórias estão abrangidas, destacam-se as seguintes:
 Princípio da Legalidade;
 Princípio da prossecução do interesse pública e protecção dos
direitos e interesses dos cidadãos;
 Princípio da justiça e da imparcialidade;
 Princípio da transparência da Administração Pública;
 Princípio da colaboração da Administração com os particulares;
 Princípio da participação dos particulares;
 Princípio da Decisão;
 Princípio da celeridade do procedimento administrativo;
 Princípio da fundamentação dos actos administrativos;
 Princípio da responsabilidade da Administração Pública; e
 Princípio da igualdade e da proporcionalidade.
1.4. Garantias dos Particulares
No entanto, constituem garantia dos direitos das pessoas singulares
ou colectivas as seguintes:
 O requerimento;
 A reclamação;
 O recurso hierárquico;
 O recurso tutelar;
 O recurso da Revisão;
 O recurso contencioso.
O registo elaborado de acordo com as disposições dos Códigos têm
valor pleno e constitui prova suficiente da existência dos factos, o
qual só pode ser contrariado por sentença transitada em julgado,
proferida em acções de estado ou de registo.
Os factos registados não podem ser impugnados em juízo, sem que
seja pedido o cancelamento ou a rectificação dos registos
correspondentes.
O documento notarial actual tem características de autenticidade,
correição e exactidão. E os documentos lavrados pelo notário, ou
em que ele intervém, podem ser autênticos ou autenticados, ou ter
apenas o reconhecimento notarial.
Um dos princípios que rege a actividade notarial e registral é a fé
pública. A fé pública é atribuída constitucionalmente ao notário e
registador, que actuam como representantes do Estado na sua
actividade profissional. Atribuída por lei, a fé pública é uma forma
de declarar que um acto ou documento está conforme os padrões
legais, permitindo que as partes tenham segurança quanto a sua
validade, até prova em contrário.
A fé pública afirma a certeza e a verdade dos assentamentos que o
notário e oficial de registo pratiquem e das certidões que expeçam
nessa condição, (publicidade, autenticidade, segurança e eficácia
dos atos jurídicos). Ela constitui um dos princípios basilares do
direito notarial.
O princípio da fé pública não só garante a legalidade de uma
relação jurídica como também dá validade e segurança a esta
relação prevenindo o conflito e a litigiosidade.
Por:
Ésio Cebola Alguineiro Magaio

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