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Departamento de Engenharia Civil e Ambiental

Faculdade de Tecnologia
Universidade de Brasília

MÓDULO
CÁLCULO DE FLECHAS

Método Bilinear
e
Método dos Coeficientes Globais

Prof. Dr. PAULO CHAVES de Rezende Martins


profpaulochaves@gmail.com cel.: xx.55.61.8175-6668

PCRM2017 - CP- GRAD 1


Modelos conforme o Boletim 158-E do CEB

PCRM2017 - CP- GRAD 2


PCRM2017 - CP- GRAD 3
PCRM2017 - CP- GRAD 4
PCRM2017 - CP- GRAD 5
PCRM2017 - CP- GRAD 6
PCRM2017 - CP- GRAD 7
PCRM2017 - CP- GRAD 8
PCRM2017 - CP- GRAD 9
PCRM2017 - CP- GRAD 10
PCRM2017 - CP- GRAD 11
PCRM2017 - CP- GRAD 12
PCRM2017 - CP- GRAD 13
Exemplos:
Exemplos 1 – viga biapoiada de concreto armado.

Figura 1 – Viga de C.A. - formas e armações

Cálcular a curvatura média na seção a meio-vão e a flecha


máxima, pelos métodos estudados para as diferentes
combinações de armadura da figura 1.
Dados do concreto:
Ecm = 30,5 GPa ; fct = 2,5 MPa ;  = 2,5 ; retração desprezada

O desenvolvimento será feito para a viga com a armadura


grifada em amarelo na figura 1 – ρ = 0,6% ; ρ’/ρ = 0,5 ; sob a
ação de uma carga g = 16,9 kN/m , igual à metade da carga
de ruptura da peça.

a) Cálculo da curvatura média:

Momento na seção central: M = g.l2/8 = 16,9x6,02/8 = 76,0 kNm


Curvatura de base:

PCRM2017 - CP- GRAD 14


α = Es / Ecm = 200/30,5 = 6,56 αρ = 6,56 x 0,6.10-2 = 0,04

Para usar as tabelas e gráficos do anexo 4, temos, como dados


de entrada necessários:
d/h = 0,9 ; d’/h = 0,1 ; αρ = 0,04 ; ρ’/ρ = 0,5 ;
χ. ≈ 0,8x2,5 = 2,0

Dos gráficos do anexo 4.3.2, obtemos os coeficientes de


correção k:
Ks1 = 0,91 ; K1 = 0,765 ; Ks2 = 4,0 ; K2 = 0,12

A curvatura em estádio I (limite inferior) vale:


t = 0:

t = ∞:

A curvatura em estádio II (limite superior) vale:


t = 0:

t = ∞:

O momento de fissuração vale:


Mr = Wc.fct = (0,3.0,52/6).2,5.103 = 31,25 kNm

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O coeficiente de repartição ζ = 1 – β1.β2.(Mr/M)2 vale:

Para t = 0: ζ = 1 – 1,0.1,0.(31,25/76,0)2 = 0,83

Para t = ∞: ζ = 1 – 1,0.0,5.(31,25/76,0)2 = 0,92

A curvatura média vale:

Para t = 0:

Para t = ∞:

b) Cálculo da flecha pelo método bilinear:

Flecha de base:

Para usar as tabelas e gráficos do anexo 4, temos os mesmos


dados de entrada usados na curvatura:
d/h = 0,9 ; d’/h = 0,1 ; αρ = 0,04 ; ρ’/ρ = 0,5 ;
χ. ≈ 0,8x2,5 = 2,0

Os coeficientes de correção k, tirados em 4.3.2, são, portanto,


os anteriormente obtidos:
Ks1 = 0,91 ; K1 = 0,765 ; Ks2 = 4,0 ; K2 = 0,12

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A flecha em estádio I (limite inferior) vale:
t = 0: a1 = ks1. ac = 0,91 x 3,0 = 2,7 mm

t = ∞: a1 = ks1.(1+k1.).ac = 0,91.(1+0,765x2,5).3,0 = 7,9 mm

A flecha em estádio II (limite superior) vale:


t = 0: a2 = ks2. ac = 4,0 x 3,0 = 12,0 mm

t = ∞: a2 = ks2.(1+k2.).ac = 4,0.(1+0,12x2,5).3,0 = 15,6 mm

O momento MD devido às cargas e o momento de


fissuração MrD , na seção determinante, valem:

MD = g.l2/8 = 16,9x6,02/8 = 76,0 kNm

MrD = Wc.fct = (0,3.0,52/6).2,5.103 = 31,25 kNm

O coeficiente de repartição, estendido à viga,


ζb = 1 – β1.β2.(MrD/MD) , vale:

Para t = 0: ζ = 1 – 1,0.1,0.(31,25/76,0) = 0,59

Para t = ∞: ζ = 1 – 1,0.0,5.(31,25/76,0) = 0,79

A flecha provável a = (1 - ζb).a1 + ζb. A2 , vale:

Para t = 0: a = (1 - 0,59).2,7 + 0,59 . 12,0 = 8,2 mm

Para t = ∞: a = (1 – 0,79).7,9 + 0,79 . 15,6 = 14,0 mm

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c) Cálculo da flecha pelo método dos coeficientes globais:
Os parâmetros da seção determinante são (os
mesmos anteriormente já obtidos):
j= 2,5 ; d/h = 0,9 ; αρ = 0,04 ; ρ’/ρ = 0,5

MrD/MD = 31,2/76,0 = 0,41

A flecha de base, já calculada, vale: ac = 3,0 mm

Utilizando esses dados nos gráficos do anexo 4.4, obtemos


os coeficientes globais de correção:

ko = 2,8 ; kt = 5,2 ; η = 0,92

Com esses valores obtemos a flecha provável:

Para t = 0: a = ko.ac = 2,8 x 3,0 = 8,4 mm

Para t = ∞: a = kt .ac = 0,92 x 5,2 x 3,0 = 14,4 mm

d) Cálculo exato da flecha, por integração, e comparação


entre os resultados dos diferentes métodos:

O cálculo “exato” da flecha foi feita por integração numérica


das curvaturas médias ao longo da viga, utilizando um
programa de computador, para as diferentes taxas de
armadura.
Os resultados desses cálculos para uma carga permanente
g = qu/2, estão resumidos no quadro comparativo a seguir:

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a (t = 0)

Método Método Método dos Flecha


g de
ρ ρ’/ρ (kN/
exato bilinear coef. globais
base
(%)
m)
(mm) (%) (mm) (%) (mm) (%) (mm)

0,3 0 8,9 4,2 100 3,8 90 3,8 90 1,6

0 10,0 100 8,2 82 8,4 84

0,6 0,25 16,9 10,0 100 8,2 82 8,4 84 3,0

0,5 9,9 100 8,2 83 8,4 85

0,9 0 25,0 12,1 100 10,6 88 10,6 88 4,4

a (t = ∞) para  = 2,5
0,3 0 8,9 10,9 100 11,2 103 11,0 101 5,6

0 16,2 100 15,0 93 15,6 96

0,6 0,25 16,9 15,5 100 14,4 93 15,0 97 10,5

0,5 14,9 100 14,0 94 14,4 96

0,9 0 25,0 19,2 100 18,5 96 18,6 97 15,4

Flecha limite pela NBR-6118: a = l/250 = 6000/250 = 24 mm,


que inclui efeitos imediatos e no tempo.

Conclusões:
Os dois métodos se equivalem em precisão;
A armadura de compressão tem pouca influência na flecha.

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VIGA SIMPLES

VIGA SIMPLES

Figura - Relação carga-flecha, exata e simplificada, para a viga


simples de C.A. com ρ = 0,6% e ρ’/ρ = 0,5.

PCRM2017 - CP- GRAD 20


Exemplo 4 – viga biapoiada em concreto protendido.
Seja a viga protendida indicada abaixo. As cargas permanente
e de ruptura são supostas similares às do exemplo 1, para ρ =
0,6% e ρ’/ρ = 0.
Deseja-se calcular a flecha a longo prazo para a carga
permanente g = qu/2 = 16,9 kN/m, com o uso da método dos
coeficientes globais.
Serão considerados dois níveis de protensão:
a) A protensão balanceia 80% da carga permanente;
b) A protensão balanceia 40% da carga permanente.

Figura 1 – viga protendida


Dados do problema:
Concreto: Ecm = 30,5 GPa ; fct = 2,5 MPa ;  = 2,5
Armadura de protensão: f0,1k = 1.600 MPa ;
σp0 = 0,85f0,1k = 1.360 Mpa
Os cabos são injetados após o esticamento.
Admite-se as perdas de protensão (no tempo) iguais a 15%.
Para simplificar, admite-se a força de protensão constante
no tempo e igual a P∞ .
Armadura passiva: fyk = 460 MPa
Momento último da viga: Mu = qu.l2/2 = 33,8.6,02/8 = 152 kNm
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a) Protensão calculada para balancear 80% da carga permanente:

Carga equivalente de protensão:


p = 0,8.g = 0,8.16,9 = 13,52 kN/m

Força de protensão em (t = 0) e (t = ∞) e tensão normal


média no concreto:
Protensão

Tensão no
concreto

Seção da armadura de protensão:


Asp = P0/σp0 = 357/1,36 = 262,5 mm2

ρp = Asp/(b.d) = 262,5/(300.450) = 0,194%

Momento de ruptura da seção a meio-vão:

Da expressão de Mu obtém-se a percentagem de armadura


passiva necessária:

=> As = 0

Apenas armadura mínima passiva é necessária.

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Grau mecânico de protensão vale, neste caso:

O momento de fissuração, para flexão composta, vale:

Mr = Wc . (fct + P∞ / Ac) = [0,3.0,52/6].{2,5.103 + 2,03. 103}

Mr = 56,6 kNm

O momento máximo de carga permanente, não-


balanceado pela protensão, vale:

MD = (g-p).l2 / 8 = 3,38.6,02/8 = 15,2 kNm < Mr

A peça, sob a ação da carga adicional à balanceada, não


fissurará, funcionando, pois, no Estádio I.

Assim, a flecha inicial, a0, será a de base (não há


armadura passiva prescrita):

O coeficiente global de correção de uma viga sem


armadura passiva é igual a (1+), ou seja, kt = 1+2,5 = 3,5

Decorre, pois, que a flecha final será:

at = η.kt.ac = 1,0.3,5.0,60 = 2,1 mm

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b) Protensão calculada para balancear 40% da carga permanente:

Carga equivalente de protensão:


p = 0,4.g = 0,4.16,9 = 6,76 kN/m

Força de protensão em (t = 0) e (t = ∞) e tensão normal


média no concreto:
Protensão

Tensão no
concreto

Seção da armadura de protensão:


Asp = P0/σp0 = 179/1,36 = 131,6 mm2

ρp = Asp/(b.d) = 131,6/(300.450) = 0,098%


Armadura passiva necessária:

As = ρs.b.d = 0,0025.300.450 = 337 mm2

Grau mecânico de protensão vale, neste caso:

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Momento de fissuração:
Mr = (0,3.0,52/6).(2,5.103 + 1,01. 103) = 43,8 kNm

O momento máximo de carga permanente, não-


balanceado pela protensão, vale:
MD = (g-p).l2 / 8 = 10,14.6,02/8 = 45,6 kNm > Mr

A peça, sob a ação da carga adicional à balanceada,


fissurará, funcionando, pois, em estado fissurado.

Assim, a flecha inicial, a0, não mais será a de base. Como


a armação de protensão não é pré-aderente, ela não é
considerada na taxa de armação para determinação dos
coeficientes de correção.

Então, ρ = ρs = 0,25%, o que implica que


αρ = (200/30,5).(0,25/100) = 0,016

Para Mr/Md = 0,96;  = 2,5; d/h = 0,9 e αρ = 0,016,


obtemos dos gráficos do anexo 4:
k0 = 1,25 ; kt = 7,5; η = 1,0
As flechas serão, então:
ac = 0,177.10-3.(g-p) = 0,177.10-3.10,14 = 1,79 mm

t = 0: a0 = k0.ac = 1,25. 1,79 = 2,24 mm

t = ∞: at = η.kt.ac = 1,0.7,5.1,79 = 13,4 mm

PCRM2017 - CP- GRAD 25


Quadro resumo comparativo das flechas finais:

Concreto
Concreto Protendido
Armado
p/g 0,8 0,4 0
λ 1,0 0,57 0
σc∞ (MPa) 2,03 1,01 0
ac (mm) 0,60 1,79 3,0
a0 (mm) 0,60 2,24 10,0
kt 3,5 7,5 5,2
at (mm) 2,1 13,4 15,5

Conclusões:
Do quadro acima, podemos concluir que diferentes
níveis de protensão podem produzir repercussões
maiores ou menores na redução as flechas.

Uma protensão bem calibrada pode reduzir muito a


flecha (neste caso a redução foi de sete vezes).

A impressão que fica é de que um nível de


protensão da ordem de 0,6 da carga
permanente já daria resultados satisfatórios
(comprovar com as contas).

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Exemplo 5: Laje em concreto armadp apoiada em vigas

9m

15 m

Laje retangular de 9,00m x 15,00m, apoiada em alvenaria,


suporta, além do seu peso, sobrecarga de 5,0 kN/m2.
Dados:
Concreto: fck = 35 MPa;
Armadura: Aço CA-50.
Coeficiente de fluência = 2,5

11,5
cm
23
7,4 1,0 cm
11,5 8,7 1,6
cm

2 cm

PCRM2017 - CP- GRAD 27


Carga Mg Mp Mg+0,3Mp Mg+Mp
Peso Mx 37,9
Próprio My 13,6
Mx 33,0
Acidental
My 11,8
Mx 47,8 70,9
Total
My 17,1 25,4

g = 25 x 0,23 = 5,75 kN/m2


p = 5,0 kN/m2
mx = 1/12,28 my = 1/34,24

Armaduras:
d = 0,19 m
Asx = 13,8 cm2 Φ 12,5mm @ 9 cm
Asy = 4,5 cm2 Φ 10,0mm @ 17 cm

Flechas – método dos coeficientes globais:

a 0 = K 0 . Ac at = η . Kt . ac

PCRM2017 - CP- GRAD 28


d/h = 19/23 = 0,83

α = Es/Ec = 210 / 29,5 = 7,1

Ecs = 0,89 x 5600 x (35)1/2 = 29,5 GPa

ρ = 13,8 / (100 . 19) = 0,0073 ρ’ = 0,0


α. ρ = 7,1 . 0,0073 = 0,052

MrD = [(1,0*0,192)/6]*(2,25) = 13,5 kNm/m


MsD = 47,8 kNm/m

MrD/MsD = 0,28

Tabela 4.4 (1) K0 = 3,5 (interpolado entre 0,8 e 0,9)

Tabela 4.4 (4) η = 1,0 Kt = 6,0 (interpolado)

Flecha elástica:
Carga quase-permanente = 7,25 kN/m2
ac = 0,11*(7,25*94)/(29500*0,233) = 14,6 mm

Flechas estimadas:
a0 = K0 . ac = 3,5*14,6 = 51 mm
at = η . Kt . Ac = 1,0*6,0*14,6 = 88 mm

flecha limite = l/250 = 9000/250 = 36 mm

PCRM2017 - CP- GRAD 29


Exemplo 5: Laje protendida apoiada em vigas

9m

15 m

Laje retangular de 9,00m x 15,00m, apoiada em alvenaria,


suporta, além do seu peso, sobrecarga de 5,0 kN/m2.
Dados:
Concreto: fck = 35 MPa;
Monocordoalha: CP190 - 15,2mm; Ap = 140 mm2 ;
ext = 19 mm (bainha)
fp = 1160 MPa (tensão efetiva mínima final).

11,5 cm

23
4,65 1,9 cm
11,5 cm 6,55 1,9

4 cm

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Carga a balancear = 0,8 do peso próprio
wb = 25x0,23x0,8 = 4,60 kN/m2
carga não-balanceada = (5,75x0,2) + 5,0 = 6,15 kN/m2

Força de protensão na direção de menor solicitação (y),


considerando que a tensão média será de 1,0 MPa:

Py ≡ h = 0,23 MN/m = 230 kN/m

A força efetiva na menor direção (mais solicitada) se


obtém da equação:
(8.Px.0,0655)/92 + (8.230.0,0465)/152 = 4,60

Px = 652 kN/m

Escolha da cablagem: CP190 -  15,2 mm

Direção X: nx = 652/(1160x0,140) = 4,02 cordoalhas/m


Direção Y: ny = 230/(1160x0,140) = 1,42 cordoalhas/m

Adotado:
direção X: 4 cordoalhas/m (1 cordoalha @ 25 cm)

2 cordoalhas/m (acréscimo excessivo)


direção Y: ou
1 cordoalha @ 70 cm (solução mais
econômica)

PCRM2017 - CP- GRAD 31


Tensões sob carga balanceada:
Neste caso só persistem as tensões médias de protensão, já
que as de flexão se anulam:
σpx = Px/Ac = 0,652/(1,00x0,23) = 2,83 MPa
σpy = Py/Ac = 0,230/(1,00x0,23) = 1,00 MPa

Momentos devidos à carga desbalanceada:


q = 6,15 kN/m2
MXk = q.lx2 / mx = 6,15x92 / 12,28 = 40,6 kNm/m
Myk = q.lx2 / my = 6,15x92 / 34,24 = 14,5 kNm/m

Tensões devidas à flexão da carga desbalanceada:


σmx = Mx/Wx = ± 0,0406x6/(1,00x0,232) = ± 4,60 MPa
σmy = My/Wy = ± 0,0145x6/(1,00x0,232) = ± 1,64 MPa

Tensões totais para carga + protensão mínima:


σxsup = 2,83 + 4,60 = 7,43 MPa
σxinf = 2,83 – 4,60 = -1,77 MPa
σysup = 1,00 + 1,64 = 2,64 MPa
σyinf = 1,00 – 1,64 = -0,64 MPa

As tensões se enquadram dentro de limites desejáveis.


As flechas podem ser calculadas para a seção homogênea, já
que não há indicação de fissuração. Devem ser calculadas no
tempo, para a parcela do peso próprio não-balanceada, e
para carga instantânea, para a sobrecarga acidental.

PCRM2017 - CP- GRAD 32


Exemplo 6: Laje cogumelo em C.A.

Seja a laje cogumelo em concreto armado, cujas disposições


construtivas e armadura são as da figura 1. A espessura da
laje é de 28 cm e o cobrimento das barras é de 20mm, no
mínimo. A laje é suposta repousar sobre apoios simples
sobre a parede exterior. Admitamos que ela tenha sido
dimensionada para o ELU. Pede-se calcular a flecha do ponto
A, no centro de um vão de borda, que é determinante para
este exemplo, sob a ação de cargas permanentes que
admitimos iguais a:
Peso próprio da laje: 7,0 kN/m2
Peso revestimento (esp = 60mm): 1,4 kN/m2
Peso paredes: 0,8 kN/m2
30% da sobrecarga: 1,2 kN/m2
Carga permanente total: g = 10,4 kN/m2

Características do concreto:
Ecm = 30,5 GPa ; fct = 2,0 MPa ;  = 2,5 ; retração desprezada

Os valores dos momentos fletores e das flechas obtidos em


cálculo elástico estão indicados na tabela abaixo, segundo
as notações da figura 3.8.62.

Em certos casos, esses valores podem ser


facilmente obtidos com o auxílio de cálculo
fornecido no anexo 4.2.3.

PCRM2017 - CP- GRAD 33


ponto A B C D E F

mx/glx2 0,0293 0 0,0589 0,0149 0,0112 -0,2415


MOMENTOS
my/glx2 0,1058 0 -0,0727 0,1089 0,1155 -0,2687

Flecha ac (mm) 8,4 0 2,7 7,7 8,3 0

Painel de borda com a indicação dos pontos


de referência para o cálculo

PCRM2017 - CP- GRAD 34


Laje Cogumelo em
Concreto Armado

Forma e armação da laje cogumelo


PCRM2017 - CP- GRAD 35
Cálculo da flecha pelo método dos coeficientes globais e
segundo o procedimento descrito em 3.3.3 para as lajes:

a) Cálculo direto da flecha no meio do campo:

Flecha de base em A: ac = 8,4 mm (elástica linear , estrutura homogênea)

Seção determinante: ponto E, direção y (figura 1)

Momento determinante: mEy = 0,1155.10,4.7,22 = 62,3 kNm/m

Momento de fissuração: mr = Wc.(fct – N/Ac)


= (0,282/6).2,0.103 = 26,1 kNm/m

Relação mr / md = 26,1/62,3 = 0,42

Armação na seção e direção determinantes (pto. E):


Φ20 mm @ 200 mm
As = 1570 mm2/m
ρ = As/(b.d) = 1570/(103.250) = 0,63%

Como não há armação superior: ρ’ = 0 e ρ’/ρ = 0


α = Es / Ecm = 200/30,5 = 6,56 αρ ≈ 0,041

Os gráficos do anexo 4.4 fornecem, para d/h = 0,9; αρ ≈ 0,041;


mrD / mD = 0,42; ρ’/ρ = 0 e  = 2,5 , os valores:
k0 = 2,6 kt = 5,0 η = 1,0

instante tempo efeito da


inicial infinito A’s (compressão)
PCRM2017 - CP- GRAD 36
Flecha inicial: a0 = k0 . ac = 2,6 . 8,4 = 21,8 ≈ 22 mm

Flecha final: at = η.kt . ac = 1,0 . 5,0 . 8,4 = 42,0 mm

b) Cálculo da flecha pelo método das faixas cruzadas:

Figura: a) painel de borda com as faixas cruzadas


b) posição das armaduras.

Cálculo na primeira rede de faixas:


Esta rede se constitui de faixas de largura unitária que
seguem os momentos principais na direção do eixo X
(faixa de apoio F-C-G) e na direção do eixo Y (faixa C-A-B,
no interior do painel). A faixa H-B-J não se deforma pois a
parede é um apoio linear contínuo. F
aC
A G
aB (= 0)
aA
PCRM2017 - CP- GRAD 37
Flecha da faixa F-C-G:

Momento determinante:
mCx = 0,0589 . 10,4 . 7,22 = 31,8 kNm/m

Donde: mr /mD = 26,1/31,8 = 0,82

Armação na seção determinante: Φ14 mm @ 250 mm


As = 616 mm2/m
ρ = As/(b.d) = 616/(103.235) = 0,26%

Como não há armação superior: ρ’ = 0 e ρ’/ρ = 0


α = Es / Ecm = 200/30,5 = 6,56
αρ ≈ 0,017

Interpolando nos gráficos do anexo 4.4 para d/h – 0,8 e 0,9;


com αρ ≈ 0,017; mr /mD = 26,1/31,8 = 0,82 e  = 2,5 ,
temos:

k0 = (2,4 + 3,0)/2 ≈ 2,7 kt = (7,8 + 10,6)/2 ≈ 9,2 η = 1,0

Donde: aCx (t=0) = k0. acC = 2,7.2,7 = 7,3 mm


aCx (t=∞) = η.kt. acC = 1,0.9,2.2,7 = 24,8 mm

Flecha relativa da banda C-A-B:

Momento determinante:
mAy = 0,1058 . 10,4 . 7,22 = 57,0 kNm/m

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Donde: mrD /mD = 26,1/57,0 = 0,46

Armação na seção determinante: Φ16 mm @ 200 mm


As = 1010 mm2/m
ρ = As/(b.d) = 1010/(103.250) = 0,40%

Como não há armação superior: ρ’ = 0 e ρ’/ρ = 0


αρ = 6,56.0,40/100 ≈ 0,027

Dos gráficos do anexo 4.4 para d/h = 0,9 ; αρ = 0,027;


mr /mD = 0,46 e  = 2,5 , temos:

k0 = 3,5 kt = 6,6 η = 1,0

A flecha de base relativa de A, em relação a B e C, é igual a:

acAy = acA – (acB + acC )/2 = 8,4 – (0 + 2,7)/2 = 7,05 mm

Donde: aAy (t=0) = k0. acAy = 3,5.7,05 = 24,7 mm


aAy (t=∞) = η.kt. acAy = 1,0.6,6.7,05 = 46,5 mm

Do que se obtém, finalmente, a flecha do ponto A,


correspondente à primeira rede de faixas:
aA = (aBx + aCx )/2 + aAy

aA (t=0) = (0 + 7,3)/2 + 24,7 = 28,4 ≈ 28 mm


aA (t=∞) = (0 + 24,8)/2 + 46,5 = 58,9 ≈ 59 mm

PCRM2017 - CP- GRAD 39


Cálculo segundo a segunda rede de faixas:
a segunda rede, definida na figura, é constituída pelas faixas
de apoio F-D-H e G-E-J, segundo o eixo Y, e a faixa D-A-E, no
interior do painel, segundo o eixo X.

aD aE
aA

Seguindo os mesmos procedimentos de cálculo utilizados na


rede anterior, obtemos as flechas em A, correspondentes à
segunda rede de faixas:
a’A = (aDy + aEy )/2 + aAx

a’A (t=0) = (19,6 + 21,6)/2 + 0,4 = 21,0 mm


a’A (t=∞) = (38,5 + 41,5)/2 + 1,3 = 41,3 ≈ 41 mm

A flecha provável em A será, portanto, a média


entre as obtidas para as duas redes ortogonais:

aA (t=0) = (28 + 21)/2 = 24,5 ≈ 25 mm

aA (t=∞) = (59+ 41)/2 = 50 mm

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Podemos comparar os resultados dos dois métodos de
cálculo utilizados, como apresentados abaixo:

Método das faixas cruzadas (b)


Flecha Método
aA (mm) direto (a) 1ª rede 2ª rede Média
t=0 22 28 21 25
t = ∞ ( = 2,5) 42 59 41 50

Flecha limite NBR-6118: Flecha elástica


l/250 = 7200/250 = 28,8 mm ac = 8,4 mm

Neste exemplo, as flechas obtidas com a solução em


concreto armado são excessivas para os limites impostos
pela NBR6118.
Alterações deveriam ser feitas no projeto para adequá-las
a tais limites.
Uma delas poderia ser adotar a protensão, solução que
ficará a cargo dos alunos desenvolverem como exercício de
prática de curso.

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