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Teoria do Ordenamento Jurídico – Norberto

Bobbio
Capítulo 3

Prof. Doutorando Diego Mascarenhas


Capítulo 3 – A coerência do ordenamento jurídico

 Capítulo 3 – A coerência do ordenamento jurídico


 Para que o ordenamento jurídico seja constituído como unidade e como
sistema requer que as normas se componham por meio de uma relação de
coerência.
 Hans-Kelsen compreende que há dois tipos de sistemas no ordenamento
jurídico: estático e dinâmico.
a) O sistema estático = as normas se relacionam como um sistema
dedutivo. São deduzidas a partir de princípios gerais ou postulados,
conectadas entre si pelo seu conteúdo.
b) O sistema dinâmico = as normas se relacionam como um sistema
indutivo. Relacionam-se a partir de sucessivas delegações de poder, assim, a
relação entre as normas advém da autoridade que a positivou. Tendo em
vista que a norma deriva da autoridade inferior para a autoridade superior até
que seja alcançada uma autoridade suprema que subordina todas as normas.
Logo, a relação entre as normas no sistema dinâmico não é de cunho
material, mas de aspecto formal com a possibilidade de instituir conceitos de
maior generalidade.
Capítulo 3 – A coerência do ordenamento jurídico

 Para Bobbio, há um terceiro significado da palavra sistema na teoria


do Direito:
c) O sistema como compatibilidade = o sistema jurídico não tolera a
coexistência de incompatibilidade entre as normas. Sistema nesta
acepção equivale à validade do princípio jurídico para excluir do
ordenamento jurídico a norma incompatível. Nesse sentido, o Direito
não admite antinomias entre as normas.
 São duas condições para que haja antinomias:
a) Duas normas estabelecidas no mesmo ordenamento jurídico;
b) Duas normas com o mesmo âmbito de validade no ordenamento
jurídico.
Capítulo 3 – A coerência do ordenamento jurídico

 Critérios para dirimir as antinomias entre as normas:


a) Critério cronológico – lex posterior derogat legi
priori;
b) Critério da especialidade ou específico – lex
specialis derogat legi generali;
c) Critério hierárquico – lex superior derogat legi
inferior.
Capítulo 3 – A coerência do ordenamento jurídico

 Critérios para dirimir as antinomias de segundo grau:


a) Conflito entre critério hierárquico e cronológico – o conflito entre
norma anterior e superior e norma posterior e inferior. Se for adotado
hierárquico irá prevalecer à norma superior, mas se tomado como baliza o
critério cronológico, a lei mais antiga prevalecerá. Contudo, ao avaliar os
dois critérios ao mesmo tempo irá prevalecer o critério hierárquico, haja
vista que as normas superiores não podem ser ab-rogadas pelas normas
inferiores;
b) Conflito entre critério hierárquico e especial – o conflito entre norma
superior e geral e norma inferior e específica. A solução deverá ser
realizada pelo intérprete por meio da hermenêutica jurídica, pois se
privilegiar o critério hierárquico significa cercear a adaptação da
Constituição as novas realidades sociais.
Capítulo 3 – A coerência do ordenamento jurídico

c) Conflito entre critério da especialidade e cronológico – surge momento


que há conflito entre norma anterior-especial e norma posterior-geral. Se
for aplicado o critério da especificidade, privilegia o critério da norma
especifica, mas se for adotado o critério cronológico, prevalece à norma
mais antiga. No entanto, a lei geral sucessiva não exclui do ordenamento
jurídico a lei especial precedente, sobrepondo-se o critério da especialidade;

 O ordenamento deve ser coerente e a incompatibilidade entre as normas


devem ser sanadas. É o pré-requisito para haver justiça, tendo em vista
que se houver incompatibilidade entre duas normas válidas, ambas,
padecerão de falta de eficácia.

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