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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO

CENTRO DE ESTUDOS SUPERIOES – CESZD


CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS – LICENCIATURA

SISTEMA SENSORIAL
Docente: Lorran André Morais
Discentes: Deborah Almeida e Lucas Alencar
Introdução

 Para sobreviver, um organismo precisa reagir ao perigo e se aproveitar das oportunidades.

 Receptores sensoriais

Os receptores sensoriais são


órgãos especializados que respondem
a informações selecionadas e codificam
ou traduzem energias ambientais em
impulsos nervosos que são transmitidos
ao sistema nervoso central (SNC) por
meio de fibras aferentes
Percepção.

 Nossa visão do mundo é determinada, em parte, pelos tipos de informações que nossos
receptores sensoriais detectam e pela maneira como essa informação é processada.

 Nossa percepção do mundo é limitada ou


ampliada pela disponibilidade e
sensibilidade de nossos receptores
sensoriais.
 Os impulsos nervosos transportados por
nervos sensoriais são impulsos elétricos.

 Diferentes sensações resultam de


diferentes maneiras pelas quais o sistema
nervoso interpreta os sinais provenientes
de diferentes receptores sensoriais.

 A estimulação artificial do nervo auditivo é


percebida como som. A estimulação
artificial do nervo óptico é percebida como
luz. A pressão mecânica sobre o bulbo do
olho estimula o nervo óptico a enviar
impulsos elétricos para o cérebro.
Componentes de um órgão sensorial

 Os neurônios sensoriais são células nervosas especializadas na detecção e na


transmissão de informações sobre o ambiente externo ou interno.

Neurônios

O receptor sensorial atua como transdutor, um


aparelho que traduz uma forma de energia em outra.

A maioria dos receptores sensoriais traduz os


estímulos luminosos, mecânicos ou químicos em impulsos
elétricos.
Uma fibra nervosa sensorial com seus tecidos associados é denominada órgão
sensorial.

 Os órgãos sensoriais somáticos se referem aos órgãos da pele, da superfície


corporal e dos músculos esqueléticos.

 Os órgãos sensoriais viscerais são encontrados nas vísceras.

 Os exteroceptores recebem sensações provenientes do ambiente, enquanto os


interceptores respondem a sensações dos órgãos.

 O proprioceptor, um órgão sensorial localizado nos músculos estriados, nas


articulações e nos tendões, constitui um tipo especial de interoceptor.
Órgãos sensoriais gerais

Os receptores sensoriais gerais podem ser classificados em uma de três categorias


anatômicas: livres, encapsulados ou com terminações nervosas associadas.

Receptores sensoriais livres

 Quando a terminação de um  Os receptores sensoriais livres estão


prolongamento sensorial carece de principalmente relacionados com
qualquer associação especializada, é sensações interpretadas como
denominada terminação nervosa livre ou dolorosas, mas também podem ser
receptor sensorial livre. estimulados por extremos de calor ou
de frio.
Receptores sensoriais
encapsulados

Quando a terminação de um prolongamento nervoso está encerrada em uma estrutura


especializada, é denominada terminação nervosa encapsulada ou receptor sensorial
encapsulado.

 O corpúsculo de Meissner é uma terminação sensorial envolvida por células mesodérmicas,


que se localiza na derme logo abaixo da epiderme da pele e responde ao toque.

 O corpúsculo de Ruffini, que responde ao calor, e o bulbo terminal de Krause, que é


sensível ao frio, são outros receptores encapsulados que estão localizados na derme.

 Os corpúsculos de Pacini (corpúsculos de VaterPacini) estão localizados na pele, nas


articulações e nos tecidos profundos do corpo
 Quando a terminação de um
prolongamento sensorial está envolvida ao
redor de outro órgão, é denominada
terminação nervosa associada ou receptor
sensorial associado. Por exemplo, as
terminações nervosas estão associadas
com a base de um folículo piloso.
Figura. Receptores sensoriais gerais. Uma
terminação nervosa livre, receptores sensoriais
encapsulados (corpúsculos de Meissner e Pacini) e
um receptor sensorial associado de um folículo
piloso.
Propriocepção

 A propriocepção se baseia, em grande parte, na informação reunida por receptores


sensoriais associados, que estão localizados nos músculos, nos tendões e nas
articulações.

 Algumas fibras proprioceptivas provêm de corpúsculos de Pacini encapsulados


localizados em cápsulas articulares, porém a maioria se origina de dois tipos de
receptores associados: os fusos musculares e os órgãos tendíneos de Golgi.
Fusos musculares

 Nos músculos esqueléticos, a fibra muscular que


produz a principal força que move determinada
parte é a célula muscular extrafusal (fibra
muscular extrafusal).

 Os fusos musculares funcionam para manter o


tônus muscular. O músculo normal mantém uma
pequena quantidade de tensão, mesmo quando
está relaxado, um estado em que o músculo
possui tônus.

 A função sensorial das fibras musculares


intrafusais consiste em informar ao sistema
nervoso a taxa de mudança no comprimento das
fibras musculares extrafusais com as quais estão
associadas.
Órgãos sensoriais especiais

 Os órgãos sensoriais especiais normalmente são distribuídos de modo localizado, e


suas respostas estão restritas a estímulos específicos. Existem estímulos químicos,
eletromagnéticos, mecânicos e elétricos aos quais os órgãos sensoriais respondem.

Quimiorreceptores

 Os receptores sensoriais  O paladar e o olfato constituem os


sensíveis a estímulos sentidos quimiorreceptores mais
químicos são denominados familiares nos humanos, porém
quimiorreceptores, e as essa distinção é enganosa.
substâncias químicas às
quais respondem são os
odores.
Figura. Reflexo de estiramento. A. Quando a postura muda, ou quando se coloca uma carga sobre o corpo
de um animal, os fusos musculares são estirados, estimulando nervos associados a gerar impulsos
contínuos que seguem até a medula espinal (linha cheia). B. Esses impulsos percorrem fibras aferentes até
a medula espinal e fazem sinapse com neurônios motores que conduzem esses impulsos para músculos
extrafusais apropriados (linha tracejada), causando a sua contração. C. A contração muscular tende a
retificar o membro (seta aberta pequena) e a aliviar o estiramento do fuso muscular. Quando o fuso
muscular relaxa, os nervos sensoriais associados deixam de disparar, e a postura apropriada retorna.
Passagens nasais

 O sentido do olfato ou olfação envolve quimiorreceptores habitualmente localizados nas


passagens nasais. Anatomicamente, existem três componentes do circuito olfativo: o
epitélio olfativo, o bulbo olfativo e o trato olfativo.
 O epitélio olfativo consiste em uma
porção especializada de epitélio,
dentro da cavidade nasal, que coleta
substâncias químicas pertinentes da
corrente de ar.

 No grande bulbo olfativo residem


vários tipos de células, das quais a
mais importante é a célula mitral.

 Os axônios das células sensoriais


olfativas fazem sinapse com células
mitrais, as quais, por sua vez,
enviam seus axônios longos,
coletivamente denominados trato
olfativo, para o restante do cérebro
Figura. Bulbo e trato olfativos. O trato olfativo é uma extensão do cérebro, e não um nervo. A
extremidade desse trato está habitualmente expandida no bulbo olfativo, que recebe o nervo
olfativo curto (não mostrado) vindo do epitélio olfativo.
Filogenia

 Nos tetrápodes, o nariz está associado à respiração, porém primitivamente surgiu como
uma área olfativa. De fato, a projeção dos receptores olfativos para o pálio medial, uma
das primeiras regiões do cérebro, sugerem que o sistema olfativo é muito antigo.

Saco nasal, ducto nasolacrimal

 Nos tetrápodes e seus peixes ancestrais imediatos, denominados peixes com coanas, uma
pequena narina externa fornece acesso a cada passagem nasal. A parte posterior da
passagem nasal abrese na boca por meio da narina interna ou coana. Nos anfíbios, o saco
nasal aumenta entre as narinas, a partir das quais um recesso curto, o órgão vomeronasal
(de Jacobson), projeta-se.
Forma e função

 O sentido do olfato está habitualmente bem desenvolvido entre os peixes, porém é um dos
sentidos secundários nas aves, nos morcegos e nos primatas superiores, incluindo os
humanos. A informação olfativa é importante para os peixes que caçam ou que seguem um
gradiente químico.

Área vomeronasal

 O órgão vomeronasal, cujo nome deriva dos ossos que habitualmente alojam esse órgão
quimiossensorial, é conhecido apenas em alguns tetrápodes.

 O órgão vomeronasal é um sistema olfativo acessório. Inclui células basais, sustentaculares


e sensoriais bipolares, semelhantes àquelas encontradas no epitélio olfativo.
Boca

 O paladar, assim como a olfação, concentra-se


na detecção de estímulos químicos por
quimiorreceptores. Todavia, os
quimiorreceptores do paladar são papilas
gustativas localizadas na boca. Nos anfíbios,
nos répteis e nas aves, as papilas gustativas
ocorrem na boca e na faringe. Já as dos
mamíferos tendem a se distribuir por toda a
língua.

 Nos mamíferos, três nervos cranianos


separados enviam informação sensorial das
papilas gustativas para o sistema nervoso: os
nervos facial, vago e glossofaríngeo
 As células das papilas gustativas não têm axônios. Em seu lugar, fibras sensoriais
dos três nervos cranianos se entrelaçam ao redor desses três tipos de células e
estabelecem contatos especiais, semelhantes a sinapses, com as células
gustativas.
Receptores de radiação

 A radiação viaja em ondas, sendo que a radiação cósmica tem o menor comprimento de onda,
enquanto as ondas de rádio apresentam o maior. Essas, juntamente com os comprimentos de
onda intermediários, constituem o espectro eletromagnético.

 Os insetos, como as abelhas e as borboletas, podem ver a radiação ultravioleta (UV), assim
como muitos peixes, répteis e aves. A maioria dos mamíferos perdeu a capacidade de ver a luz
UV, exceto talvez alguns roedores.
Fotorreceptores

 Os fotorreceptores do olho são sensíveis à luz e incluem duas categorias específicas de


receptores sensíveis à luz: os bastonetes (sensores de baixos níveis de luz) e os cones
(sensores para cores).

Estrutura do olho.

 O olho dos mamíferos apresenta


três camadas: a esclerótica, a
coroide e a retina
Esclerótica

A esclerótica é a camada mais externa do olho.


Forma o “branco do olho” e consiste em uma
cápsula rígida de tecido conjuntivo à qual se fixam
os músculos oculares extrínsecos.

Coroide

A camada média do olho, a túnica vascular do bulbo


ou úvea, é composta de três partes. A coroide,
adjacente à retina, representa a maior parte. Ela é
pigmentada e, em virtude de sua alta
vascularização, proporciona suporte nutricional aos
tecidosoculares.
Retina
A camada mais interna do olho, a retina
fotossensível, é ela própria composta de três
camadas celulares.
Óptica

 O foco nos peixes depende de


mudanças na posição da lente dentro
do olho. Em contrapartida, nos
vertebrados terrestres – com exceção
das cobras, o foco depende de
mudanças no formato da lente.
Receptores de infravermelho

 A radiação infravermelha está logo à


direita da faixa visível de luz no
espectro eletromagnético. Alguns
vertebrados possuem órgãos
sensoriais especiais que respondem
à radiação infravermelha. Isso é
particularmente útil à noite, quando
a luz visível habitualmente não está
disponível.
Mecanorreceptores

 A detecção de correntes de água, a manutenção do equilíbrio e a audição de sons


podem ter a aparência de serem funções sensoriais diferentes. Contudo, todas se
baseiam em mecanorreceptores, isto é, células sensoriais que respondem a pequenas
mudanças na força mecânica.

Sistema de linha lateral

 O sistema de linha lateral é


encontrado na pele da maioria dos
ciclóstomos, de outros peixes e
anfíbios aquáticos, porém não é
conhecido nos vertebrados
terrestres, incluindo aves e
mamíferos aquáticos.
Aparelho vestibular

 O aparelho vestibular (labirinto


membranoso) é um órgão de equilíbrio,
que surge filogeneticamente a partir do
sistema de linha lateral. Está suspenso
no aparelho vestibular por tecido
conjuntivo frouxo.

 O aparelho vestibular contém canais


semicirculares e pelo menos dois
compartimentos ligados: o sáculo e o
utrículo.
 Existem receptores sensoriais  O receptor sensorial dentro do sáculo e do utrículo é a
dentro dos canais mácula ou o otólito receptor. Trata-se também de um
semicirculares, denominados órgão neuromasto modificado com células ciliadas e
cristas. cúpula gelatinosa; todavia, além disso, minúsculas
concreções minerais de carbonato de cálcio,
conhecidas como otocônios, estão imersas na
superfície da cúpula
Sistema auditivo

Ouvido externo

Canal acústico externo

Orifício externo

Anatomia do ouvido
Pavilhão auricular.

Ouvido médio

Tímpano

Cavidade do ouvido médio

Tuba de Eustáquio

Estribo
Funções do ouvido

Peixes

 O ouvido interno dos peixes é muito semelhante


ao dos tetrápodes.

 Nos peixes, a audição geralmente envolve o


sáculo e a lagena, embora algumas vezes
predomine uma das regiões.
Tetrápodes

 Os ouvidos adaptados para a audição em


ambiente aquático foram levados para um
ambiente aéreo durante a transição dos
vertebrados da água para a terra.

Anfíbios

 Existem dois receptores auditivos nos anfíbios: a


papila amphibiorum (papila dos anfíbios),
exclusiva dos anfíbios, e a papila basilar, um
possível precursor do órgão de Corti nos
amniotas. Ambas as papilas são órgãos
neuromastos especializados
Répteis

 Na maioria dos répteis, os sons propagados pelo ar vibram o tímpano. Isso provoca movimento
na extracolumela e no estribo, que transmitem essas vibrações para o ouvido interno
Figura. Audição nos répteis. A. Corte transversal através da cabeça de um réptil. B.
Aparelho vestibular de um lagarto. C. Corte através do ouvido de uma iguana, mostrando a
relação do tímpano, da extracolumela, do estribo e do ouvido interno.
Aves

 Como a lagena do ouvido


interno das aves é mais
longa em comparação com a
dos répteis, o suporte das
células ciliadas estendesse
por uma longa faixa
Mamíferos

 O pavilhão auricular é provavelmente uma invenção dos térios. Está ausente nos
monotremados, porém está presente nos mamíferos térios, exceto naqueles em que foi
perdido secundariamente, como nas toupeiras e nas baleias.
Evolução dos ossos do ouvido médio

Eletrorreceptores

Receptor ampular

Receptor tuberoso
Estrutura e filogenia
Células de cobertura

Células-tampão
 Os eletrorreceptores enviam impulsos espontâneos ao sistema nervoso central em um
ritmo regular.

 Alguns eletrorreceptores respondem muito rapidamente aos estímulos e são


estruturados para retransmitir rapidamente as informações ao sistema nervoso central.
Órgãos sensoriais especiais adicionais

 A radiação eletromagnética e os estímulos mecânicos e elétricos podem não constituir os


únicos tipos de informação aos quais os vertebrados são sensíveis. Por exemplo, as
tartarugas e as aves marinhas parecem utilizar, entre outros estímulos, a orientação do
campo magnético da Terra para navegar.
RESUMO

 Os órgãos sensoriais reúnem a informação sobre os ambientes interno e externo e a


codificam como sinais elétricos que alcançam o sistema nervoso central. Nossas
percepções conscientes baseiam-se nessa informação. Entretanto, o “paladar” que
experimentamos, os “sons” que ouvimos, as “cores” que vemos e a “dor” que sentimos
são eventos do cérebro, isto é, interpretações dessa informação codificada.
 Os órgãos sensoriais gerais estão amplamente distribuídos por todo o corpo. Estão
relacionados com as sensações externas e internas de toque, temperatura, pressão e
propriocepção.

 Os órgãos sensoriais especiais estão habitualmente localizados em sua distribuição e são


especializados para responder a estímulos específicos, principalmente energias ambientais
de radiação, químicas, mecânicas e elétricas.

 Vários receptores de radiação são especializados para responder a diferentes níveis de


energia no espectro eletromagnético.

 Os mecanorreceptores, baseados em um órgão neuromasto, são encontrados em uma


variedade de órgãos sensoriais especiais.
 Os eletrorreceptores são encontrados principalmente nos peixes, nos quais constituem
parte de um sistema de navegação e nos quais, em certas ocasiões, podem ser utilizados
na sinalização social.

 Cada órgão sensorial se projeta para seu próprio espaço no cérebro e está organizado em
um sistema hierárquico, de tal modo que a percepção é um processo progressivo.
REFERÊNCIA

Kardong, Kenneth V. Vertebrados: anatomia comparada, função e evolução /


Kenneth V. Kardong; tradução Claudia Lucia Caetano de Araujo, Idilia Vanzellotti, Patricia
Lydie Voeux. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.

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