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GEOLOGIA DA AGUA SUBTERRANEA

a distribuição dos aquíferos e aquitardos são


controlados pela:
 litologia,
 estratigrafia e
 estruturas das formações geológicas.
Litologia – trata da composição mineral, da distribuição de tamanho dos grãos e do
grau de compactação dos sedimentos ou rochas.

Estratigrafia – descreve as relações geométricas e cronológicas entre os vários


elementos constituintes do sistema geológico, tais como lentes, camadas e formação de
origem sedimentar. As discordâncias por exemplo, são características estratigráficas
especialmente importantes em hidrogeologia. Trata se de descontinuidades
estratigráficas, ou superfícies que reflectem a ocorrência de um intervalo de tempo
durante o qual a superfície das rochas existentes foi intemperizada, erodida ou afectado
pelos movimentos tectónicos. Essas discordâncias muitas vezes apresentam se como
superfícies que separam meios de permeabilidade diferente e por isso, frequentemente
estão associadas com a ocorrência de aquíferos.

 
Estruturas – diz respeito às características geométricas
produzidas no sistema geológico por deformação, após
deposição ou cristalização, como é o caso das juntas, fracturas,
falhas e dobras
 

O conhecimento da geologia de uma região, isto é, da sua


litoestratigráfica e estrutura, é o ponto de partida para a
compreensão da distribuição espacial dos aquíferos e aquitardos.
Água subterrânea em sedimentos não consolidados

A ocorrência de água subterrânea em


sedimentos pouco consolidados apresenta
muitas vantagens do ponto de vista do
aproveitamento. Por isso, sempre que possível,
a procura de água subterrânea em depósitos
desse tipo é prioritária. ‘
Razões
Dentre as razões principais que justificam essa prioridade,
mencionam-se:
Fácies de perfurar ou cavar, o que torna menos onerosos e rápidos.
São encontrados geralmente onde os níveis da água subterrânea se
apresentam pouco profundo, possibilitando o uso de bombas manuais.
Situam-se, frequentemente, em locais favoráveis à recarga a partir de
rios, lagos até mesmo, da infiltração da água de chuva. Por serem
pouco consolidados, esses depósitos, geralmente, possuem alta
capacidade de infiltração, maior porosidade efectiva e maior
permeabilidade do que as formações compactas.
Água subterrânea em rochas sedimentares

As rochas mais importantes como aquíferos são


aquelas que apresentam boa permeabilidade
(arenitos). As rochas pouco permeáveis, como
arenitos muito argilosos e siltitos, comportam se
como aquitardos, devido à sua baixa capacidade de
transmissão de água. Os argilitos e folhelhos, por
serem praticamente impermeáveis, classificam-se
como aquicludes
Rochas carbonaticas

Estas, ocorrem em forma de calcário e dolomítico.

A dolomite tem origem secundaria e resulta da alteração


geoquímica de calcite. Esta transformação mineralógica
produz um aumento na porosidade pq a cristalização da
dolomite ocupa cerca de13% menos espaços do que calcite.
A condutividade hidráulica primaria de calcários e dolomite
não fracturados é geralmente inferior, o que representa uma
medíocre capacidade de transmissão de água subterrânea.
Em geral, todas, as rochas carbonaticas apresentam
significativa condutividade hidráulica secundaria,
produzida por fracturas resultantes de movimentos
tectónicos, ao longo das quais a circulação de água
subterrânea atua dissolvendo a calcite e a dolomite.
Água subterrânea em rochas ígneas e metamórficas.

Porosidade e permeabilidade primária

Rochas ígneas e metamórficas não fracturadas possuem


porosidades praticamente nulas. Os vazios intercristalinos
condicionantes da porosidade são mínimos e não
interconectados, por esta razão, as permeabilidades primárias
dessas rochas, expressas como condutividade hidráulica, são
extremamente pequenas, o que equivale dizer que essas rochas
podem ser consideradas como impermeável no contexto dos
problemas de aproveitamento de água subterrânea.
Porosidade e permeabilidade secundariam

A ocorrência de fracturas das rochas ígneas e


metamórficas produzidas por variações nas
condições de tensão, verificadas durante os vários
episódios que marcaram a história geológica dessas
rochas Criam porosidade secundaria, responsável
pelo armazenamento e uma permeabilidade que
também se expressa como condutividade hidráulica,
responsável pela circulação da água subterrânea.
AGUA SUBTERRANEA EM ZONAS COSTEIRAS

O trabalho Hubbert (1940) despertou interesse em zonas costeiras


densamente povoadas e com grande demandas de agua, nas quais e
exploração de agua subterrânea resultou em intrusões salgadas.

A partir do conhecimento de que nos aquíferos costeiros existe uma


relação entre o fluxo de agua doce para o oceano e a extensão da zona
de intrusão salina para o interior do aquífero, o problema da intrusão
passou a ser encarado como uma questão de gerenciamento. Isso criou
uma necessidade de informações mais detalhadas e orientadas para a
gestão das explorações de aquíferos costeiros.
Surgiram assim, nos anos 1960, inúmeros trabalhos
teóricos experimentais, dentre os quais distinguem-
se a contribuição de Kashef (1967, 1968, 1972) que
segundo Llamas, 1983, apresenta uma revisão
detalhada da evolução dos conhecimentos sobre as
relações água doce – agua salgada em regiões
costeira
O Conceito de interface Marinha

O mar é o grande exutório das aguas continentais e, por isso,


nos aquíferos costeiros geralmente existe um gradiente
hidráulico condicionando um fluxo de agua doce do continente
para o oceano. A agua doce, menos densa e com peso especifico

γd e a agua salgada, mais densa e com peso especifico γs >γd,


são fluidos miscíveis, havendo entre eles uma zona de transicao
ou zona de mistura, condicionada pela dispersão hidrodinâmica.
nessa zona, a densidade da mistura é variável.
Forma e posição da interface

Geralmente os modelos de fluxo que tratam das relações agua doce salgada admitem a
hipótese de que existe uma interface separando esses dois fluidos, caracterizados por
densidades diferente conforme é ilustrado nos perfis a seguir, representando diversas
condições naturais, isto é de condições não influenciadas por bombeamentos.

Na ausência de bombeamentos, os aquíferos costeiros permanecem em estado de


equilíbrio com uma interface estacionária em um fluxo natural de agua doce, acima da
mesma, para o mar. em cada ponto da interface, a elevação (posição) e a declividade
são determinadas pelo potencial de agua doce e pelo gradiente hidráulica. A declividade
da superfície das aguas subterrâneas aumenta na direcção do oceano porque a secção de
aquífero disponível para o fluxo vai sendo reduzida pela presença da interface e, por
isso, a descarga especifica (velocidade de Darcy) tangente à interface, aumenta.
A massa de agua salgada que penetra nos aquíferos
costeiros apoiada na base dos mesmos e que avança
para o interior, de encontro à agua doce que escoa
para o mar, tem a forma de uma cunha, e por isso é
chamado de cunha salina, cuja extremidade, pé ou
ponta, define o alcance da penetração da agua
salgada no aquífero.
MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
A agua subterrânea pode mover-se pelos poros ou vazios
originais da rocha (porosidade primária) ou nas fissuras e
cavidades de dissolução, desenvolvidas opôs sua formação
(porosidade secundária)
A porosidade primária ocorre, geralmente ( exceptuando-
se em algumas rochas vulcânicas), nas rochas
sedimentares, dando origem aos equíferos porosos .A
porosidade secundária está associada aos chamados
meios anisotrópicos, originando o equífero fissural, no
caso de fracturas e fissuras em rochas cristalinas (ígneas e
metamórficas),e o equífero cárstico, no caso da dissolução
de rochas carbonáticas.
Ao nível microscópico o movimento da água
subterrânea em um meio poroso pode ser muito
complexo, devido a irregularidade dos poros e
canalículos através dos quais o fluido deve passar.
Nos primórdios da segunda metade do século XIX,
o francês Henry Darcy conseguiu demostrar,
através de uma serie de experiencias, que existe
uma relação entre o fluxo de água que atravessa
uma camada de área e o gradiente hidráulico. Daí
nasceu o conceito de condutividade hidráulica
como uma propriedade macroscópica do meio.
A partir daí, foi possível aplicar aos meios porosos os
princípios da hidrodinâmica, entre eles a equação da
continuidade, e estabelecer leis de carácter
macroscópico (aplicáveis a um elemento de volume
representativo) que tratam o meio como um
contínuo dotado de propriedades medias bem
definidas, envolvendo três parâmetros
fundamentais: porosidade, condutividade hidráulica
e coeficiente de armazenamento.
LEI DE DARCY

Em 1856,o Engenheiro hidráulico francês Henry


Darcy pesquisava o escoamento de água em filtros
de área, utilizando um dispositivo similar ao
mostrado esquematicamente a seguir. Darcy
concluiu, com suas pesquisas, que a vazão do
escoamento (volume por unidade de tempo)
apresentava as seguintes características:
.era proporcional a secção transversal (A) do
filtro;
.era proporcional a diferença de cargas
hidráulicas (h1 –h2 =Δh), entre os piezómetros
1e2
.era inversamente proporcional à distância (L)
entre os piezómetros 1 e 2
A fórmula de Darcy,pode então ser escrita
como:
Q = KA (h1 –h2)/L
Sendo K o coeficiente de proporcionalidade
chamado de condutibilidade hidráulico [L/T]
SINAL NEGATIVO NA LEI DE DARCY

O rigor, quando a carga hidráulica cresce ao longo de uma


direcção, dizemos o gradiente é positivo e quando a carga
hidráulica decresce ao longo de uma direcção, dizemos que
o gradiente é negativo.
O fluxo de água subterrânea ocorre saindo do local de
maior carga hidráulica para o local de menor carga
hidráulica, ou seja, dizemos que o movimento das
partículas de agua segue o sentido do gradiente negativo.
Por isso muitos textos mais avançados usam a expressão V
= -Ki, onde, i é o gradiente e o sinal negativo da expressão
indica que a velocidade tem sentido contrario ao gradiente.
CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA

O coeficiente de proporcionalidade K que aparece


na Lei de Darcy pode ser chamado de
condutividade hidráulica e leva em conta as
características do meio, incluindo porosidade,
tamanho, distribuição, forma e arranjo das
partículas, e das características do fluido que está
escoando (viscosidade e massa especifica).
A condutividade hidráulica depende das características do meio
poroso e das propriedades do fluido. Obviamente, um fluido
viscoso terá, no meio poroso, velocidade diferente da velocidade
da água, que tem baixa viscosidade. Alem disso, um líquido mais
denso terá características de escoamento diferentes de um líquido
menos denso. A condutividade hidráulica pode ser expressa em
função dos parâmetros do meio e do fluido da seguinte forma:
K = kρg/μ =kg/v
K – condutividade hidráulica (L/T)
K – permeabilidade intrínseca do meio poroso (L2)
μ – Viscosidade dinâmica ou viscosidade absoluta
ρ –a massa especifica do fluido
g – a aceleração de gravidade e
v – viscosidade cinemática = μ/ρ
. A condutividade hidráulica sob
temperaturas diferentes varia inversamente
com a viscosidade cinemática. Por tanto:
K = K15(v15/vT)
K15 – condutividade a 15,6oC
v15 – viscosidade cinemática a 15,6oC (=
1,141.10-6m2/s
vT viscosidade cinemática na temperatura
desejada.
A condutividade hidráulica pode ser expressa em
m/s ou cm/s, no entanto, muitos livros expressam
a condutividade hidráulica em Meinzer, ou seja,
numericamente igual à descarga em galões por
dia, através de uma área de um 1 pé quadrado
sob um gradiente unitário (1 pé/Pe.) ( 1 galão =
3,785 litros, e pé = 30,5cm).. a condutividade
hidráulica, em geral, pode ser determinada
através de formulas, métodos de laboratório ou
ensaios de campo
PERMEABILIDADE INTRÍNSECA

A permeabilidade intrínseca (k), chamada por alguns de


permeabilidade específica, é função do tipo do material
poroso, sua granulometria e sua disposição estrutural.
Normalmente, expressa k em cm2 ou em Darcy. 1 Darcy
=0,987x10-8cm2
Formula
K =Cd2
C – é um valor admensional que pode ser obtido
experimentalmente
d2 – é o diâmetro médio dos grãos de areia

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