Você está na página 1de 23

A Flor da Honestidade: O Conto

Essa histó ria se passa há muito, muito tempo,


durante o reinado de Itoku Tennô , o 40°
Imperador do Japã o (500 a. C.). Nessa época, o
país era conhecido como Império Yamato.
Por esse tempo, o soberano preocupava-se com o
casamento de seu herdeiro e as consequências no
futuro da nação. Pois, eram muitas as pretendentes,
assim como, muitos os ambiciosos em busca de uma
posição de destaque no reino.
Para tentar encontrar uma noiva que fosse confiável e
digna de tal posição, os conselheiros imperiais sugeriram
que o governante reunisse todas as possíveis jovens
para uma audiência no castelo, e lhes confiasse uma
tarefa que provasse o seu valor.
Entretanto, uma simples serva, secretamente
apaixonada pelo príncipe herdeiro, se apresentou
entre as nobres candidatas nos luxuosos
aposentos da Corte. Existem versões deste
poético e singelo conto sobre amor e fidelidade
em diferentes culturas ao redor do mundo.
Uma época de interruptos conflitos tornava
imprescindível a escolha certa para uma futura
imperatriz. Com isso, durante uma reunião entre os
conselheiros e o soberano de Yamato, ficou
estabelecido que deveriam testar todas as jovens
aspirantes a nobre e difícil posição.
Foi sugerido que o Imperador reunisse todas as
jovens e lhes conferisse uma tarefa que testasse
sua idoneidade e lealdade a família imperial. A
sugestão foi aceita, e um decreto foi anunciado
em todo reino convocando a futura noiva.
• Com o pronunciamento, a notícia logo se espalhou por
todo país. Dentro das paredes do palácio, uma
cozinheira que há muitos anos trabalhava no local,
ouvindo as instruções dos preparativos para a grande
audiência, ficou desolada – pois sua única e amada
filha tinha pelo príncipe um grande amor secreto, e
vivia sonhando com esse amor impossível.
Quando a filha soube da audiência, disse à mãe que
também iria participar, pois esta seria a grande
chance de sua vida. A pobre cozinheira ficou
desesperada, pois o decreto era destinado as jovens
de nobre linhagem.
—Que ideia maluca menina! Tire isso da cabeça,
mesmo que isso lhe represente muito sofrimento.
Sei o quanto gosta do jovem príncipe, mas sabe que
é inconcebível casar com ele, pois você é filha de
simples serviçais da corte.
—Sei disso minha mãe. Estou ciente de meu destino. Sei
que jamais poderei ser uma princesa, porém, sempre
sonhei em trocar estes trapos por um rico traje e me
apresentar ao lado do meu amado no salão principal.
Essa é minha única chance, por favor, mãe, ajude-me a
realizar essa fantasia e prometo que deixarei de
alimentar esse amor inatingível.
Depois que for escolhida a esposa do príncipe, juro que
vou trabalhar junto com a senhora na cozinha, e nunca
mais tocaremos nesse assunto.
velha cozinheira, tocada pelo sincero e impossível
amor de sua filha, considerou o pedido e resolveu
ajudá-la. Nessa época, havia um importante
funcionário da corte, chamado por todos de Debu-san
(Senhor Obeso), que era o encarregado pelas festas do
palácio e que diariamente visitava a cozinha para
beliscar as comidas, enquanto ali eram preparadas.
Durante uma visita rotineira, a cozinheira,
conversando com Debu-san, conseguiu que
emprestasse um traje apropriado para sua filha e a
promessa de que a ajudaria a se misturar entre as
jovens nobres no dia da audiência. Em troca desse
favor, prepararia todos os dias, um delicioso prato
especial para o guloso Debu-san. E assim, foi selado o
acordo.
Chegado o dia da audiência, trajada com rica
vestimenta, a jovem serva dirigiu-se para o
grande salão, onde já se encontravam as mais
lindas e nobres filhas vindas das mais distantes
províncias de todo Japão. Cada uma, ansiosa para
ser escolhida como a futura esposa imperial.
Quando o belo e jovem herdeiro adentrou ao salão
seguindo o Imperador, o coração da filha da cozinheira
disparou de emoção. Havia muitas princesas na
audiência, mas, após avistar a encantadora menina,
sem saber de sua real condição de serva, o príncipe
sentou-se bem próximo dela, o que a deixou
imensamente feliz. Até que, o porta-voz do imperador
anunciou:
— Sua Majestade, o Imperador de Yamato, mandou
distribuir para cada uma das jovens pretendentes, uma
semente de crisântemo e um vaso. A partir desta data,
exatamente em um ano, deverão retornar aqui com os
vasos plantados. Aquela que trouxer a mais bela e
vigorosa flor será escolhida esposa do príncipe
herdeiro; chamada de “Kiku” ( 菊 ), em japonês,
crisântemo é a flor símbolo da Família Imperial
Japonesa.
E, assim como as demais garotas, a filha da
cozinheira recebeu seu vaso e as sementes.

Logo na manhã seguinte, a jovem encheu o vaso de


terra e tratou de plantar a sua semente com muito
carinho. E, dia após dia, passou a regar e cuidar do
vaso, aguardando que a planta retribuísse florindo
na mesma extensão do seu amor. No entanto, o
tempo foi passando, e a semente, teimando em não
brotar.
Desesperada, a pobre menina procurou entre os
camponeses por jardineiros experientes, pedindo-
lhes conselhos. Muitos ensinaram-lhe diferentes
técnicas de cultivos. Porém, sem nenhum
resultado. Por fim, os meses se passaram e nada
cresceu. Até que, o tempo se esgotou.
Embora, a jovem serva não tivesse tido sucesso em seu
intento, decidiu seguir com seu desnutrido vaso para o
castelo. Apesar de tudo, acreditava a menina, esta seria
sua última oportunidade de estar ao lado de seu
amado.

No dia marcado, todas as nobres pretendentes se


apresentaram com seus floridos vasos de crisântemos
combinando com seus ricos trajes e joias. Cada jovem
princesa exibia sua linda flor.
Até que, finalmente, o Imperador e o Príncipe-
herdeiro foram anunciados no salão da corte.
Acompanhados por seus conselheiros,
aproximaram-se e, com cautela, estudaram
minuciosamente cada candidata com seus
respectivos vasos de flor.
Por fim, anunciaram o resultado. A noiva escolhida,
para surpresa de todos os presentes, foi a filha da
criada. Um burburinho em protesto explodiu pelos
salões do castelo. Todos inconformados com a
escolha; magníficos e floridos vasos, preteridos ao
desnudo vaso rival.

Contudo, após exigirem silêncio, calmamente lhes


foi explicado o raciocínio por trás do desafio:
Todas as sementes entregues eram estéreis, portanto,
nada ali poderia ser fecundado.

A eleita, entre todas as jovens, era a única mulher capaz


de tornar-se sua futura Imperatriz, pois cultivou a mais
rara de todas as flores: a flor da honestidade.
Atividade do texto : A flor da honestidade.
• 1 Por que o texto tem o titulo flor da honestidade? Explique por que?

• 2.Quais eram os motivos que levou o rei a criar um desafio para as jovens
pretendentes.?

3.Fale o que você entendeu do texto?

4 . Se você fosse o autor desta obra o que você mudaria na história ?

5. Qual foi o desafio criado pelo rei, para as pretendentes?

Você também pode gostar