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Universidade Tecnológica Federal

do Paraná- UTFPR
METODOLOGIA DA PESQUISA SOB O MIRANTE DA ANÁLISE DIALÓGICA DO DISCURSO E DA ANÁLISE DO DISCURSO: MIKAHIL BAKHTIN E
O CÍRCULO E MICHEL FOUCAULT
"Análise do Discurso e Metodologia da Pesquisa em Ciências Humanas: possíveis caminhos para a investigação para trabalhos acadêmicos"

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA E SOCIEDADE- PPGTE


PESQUISA DO GRUPO DISCURSOS SOBRE TECNOLOGIA, TRABALHO E IDENTIDADES
PROFA DRA ANGELA MARIA RUBEL FANINI- APOIO PRODUTIVIDADE EM PESQUISA CNPQ
METODOLOGIA AD e ADD PARA A PESQUISA
ACADÊMICA. Discurso: o que é?
• Linguagem: capacidade biológica nata do ser humano
• Discurso: a linguagem em uso, no cotidiano, no empírico, no concreto da existência.
Pertence aos domínios da infra e superestrutura. Trad. Marxista.
• Fundamentos do discurso: é ação, intervenção e pode levar à transformação da
realidade. O discurso é poder, “não é pouca coisa”. Marx e a intervenção.
• “Reflete e refrata” a realidade: concepção materialista da linguagem. Marxismo.
• O discurso não é transparente, não é etiqueta para as coisas. Entre “as palavras e as
coisas”, está o homem histórico, concreto cujas posições axiológicas não permitem ver a
coisa tal qual é, independente de mirante ético, político e moral. A não neutralidade do
discurso. Contrário ao Positivismo.
• Discurso e mediações. Classe , faixa etária, cultura, profissão, visão, cronotopo e ação
política etc
METODOLOGIA AD PARA A PESQUISA
ACADÊMICA. Discurso: o que é?
• Discurso e identidade: o discurso confere identidade a um grupo, a
pessoas, ao sujeito. Black English. “Afroamericano”
• Discurso e referente: o discurso parte de um contexto histórico
concreto e a ele deve sua formatação. Poema Etiqueta de Drummond.
• Discurso e cronotopo imediato e de longa duração: o discurso
recupera discursos anteriores e antecipa outros. O limite, a resposta,
o antagonismo. Fala da personagem Brás Cubas sobre trabalho.
• Discurso e poder, luta de classes e alterações sociais: a mecânica
discursiva de uma palavra. Exemplo: “Os vários feminismos”. (liberal,
radical, interseccional etc)
METODOLOGIA AD PARA A PESQUISA
ACADÊMICA. Discurso: o que é?
• Discurso e ação: os meios de comunicação de massa.
• Discurso e sujeito: intersubjetivo ou “assujeitado” a grandes formações
discursivas.
• Discurso e ritual e cenário: verbo-voco-visual ou dispositivo discursivo-
cultural.
• Michel Foucault: sujeito dado pelas formações discursivas e culturais e
históricas. Como pensar o sujeito? Como luta constante contra as
normalizações, tradições, regulações e discurso dominante. A questão do
poder é ligada à visão de sujeito. A ideologia dominante tem frinchas,
dobras, interstícios e é nesse espaço que ocorre a possível resistência e a
emergência do sujeito. O saber desse sujeito advém de uma luta constante.
Sujeito e liberdade e ética em Bakhtin e
Focucault: similitude
• Semelhanças: a luta constante, a “eterna agonística” contra os valores
oficiais e dominantes.
• O inacabamento própria a essa luta incessante pela liberdade.
• Esse sujeito é histórico e provisório.
• O saber desse sujeito é dado na luta e então é provisório tbm e falível,
é limitado, é axiológico.
• Luta no campo extra-norma e intra-norma.
• Práticas de liberdade e de ação ética do sujeito.
Sujeito e liberdade e ética em Bakhtin e
Foucault: diferenças
• Foucault: Sujeito moderno: Homem criado pelas Ciências Humanas está em vias de
extinção; Dado nos empírico transcendental: Economia, Biologia, Linguagem.
• Esses três empírico-transcendentais o aprisionam e o tornam objeto e isso impede
a emergência do sujeito.

• É UM CRÍTICO DA MODERNIDADE E DAS CIÊNCIAS HUMANAS


• O SI É UM VOLTAR-SE PARA FORA DO DOMINANTE. É GREGO. Técnicas de si em
cada episteme.

• MESMO EM “TUDO O QUE É SÓLIDO”, HÁ INTERSTÍCIOS CONTRA OS QUAIS


PODEMOS LUTAR.
Sujeito e liberdade e ética em Bakhtin e
Focucault: diferenças
• BAKHTIN: SUJEITO DADO NAS INTERRELAÇÕES INTERSUBJETIVAS E NA LUTA.
Cronotopo stalinista e perspectiva do sujeito resistente. Perspectiva cristã de
alteridade e respeito e amor. Deus e a encarnação no outro.
• “IRREDUTIBILIDADE DO SUJEITO” DADO NA RELAÇÃO, NO DIALÓGICO E NÃO NAS
BRECHAS DO PODER DOMINANTE
. NÃO CRÍTICO DA ÉPOCA MODERNA DE UMA CERTA ABERTURA DO MUNDO PELA
GLOBALIZAÇÃO JÁ NO CAPITALISMO MERCANTILISTA. VEJO OUTRAS CULTURAS E
ME DOU NESSA BATALHA COM O OUTRO. AVESSO A CULTURAS FECHADAS E POR
ISSO FAZ A APOLOGIA DE UM MUNDO QUE SE ABRE NAS GRANDES NAVEGAÇÕES.
PLURALIDADE DE VOZES EXISTEM E NÃO SÓ NAS BRECHAS.
.O SI É SEMPRE DIALÓGICO.
METODOLOGIA AD PARA A PESQUISA
ACADÊMICA
FUNDAMENTOS
MIKAHIL BAKHTIN E O CÍRCULO RUSSO E MICHEL FOUCAULT

OPÕEM-SE A DUAS TRADIÇÕES OCIDENTAIS:


1. “OBJETIVISMO ABSTRATO”
2. “INDIVIDUALISMO SUBJETIVISTA”
1.OBJETIVISMO ABSTRATO

• 1.Propõe um sujeito de pesquisa cognoscente dado a partir de uma


mente racional que consegue dominar o seu objeto via linguagem
técnica entendida como um sistema de signos lógico-formais capazes
de dizer a realidade com total acurácia, em sua completude. Este
sujeito munido de uma linguagem técnica e procedimentos
metodológicos precisos, equipamentos e experimentos controlados
em determinadas condições, domina o seu objeto, descrevendo-o,
conceituando-o, definindo-o tal qual é. Manipulação e controle do
objeto a partir de uma perspectiva totalizadora. “Sapere aude”
1.OBJETIVISMO ABSTRATO: COORDENADAS
CRONOTÓPICAS E IMPLICAÇÕES
• Coordenadas temporais
• Perspectiva vinculada à Modernidade (industrialismo e ciência aplicada e controle da natureza). Racionalismo.
Empirismo. Positivismo.

• Paradigma de Francis Bacon


• Paradigma René de Descartes

• Implicações
• Método, sistema, maquinaria, equipamentos, experimentação, linguagem técnica se sobrepõem ao sujeito da
pesquisa
• Neutralidade do sujeito de pesquisa
• Domínio sobre o objeto
• Interpretação, leitura, pesquisa corretas e verdadeiras (a questão da verdade: “Foucault em Ordem do
discurso”: AD: verdade; reino do significante)
RENÉ DESCARTES (1596-1650)
• Comentários da obra Discurso do Método, 1637
• “E notando que esta verdade: eu penso, logo existo, era tão firme e tão certa
que todas as outras as mais extravagantes suposições dos céticos não
seriam capazes de a abalar, julguei que podia aceitá-la, sem escrúpulo, como
o primeiro princípio da filosofia que procurava.”(Descartes, 2006, p. 70
• A constância, a ordem, o equilíbrio devem ser a diretriz para o
florescimento de um pensamento verdadeiro e racional.
• Descrição racional das coisas. A razão é inata e para todos. Transcende as
condições históricas da existência. Devo me abstrair do social para ascedê-
la.
RENÉ DESCARTES (1596-1650)
•1.A dúvida como método: duvidar de tudo; dúvida sistemática; dúvida das aparências, da
observação, dos sentidos.
•2.A dúvida é o contrário do conhecimento (este é certeza)
•3.A intuição, a noção de que há certeza e clareza, vem de Deus, ser perfeito
•4.A primeira certeza: a existência do pensamento humano
•5.A segunda certeza: a existência de Deus
•6.A terceira: havendo Deus, há possibilidade de haver conhecimento e conhecimento verdadeiro e
certo. A esse saber, chega-se pela razão
•7.Uma nova Filosofia: Uma árvore: a Metafísica são as raízes; Física como tronco; Mecânica,
Medicina e Moral como galhos
•8.Pensamento útil
•10. Preceitos metodológicos:
•a). Contra a precipitação
•b). Contra a prevenção
RENÉ DESCARTES (1596-1650)

• c). Divisão em parcelas quantas possíveis e necessárias. Decomposição em partes


• d). Condução ordenada: do simples ao complexo
• e). Uso da dedução e não intuição
• h). Ideias claras e distintas: inatismo dessas ideias e racionalidade como método
• i). A matematização do objeto: a geometria; comprimento, largura e espessura
• j). A mecânica como movimento dos corpos: trajetória, direção e posição
• l) O mundo não é hierarquizado; é mecanicista: ideia de mecanismo: todas as partes são
necessárias. Posteriormente o Positivismo e o organismo social
• m). A dicotomia entre corpo e alma (esta é a racionalidade e a ideia de perfeição); Já o corpo é
instrumental para a alma (esta é inextensa e indivisível). Res cogitans e res extensa
• n). O empirismo; a experimentação são apenas estratégias comprobatórias para reforço da
racionalidade
RENÉ DESCARTES (1596-1650)

• O. Destaca o localismo ( não fugir às leis de seu país)


• P. Manter o equilíbrio, não ser inconstante
• Q. Não abandonar uma idéia sem ter outra para substituí-la. Deve-se ter uma
moral provisória até se encontrar uma definitiva. O provisório como meio, não
como definitivo do curso da vida
• R. Cultivar a razão com o objetivo de buscar a verdade
• S. Método dedutivo a partir de modelos matemáticos e não indutivo, observável
pelos sentidos, pois estes podem ser ilusórios. A olho nu, vê-se que o sol se
desloca, mas com o aparato científico e matemático, verifica-se que é a terra que
gira.
RENÉ DESCARTES (1596-1650)
• Importância: Uma nova ordem epistemológica a que todos poderiam
ter acesso. Contraposição ao dogmatismo religioso imperante. O
ascenso da razão versus as explicações teológicas.
• Pensamento inserido em novo paradigma em que a ciência, a técnica
e a tecnologia já preparam uma nova organização societal e
econômica.
• Processo de “dessacralização” do mundo. Sergio Paulo Rouanet em
As razões do Iluminismo. Sapere aude.
RENÉ DESCARTES (1596-1650): diretrizes
para um novo saber
• O primeiro era o de nunca aceitar algo como verdadeiro que eu não conhecesse
claramente como tal; ou seja, de evitar cuidadosamente a pressa e a prevenção, e de
nada fazer constar de meus juízos que não se apresentasse tão clara e distintamente
a meu espírito que eu não tivesse motivo algum de duvidar dele. O segundo, o de
repartir cada uma das dificuldades que eu analisasse em tantas parcelas quantas
fossem possíveis e necessárias a fim de melhor solucioná-las. O terceiro, o de
conduzir por ordem meus pensamentos, iniciando pelos objetos mais simples e mais
fáceis de conhecer, para elevar-me, pouco a pouco, como galgando degraus, até o
conhecimento dos mais compostos, e presumindo até mesmo uma ordem entre os
que não se precedem naturalmente uns aos outros. E o último, o de efetuarem toda
parte relações metódicas tão completas e revisões tão gerais nas quais eu tivesse a
certeza de nada omitir. (DESCARTES, 2006, p.54)

RENÉ DESCARTES (1596-1650): diretrizes
para um novo saber
• Para ele há a primazia da res cogitans sobre a res extensa:
• Porém, logo em seguida, percebi que, ao mesmo tempo que eu queria pensar que tudo era falso, fazia-se
necessário que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, ao notar que esta verdade: eu penso, logo existo,
era tão sólida e tão correta que as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de lhe
causar abalo, julguei que podia considerá-la, sem escrúpulo algum, o primeiro princípio da filosofia que eu
procurava.
• Mais tarde, ao analisar com atenção o que eu era, e vendo que podia presumir que não possuía corpo
algum e que não havia mundo algum, ou lugar onde eu existisse, mas que nem por isso podia supor que
não existia; e que, ao contrário, pelo fato mesmo de eu pensar em duvidar da verdade das outras coisas,
resultava com bastante evidência e certeza que eu existia; ao passo que, se somente tivesse parado de
pensar, apesar de que tudo o mais que alguma vez imaginara fosse verdadeiro, já não teria razão alguma
de acreditar que eu tivesse existido; compreendi, então, que eu era uma substância cuja essência ou
natureza consiste apenas no pensar, e que, para ser, não necessita de lugar algum, nem depende de
qualquer coisa material. De maneira que esse eu, ou seja, a alma ( res cogitans, razão), por causa da qual
sou o que sou, é completamente distinta do corpo e, também, que é mais fácil de conhecer do que ele, e,
mesmo que este nada fosse, ela não deixaria de ser tudo o que é. (DESCARTES, 2006, p.70-71)
AD E ADD: O RACIONALISMO
• O RACIONALISMO É UMA VOZ HISTÓRICA, DADA EM UM CERTO
CRONOTOPO, É UM DISCURSO E ASSIM NÃO DETÉM A VERDADE.
TRATA DO TRANSCENDENTE RACIONAL E SE PROPÕE UNIVERSAL E
FORA DO REAL, MAS PODE SER REPENSADO.
• É UM EMBATE COM O EMPIRISMO, COM A TEOLOGIA, DADA NA
MODERNIDADE EM QUE A CIÊNCIA DEVE SER TRANSFORMADA EM
TECNOLOGIA ÚTIL À SOCIEDADE. E UM MÉTODO HISTÓRICO.
• Estamos fora desse paradigma??? Será??? Temos condições de fazer a
trajetória extra-norma????
FRANCIS BACON (1561-1626)
Novum Organum (Novo método)
• O verdadeiro fim do conhecimento é a restituição e a restauração (em
grande parte) do homem à soberania e ao poder que ele tinha no
primeiro estágio da criação (porque quando ele for capaz de chamar as
criaturas pelos seus verdadeiros nomes, poderá novamente comandá-
las). Para falar com clareza e simplicidade, esse fim consiste na
descoberta de todas as operações e possibilidades de operação: desde
a imortalidade (se é possível) até a mais desprezada arte mecânica.
(citação de F. Bacon de seu livro Advancement of Learning, p. 222)
(ZATERKA, 2004, p. 98).
• - “Conhecimento é poder.” - fazer dos conhecimentos científicos um
instrumento prático de controle da realidade.
FRANCIS BACON (1561-1626)

• Como filósofo foi muito importante na defesa do uso do método


científico-empirista. Defendia que a obtenção dos fatos verdadeiros
se dava através da observação e experimentação (regulada pelo
raciocínio lógico).
• Bacon foi um dos primeiros a apreciar o valor da nova ciência para a
vida humana. Afirmava que o saber deve contribuir para melhorar a
qualidade de vida via avanço do comércio, indústria e agricultura.
Acreditava que o conhecimento é poder; solicitava do governo a
criação de “instituições científicas” para incentivar o avanço da
tecnologia e das artes mecânicas.
FRANCIS BACON (1561-1626)

• No desenvolvimento de seu sistema filosófico, discute a teoria da indução, apostando na experiência


escriturada, pois segundo Bacon a partir da coleta de informações e dos experimentos é que se chega a
conclusões válidas, e seguindo essas premissas nasce o sistema filosófico de Bacon amparado nas
tabuas de investigação de onde parte o método de Bacon. A composição destas tábuas são:
• De presença ou afirmação;
• Das ausências ou da negação;
• Das graduações ou comparações;
• Contra os ídolos que impedem o conhecimento: ídolos da tribo (podemos dizer que ele tem sua origem
nas ações humanas, nas limitações, preconceitos, sentimentos, incompetência.); ídolos da caverna (o
subjetivismo); ídolos do mercado e do foro entre os homens ( as palavras, o palavrório); ídolos do teatro
(grandes nomes como o de Platão e Aristóteles que devem ser estudados para serem refutados).
FRANCIS BACON (1561-1626)

• Além da divisão do conhecimento já vista anteriormente, ele também possui outra forma de
conceber esta divisão:

• História - Memória
• Poesia - Imaginação
• Filosofia - Razão

a) ciências da memória ou histórias, que dizem respeito à história da humanidade;

b) ciências da imaginação ou poéticas, que compreendiam a poesia, como uma imitação da própria
história;

c) ciências da razão ou filosóficas, que abraçavam a teologia sagrada e revelada e a filosofia, cujo
objeto era tríplice, compreendendo o homem, Deus e a natureza.
FRANCIS BACON (1561-1626): os ídolos

• Os ídolos da tribo que estão fundados na própria natureza humana,


na própria tribo ou espécie humana. É falsa a asserção de que os sen­
tidos do homem são a medida das coisas. Muito ao contrário, todas
as percepções, tanto dos sentidos como da mente, guardam analogia
com a natureza humana e não com o universo. O intelecto humano é
semelhante a um espelho que reflete desigualmente os raios das
coisas e, dessa forma, as distorce e corrompe. BACON, Francis. Novum
Organum. http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/norganum.html.
Acesso em 18 de fev .de 2017.
FRANCIS BACON (1561-1626): os ídolos

• Ídolos da caverna,”:
• São os dos homens enquanto indivíduos. Pois, cada um — além das aberrações
próprias da natureza humana em geral — tem uma caverna ou uma cova que
intercepta e corrompe a luz da natureza: seja devido à natureza própria e singular de
cada um; seja devido à educação ou conversação com os outros; seja pela leitura dos
livros ou pela autoridade daqueles que se respeitam e admiram; seja pela diferença
de impressões, segundo ocorram em ânimo preocupado e predisposto ou em ânimo
equânime e tranqüilo; de tal forma que o espírito humano — tal como se acha
disposto em cada um — é coisa vária, sujeita a múltiplas perturbações, e até certo
ponto sujeita ao acaso. Por isso, bem proclamou Heráclito que os homens buscam em
seus pequenos mundos e não no grande ou universal. BACON, Francis. Novum
Organum. http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/norganum.html. Acesso em 18 de fev
.de 2017.
FRANCIS BACON (1561-1626)

• Há também os ídolos provenientes, de certa forma, do intercurso e da


associação recíproca dos indivíduos do gênero humano entre si, a que
chamamos de ídolos do foro devido ao comércio e consórcio entre os
homens. Com efeito, os homens se associam graças ao discurso, e as palavras
são cunhadas pelo vulgo. E as palavras, impostas de maneira imprópria e
inepta, bloqueiam espantosamente o intelecto. Nem as definições, nem as
explicações com que os homens doutos se munem e se defendem, em certos
domínios, restituem as coi­sas ao seu lugar. Ao contrário, as palavras forçam o
intelecto e o per­turbam por completo. E os homens são, assim, arrastados a
inúmeras e inúteis controvérsias e fantasias. BACON, Francis. Novum
Organum. http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/norganum.html. Acesso em
18 de fev .de 2017.
FRANCIS BACON (1561-1626)

• Os ídolos do foro são de todos os mais perturbadores: insi­nuam-se no intelecto graças ao pacto de
palavras e de nomes. Os homens, com efeito, crêem que a sua razão governa as palavras. Mas sucede
também que as palavras volvem e refletem suas forças sobre o intelecto, o que torna a filosofia e as
ciências sofisticas e inativas. As palavras, tomando quase sempre o sentido que lhes inculca o vulgo
seguem a linha de divisão das coisas que são mais potentes ao intelecto vulgar. Contudo, quando o
intelecto mais agudo e a observação mais diligente querem transferir essas linhas para que coincidam
mais adequadamente com a natureza, as palavras se opõem. Daí suceder que as magnas e solenes
disputas entre os homens doutos, com freqüência, acabem em controvérsias em torno de palavras e
nomes, caso em que melhor seria (conforme o uso e a sabedoria dos matemá­ticos) restaurar a ordem,
começando pelas definições. E mesmo as definições não podem remediar totalmente esse mal,
tratando-se de coisas naturais e materiais, posto que as próprias definições constam de palavras e as
palavras engendram palavras. Donde ser necessário o recurso aos fatos particulares e às suas próprias
ordens e séries, como depois vamos enunciar, quando se expuser o método e o modo de constituição
das noções e dos axiomas. BACON, Francis. Novum Organum.
http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/norganum.html. Acesso em 18 de fev .de 2017.
FRANCIS BACON (1561-1626)

• Ídolos do teatro consistem na tradição epistemológica canônica com a qual Bacon dialoga
em dissenso.
• Há, por fim, ídolos que imigraram para o espírito dos homens por meio das diversas
doutrinas filosóficas e também pelas regras viciosas da demonstração. São os ídolos do
teatro: por parecer que as filosofias adotadas ou inventadas são outras tantas fábulas,
produzi­das e representadas, que figuram mundos fictícios e teatrais. Não nos referimos
apenas às que ora existem ou às filosofias e seitas dos anti­gos. Inúmeras fábulas do mesmo
teor se podem reunir e compor, por que as causas dos erros mais diversos são quase
sempre as mesmas. Ademais, não pensamos apenas nos sistemas filosóficos, na
universalidade, mas também nos numerosos princípios e axiomas das ciências que
entraram em vigor, mercê da tradição, da credulidade e da negligência. Contudo, falaremos
de forma mais ampla e precisa de cada gênero de ídolo, para que o intelecto humano esteja
acautelado. BACON, Francis. Novum Organum.
http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/norganum.html. Acesso em 18 de fev .de 2017.
2. INDIVIDUALISMO SUBJETIVISTA

• Sujeito liberal (Iluminismo, Liberalismo, Romantismo, século das


Luzes, XVIII) em que se baseia boa parte do Humanismo
• 1.Destaque de um sujeito cognoscente dado a partir de uma
perspectiva individual, “particularista” que consegue captar o seu
objeto a partir de impressões, memória, vivência, experiência.
• 2.A realidade experienciada em sua relatividade. Este sujeito, munido
de uma linguagem própria, interpreta, lê, explica, determina o seu
objeto, descrevendo-o e conceituando-o tal qual o vê. Manipulação
do objeto a partir de uma perspectiva relativista, individualista e
limitada.
2. INDIVIDUALISMO SUBJETIVISTA
• O sujeito pesquisador tem sua fonte de conhecimento nas impressões, nas
paixões, na contemplação, a experiência empírica e não na racionalidade. O sujeito
pesquisador é um eu múltiplo. É mutável, plural, inconstante, não é neutro.
• Jean-Jacques Rousseau, em Discours sur l’origine de l’inégalité, situa a
desigualdade entre os homens como enraizada na vida social: os seres humanos
eram originalmente bons e viviam em uma condição de isolamento e inocência; a
sociedade e seus valores culturais criaram, por meio da propriedade privada e da
divisão do trabalho, uma desigualdade artificial de origem social, não natural, e
uma falsa moralidade; logo, é a sociedade que corrompe o homem. Daí, a
proposta de mergulho no interior de si mesmo para encontrar o homem natural:
um homem originalmente isolado e autosuficiente, com todas as suas
necessidades atendidas sem lutas e sofrimentos e sem medo da morte.
2. INDIVIDUALISMO SUBJETIVISTA: COORDENADAS CRONOTÓPICAS E
IMPLICAÇÕES
• Coordenadas temporais
• Perspectiva vinculada à Modernidade. Romantismo. Liberalismo.
• Paradigma em filósofos e pensadores que se afastam da via do racional. Implicações:
• Método, Sistema, Maquinaria, Equipamentos, linguagem técnica, normatizações não se
sobrepõem ao sujeito da pesquisa
• Não à neutralidade do sujeito de pesquisa
• Não há domínio sobre o objeto
• Interpretação, leitura, pesquisa relativas e limitadas
• Relativismo radical. Somos tomados por esse paradigma? “Óbvio” que sim. Lembrar de
Sociedade individualizada: vidas contadas e histórias vividas de Bauman. Belíssimo
exemplo.
AD E SUBJETIVISMO IDEALISTA
• VIVEMOS EM BOA PARTE NESSE PARADIGMA
• SUJEITO FUNDANTE DO DIZER E DO FAZER
• INDIVIDUALISMO MODERNO E PÓS-MODERNO: LEMBRAR DE
BAUMAN E DA PASSAGEM SOBRE CAIM E ABEL
CONCEPÇÃO AD E ADD DA PESQUISA

1. DIALOGISMO: CONCEITO CHAVE PARA ENTENDER A VISÃO DE


CULTURA, SUJEITO, LINGUAGEM, REALIDADE, PESQUISA. Bakhtin e o
círculo.
2. PERSPECTIVA NÃO POLARIZADA, MAS EM CONSTANTE
INTERRELAÇÃO, EMBATE E DISPUTA EM UM MOVIMENTO
ININTERRUPTO.
3. A PESQUISA NÃO É NEUTRA, É CONSTRUÍDA PELO PESQUISADOR
JUNTO COM SEUS INTERLOCUTORES E SUA REFERÊNCIA.
CONCEPÇÃO DIALÓGICA DA PESQUISA
• NÃO É TOTALMENTE SUBJETIVA UMA VEZ QUE SE UTILIZA DE UMA LINGUAGEM PARTILHADA, DE
UMA ORDEM ACADÊMICA PARTILHADA E DE VALORES CULTURAIS TAMBÉM COMPARTILHADOS.
• A PESQUISA TEM VIÉS POLÍTICO, PODE ESTAR DIRECIONADA POR FINANCIAMENTO, PELO
MERCADO, CONTAMINADA POR VALORES IDEOLÓGICOS. Exemplo: Filme : O início do fim. Durante
a Segunda Guerra Mundial, no deserto do Novo México, o "projeto Manhattan" está se
materializando: a bomba atômica sendo construída. Paul Newman vive o General Leslie Groves, o
militar que comanda o poderoso projeto que vai produzir duas armas: “Fat man e Little Boy".
Dwight Schultz é J. Robert Oppenheimer, o brilhante cientista tentando tornar a missão uma
realidade.
• TAMBÉM NÃO É FRUTO EXCLUSIVO DO MÉTODO, DOS PROCEDIMENTOS, DOS EQUIPAMENTOS
UTILIZADOS, DA RAZÃO TRANSCENDENTE. O VIÉS DO PESQUISADOR NÃO É TOTALMENTE
NEUTRALIZADO.
Foucault e “A ordem do discurso”e Bakhtin e
o discurso oficial
• Texto acadêmico: ABNT é uma norma, mas há linhas de força nessa norma. Exemplo: ler as
dissertações, teses e artigos e se verá que há luta constante entre as forças centrípetas e as
centrífugas.
• Há o sistema e há o uso desse sistema. Há a norma e os discursos acadêmicos. Há semelhanças e
diferenças.
• Há dobras, frinchas, interstícios e aí o sujeito aparece nesse campo de luta e de fuga, instaurando
um outro olhar.
• Bakhtin: não menciona a adesão do sujeito à norma
• Foucault: destaca essa adesão do corpo e da mente dóceis à norma.
• Estamos no intra-norma ou no extra-norma. Queremos isso? Marcuse em Ideologia da sociedade
industrial: pergunta: Por que somos empregáveis??? Não se ache tão fora assim.
• Linguagem: insurgência contra a Norma culta???? Fica postiça ou o sujeito tem outra linguagem e se
dá nesse forum???? Ortografia e sintaxe.
INTRODUÇÃO DO OBJETO: SEMPRE PLURAL,
CAMINHO DE MÃO DUPLA
• MOSTRÁ-LO A PARTIR DE VÁRIOS MIRANTES.
• NÃO TER A PRETENSÃO DE ENUNCIAR UMA VERDADE INCONTESTÁVEL
SOBRE ELE.
• DEMONSTRAR SEUS ERROS E ACERTOS.
• MANTER UMA DISTÂNCIA POSSÍVEL DELE, OU SEJA, UMA “EXOTOPIA”.
• ENTENDER QUE O PESQUISADOR FAZ PARTE DA CONSTRUÇÃO DO OBJETO.
IMPLICAÇÕES: O OBJETO NÃO PODE SER CONSTRUÍDO TOTALMENTE
OBJETIVADO, SEM ESTAR “CONTAMINADO” PELO PESQUISADOR.
• DEIXAR O OBJETO FALAR SOBRE SI. Contar a sua História. “Os objetos têm
História?” “O Fetichismo da mercadoria”, Karl Marx.
INTRODUÇÃO DO OBJETO: SEMPRE PLURAL,
CAMINHO DE MÃO DUPLA
• Bakhtin alerta para a impossibilidade de apresentar o objeto tal qual é,
afastando-se de uma concepção puramente empirista em que há a primazia do
objeto: “O dado e o criado no enunciado verbal. O enunciado nunca é o simples
reflexo ou expressão de algo que lhe preexistisse, fora dele, dado e pronto. O
enunciado sempre cria algo que, antes dele, nunca existira, algo novo e
irreproduzível, algo que está relacionado ao valor. (...) Entretanto, qualquer
coisa criada se cria sempre a partir de uma coisa dada. O dado se transfigura em
criado.” (BAKHTIN, 1997, p. 348). Nesse passo, os dados nunca falam por si, pois
são mediados pelas palavras, mas estas deles partem. Para o círculo, a linguagem
é central e esta é sempre mediadora entre o sujeito e as coisas. Além disso, ela
constitui o sujeito da pesquisa e nisso reside que o objeto é também
subjetivado. “O concreto, o empírico pensado em uma orgânica dialogia”.
INTRODUÇÃO DO OBJETO: caráter
cronotópico
• Por que pesquiso tal objeto?
• Por que ele surge como objeto de pesquisa?
• Sob que prisma e para que estou pesquisando?
• Função social da pesquisa? Lembrar a XI Tese na Primeira parte de Ideologia Alemã, Marx e
Engels, interpretar, descrever ou alterar?
• Bakhtin e o Círculo: cultura monológica (contrários)
• Michel Foucault( Nossos cárceres: discursivos e culturais. A questão do dispositivo da
sexualidade como impeditivo da liberdade)

• Meu tempo me permite pesquisar o quê?


• O próprio objeto é já pertinente a um certo tempo e espaço. Não seria possível pesquisar o
proletariado no século XII.
Foucault e o objeto: mais cético
• Primeiro: perguntar-se porque esse objeto é objeto de pesquisa e ver
que ordem discursiva o impõe. Cada momento histórico elege certos
objetos e que se manifestam discursivamente. Será que não estamos
amarrados e encarcerados por essa formação discursiva??
• O “Dispositivo da sexualidade”: é um discurso novo , da Modernidade
que antes produz que nega o exercício da sexualidade.
• O exercício da sexualidade passa a ser um “imperativo” e terei tbm
centenas de ações e de teses que visam “liberar a sexualidade”.
• Em vez de ver a “pluralidade de vozes”, ver a hegemônica.
Foucault e o objeto: mais cético
• Não basta exercer a sua sexualidade, mas enunciá-la, dizê-la,
manifestá-la pelo discurso.
• O objeto diz o que o sujeito é. “Tenho uma sexualidade, logo existo.”
É um poder empírico-transcendental. Transcende-me, assujeita-me,
mas eu “acho” que a domino e exerço.
• Da carne à sexualidade. Do confessionário ao Psicanalista. Tudo é
sexo, Psicanálise.
• Estudar mais a crítica a Freud e lembrar que o Círculo tem a obra
Freudismo.
DELIMITAÇÃO DO CORPUS: JÁ É UMA
ANÁLISE
• A DELIMITAÇÃO É JÁ DADA PELO VIÉS DA PESQUISA. A DELIMITAÇÃO
NÃO É NEUTRA. AO DELIMITAR O CORPUS JÁ SE ESTÁ FAZENDO
ANÁLISE DO CORPUS.
• NÃO HÁ UMA DELIMITAÇÃO QUE ABARQUE TODO O OBJETO. A PARTE
NÃO É O TODO.
• O CORPUS FALA E O PESQUISADOR TAMBÉM FALA SOBRE O CORPUS.
AMBOS SE CONSTROEM NO DESENVOLVIMENTO DE DELIMITAÇÃO,
SELEÇÃO E ANÁLISE.
• Pesquisador e corpus são falados. (Foucault)
DELIMITAÇÃO DO CORPUS: JÁ É UMA
ANÁLISE
• Quanto à delimitação do corpus, também segue esta lógica, pois qualquer
recorte do objeto manifesta o que o pesquisador e o seu contexto social
conseguem enxergar do objeto. O recorte indica claramente que a
totalidade do objeto não é atingida facilmente. Não há uma delimitação
que abarque todo o objeto, pois a parte não é o todo. Ao delimitar o
corpus já se está fazendo análise do corpus, pois o manifestamos de um
certo modo e não de outro. Em processo de dialogia, tanto o pesquisador
quanto o objeto se encontram na pesquisa e se constroem mutuamente
nesse encontro. Nesse sentido o pesquisador, limitado pelos seus filtros
teóricos e axiológicos, manifesta a coisa de um certo prisma, mas o objeto
também resiste a essa determinação exotópica.
REVISÃO DE LITERATURA E CARÁTER INÉDITO
• Importância: os outros vieses sobre o objeto. É muito relevante uma
vez que para se chegar ao objeto, há que se considerar que ele já está
dado, falado, “discursivisado”, editado, pesquisado, demarcado etc
por outras vozes, outras pesquisas, outros saberes.
• Caráter de ineditismo da pesquisa: Como alcançá-lo? É possível o
ineditismo? É necessário? SIM.
• Como entender o ineditismo? Não há duas pesquisas iguais. Nesse
caso, a reprodutibilidade do experimento e universalidade dos
resultados não é uma verdade constante para todas as pesquisas.
Ciências Exatas diferem, em parte, das Ciências Humanas.
REVISÃO DE LITERATURA E CARÁTER INÉDITO
• “Não pode haver enunciado isolado. Um enunciado sempre
pressupõe enunciados que o precederam e que lhe sucederam; ele
nunca é o primeiro, nem o último; é apenas o elo de uma cadeia e
não pode ser estudado fora dessa cadeia”. ( BAKTHIN, 1997, p. 375).
• “ A existência se instaura, de uma vez por todas, entre mim, que sou
único, e todos aqueles que são os outros para mim.” (...) O sentido do
acontecimento em processo de realização só pode aclarar-se a partir
do lugar que sou o único a ocupar, e quanto mais forte for a tensão
que me implanta nele, maior, sempre maior será a clareza”. (BAKHTIN,
1997, p. 143).
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
• A FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA É JÁ UM POSICIONAMENTO DO PESQUISADOR. NÃO É NEUTRA.
• A FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA NÃO PODE PRETENDER ELUCIDAR O OBJETO DE FORMA
HOLÍSTICA, TOTAL. O OBJETO RESISTE AO PESQUISADOR E À FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.
• OS CONCEITOS, O SISTEMA TEÓRICO, A TERMINOLOGIA NÃO DEVEM PRETENDER DEFINIR POR
COMPLETO O OBJETO. DEVEM CONVERSAR COM ELE E PODEM SER POR ELE REPENSADOS,
CONTRARIADOS, ALTERADOS.
• A FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA É MANIPULADA PELO PESQUISADOR E PODERÁ OU NÃO SER
“APLICADA” A CONTENTO NO OBJETO.
• A FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA NÃO PODE ENGESSAR O OBJETO.
• ENTRETANTO A FT É JÁ UM FILTRO E UMA VISEIRA E ATÉ MESMO UM “CÁRCERE FOUCAULTIANO”
QUE FAZ O PESQUISADOR VER O OBJETO DE CERTO MODO.
DESENVOLVIMENTO: UM GRANDE
ENCONTRO
• É O GRANDE ENCONTRO ENTRE O PESQUISADOR, SUA BASE TEÓRICA,
OS DADOS, O CORPUS E A CONSTRUÇÃO DE UMA ANÁLISE, UMA
VISÃO, UMA INTERPRETAÇÃO.
• DIMENSÃO PLURAL: PESQUISADOR, FUNDAMENTAÇÃO, MÉTODO,
OBJETO, LINGUAGEM, MEDIAÇÕES ETICAS, POLÍTICAS, MORAIS ETC.
NÃO É UNIDIMENSIONAL. NÃO HÁ PRIMAZIA DE UM DOS
COMPONENTES DA PESQUISA.
• NÃO TEM A PRETENSÃO DE SER “A” ANÁLISE, MAS “UMA” ANÁLISE,
FUNDAMENTADA, ARGUMENTADA, SINCERA, RESPONSÁVEL, MAS
NÃO COMPLETA, FECHADA, A ÚNICA VERDADE.
DESENVOLVIMENTO: A IMPOSSIBILIDADE DA
NEUTRALIDADE
• Bakhtin assevera: “O observador não se situa em parte alguma fora
do mundo observado, e sua observação é parte integrante do objeto
observado”. (BAKHTIN, 1997, p. 355).

• Obviamente que para boa parte das pesquisas nas Ciências Exatas, os
resultados, se contextualizados nas mesmas condições e com os
mesmos métodos, devem ser reprodutíveis por outras investigações,
assegurando-se a sua universalidade.
• DESTRANSCENDENTALIZAÇÃO DA RAZÃO, DO MÉTODO, DO OBJETO,
DO PESQUISADOR.
RESULTADOS
• NÃO SÃO TOTALENTE OBJETIVOS
• SÃO PARCIAIS VISTO QUE HISTÓRICOS
• PRECISAM SER CHECADOS NA ESFERA PÚBLICA
• PRECISAM SER PUBLICADOS
• PODEM SER CONSIDERADOS ERRADOS OU CERTOS, DEPENDENDO DA
BANCA, DOS PARECEIRISTAS SEREM DE OUTRA POSIÇÃO TEÓRICA,
POLÍTICA, IDEOLÓGICA. PERIÓDICOS (ENFRENTAR AS CRÍTICAS)
• VALE A PENA TERMOS A COMPOSIÇÃO DE BANCAS CUJOS MEMBROS
ADVOGAM PRISMAS MUITO DÍSPARES?
LINGUAGEM
• Perspectiva discursiva: o discurso é uma mediação entre as palavras e
as coisas.
• Bakhtin: a guerra discursiva. Foucault: o discurso é pelo que se luta; é
poder.
• O trabalho é resultado de, no mínimo, dois pesquisadores, ou grupo.
• Nesse passo, deve afinar a linguagem para que ambos possam ter ali
um espaço de identidade e interlocução e locução.
• Contrário ao Subjetivismo Idealista e ao Objetivismo Abstrato.
• CONTRÁRIO AO USO DA PRIMEIRA PESSOA DO SINGULAR.
REFERÊNCIAS: EXPLICITADAS OU NÃO
• SÃO AS OBRAS, OS AUTORES, OS DOCUMENTOS COM OS QUAIS O PESQUISADOR DIALOGA
EM CONSONÂNCIA, MAS NÃO DE MODO ACRÍTICO OU “APAIXONADO”.
• SÃO AS VOZES QUE TAMBÉM PERMITIRAM QUE O TRABALHO, O TCC, A DISSERTAÇÃO, A
TESE, O ARTIGO EXISTISSEM.
• A VOZ DO PESQUISADOR EMERGIRÁ EM DEBATE COM SUA REFERÊNCIA, DANDO SUPORTE
PARA LER, INTERPRETAR, APRESENTAR, DELIMITAR OS SEU CORPUS E OS SEUS DADOS.
• A PESQUISA É REALIZADA PELO PESQUISADOR “DE BRAÇOS DADOS” COM A SUA
REFERÊNCIA.
• PODE-SE TER REFERÊNCIAS MENOS CLÁSSICAS, MENOS ACADÊMICAS. MAS A GENEALOGIA
DAS PESQUISAS. Homo Nouus tbm pode ser fonte de referência.
• Quais são explícitas e quais não o são? Forças centrípetas e centrífugas; frinchas e brechas.
REFERÊNCIAS: CANÔNICAS OU DO HOMO
NOUUS
• A AD deve saber lidar com fontes não tradicionais de referência visto que são
posições ainda não cristalizadas pelas ideologias oficiais e que podem trazer
contribuições inéditas para a pesquisa. Além desse ineditismo, o manejo dessas
bases também indica um fortalecimento de fontes menos tradicionais, tensionado
o poder do canônico. Sabemos que a obra bakhtiniana, em seu caráter pleno e
total, contrapõe-se, fundamentalmente, à unidimensionalidade da cultura oficial,
ao canônico e à verdade única. Daí decorre que a “ideologia do cotidiano”, que
resulta das falas e vozes dos “homens comuns” e concretos em suas lutas pela
sobrevivência em sua cotidianidade, é extremamente valorizada. Assim, essas
vozes também podem ser importantes fontes de referência nas pesquisas. Mas
como lidar com elas? Exemplo: Marx e Engels no Manifesto Comunista enfatizam
que o texto elaborado advém das vozes dos trabalhadores presentes em sua
empiricidade nas lutas contra o Capital.
PUBLICAÇÃO DA PESQUISA
• A PESQUISA DEVE SER PUBLICADA EM VÁRIOS ESPAÇOS
• SALA DE AULA
• SEMINÁRIOS
• CONGRESSOS
• PERIÓDICOS
• “VIDA”: VIVIDA NAS RELAÇÕES PESSOAIS E SOCIAIS
• OUTRAS PLATAFORMAS ( MÍDIAS Sociais)
• A CHECAGEM PÚBLICA DA PESQUISA É ESSENCIAL. OS LEITORES “DESCOBRIRÃO A
PESQUISA”, INTERPRETARÃO DE FORMAS DIVERSAS, SENDO TAMBÉM SEUS
“AUTORES”. PESQUISA ENGAVETADA NÃO TEM VIDA. Pressuposto básico: o Discurso
deve circular no social e expor-se ao embate.
PUBLICAÇÃO DA PESQUISA: plágio, autoplagio

• Nas palavras de Bakhtin: “A palavra (e em geral o signo) é


interindividual. Tudo o que é dito, expresso, situa-se fora da ‘alma’,
fora do locutor, não lhe pertence exclusivamente. (...) O autor (o
locutor) tem seus diretos imprescindíveis sobre a palavra, mas
também o ouvinte tem seus direitos, e todos aqueles cujas vozes
soam na palavra tem seus direitos. (BAKHTIN, 1997, p. 350).
• Para a AD, a autoria é sempre plural. “Somente Adão mítico esteve de
modo solitário a nomear os objetos.”
PUBLICAÇÃO DA PESQUISA: plágio,
autoplagio
• Há plágio? Visão mercantilista de propriedade particular da pesquisa.
• Há plágio? Visão subjetivista individualista da pesquisa.
• Autoplagio: como alterar o texto, a pesquisa para não parecer
autoplagio?
• Pesquisadores são levados a maquiar o texto com modificações
superficiais. Mas, e se a base da pesquisa continua a mesma? Por que
alterá-la? Como lidar com essa “sanha” da novidade?
• Mercado e novidade. A obsolescência programada e imediata e o
“produtivismo”. Refletir.
PUBLICAÇÃO DA PESQUISA: autor ou
autores?
• Grupos de pesquisa
• A pesquisa e sua dimensão social
• O Discurso e sua concretude histórica
• O sujeito isolado não existe, é uma “contradição de princípio”
• Tudo o que digo, professo, escrevo, deve vir entre aspas, nada é meu.
• E, então, como lidar com a autoria?
• Bakhtin: há o eu em relação. O si e o outro.
• Foucault: há o eu em embate com o nós. O si.
PUBLICAÇÃO DA PESQUISA: autor ou
autores?
Por exemplo, poderiam Saussure e Bakhtin escrever um ensaio juntos sobre a língua? Com certeza,
não. Poderiam Marx e Comte escrevem juntos? Marx e Durkeim? Não. Mas, ao mesmo tempo, a
enunciação de Bakhtin e do Círculo, só existem também como resposta a Saussure. Marx também
só existe como um enunciador que responde a seus contemporâneos. Eis aí a dialogia. Esses
pensadores, embora conectados, apresentam visões diferenciadas sobre o objeto de estudo e não
poderiam escrever em coautoria um ensaio.
Em um ensaio, TCC, Dissertação ou Tese, há que se defender uma tese, uma ideia, diferente das
demais, demarcando fronteiras e emitindo uma verdade sobre o fato. Não há como ser neutro ou
não se posicionar. Daí decorre que nem toda publicação conjunta é possível na área de
Humanidade e de Letras, pois aqui, a posição axiológica do sujeito está na sua linguagem, no seu
discurso (lembrando as dimensões discursivas anteriores), em sua pesquisa e difere da de outro.
Óbvio que isso não é uma regra aplicável a todo fato, pois há pesquisadores que muito se
aproximam e podem publicar em coautoria. Nas Ciências Exatas, a publicação conjunta é uma
realidade generalizada visto que aí, a visão de mundo, a opinião, as posições axiológicas são menos
preponderantes pela primazia do método, da experimentação e do próprio objeto de estudo.
Foucault e a autoria
• AD em A ordem do discurso:
• 1. Livrar-se da vontade de poder, ou seja, da vontade de verdade.
• 2.Livrar-se da visão de autor
• 3. Liberar-se do reinado do significante (Ferdinand de Saussure e tradição
Objetivista Abstrata)
• Liberar a ideia de acontecimento
• Liberar-se das Disciplinas
• Liberar-se do ritual e seus efeitos de exconjurar o aleatório, ou seja, as brechas,
as frinchas, as nervuras, as dobras....
• Liberar-se dos discursos canônicos (Diverso de Bakhtin e o Círculo)
PESQUISA:MONOLOGISMO, DIALOGISMO, POLIFONIA

• Dificilmente, em um texto acadêmico, manifestaremos uma perspectiva polifônica, pois


estaremos a defender uma tese, uma ideia, uma interpretação. Teremos uma verdade
“nossa” na pesquisa que pode ser provisória, mas ali está dada como uma certa visão de
mundo sobre o objeto que construímos ao longo da investigação. Essa visão é uma
verdade sobre o objeto na qual acreditamos e não é possível fugir a ela. O seu caráter é
monológico, excluindo vários outros mirantes sobre o objeto. O confronto a essa visão
construída virá mais especificamente na checagem pública da pesquisa quando outros
vieses vão questionar a verdade do pesquisador. A verdade do pesquisar adveio do
embate com outras visões e se elucida e se aclara nesse combate, mas emerge de modo
monológico, negando as outras visões para se robustecer. Mas mesmo que haja uma
posição monológica, a pesquisa se constitui na dialogia, visto que ocorre em confronto
com outras investigações. Nas palavras de Bakhtin: “ Mesmo entre produções verbais
profundamente monológicas, observa-se sempre uma relação dialógica”. (BAKHTIN,
1997, p. 355)
Universidade Tecnológica Federal do Paraná-
UTFPR
• METODOLOGIA DA PESQUISA EM CIÊNCIAS HUMANAS SOB O
MIRANTE DA ANÁLISE DIALÓGICA DO DISCURSO E DA ANÁLISE DO
DISCURSO: MIKHAIL BAKHTIN E O CÍRCULO E MICHEL FOUCAULT
• PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA E SOCIEDADE-
PPGTE
• PESQUISA DO GRUPO DISCURSOS SOBRE TECNOLOGIA, TRABALHO E
IDENTIDADES
• PROFA DRA ANGELA MARIA RUBEL FANINI- APOIO PRODUTIVIDADE
EM PESQUISA CNPq
REFERÊNCIAS
• MUITAS
• 1. MEU PAI
• 2.MINHA MÃE
• 3.MINHA FAMÍLIA
• 4.MEUS AMIGOS DA UTFPR E DE FORA DA UT
• 5.MEUS PROFESSORES E AUTORES E ALUNOS
• 6.E TUDO QUE OUVI
• 7. E TUDO QUE COMBATI
• 8.MEUS ORIENTADORES DE MESTRADO E DOUTORADO E PÓS-DOC
• 9. Aos amigos professores do NET da PUC-PR
• NO CASO EU???? OU NÓS? OU AS EPISTEMES QUE NOS FALAM??? TUDO ISSO E O QUE NÃO SEI QUE SEI...... A LISTA É INFINDÁVEL

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