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A construção da escrita pela criança

Ana Carla Hollweg Powaczuk- Dr./UFSM


Práticas de alfabetização

Sujeito
Escrita aprendente

Condições e elaborações do sujeito


Objeto de conhecimento
aprendente

Possibilidades
Quais perguntas as crianças se fazem?
Quais são as suas elaborações?
A escrita tem se constituído em uma necessidade para as
crianças? Em objeto do seu interesse ?

• O trabalho do professor necessita orientar-se para a criação de espaços


onde a escrita surja e seja reconhecida como uma possibilidade de
expressão da criança, em lugar de apresentar às crianças exercícios de
treino da escrita, pois “o principal obstáculo da escrita é sua qualidade
abstrata e não o subdesenvolvimento de pequenos músculos ou quais
outros obstáculos mecânicos motores” (Vygotski, 2005, p. 123).

Ênfase nos aspectos construtivos


Desafios ao sujeito aprendente
• O que a escrita representa?
• Como ela representa?
Psicogênese da língua escrita
Três grandes períodos neste percurso:
1º Busca de parâmetros de diferenciação entre os universos gráficos.

 2º Construção de modos de diferenciação na escrita - eixos de


diferenciação qualitativos e quantitativos.
 3º Fonetização da escrita que inicia no período silábico, culminando no
período alfabético.
Primeiro período:
Caracteriza-se pela busca de diferenciação entre as marcas gráficas figurativas e as
marcas gráficas não figurativas, ou seja, a criança passa a descobrir que a escrita
não é um desenho, pois quando se desenha, as formas do grafismo reproduzem as
formas dos objetos e ao escrever isto não ocorre.

Caracterização pela negação “ ela não é desenho”


Letras, números, pseudoletras, série de bolas ou barras verticais - grafemas não-icônicos fazem parte do
mesmo universo gráfico ( não são desenhos).
Não há controle na produção da grafia;
As letras não assumiram caráter de objetos substitutivos. As letras são objetos do mundo entre outros.
Antecipação não serve para controlar sua produção.
Interpretação dependente do contexto.
A leitura da escrita é global, não há preocupação em analisar as relações entre as partes e o todo.
Hipótese pré-silábica I

Criança A: 5 anos: bola, carrinho, bicicleta,


Hipótese pré-silábica
• Distinção entre letras e números;
• Associação da palavra X objeto;
• A letra inicial e número de letras
• As palavras são escritas com letras e que há
variação na sua ordem;
• A Discurso oral X discurso escrito;
• Categorização gráfica e funcional;
Possibilidades...
• Bingo dos nomes;
• Quebra cabeça dos nomes;
• Bingo das letras;
• Exploração dos crachás;
• Jogo do lince;
• Jogo do mico;
• Caixas com nomes;
• Alfabetário;
Segundo período
Estabelecimento de condições formais de legibilidade – Eixo qualitativo
e quantitativo
• É preciso um mínimo de variedade de caracteres para que uma série de letras “sirva para ler”.
• Letras passam a assumir caráter de objetos substitutivo.
• Não há diferenciação entre as partes e o todo.
• Nomes de objetos maiores deveriam ser escritos com mais letras que os pequenos, o mesmo
para o mais espesso, o mais pesado, o mais numeroso. Elementos quantificáveis do referido
objeto.
• Há controle da grafia.
• Variação intrafigural e interfigural.
Hipótese pré-silábica II
Terceiro Período - Fonetização da escrita

• Inicio da diferenciação entre o todo e as partes


• Surgimento da hipótese silábica, atribuição de uma letra a cada unidade sonora. (Inicialmente
pode acontecer sem atribuição do valor sonoro convencional ).
• As crianças compreendem bem a sua escrita, no entanto enfrentam dificuldades de interpretar a
escrita dos outros( conflitos sócio-cognitivos).
Hipótese silábica
Hipótese silábica
• Exploração da segmentação da palavra em unidades sonoras;
• Contraste entre palavras memorizadas globalmente e a hipótese silábica;
• semelhanças sonoras iniciais e finais;
• Contagem do número de letras ;
• Exploração da variação de caracteres;
• Pesquisa de palavras no texto;
• Trabalho com rimas;
O professor precisa abrir espaços para a escrita silábica dos alunos, sem identificá-las
como erradas, mas criando situações em que o questionamento de suas produções
venha a se impor logicamente a eles.
Tornar o erro observável
• Essa hipótese gera inúmeros conflitos cognitivos, tanto com as
informações que a criança recebe do mundo, como com as hipóteses de
quantidade e variedade de caracteres, construídas pela própria criança. A
dificuldade de abandonar a construção precedente e de substituí-la por
outra é representada por um período intermediário, denominado hipótese
silábico-alfabética ( consciência do fonema).
Hipótese silábica alfabética e alfabética

• Ênfase na análise fonêmica;


• Atividades explorando as sílabas ( cv e cvc)
• Exploração de textos, segmentação, espaçamento entre
palavras, ortografia;
• Regularidades e irregularidades da relação grafia e fonema.
• coexistem as duas formas de fazer corresponder sons e grafias.  
• hipótese alfabética: compreende que cada um dos valores da escrita corresponde a valores
sonoros menores que a sílaba;
• realiza sistematicamente a análise sonora dos fonemas das palavras que vai escrever
A etapa final da evolução é o acesso aos princípios do sistema
alfabético, no qual a criança consegue compreender como se
opera esse sistema, entendendo quais são suas regras de
produção.
Ferreiro e Teberosky (1987) apontam que muitos problemas ainda
ficam por resolver, principalmente os problemas ortográficos,
mas é imprescindível que se distingam os problemas de ortografia
dos problemas de construção da escrita, propriamente dita
A testagem
A testagem consiste em escolher um campo semântico e posteriormente elaborar uma
lista composta por no mínimo quatro palavras e uma frase.
Essas palavras devem ser polissílabas, trissílabas, dissílabas e monossílabas,
respectivamente, por exemplo, campo semântico: meios de transportes;
caminhonete, ônibus, metro, trem.
As palavras devem ser ditadas a criança e em seguida ser pedido a elas que escrevam
do jeito que sabem; depois de escrita é importante solicitar para que o aluno leia o
que escreveu. Dessa forma o educador saberá em que nível da escrita a criança se
encontra e a partir disso poderá elaborar atividades específicas para tal nível.
Consciência fonológica

Leitura Relação entre o todos e as


partes

Eixos de exploração
Diferença entre os universos
gráficos
Categorização gráfica e
Produção textual
categorização funcional
Usos e funções

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