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PROPRIEDADES VOLUMÉTRICAS DO QUEROSENE

DE AVIAÇÃO COM ADIÇÃO DE BIOQUEROSENE

Idila Rafaela Carvalho Gonçalves


Krishnaswamy Rajagopal
Silvia Maria Zanini Sebrão
E-mail: raja@eq.ufrj.br

Laboratório de Termodinâmica e Cinética Aplicada


Programa de Engenharia em Processos Químicos e Bioquímicos
Escola de Química – UFRJ
Motivação

Diminuição das emissões de gases poluentes;

Redução à dependência dos combustíveis fósseis;

Escassez de dados na literatura;

Atende as exigências da indústria aeronáutica;

Evitar perdas econômicas.


Reflitam

Uma redução de 0,11% do volume é


grande ou pequena?
Sumário

Querosene de Aviação (QAv)


Bioquerosene de Aviação (BioQAv)
Propriedades Termodinâmicas
Objetivo
Materiais e Métodos
Resultados
Conclusões
CONTEXTUALIZAÇÃO
Querosene de Aviação
(QAv)

Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e


Biocombustíveis (ANP)

“... derivado de petróleo obtido por processos de refino


como o fracionamento por destilação atmosférica,
contendo cadeias de 11 a 12 carbonos e utilizado em
motores movidos a turbina” (ANP, 2016).
Querosene de Aviação
(QAv)

Ponto de ebulição:
150 a 300 (ºC);

Massa molar média:


158,83 kg/kmol.

Querosene de Aviação
(QAv).
Bioquerosene de Aviação
(BioQAv)

Lei n° 12.490, de 16 de setembro de 2011:“...substância


derivada de biomassa renovável que pode ser usada em
turborreatores e turbopropulsores aeronáuticos podendo
substituir parcial ou totalmente, o combustível de origem
fóssil...” (PLANALTO, 2011; ANP, 2014).

Volumes limites para uso do BioQAv em misturas:


50% para Querosene Parafínico Sintetizado – SPK;
10% para Iso – Parafínicos Sintetizados - SIP.
Farnesano

Nomenclatura Científica: 2,6,10 trimetildodecano.


Nomenclatura Genérica: Diesel de Cana ou
Diesel Renovável.
Propriedades do Farnesano

Ponto de ebulição:
248 a 250 (ºC);

Fórmula Molecular:
C15H32;

Massa Molar:
212,41 kg/kmol;

Classificação:
Farnesano (BioQAv). Iso-parafinas sintetizados.
Massa Específica

   
Massa específica: Modelo de Amagat:
massa por unidade de Massa específica de uma
volume em uma mistura.
temperatura determinada.

(kg/m³) (kg/m³)
Volume Molar em Excesso

 
O volume molar em excesso () da mistura
resulta das interações entre as moléculas.
 

1: Espécie 1
2: Espécie 2
Objetivo

Verificar a variação do volume molar em excesso


das misturas de bioquerosene e querosene de
aviação, em diferentes temperaturas e composições.
MATERIAIS E MÉTODOS
Metodologias

 Abaixamento crioscópico: Determinar a massa molar


média.

Densiometria por oscilação mecânica: Determinar a


massa específica.

Pesagem direta: Pesar as amostras em balança analítica.

Fração molar : Calcular .

Volume molar em excesso: Calcular o .


Massa Molar média
do BioQAv e do QAv
Método do abaixamento crioscópico.
Soluto:
QAv ou BioQAv;

Solvente:
Benzeno Saturado em
água;

Volume de solução:
0,5mL;

Tempo de medida:
Osmomat 010 (Gonotec), precisão de
1,858 x 10-3 oC na temperatura medida. ~ 1 min.
Massa Molar média
do BioQAv e do Qav

Razão recomendada entre 14-16 (Meirelles, 2014).

  𝒎𝒂𝒔𝒔𝒂 𝒅𝒆 𝒔𝒐𝒍𝒖𝒕𝒐( 𝒈)
𝑹𝒂𝒛 ã 𝒐=
𝒎𝒂𝒔𝒔𝒂 𝒅𝒆 𝒔𝒐𝒍𝒗𝒆𝒏𝒕𝒆 (𝒌𝒈)

  𝒎𝒐𝒍 𝒅𝒆 𝒔𝒐𝒍𝒖𝒕𝒐 (𝒎𝒐𝒍)


𝑹𝒆𝒔𝒖𝒍𝒕𝒂𝒅𝒐 𝒅𝒐 𝑶𝒔𝒎𝒐𝒎𝒂𝒕 =
𝒎𝒂𝒔𝒔𝒂 𝒅𝒆 𝒔𝒐𝒍𝒗𝒆𝒏𝒕𝒆 (𝒌𝒈)

  𝑹𝒂𝒛 ã 𝒐
𝑴𝒂𝒔𝒔𝒂 𝒎𝒐𝒍𝒂𝒓 𝒎 é 𝒅𝒊𝒂=
𝑹𝒆𝒔𝒖𝒍𝒕𝒂𝒅𝒐 𝒅𝒐 𝑶𝒔𝒎𝒐𝒎𝒂𝒕
Densiometria por
oscilação mecânica

Massas específicas das Temperaturas das massas


espécies e das misturas, específicas medidas :
segundo a ASTM D4052.
298,15 K

308,15 K

318,15 K

328,15 K
Densímetro DMA 4500 (Anton Paar), 338,15 K
com incerteza de 0,002 kg/m³.
Preparo das misturas
do BioQAv e do QAv
   
Pesagem das massas Cálculo da fração molar.
das espécies .
Número de mols de i ( )

Fração molar de i ( )

Balança Analítica Adventurer


(OHAUS), precisão de 1X10-6 kg.
Volume molar em excesso
das misturas
 
As massas específicas, as frações molares e
as massas molares das espécies foram
substituídas na equação do .
 

Onde,
1 é o BioQAv;
2 é o QAv;
massa específica da mistura.
Perda de volume

-
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Massa molar média

A massa molar média é uma média das massas molares


dos constituintes das espécies.

Querosene de Aviação Bioquerosene de Aviação


(QAv) (BioQAv)

𝑹𝒂𝒛ã𝒐: 𝑹𝒂𝒛ã𝒐:
14,80 14,80

𝑹𝒆𝒔𝒖𝒍𝒕𝒂𝒅𝒐 𝒅𝒐 𝑶𝒔𝒎𝒐𝒎𝒂𝒕: 𝑹𝒆𝒔𝒖𝒍𝒕𝒂𝒅𝒐 𝒅𝒐 𝑶𝒔𝒎𝒐𝒎𝒂𝒕:


0,093 0,070

𝑴𝒂𝒔𝒔𝒂 𝒎𝒐𝒍𝒂𝒓 𝒎é𝒅𝒊𝒂: 𝑴𝒂𝒔𝒔𝒂 𝒎𝒐𝒍𝒂𝒓 𝒎é𝒅𝒊𝒂:


158,83 (𝒌𝒈⁄𝒌𝒎𝒐𝒍) 211,46 (𝒌𝒈⁄𝒌𝒎𝒐𝒍)
Fração molar e
Massas específicas
As massas específicas medidas estão dentro da faixa
da literatura e da regulada pela ANP.
Experimental Literatura
Espécie
ρ (kg/m³) ρ (kg/m³)

Farnesano 773,1 (Richter et al., 2018)


(T= 288,15 K) 776,1
765 - 780 (ANP, 2014)

QAv 798 793,3 (Ranucci et al., 2018)


(T= 293,15 K)  
  771,3 - 836,6 (ANP, 2011)

Porcentagens molares de BioQAv nas misturas:

2, 5, 10, 14, 20, 25, 35, 50 e 80.


Massa específica do BioQAv e do
QAv versus temperatura

As massas específicas de ambas espécies decrescem


com o aumento da temperatura.
ρ*103 (kg/m³)

P= 1 atm
Pressão=1
0.790 atm
QAv(♦)
0.775

0.760

0.745

BioQAv(■)
0.730
298 308 318 328 338

T (K)
Massa específica das misturas
versus temperatura

As massas específicas das misturas também


decrescem linearmente com aumento da temperatura.
ρ*103 (kg/m³)

P= 1 atm
  QAv(♦)
0.790
(■)
QAv(♦) (▲)
0.775 (▲)
(+)
(●)
0.760
(■)
(+)
0.745 (-)
BioQAv(■) (■)
0.730
298 308 318 328 338
BioQAv(■)
T (K)
Massa específica versus
fração molar do Farnesano

As massas específicas das misturas são limitadas pelas


massas específicas do BioQAv e do QAv.
ρ*10³ (kg/m³)

P= 1 atm
0.790
Aumento de ρ

(■) T = 298,15 K
0.775
(▲) T = 308,15 K
(●) T = 318,15 K
0.760
(♦) T = 328,15 K
(+) T = 338,15 K
0.745

0.730
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

𝒙
Volume molar em excesso
versus fração molar de BioQAv

O volume molar em excesso para as misturas


apresenta regiões de expansão e de contração.
𝑉𝐸 𝑚*10-3 (m ³∕m ol)

Expansão

0.05

0
(■) T = 298,15 K
(▲) T = 308,15 K
-0.05
(+) T = 318,15 K
(♦) T = 328,15 K
-0.1
(●) T = 338,15 K

-0.15

-0.2
Contração
-0.25
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
𝒙
Volume molar em excesso
versus fração molar de BioQAv
 
A contração é máxima em = 0,25 para todas as
temperaturas.
𝑉𝐸 𝑚*10-3 (m ³∕m ol)

0.05

0 (■) T = 298,15 K
(▲) T = 308,15 K
-0.05
(+) T = 318,15 K
(♦) T = 328,15 K
-0.1
(●) T = 338,15 K

-0.15

-0.2

-0.25
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
𝒙
Volume molar em excesso
versus fração molar de BioQAv

Nas temperaturas maiores que 298,15 K, o volume


molar em excesso é próximo de zero.
𝑉𝐸 𝑚*10-3 (m ³∕m ol)

0.05

0 (■) T = 298,15 K
(▲) T = 308,15 K
-0.05
(+) T = 318,15 K
(♦) T = 328,15 K
-0.1
(●) T = 338,15 K

-0.15

-0.2

-0.25
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
𝒙
Perda de volume

Vm_ideal: 0,0318512 L. Vm_real: 0,0318175 L.


Perda de 0,11 % do volume.
𝑉𝐸 𝑚*10-3 (m ³∕m ol)

0.05
T = 298,15 K
0

-0.05

-0.1

-0.15
x = 0,25
-0.2

-0.25
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
𝒙
Em números $$$

Voo SP – Paris consome 95.430 L de combustível


(adaptado de MECÂNICO DE AERONAVES, 2013).

-0,11% significaria 10.500 L de combustível a menos.

Considerando:
Preço do litro da mistura = Preço do litro do QAv
R$ 5,25 (FAB, 2018)

Seria um prejuízo de R$ 55.125,00 !!!


CONCLUSÃO
Massa específica
 
As massas específicas das misturas decrescem linearmente
com a temperatura.

Em = 0,25, onde ocorre um comportamento anômalo há


aumento da massa específica.

As massas específicas das misturas estão limitadas pelas


massas específicas das espécies.

Quanto maior a fração de Farnesano (BioQAv), menor é a


massa específica da mistura.
Volume molar em excesso

Volume em excesso negativo mostra forte interação entre


moléculas diferentes.

Em 35% a 50% molar de Farnesano (BioQAV) o


comportamento é próximo do ideal, exceto na T (K) = 298,15.

Acima de 50% molar de BioQAv, o volume em excesso é mais


negativo para as T (K) = 318,15; 328,15 e 338,15.

O desconhecimento das propriedades volumétricas pode


acarretar prejuízos financeiros significativos.
Agradecimentos

Os autores agradecem ao Engenheiro Alexandre J. M.


Vieira e ao Professor Donato Aranda pelos reagentes,
e à Fundação COPPETEC pela bolsa de Mestrado.

OBRIGADA!
LATCA

Universidade Federal do Rio de Janeiro


Centro de Tecnologia - Escola de Química - Bloco I, Sala 122
Ilha Fundão - Rio de Janeiro - RJ
E-mail: raja@eq.ufrj.br
Telefone: 3938-7423
Página: https://sites.google.com/a/eq.ufrj.br/latca/

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