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CONCEITO DE CUSTO DE

ACIDENTES

Prof. Eng. Celso


Atienza
Capítulo I

- O conceito de custo de acidentes sofreu uma enorme


evolução nos últimos 60 anos.
1. Custo Direto e Indireto dos Acidentados com Lesão
- Os primeiros estudos sobre o assunto, focalizaram, apenas,
o que hoje chamamos de “custo direto dos acidentados com
afastamento”.
- Viu-se, porém, desde logo, que este custo não representava
senão uma pequena parcela do custo total dos acidentes.
- Pois, além do custo direto ou aparente, existe um custo
indireto ou oculto, causado pelos seguintes fatores:
Custo Indireto: Quadro I

1. Perda de tempo dos companheiros de trabalho e dos


gerentes das áreas envolvidas.
2. Perdas e danos sobre materiais.
3. Danos provocados sobre equipamentos e máquinas.
4. Tempo que esse equipamento fica parado.
5. Descoordenação do trabalho e queda de produtividade.
6. Atraso na prestação de serviços.
7. Dificuldades com autoridades governamentais.
-Coube a Heinrich (EEUU – 1931), o cálculo da relação custo
indireto/custo direto (Heinrich determinou que o custo indireto é
dado pela fórmula CI = 4CD) e a Simond (EEUU – 1963), a
apresentação do primeiro método verdadeiramente científico
para o cálculo do custo Indireto dos Acidentes do Trabalho.
- a partir de 1963 apareceu uma série de estudos feitos com o
objetivo de determinar o valor da constante (k) entre o custo
indireto e o custo direto dos acidentes com lesões e danos a
propriedade.
- A tendência desses estudos foi de atribuir um valor cada vez
maior a esta constante.
-O exemplo mais frisante é o da equipe de segurança da
U.S.Steel Co. que achou para sua indústria o valor 80.
2. Custo Direto e Indireto dos Acidentes com
Lesões sem Afastamento.

-Bird e Germain (EEUU – 1966), realizaram o primeiro


estudo em nível científico sobre os denominados “acidentes
com lesões sem afastamento”, (acidentes sem lesão, ou
seja, com danos apenas sobre equipamentos.)
- Estes estudos tiveram o mérito de chamar a atenção dos
pesquisadores sobre a enorme freqüência deste tipo de
acidente (avaliado como 5 vezes superior aos acidentes
com lesões e com afastamentos) e o seu alto custo total
(avaliado em igual custo dos acidentes com lesões e com
afastamento) ser bastante alto.
Estudos de Bird – Germain: Quadro II

Acidentes
Com lesões Leves Sem lesões
incapacitantes
Freqüência

1 100 500

Custo $ $

Estimativa de um “Custo Total” interpolando os estudos de Heinrich e Bird


Custo Total
Custo Direto 4 10
1
Custo indireto
-Interpolando os estudos de Bird – Germain, com os estudos de
Heinrich, veremos que o custo total dos acidentes (com ou sem
lesão) é dez vezes superior ao custo dos acidentados com
afastamento.
3. Acidentes de Baixa Freqüência e Alta Gravidade

-Com efeito, se levantarmos as estatísticas de acidentes de uma


empresa, por 10 anos, e calcularmos o seu custo, estaremos
estudando apenas os acidentes de alta (ou média) freqüência e
baixa (ou média) gravidade.
-Não estaremos levando em conta os acidentes de baixíssima
freqüência, mas que poderão ser de altíssima gravidade.
-Se lebrarmos que o custo potencial ou risco potencial é o
produto da freqüência pela gravidade, poderemos compreender
que esta parcela do “risco investido” pode ser bastante alta.
Limiares de Detecção e Probabilidade
Estatística: Quadro III
Colocando num eixo
de abcissas e
ordenadas de um
lado a gravidade dos
P acidentes e de outro
Perda de Tempo
a probabilidade,
Dano Equipamento obteremos uma
Lesões Leves
curva de aspecto
Lesões + parabólica. Isto
afastamentos explica porque os
pesquisadores
encontraram valores
cada vez maiores
para a relação entre
o custo indireto e o
G direto.
- O risco investido em acidentes de baixa freqüência e
alta gravidade está representado no quadro III pela
área tracejada.
4. Custo Total dos Acidentes
- O custo total dos acidentes de trabalho deve ser
calculado pela soma das seguintes parcelas:
1. Custo direto e indireto dos acidentes com lesões médias
e graves.
2. Custo direto e indireto dos acidentes com lesões leves.
3. Custo indireto de acidentes sem lesão com dano
exclusivo sobre o equipamento ou com simples
interrupção do trabalho.
4. “Custo investido”, em acidentes de baixa freqüência,
porém de alta gravidade.
Custo total dos Acidentes: Quadro IV

1- Custo direto e indireto dos acidentes com lesão e


afastamento.
2- Custo direto e indireto dos acidentes com lesões leves.
3- Custo dos acidentes sobre materiais e equipamentos.
4- Custo de interrupções não programadas do trabalho.
5- Risco imediato em acidentes de baixa freqüência e alta
gravidade.
Capítulo II: Algumas outras abordagens do
Problema do Custo de Acidentes

- Procuramos até agora mostrar como foi evoluindo, ao


longo dos últimos 60 anos, o conceito de acidente e os
métodos para quantificação do seu custo.

Quadro 1:
Algumas outras abordagens do Problema de custo de Acidentes
I. Custo quantificável X Custo não quantificável.
II. Controle total de Perdas
III. Análise de sistemas em função dos riscos potenciais. Teoria
do custo total dos sistemas.
- O assunto poderia ser, entretanto, abordado sobre
outros aspectos:
1) Custo não quantificável.
2) Controle total de perdas.
3) Teoria do risco potencial.
I. Custo Quantificável x custo não quantificável
- Além do custo quantificável, que analisamos, existe
também para a empresa um custo não quantificável
(ou pelo menos não quantificado até agora por
nenhum autor).
- Citaremos apenas em poucos aspectos este
problema.
1) Aspectos Psicológicos:

-Trauma psicológico produzido nos funcionários de uma


empresa devido a ocorrência de um acidente grave.
-Como quantificar isto? É muito difícil. Quem poderá,
entretanto, negar sua influência negativa sobre o grau de
motivação, para o trabalho, dos funcionários e sobre a
Produtividade?
Aspectos Psicológicos não
quantificáveis – Quadro 2:

•Quanto aos próprios funcionários


-trauma psicológico  imagem interna negativa 
queda de motivação queda de produção.
• Quanto ao público
- trauma psicológico imagem externa
negativaqueda de vendas.
2) Aspectos Fisiológicos:

-Passemos dos aspectos psicológicos para os fisiológicos. Trata-


se do problema do “Stress”.
- Stress é um conjunto de reações fisiológicas hormonais que
ocorrem no organismo sob forte medo, tensão ou pavor.
-Qual a produtividade de um funcionário sujeito a um estado
contínuo de stress, no momento em que encontra uma
inexistente condição de trabalho ou um perigo direto e iminente.
-Quais os efeitos dos chamados incidentes críticos, isto é, dos
acidentes que quase aconteceram (mas não se efetivaram sobre
o organismo)? Qual o efeito disto, ao longo de anos e anos, na
queda do rendimento de uma empresa? São perguntas que
devem ser levantadas.
Aspectos Fisiológicos não quantificáveis
– Quadro 3:

Acidente
Queda
progressiva
Trauma da
Psicológico Comprometimento eficiência
Stress do Estado Físico individual

Incidente
Tensão / Medo Diminuição Ausentismo
momentânea
da eficiência

Condições de Trabalho
Queda da produtividade global
3) Aspectos Orgânicos e Laborativos:

- Qual a produtividade de um funcionário dado como


“apto” pelo INSS, após um acidente grave e um
afastamento prolongado? Pode-se dizer que ela é igual
à sua produtividade antes do acidente?
Aspectos sociais , psico-sociais de difícil
quantificação – Quadro 4:
total Seguro
Incapacidade
Parcial readaptação

(Processo de 1
Lesão Cura ano)

Acidente
Afastamento Reintegração ?
?
?
(Cerca de 20% dos
Qual a produtividade de um acidentado acidentados não se
após a reintegração no serviço? consideram aptos)
4) Imagem Externa no Mercado:

-O que representa para uma empresa, em termos de imagem


externa e de mercado, a ocorrência de um acidente grave?
-O imposto de um acidente grave, internamente representa
diminuindo a produtividade, e externamente as vendas
5) Aspectos Individuais e Sociais:
- O nosso tema é o papel da prevenção de acidentes na economia
das empresas, por isso, apenas citaremos dois outros aspectos
importantíssimos, para não dizer capitais:
a) O que representa o acidente do trabalho para sua vítima?
b) O que representa o acidente do trabalho para a nação em termos
do chamado custo social da incapacidade?
II. Controle Total de Perdas

-Um dos grandes mestres na matéria é o ilustre Prof. Hernan


Henriques BASTIAS, que ministrou esse curso no Brasil.
-No nosso estudo anterior, nós analisamos o conceito de custo de
acidentes.
-Podemos perceber que ao lado do aperfeiçoamento dos métodos
da detecção dos custos, houve também, ao longo desses 60
anos, evolução do próprio conceito de acidente.
-Inicilamente foi considerado como um fato ocorrido durante o
trabalho do qual decorreria lesão corporal.
-Depois, como é lógico, o seu conceito passou a abranger
também os danos sobre equipamentos e materiais.
-Nós tivemos a oportunidade de enfatizar, no Capítulo I, a
importância da perda de tempo ou da interrupção do
processo, mesmo nos casos em que o dano material é
desprezível.
-O conceito de perda vai mais longe. “Perda é todo o fato
negativo que distorce um processo de trabalho, impedindo o
que foi programado.”
- O Prof. Hernan Henriques Bastias, do qual tivemos a honra
de ser seu discípulo, classifica, estuda e apresenta sugestões
sobre a maneira de quantificar os seguintes tipos de perdas.
(vide quadro 6,7,8 e 9).
1) Perdas quanto ao fator humano;
2) Perdas quanto ao material;
3) Perdas quanto ao equipamento;
4) Perdas quanto ao processo.
Custo Social da Incapacidade – Quadro 5:

crédito

idade
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60

débito Geralmente o acidente do


trabalho incapacita o homem,
justamente no momento em que
ele se tornaria mais produtivo
para a nação.
Controle Total de Perdas – Quadro 6:

Punições
Faltas
Absenteísmo
Atrasos
Acidentes
Doenças
O elemento
humano como
fator de perdas Conhecimentos Gerais, Conhecimentos
Preparação Específicos, Experiência, Habilidade,
Deficiente Destreza

Fatores Físicos Estatura, Peso, Idade, Estado


(seleção) Físico, Outros
Controle Total de Perdas – Quadro 7:

Descoordenação do processo;
Na seleção
Deficiências no Controle de
Falhas de abastecimento Estoques;
Deficiências no Armazenamento.
O material
como fator de
perdas
Falhas no controle de qualidade
Limitações de recursos
Má utilização
Controle Total de Perdas – Quadro 8:

Planejamento;
O equipamento como Seleção;
fator de perdas
Manutenção;
Substituição
Controle Total de Perdas – Quadro 9:

Localização;
Seqüencialidade;
O processo como fator
de perdas Deficiências de Sensores;
Supervisão;
Descoordenação.
III. Análise de Sistemas em Função dos
Riscos Potenciais – Teoria do Custo Total
dos Sistemas

-A principal preocupação da tecnologia avançada, no que diz


respeito ao estudo de custo e a prevenção de acidentes, é a
determinação do custo presumido dos acidentes, ainda na fase
de projetos.
-Com efeito, um grande número de acidentes poderia ser
previsto e prevenido ainda na fase de projeto.
-A nossa preocupação poderia ir ainda mais longe. É a de
estudar vários projetos possíveis (ou seja Sistemas) e escolher
aquele que seria de si mais seguro.
-Esta conduta poderia, entretanto, em alguns casos ser anti-
econômica.
- Daí a necessidade da introdução de 3 conceitos:
1. Vida de um sistema;
2. Custo total de um sistema;
3. Eficiência de um sistema.
- A maioria das empresas procuram fazer prevenção de
acidentes na fase de operação.
- Esta prevenção será necessariamente corretiva.
- Outros estão numa fase mais avançada, já se preocupam com
o Projeto e a Construção.
- Contudo, só muito moderadamente o assunto tem sido
abordado em termos de Concepção e Desmontagem.
- A vida de um sistema, no seu sentido mais amplo, consiste de
5 fases:
Quadro 10:

Concepção
Projeto
Construção
Operação
Desmontagem
ou Inativação
Análises de Riscos Potenciais

- Inserem-se justamente no problema da escolha ou opção entre


várias concepções ou alternativas de sistemas.
- O critério de escolha não é apenas o de menor custo
operacional, mas sim o de maior rentabilidade, isto é, o sistema
que conjugasse o ponto máximo de eficiência e o ponto mínimo
de custo total.
- Agora, dentro desta conceituação, o que é Custo Total?
- É a soma de 2 tipos de custo:
1) O de projeto, da construção, da operação (manutenção), da
desmontagem, etc.
2) O dos riscos potenciais, da distorção ou deterioração.
-Para efeito de simplificação, chamaremos os primeiros de custos
operacionais e os segundos de custos de riscos potenciais.
-Qualquer que seja um sistema observaremos, geralmente, o
seguinte fato: As opções de custo operacional baixo, são de custo
de risco potencial alto, e vice-versa.
-Assim, se tivermos um número grande de opções, e se
colocarmos estes dois tipos de custos em uma curva de abcissas e
ordenadas, obteremos o seguinte gráfico.
Curva do Custo dos Sistemas – Quadro 11:

Custo total

Custos
operacionais
Riscos
Potenciais
-É interessante notar:
1. O aspecto parabólico destas curvas: Quando nos aproximamos
dos extremos estas curvas tendem para o infinito.
2. Isto não acontece com o risco potencial, ele na realidade é
finito e é o Custo total do sistema.
-Com efeito, se a prevenção é zero o risco é máximo e põe em
jogo a própria existência do sistema.
-Estes estudos pareceriam inteiramente teóricos se não fossem
já estabelecidos vários métodos para o cálculo do risco potencial.
-Fundamentalmente estes métodos se dividem em dois tipos:
Métodos Dedutivos e Métodos Indutivos.
-Os dedutivos são os estatísticos,mas evidentemente não são as
estatísticas do sistema que está sendo estudado.
-Porque ele ainda não existe mas, sim o acervo de outras
empresas.
-Este acervo pode referir-se ao sistema, enquanto um todo, ou a
um subsistema dentro do sistema, ou mesmo a algumas
operações dentro do subsistema.
-Esses dois últimos casos são aliás os mais comuns.
-Pois, com o avanço da tecnologia, é difícil idealizar um sistema
que seja uma repetição de um já pre-existente (pelo menos nas
áreas em que fazem algum estudo deste tipo).
-É claro que tudo isto pressupõe sistemas bem sofisticados de
cadastramento de dados através de computadores eletrônicos e
uma ampla troca de informações e experiências entre as diversas
empresas.
-Em alguns casos se consegue extrapolar de um sistema para
outro, o risco de uma operação ou de um subsistema.
-Em outros, esta extrapolação, é mais complexa e é necessário
desmembrar o risco em dois componentes fundamentais, ou seja,
a freqüência e a gravidade (é interpolar a freqüência de um
sistema e a gravidade de outro).
-Neste caso, o risco potencial do subsistema (ou da tarefa ou da
operação) estudado seria dado pela fórmula: R= P x D
-Onde: P = probabilidade ou freqüência e D = dano, custo ou
gravidade.
-Dos métodos indutivos, o mais simples consiste em analisar todas
as fases, tarefas, operações e até movimentos de um processo e
classificar, em cada caso, a probabilidade de ocorrer uma distorção
(acidente) e a gravidade presumível.
-Um critério, para isto, seria classificar as probabilidades em:
Alta = 0,9;Média = 0,5;Baixa = 0,2 e a gravidade em: Séria = 6;
Moderada = 3; Mínima = 1.
-Poderíamos, entretanto, fazer uma conjugação de um método
dedutivo e de um indutivo. Seria através da chamada Árvore das
Falhas (“Fault Tree”).
-Analisamos os sucessivos níveis de falhas ou erros possíveis de um
processo, poderemos avaliar pelo menos, aproximadamente, o seu
Risco Potencial.
-Alguns acidentes só ocorrerão pela confluência de dois ou mais
erros na Árvore das Falhas.
-Esses acidentes serão introduzidos pela entrada “AND”
(representada simbolicamente por X). Em outros casos numa
operação ou tarefa teremos 2 possibilidades de erro. A Entrada lógica
é representada por “OR” e a gráfica por +.
-Se dispusermos de estatísticas, poderemos quantificar a
probabilidade e a gravidade destes “erros”. E então, teremos
avaliado o risco potencial total do processo analisado.
-O cálculo pode referir-se a um processo pré-existente ou de um
ainda na simples fase de concepção ou projeto.
-Esse cálculo quantitativo só poderá ser feito evidentemente através
de Álgebra de Boole, na qual o “AND” tem o valor de um produto e
“OR” tem o valor de uma adição.
-Para compreensão do assunto apresentaremos um exemplo
sumário. É o exemplo citado por Harold Roland no seu artigo. “A
Fresh Look at System Safety”.
Criança come produto para
limpeza de forno

X And

Possui limpador Parece ser


de forno comida
X And + Or

Recipiente Parece Gosto de Odor de


Possui recipiente
está aberto comida comida comida
+ Or + Or

Possui em
Possui no
casa Gosto bom Gosto suave Gosto doce
estoque
Recipiente está
aberto
+ Or

Criança abre Encontrado


aberto

Árvore Lógica
Capítulo III

A) Dificuldades
- As dificuldades desse estudo resultam, em parte, da
complexidade própria do assunto, em parte, da falta de
informação das fontes oficiais e privadas ligadas aos
problemas e, em parte de peculiaridades relacionadas com o
tipo de trabalho realizado na empresa.
1.O método de Heinrich não é um método rigorosamente
científico pois a fórmula CI = K x CD, sendo K = 4, não pode
ser aplicada indistintamente em qualquer indústria uma vez
que o valor de K, como é óbvio, deve variar conforme o tipo
de atividade industrial.
2. O método de Simond é bom, mas apresenta um custo
operacional alto, pois exige a contratação de várias técnicas para
executá-lo.
3. No Brasil, devido a carência de Serviços Especializados em
estatísticas de acidentes, é muito difícil quantificarmos os Riscos
Potenciais ou calcularmos o “Risco investido” em acidentes de
baixa freqüência e alta gravidade.
B) Problemas Práticos dos Serviços Especializados em
Engenharia de Segurança do Trabalho e em Medicina do
Trabalho (SEESMT)
-Por outro lado, tanto em empresas privadas como públicas,
frequentemente os serviços especializados em Eng. de Segurança
do Trabalho e em Medicina do Trabalho são obrigados a colocar
de lado argumentos humanitários e sociais, para tentar
conquistar, no campo econômico, maiores investimentos para os
assuntos relativos às condições e meio ambiente de trabalho.
- Muitas vezes, entretanto, eles se detêm diante do
seguinte círculo vicioso:

1. Para argumentar, no campo econômico, precisam


basear-se em análises feitas com rigor científico.
2. Essas análises para serem bem feitas, devem contar com
o concurso de mão-de-obra especializada. Apresentam,
pois, elas mesmas, um custo operacional relativamente
alto.
3. Os serviços especializados geralmente têm poucos
recursos, o que impossibilita a execução dessas análises.
Obstáculos para realização de estudos de
custos. – Quadro 1

Falta de Importância de
Conscientização análises científicas

Círculo
Vicioso

Aumento do custo Necessidade de mão-


operacional de-obra especializada
Primeira Opção: A Fórmula de Heinrich

-Ao nosso ver uma boa fórmula para sair desse círculo vicioso
seria apresentar à direção da empresa um primeiro estudo
sobre o problema baseado na fórmula de Heinrich, isto poderia
servir:
-1) Para motivar o escalão mais elevado quanto à importância
do assunto.
-2) Para justificar a necessidade de implantação de medidas
preventivas.
-3) Para estudar e propor modificação do sistema tarifário, com
vistas à diminuição do custo direto e indireto dos acidentes
com danos à propriedade.
-Essas medidas poderiam atrair novos investimentos para a
área da Engenharia de Segurança do Trabalho.
- Os investimentos assim captados poderiam, então abrir
campo para estudos mais profundos de custos.

Utilidade da fórmula de Heinrich – Quadro 2


Método
de
Simond
Custo
total dos Controle Bird -
Sistemas de Germain
perdas

Preparar
Atrair estudos
Mostrar a
científicos
magnitude investi-
do problema mentos
Segunda Opção: O método de Heinrich modificado
-Cremos, entretanto, que os procedimentos que têm sido usados, no
Brasil para avaliação do custo indireto dos acidentes gerais pela
Fórmula de Heinrich são completamente falhos.
-E isso, muitas vezes, tem barrado, ainda no seu início, por falta de
confiabilidade, o processo ascencional dos estudos de prevenção.
-A) Falhas correntes na aplicação da fórmula de Heinrich para cálculo
do custo indireto de acidentes com afastamento e danos materiais.
-Em muitos serviços costuma se identificar o seguro pago pela
empresa ao INSS com o custo direto dos acidentes com afastamento.
-A multiplicação do custo segurado por quatro, daria então, pela
fórmula de Heinrich, o valor aproximado do custo indireto.
-Consideramos esse procedimento completamente falho,
pelas seguintes razões:

1- Os estudos de Heinrich, relacionando o custo indireto


com o custo direto, partiam do pressuposto de que o
atendimento médico e a compensação salarial seriam feitos
pela própria empresa.
2- Heinrich mostrou que CI = K x CD e que K=4 para
empresas do tipo fabril. Ora, o valor de K varia muito de
acordo com o tipo de empresa. Frank E. Fernandez no seu
trabalho “Controle Total de Perdas” mostra que o valor de K
pode variar de 1 a 100.
-B) Correções necessárias.

-Assim sendo, para que fórmula de Heinrich pudesse ser aplicada,


cremos que seria necessário:
-1) Avaliar pelo menos aproximadamente, qual seria a despesa
médica e a compensação salarial, se o atendimento fosse feito na
própria empresa.
-2) Encontrar o valor de K específico para o tipo de atividade
exercida pela empresa em questão.
-C) Método proposto.
- Sugerimos os seguintes procedimentos para avaliação dos
elementos necessários para aplicação da fórmula de Heinrich.
Método de Heinrich

Falhas correntes:
1) CS=CD
2) K=4
3) CI = 4CS
Modificações propostas:
1) K – pesquisa bibliográfica
2) CS – compensação salarial - Fichas A.T
3) Tm – Tratamento médico - Tabela US do INSS
4) Fórmula: CI = K(CS + Tm).
Capítulo IV: Intrepretação e Cálculo do Custo de
Acidentes

A) Metodologia Moderna Incluindo Todas as Variáveis


Apresentaremos uma metodologia, que entre outras coisas,
passará a ser ponto de referência da Atuação dos Serviços
Especializados em Engenharia de Segurança do Trabalho
aplicando o conceito do Custo x Benefício.
Assim sendo, sugerimos a seguinte equação:
1) Cálculo do Custo Direto dos Acidentados: (CD)
- O custo direto representa os acidentados com afastamento e
acidentados sem afastamentos,ambos com lesões leves, médias
ou graves, além do pagamento do seguro acidente do trabalho
-Define-se acidentado sem afastamento aquele trabalhador que
sofreu lesão com tratamento inferior a 15 dias.
-Define-se acidentado com afastamento aquele trabalhador que
fica afastado por mais de 15 dias e vai para o seguro do INSS.
-Toda empresa de acordo com sua atividade e grau de risco já
definidos em seu objetivo social recolhe as seguintes taxas ao
INSS para terem direito ao tratamento pelo seguro de seus
trabalhadores acidentados conforme segue:
T.S.A.T = Taxa deSeguro Acidente do Trabalho
1% - Risco Leve
2% - Risco Médio
3% - Risco Grave
OBS:Todo trabalhador acidentado com tempo inferior a 15 dias a
empresa arca com todos os custos ambulatoriais de tratamento
médico que devem ser calculados e colocados no custo direto.
-Assim sendo o custo segurado será calculado pela
seguinte fórmula:
C. Seg = TSAT x TFSC / 100, onde:
C. Seg = Custo segurado
TSAT = Taxa de Seguro Acidente do Trabalho
TFSC = Total da Folha de Salário Contribuição
-Custo Ambulatorial – (C.Amb.) –É arcado pela empresa
que trata diretamente esse trabalhador.
-Assim o Custo Direto (CD) será calculado pela seguinte
fórmula:
CD = Custo Segurado + Custo Ambulatorial
Nota: O custo segurado cobre despesas médicas
hospitalares, indenização e o transporte do acidentado.
2) Cálculo do Custo Indireto – (CI)

-O cálculo do custo indireto depende basicamente da


percepção que o Analista do Acidente possuir.
-Depende de uma série de variáveis conforme o tipo de
acidente que se materializou.
-Está associado aos valores calculados para a produção que
na realidade não foram alcançados os respectivos índices.
-Representa portanto a Improdutividade gerada.
-Para melhor equacionamento aditamos os seguintes
cálculos:
CI = TI + HP+Prod.não efetuada + OD+MPC, onde:
TI = taxa de improdutividade
HP =Horas perdidas
Prod. não efetuada = Produção não Efetuada
OD = Outras despesas
MPC = Investimentos em medidas de proteção coletiva.
1) Horas Perdidas = HP
Esse cálculo é feito para cada acidente que o trabalhador ou a máquina
ficaram parados ou ambos conforme o caso. É portanto, a soma de todas
horas paradas por acidente que foram pagas ao trabalhador, mais as
horas de máquina parada por acidente de trabalho.
2) Taxa de Improdutividade = TI
Ela é medida pela seguinte fórmula:TI = HP/HT x 100
Esse cálculo representa a improdutividade do setor. Essa
improdutividade jamais poderá ser recuperada, apesar de ser possível a
recuperação da produção calculada, desde que a empresa abra mão do
seu lucro.
-O valor da improdutividade é dado em porcentagem e é mais lógico
sob o ponto de vista de entendimento por parte do empresariado.
3) Outras Despesas = OD
-Esses valores dependem do grau de percepção de quem investiga o
acidente causado, e consegue ter acesso à informação dos valores
desejados.
4) Produção não Efetuada = PNE
-Esse cálculo deverá medir o índice de produtividade. Como tanto a
mão de obra como equipamentos e máquinas estão parados, deve-
se colocar esses índices como não realizados pois caracterizam as
perdas do Processo Produtivo.
5) Medidas de Proteção Coletiva = MPC
-São valores que devem ser alocados, para se proteger o
trabalhador das máquinas e equipamentos.
-Geralmente é um investimento necessário para que não se produza
o chamado Acidente.
6) Danos a Máquinas e Equipamentos = DME
-Esse é o custo que a empresa arca, decorrente de acidente com
equipamento.
-São dados pelos seguintes valores:
1- Custo de reparos
2-Horas de máquinas e equipamentos não trabalhadas, e
programada no planejamento para estar em operação.
-Geralmente quando uma máquina se acidenta, ela vai para conserto
na oficina mecânica, e esse custo entra de maneira errada para o
setor de manutenção.
- Manutenção só existe quando separa de acordo com o
planejamento, pois quando a máquina para por acidente com
equipamento, esse custo deve ser um centro de custo separado,
chamado de custo acidente e não de custo de manutenção.
7) Custo de Responsabilidades = CR
-É o custo decorrente das obrigações e responsabilidades cíveis e
penais.
-Em alguns casos a indenização cível, é julgada em “Ad Perpetuam”,
ou seja, o valor julgado que a empresa tem de arcar é o tempo de
vida que existir do reclamante.
-Por outro lado toda ação cível gera uma ação penal, cuja pena, é o
da prisão daquele que deu causa.
-Assim sendo, precisamos estar bem atentos aos processos que geram
as ações indenizatórias, que obrigam as empresas arcarem com os
custos dela decorrentes.
8) Custo Fixo = CF
-Esse é o custo decorrente da mão-de-obra, equipamentos e materiais
necessarios à proteção de máquinas e dos trabalhadores em geral.
-Considera-se mão-de-obra: a contratação dos componentes dos
Serviços Especializados em Engenharia de Segurança do Trabalho e
em Medicina do Trabalho (SEESMT).
- Considera-se Equipamentos e Materiais:
a) Os equipamentos de proteção individual (EPI) necessários a cada
tarefa executada pelos trabalhadores.
b) Dispositivos de proteção coletiva
c) Despesas ambulatoriais – remédios mais equipamentos necessários
ao atendimento dos trabalhadores.
OBS: Esse custo, é um investimento para se fazer a proteção dos
trabalhadores, a fim de minimizar a lesão.
- Toda empresa tem que investir esse valor por dois motivos
conforme segue:
1) Evitar o agravamento do custo social
2) Evitar o aumento das despesas empresariais com o chamado
aumento da produtividade.
- É protanto, o valor que trata do investimento versus o retorno, ou
simplesmente chamado de custo versus benefício.
9) Lucro Cessante = LC
- Toda a vez em que ocorrer esses eventos, a empresa deixa
de faturar o calculado e em conseqüência o lucro perdido, e
para isto não há retorno nunca, pois a produtividade, ou seja,
os resultados calculados e esperados nunca se concretizarão.
Esse valor sempre tem que ser aferido de acordo com a
situação se apresenta e o histórico das empresas nessa área.
10) Custo Social = CS
-É o custo decorrente de indenização aos acidentados por
incapacidade permanente ou parcial nos locais de trabalho,
bem como os acidentados com óbito.
-Esse custo onera a Previdência Social, aumentando o Déficit
Público com impacto negativo no chamado Superavit Primário e
portanto, com grande prejuízo à Nação Brasileira, que vê os
seus investimentos sociais serem diminuidos reduzindo a
capacidade do governo investir nas chamadas obras de infra
estrutura, necessárias ao Desenvolvimento do país.
-Em conseqüência há uma maior taxação dos impostos que a sociedade terá
que arcar e pagar, e portanto com grande perda de seu poder aquisitivo.
-É um ciclo vicioso, pois esse custo só é administrado pelo governo, mas pago
por toda a sociedade.
-Portanto, podemos definir a fórmula real do custo de um acidente do
trabalho, como segue:
CA = CD+CI+DME+LC+CF, onde:
CA = custo de acidente do trabalho
CD = custo direto dos acidentados no trabalho
CI = custo indireto dos acidentes do trabalho
DME = Danos à máquinas e equipamentos
LC = Lucro Cessante
CF = Custo Fixo
CS = Custo Social
- O custo fixo servirá para medir o desempenho dos serviços especializados e
o custo social, para o governo saber direcionar os seus investimentos.

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