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Pesquisa qualitativa em

Educação e instrumentos
metodológicos
Astrogildo Fernandes da Silva Júnior
Pesquisa qualitativa
• A Epistemologia Qualitativa defende o caráter construtivo
interpretativo do conhecimento, o que de fato implica compreender o
conhecimento como produção e não como apropriação linear de uma
realidade que se nos apresenta. (GONZALEZ REY, 2005, p.24).
A subjetividade na pesquisa qualitativa

• A subjetividade está constituída tanto no sujeito individual, como nos


diferentes espaços sociais em que este vive, sendo ambos
constituintes da subjetividade. O caráter relacional e institucional da
vida humana implica a configuração subjetiva não apenas do sujeito e
de seus diversos momentos interativos, mas também dos espaços de
uma sociedade concreta que estão estreitamente relacionados entre
si em suas implicações subjetivas. (GONZALEZ REY, 2005, p. 24).
.Segundo Minayo (2001), a pesquisa qualitativa,
 

• (...) responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas


ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser
quantificado, ou seja, ela trabalha com o universo de significados,
motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a
um espaço mais profundo das relações dos processos e dos
fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de
variáveis. (MINAYO, 2001, p. 21-22).
• Pesquisa de cunho etnográfico: a pesquisa em Educação também
recorrer a elementos da pesquisa etnográfica em educação. André
(1995) afirma que por meio de técnicas etnográficas de observação
participante e de entrevistas intensivas, é possível documentar o não-
documentado, ou seja, desvelar os encontros e desencontros que
permeiam o cotidiano escolar.
• Observação: Conforme Vianna (2007), a observação é uma das mais
importantes fontes de informações em pesquisas qualitativas em
educação. Para o autor, sem acurada observação não há ciência. Dessa
forma, é fundamental registrar as anotações realizadas nas visitas nas
escolas e, em particular, das aulas de história, de forma detalhada com o
intuito de reunir os dados brutos das observações.
• Concordamos com o autor, ao afirmar que não basta ao observador
simplesmente olhar, mas é fundamental saber ver, identificar e descrever
os diversos tipos de interações e processos humanos. Para isso, no
trabalho de campo, é importante a concentração, a paciência, o espírito
alerta, a sensibilidade e a energia física para concretizar a tarefa.
O Grupo Focal para Gatti
• De acordo com Gatti (2005), um grupo focal “é um conjunto de
pessoas selecionadas e reunidas por pesquisadores para discutir e
comentar um tema, que é objeto de pesquisa, a partir de sua
experiência pessoal” (p.7). A autora acrescenta que essa metodologia
difere das entrevistas individuais em dois aspectos: demanda um
menor período de tempo, além de dar ênfase ao caráter coletivo e de
interatividade, possibilitando entre outros fatores a observação das
múltiplas reações dos participantes, tais como: debates, gestos,
emoções e os porquês de certos posicionamentos.
Ainda sobre o Grupo Focal
• A técnica é muito útil quando se está interessado em compreender as
diferenças existentes em perspectivas, ideias, sentimentos,
representações, valores e comportamentos de grupos diferenciados
de pessoas, bem como compreender os fatores que influenciam, as
motivações que subsidiam as opções, os porquês de determinados
posicionamentos. (p.14).
A História Oral segundo Portelli
• A História Oral é uma ciência e arte do indivíduo. Embora diga
respeito – assim como a sociologia e a antropologia – a padrões
culturais, estruturas sociais e processos históricos, visa aprofundá-los,
em essência, por meio de conversas com pessoas sobre a experiência
e memória individuais e ainda por meio do impacto que estas tiveram
na vida de cada um. Portanto, apesar de o trabalho de campo ser
importante para todas as ciências sociais, a História Oral é, por
definição, impossível sem ele. (PORTELLI, 2007, p. 15).
Para Meihy e Holanda (2007) a história oral

• (...) mesmo abrigando índices de subjetividade, a história oral


temática é mais possível de confrontos que se regulam a partir de
datas, fatos, nomes e situações. Quase sempre, a história oral
temática equivale à formulação de documentos que se opõem às
situações estabelecidas. A contundência faz parte da história oral
temática que se explica no confronto de opiniões firmadas. (MEIHY,
HOLANDA, 2007, p. 38).
De acordo com Delgado (2006):

• A História Oral é um procedimento metodológico que busca, pela


construção de fonte e documentos, registrar, através de narrativas
induzidas e estimuladas, testemunhos, versões e interpretações sobre
a História em suas múltiplas dimensões. Para o campo de
investigações sobre o ensino de História, a história oral se apresenta
como uma estratégia importante para alcançar as experiências,
memórias e significados dos professores, possibilitando com isso, a
oportunidade de compreensão, análise e intervenção no espaço
educacional. (DELGADO, 2006, p. 15).
Segundo Conelly e Clandini (2011)
• As narrativas registram histórias vividas e contadas. As narrativas são
formas de compreender a experiência. Pelas narrativas orais, cada
pessoa recria suas diferentes versões sobre um mesmo período,
valendo-se dos elementos de sua cultura, socialmente criados e
compartilhados, contam não apenas o que fez, mas o que gostaria de
ter feito, o que acreditava fazer e o que pensa que fez. De acordo com
os autores, as pessoas vivem histórias, reafirmam-se, modificam-se e
criam novas histórias.
Para Benjamin (1993)
• As narrativas permitem trazer a experiência de volta à história. A
narrativa tem sua dimensão utilitária, pode se constituir em
ensinamento moral ou em uma gestão prática ou provérbio, ou uma
forma de vida. Não são verdades absolutas, não é uma rua de mão
única. Reside aí a beleza das narrativas. O leitor é livre para
interpretar. A narrativa conserva suas forças ao longo do tempo.
Etapas da História Oral, segundo Bom Meihy
• Transcrição: colocar as palavras ditas em estado bruto; manter
perguntas e respostas, bem como repetições, erros e palavras sem
peso semântico, sons do próprio ambiente.
• Textualização: as perguntas são eliminadas; são retirados os erros
gramaticais e reparadas as palavras sem peso semântico; retirar
ruídos do ambiente. Tudo isso sem comprometer a essência do
sentido da fala da pessoa, o que é chamado de “tom vital”.
• Transcriação: o texto produz uma narrativa em sua versão final com
todas as correções gramaticais e depois de autorizado pelos
colaboradores poder ser integrado ao corpo da pesquisa.
Referências
• GONZÁLEZ REY, Fernando Luis. Pesquisa qualitativa e subjetividade: Os processos de construção da
informação. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005a.
• CLANDININ, D. Jean; CONNELLY, F. Michael. Pesquisa narrativa: experiências e história na pesquisa
qualitativa. Tradução: grupo de pesquisa Narrativa e Educação de professores ILLEL/UFU. Uberlândia:
EDUFU, 2011.
• BENJAMIN, Walter. Experiência e pobreza. In:________________. Magia e técnica, arte política. 5ª
Ed. São Paulo: Brasiliense, 1993.
• BOM MEIHY, José Carlos Sebe. Manual de história oral. São Paulo: Loyola, 2002.
• PORTELLI, Alessandro. História oral como gênero. Projeto História: Revista do Programa de Estudos
Pós-Graduação em História. PUC-SP, São Paulo: EDUC, 1997.
• MEIHY José Carlos S. B; HOLANDA, Fabíola. História Oral: como fazer, como pensar. São Paulo:
Contexto, 2007.
• MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org.). Pesquisa Social. Teoria, método e criatividade. 18. ed.
Petrópolis: Vozes, 2001.

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