Sumário -Introdução -Agente Etiológico -Modo de Transmissão -Quadro Clinico -Diagnóstico Diferencial -Diagnóstico Laboratorial -Prevenção -Tratamento -Conclusão -Bibliografia Introdução A brucelose, embora subdiagnosticada e subestimada. Em nosso meio, é uma das mais importantes zoonoses bacteremias, com mais de meio milhão de casos novos em humanos reconhecidos anualmente, principalmente em países em desenvolvimento. A primeira descrição clínica da doença foi feita em 1859, por Marston. Observaram-se na ilha de Malta casos de febre intermitente seguidos de morte. Em 1905 foi demostrada a natureza zoonótica da doença (isolamento do agente em leite de cabras por Zammit). Cont.. A brucelose, também conhecida como febre ondulante, febre mediterrânica, febre de Malta ou doença de Bang é causada por uma bactéria intracelular facultativa do género Brucella, transmitida ao Homem pelo gado caprino, ovino, bovino e suíno. Agente etiológico A brucelose é causada por bactérias Gram negativas (cocobacilos), aeróbicas, não fermentadoras do gênero Brucella São descritas actualmente mais de 9 espécies mais só quatro são responsáveis pela maioria dos casos de doença humana . -Brucella abortus (gado), -Brucella suis (suínos), -Brucella melitensis( caprinos), -Brucella cannis( cães menos comum). Modo de transmissão São necessárias de 10 a 100 bactérias para infectar o hospedeiro. A transmissão se dá principalmente por: -contacto com material contaminado (sangue, urina, secreções, fetos abortados, restos placentários) com a conjuntiva ou pele lesionada; -ingestão de produtos contaminados (sobretudo lácteos não pasteurizados (inclusive queijos), carne, medula óssea e vísceras malcozidas); -inalação de bactérias - aerossolização (limpeza de estábulos, movimentação do gado, procedimentos em à batedouros ou laboratórios). -inoculação - acidental durante a vacinação dos animais. Cont… Há relatos na literatura de transmissão entre pessoas (sexual, transfusão de sangue e transplante de medula óssea), porém são extremamente raros. A orientação é manter pacientes internados. A possibilidade de transmissão vertical e por aleitamento materno não é bem estabelecida. Período de incubação O período de incubação pode variar de 5 dias até vários meses. QUADRO CLÍNICO A brucelose é uma doença sistémica, podendo ser classificada em subclínica, aguda, subaguda e crônica. 1. Subclínica: assintomática, diagnóstico através de screening sorológico. 2. Aguda: sintomas surgem até 2 ou 3 meses antes do diagnóstico, sintomas inespecíficos como febre, artralgia, sudorese intensa, fraqueza, fadiga, mialgia e perda de peso. 3. Subaguda: sintomas semelhantes à aguda, surgindo 3 a 12 meses antes do diagnóstico. 4. Crônica: apresenta febre e sintomas neuropsiquiátricos, pode haver comprometimento do trato gastrointestinal, lesões osteolíticas ou derrames articulares, sintomas respiratórios, manifestações cutâneas (em 5% a 10% dos casos, como eritema nodoso, impetigo e lesões vasculíticas) e cardiovasculares. Resultados de sorologias e culturas são muitas vezes negativos. Diagnóstico diferencial A brucelose é uma doença com amplo espectro clínico, podendo mimetizar uma grande variedade de doenças, infecciosas ou não. Destaca-se: tuberculose, febre tifóide, endocardite infecciosa, leptospirose, , mononucleose, malária, vasculites, , neoplasias, Dentro desse contexto de dificuldade de diagnóstico clínico, pela similaridade da doença com outras entidades, é de extrema importância a história epidemiológica, pesquisando o contacto com potenciais animais infectados ou ingestão de produtos contaminados (e não adequadamente processados). Diagnóstico laboratorial específico O diagnóstico laboratorial específico da brucelose pode ser realizado por meio de testes directos (cultura e PCR) e testes indirectos (imunológicos – Rosa Bengala, teste desoroaglutinação/SAT, teste de microaglutinação/MAT, ELISA, Ensaio Homogêneo de Fluorescência Polarizada/FPA, Imunofluorescência Indireta, entre outros). Quando da realização de culturas, devemos lembrar que a Brucella sp. necessita de meio enriquecido para seu crescimento, bem como de tempo de incubação prolongado. Além disso, apresenta queda gradual da positividade do exame da fase aguda para crônica (dificuldade de isolamento do agente na frase crônica). Cont… Para a brucelose humana não há um protocolo de diagnóstico definitivo. Recomenda-se a utilização de um teste de triagem e se positivo a realização de um teste confirmatório. Geralmente o teste de triagem adoptado é o teste de soroaglutinação com antígeno brucélico corado pelo Rosa Bengala. Devido à falta de validação de alguns testes comerciais, exames com alta especificidade, como a Reacção em Cadeia da Polimerase – PCR acabam não sendo utilizados na rotina, mas apenas em protocolos de pesquisa. Há, actualmente, uma dificuldade em determinar quais os testes que podem ser utilizados em larga escala como confirmação diagnóstica em humanos. Os pacientes com clínica compatível e história epidemiológica positiva (contacto directo com animais doentes ou confirmados com brucelose ou consumo de produtos destes animais) e com impossibilidade de realização de testes confirmatórios (casos prováveis) serão conduzidos como casos confirmados. Prevenção brucelose Na luta contra a brucelose é crucial para a eliminação da fonte de infecção em animais domésticos: a identificação dos pacientes, a vacinação profilática de gado e pequenos gado, melhoramento das explorações pecuárias. A necessidade de evitar infecções alimentares. Privados de alimentos de brucelose por fazendas antes da sua utilização deve ser cuidadosamente leite tratado termicamente, creme é pasteurizado a 70 ° C durante 30 min, fervura da carne durante 3 horas, o queijo e o queijo mantido durante pelo menos 2 meses. Tratamento A Organização Mundial da Saúde (OMS) orienta que sejam tratados apenas os casos confirmados, ou seja, que tenham quadro clínico e epidemiologia compatível, além da comprovação laboratorial (teste de triagem e teste confirmatório positivo). Num contexto de impossibilidade da realização dos testes confirmatórios, admite-se a possibilidade de tratamento dos casos prováveis (clínica + epidemiologia + teste de triagem positivo).
Cont… 1 – Doença subclínica Perante a criança com serologia positiva mas assintomática, há necessidade de avaliação clínica e laboratorial seriada. Intervenção terapêutica individualizada. 2 – Doença clínica: A – Criança com menos de 8 anos Rifampicina (15-20 mg/kg/dia) + doxiciclina (5 mg/kg/dia, máx. 200 mg de 12/12h), 6 semanas Nota: a doxiciclina, embora não isenta de efeitos colaterais tem a vantagem menor ligação ao cálcio o que acarreta menor descoloração da dentição. Cont.. Cotrimoxazol(TMP-SMX) (10 mg/kg/dia de TMP, máx. 480 mg e 50 mg/kg/dia de SMX máx. 2,4 g, de 12/12 horas) + Rifampicina (15-20 mg/kg/dia de 12- 12h), 6 semanas . 3. Regime alternativo: Gentamicina (5-6 mg/kg/dia, máx. 300 mg, dose única diária.), 7 dias + cotrimoxazol 6 semanas Nota: elevado grau de resistência ao cotrimoxazol nas estirpes isoladas em Portugal; os esquemas 2. e 3. só devem ser instituídos após comprovação da sensibilidade ao cotrimoxazol. Cont.. B – Criança com mais de 8 anos 1. Rifampicina(15-20 mg/kg/dia, máx. 600-900 mg) + doxiciclina (5 mg/kg/dia, máx. 200 mg, de 12/12h), 6 semanas 2.Doxiciclina(5 mg/kg/dia, máx. 200 mg de 12/12h), 6 semanas + estreptomicina(20-30 mg/kg/dia, máx. 1 g, I.d_m.) 14 dias , ou gentamicina (5-6 mg/kg/dia, máx. 300 mg, dose única diária I.d_m.), 7 dias Cont… Doença focal sem abcesso A terapêutica é igual à do doente sem doença focal. Contudo a associação doxiciclina e estreptomicina parece ser a mais eficaz nos doentes com espondilite. A duração da terapêutica deverá ser individualizada em função da evolução clínica, serológica e imagiológica, mas nunca inferior a seis semanas. Conclusão
Como a brucelose é uma doença que apresenta um amplo espectro clínico, podendo apresentar formas graves e de grande morbidade, surge a tendência de acesso ampliado ao tratamento. Mas, por outro lado, deve-se lembrar que as medicações comumente usadas não são isentas de efeitos colaterais, por vezes tão graves quando a própria doença, além da possibilidade de resistência bacteriana. Portanto, o tratamento deve ser pensado e planejado para os pacientes que realmente o necessitem. Bibliografia 1. Brucellosis; J. Ariza Cardenal; Ferreras, Medicina Interna 13.ª Edicion Harcourt Barc Esp; 2312-7. 2. Recognition and optimum treatment of Brucellosis; Solera J et al; Drugs; 1997; 53 (2): 245-56. 3. Brucellosis; Young EJ in Pediatric Infectious Diseases; Chap 133: 1417-23. 4. http://www.arsalgarve.min-saude.pt/wp- content/uploads/2016/12/Brucelose_em_Pediatria.pdf 5. https://drauziovarella.com.br/doencas-e-sintomas/brucelose/ 6. http://addvices.info/pt/pages/1591142 7. http://www.digimed.ufc.br/wiki/index.php/Brucelose#FISIOPATOLOG IA