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Metabolismo de Vitaminas e
Oligoelementos

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Heitor Pons Leite


Universidade Federal de São Paulo
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Metabolismo de Vitaminas
e Oligoelementos
Heitor Pons Leite
15
O termo micronutrientes designa duas clas- tos da carência de macronutrientes, que são
ses de componentes necessários ao organismo mais óbvios.
e que estão presentes em quantidades diminu- No entanto, tem havido consciência cres-
tas nas dietas: as vitaminas e os oligoelementos. cente em relação aos efeitos das doenças sobre
As vitaminas são nutrientes essenciais que de- as necessidades de micronutrientes e sobre o
vem ser providos pela dieta, por não serem sin- papel destes na prevenção daquelas.
tetizadas ou terem taxa de síntese inadequada
(por exemplo, síntese de niacina a partir do FUNÇÕES DOS
triptofano). Contudo, há exceções, como a vi- MICRONUTRIENTES
tamina D, que tem síntese endógena por ativa-
ção da luz solar. As vitaminas hidrossolúveis, o Os micronutrientes têm duas funções prin-
ácido ascórbico e as vitaminas do complexo B cipais:
são armazenados em pequena quantidade e re- 1. Desempenham papel chave no metabolis-
querem ingestão freqüente para a manutenção mo intermediário como co-fatores ou como par-
dos estoques corporais. te integral de enzimas. A atividade enzimática
Os oligoelementos são nutrientes inorgâni- nessas duas situações pode ser modulada pela dis-
cos, o ferro, o zinco, o cobre, o manganês, o ponibilidade do micronutriente. Como na doen-
selênio, o molibdênio, o cobalto, o cromo e o ça o metabolismo está aumentado, as necessida-
iodo considerados essenciais. O boro, o sili- des do micronutriente também aumentam.
cone, o vanádio, o níquel e o arsênico podem 2. Integram o sistema de eliminação de ra-
ser essenciais para os animais, inclusive para dicais livres de oxigênio. Na doença, o metabo-
o homem, porém as quantidades necessárias lismo oxidativo está aumentado em função da
são tão pequenas em relação à quantidade resposta metabólica e o maior dano ocorre nos
presente no meio ambiente e na dieta que as ácidos graxos poliinsaturados das membranas
manifestações de deficiência são altamente celulares e nucleares. Os eliminadores de radi-
improváveis. cais livres de oxigênio protegem os tecidos da
Até há pouco tempo, os micronutrientes re- lesão oxidativa. Um exemplo são o cobre e o
cebiam pouca atenção no contexto da nutrição. zinco sob a forma da dismutase do superóxido.
Segundo Shenkin, isso poderia ser justificado O selênio, sob a forma de glutation peroxidase,
por dois motivos: remove os hidroperóxidos; as vitaminas A, E e
1. Como a sua quantidade no organismo é de o betacaroteno reagem diretamente com os ra-
difícil mensuração, há pouco conhecimento so- dicais livres.
bre as necessidades, especialmente na doença. As principais funções e sintomas de defici-
2. Os efeitos da carência de micronutrien- ência dos oligoelementos e das vitaminas são
tes são pequenos em comparação com os efei- mostrados nas Tabelas 15.1 e 15.2.

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Tabela 15.1
Funções, Efeitos da Deficiência e Fontes Principais de Oligoelementos

Função Bioquímica Sintomas de Deficiência Fontes Principais


Zinco Síntese protéica Retardo de crescimento Carne vermelha
Enzimas Alopecia, rash cutâneo
Diferenciação de tecidos Deficiência imunológica
Ferro Transporte de O2 e de elétrons Anemia Carne, peixe
Cobre Síntese de colágeno e de elastina Arritmia cardíaca Vegetais verdes
Antioxidante Anemia, neutropenia Peixe, fígado
Selênio Antioxidante Miocardiopatia, miopatia Cereais, peixe, carne
Função imunológica Alterações ungueais, macrocitose
↑ risco de neoplasia
Manganês Antioxidante Alterações lipídicas Chá, cereais
Anemia Vegetais verdes
Cromo Metabolismo de carboidratos Intolerância à glicose, perda de peso Levedura, carne, grãos
Neuropatia periférica
Molibdênio Metabolismo de aminoácidos e Intolerância aos aminoácidos sulfurados Carne, vegetais
de purinas
Iodo Metabolismo energético Hipotireoidismo Leite, peixe, frutos do
mar
Flúor Mineralização de ossos e dentes Cáries dentárias Chá, água potável
enriquecida

EFEITOS DA INGESTÃO INSUFICIENTE latos da associação entre processo infeccioso


DE MICRONUTRIENTES pulmonar e deficiência dessa vitamina. Infec-
ções como o sarampo aumentam a demanda
O quadro clínico de deficiência pode demo- por vitamina A, cuja suplementação melhorou
rar meses ou anos para se instalar e é comum o prognóstico em crianças desnutridas na Áfri-
que os pacientes passem por estágios de gravi- ca; estudo de metanálise demonstrou que a su-
dade crescente até ocorrer a instalação franca plementação também é benéfica em doenças
do quadro clínico (Fig. 15.1). A condição refe- infecciosas. Um exemplo de deficiência aguda
rida como deficiência subclínica pode ocorrer
em pessoas saudáveis com ingestão abaixo da
recomendada ou naquelas que, mesmo com in-
gestão adequada, tenham necessidades aumen- Mobilização
tadas em função de doença. A deficiência de estoques/
subclínica pode estar associada às disfunções de depleção
Atividade do processo
bioquímico fisiológico

eliminação de radicais livres de oxigênio e de Deficiência subclínica


reparação tecidual. Isso leva o organismo a ter Síndrome de
um maior risco de adquirir doença, como um deficiência clínica
processo infeccioso, ou um retardo de cicatri-
zação, por exemplo. Contudo, se o aumento da
oferta de micronutrientes pode reduzir a inci-
dência da doença ainda não está provado, sen-
do mesmo difícil avaliar qual é a oferta ótima Período de ingestão inadequada de
micronutrientes
e adequada às necessidades específicas de cada
paciente. Os efeitos da vitamina C na infecção
e da vitamina A no câncer de pulmão ainda não
Fig. 15.1 — Relação entre período de ingestão inadequada
foram esclarecidos e ainda não foi provado se de micronutrientes e atividade dos processos bioquímicos
o aumento da oferta de vitamina A reduz a in- e fisiológicos. (Shenkin A. Micronutrients. In: Enteral and
cidência de pneumonia e de broncodisplasia tube feeding. Rombeau JL, Rollandelli RH, eds. Philadelphia:
pulmonar em recém-nascidos, embora haja re- WB Saunders Company, pp. 96-111, 1997.)

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Tabela 15.2
Funções, Efeitos da Deficiência e Principais Fontes de Vitaminas

Função Bioquímica Sintomas de Deficiência Fontes Principais


Vitamina A Acuidade visual Xeroftalmia Vegetais (cenoura)
Crescimento e diferenciação Cegueira noturna Óleo de peixe
de tecidos
Antioxidante (como betacaroteno)
Vitamina D Absorção de cálcio Raquitismo Óleos vegetais e de peixe
Diferenciação de macrófagos Deficiência imunológica Síntese pela pele
Vitamina E Antioxidante Anemia hemolítica Óleos vegetais
Neuropatia central ou periférica
Miopatia
↑ risco de aterosclerose e
algumas neoplasias
Vitamina K Coagulação Distúrbios hemorrágicos Vegetais verdes
Calcificação óssea Fígado, Flora intestinal
B1 (tiamina) Metabolismo de carboidratos Beribéri, miocardiopatia, neuropatia Germes de cereais
e gorduras Deficiência imunológica Leveduras
B2 (riboflavina) Metabolismo oxidativo Lesões em lábios, língua e pele Fígado, leite, ovos
Possível deficiência imunológica Vegetais
B6 (piridoxina) Metabolismo de aminoácidos Anemia Fígado
Lesões de lábios e língua Cereais integrais
Síndrome do túnel do carpo
Niacina Síntese de NAD/NADP Pelagra, rash, adinamia, diarréia Carne, peixe, cereais, leveduras
Triptofano
B12 Metabolismo do DNA Anemia megaloblástica, Produtos de origem animal, leite
desmielinização de neurônios
Folato Metabolismo de purina e Anemia megaloblástica Fígado
pirimidinas Retardo de crescimento Vegetais verdes
Pancitopenia
Metaplasia de brônquio e cólon
Defeitos do tubo neural no feto
Biotina Lipogênese e gliconeogênese Dermatite esfoliativa, alopecia Maior parte dos alimentos
Bactérias intestinais
Vitamina C Síntese de colágeno Escorbuto Frutas cítricas
Antioxidante Retardo na cicatrização de feridas
Absorção de ferro

que pode ocorrer em pacientes gravemente do- EFEITO DA DOENÇA SOBRE AS


entes é o da tiamina, que pode cursar com acido- NECESSIDADES DE
se metabólica e alterações neurológicas e cardía-
cas graves. Nesses pacientes, quando o status foi
MICRONUTRIENTES
plotado em relação ao prognóstico, observou-se Doenças crônicas que cursam com anorexia
que os pacientes que evoluíram para óbito ti- e diminuição da ingestão alimentar como car-
nham maior incidência de níveis baixos de tiami- diopatias congênitas podem levar à deficiência
na e de riboflavina, mesmo estando dentro dos li- de vitaminas e oligoelementos. A má absorção
mites normais de referência. Ressalte-se que ne- de vitaminas acompanha as doenças hepatobi-
nhum dos pacientes estudados apresentava sinais liar e pancreática, diarréia prolongada ou crô-
clínicos de deficiência dessas vitaminas. nica, síndrome do intestino curto. A antibioti-
São fatores que aumentam as necessidades coterapia prolongada, alterando a flora bacte-
de micronutrientes: desnutrição prévia, drogas, riana intestinal, diminui a síntese e a disponi-
doenças agudas e crônicas, cirurgia, trauma e bilidade das vitaminas K e biotina. O aumento
anabolismo. das necessidades teciduais que ocorre em situa-

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ções de hipermetabolismo pode causar defi- ANABOLISMO
ciência de micronutrientes a despeito da in-
gestão adequada. O hipermetabolismo associ- A deficiência aguda de micronutrientes
ado ao trauma e à infecção aumenta a utiliza- pode prejudicar o anabolismo e a cicatrização
ção de micronutrientes como co-fatores nos que se seguem aos estados hipercatabólicos.
processos metabólicos e na eliminação de ra- Exemplos de manifestação dessa deficiência são
o exantema da deficiência de zinco e a miopa-
dicais livres de oxigênio. Pacientes hipermeta-
tia secundária à deficiência de selênio. Essa
bólicos que recebem uma elevada proporção
oferta adicional provavelmente será necessária
de carboidratos como fonte energética têm
no período de anabolismo que se segue ao es-
maior probabilidade de desenvolverem defi-
tado hipercatabólico. Na fase de síntese protéi-
ciência de tiamina. ca para novos tecidos, como na recuperação de
Além do aumento do consumo, a doença queimaduras extensas, há maior risco de se de-
pode afetar o metabolismo dos micronutrientes senvolver estado de deficiência de zinco, cobre
por três modos diferentes: e selênio, principalmente.
1. Redução da absorção devido à síndrome
de má absorção provocada por doença. A DEFICIÊNCIA DE
2. Perda de micronutrientes hidrossolúveis
(diarréia, sonda, fístula, diálise). No extremo
MICRONUTRIENTES E OS RADICAIS
dessa escala está a grande queimadura, com LIVRES DE OXIGÊNIO NA
grandes perdas de zinco, cobre, selênio. PATOGÊNESE DO KWASHIORKOR
3. Liberação intracelular e excreção uriná- Um possível papel dos radicais livres de oxi-
ria, especialmente de zinco, secundária ao au- gênio na patogênese do kwashiorkor foi aven-
mento do turnover protéico de tecidos como o tado por Golden em 1985. Segundo sua teoria,
musculoesquelético, que ocorre nos estados in- as características clínicas do kwashiorkor seri-
flamatórios e na resposta de fase aguda. am causadas pelo excesso de radicais livres de
Pacientes que precisam de terapia nutricio- oxigênio liberados pelo estresse infeccioso. Es-
nal têm aumento da necessidade de micronu- ses radicais, que são produtos da resposta infla-
trientes. Pode haver um déficit importante, re- matória, dão origem aos peróxidos, particular-
sultante do aumento de perdas e de reposição mente nas membranas celulares, promovendo
inadequada e de uma maior necessidade do que lesão tecidual e endotelial com conseqüente
na saúde. A real necessidade de cada paciente edema. Em uma situação metabólica e nutri-
não pode ser determinada e, embora as formu- cional normal, considerando-se que o fluxo dos
lações para uso endovenoso possam ser adequa- radicais livres não é muito intenso, eles são
das para a maior parte dos pacientes, alguns neutralizados e eliminados pelos sistemas de
podem necessitar de maior quantidade de cer- proteção antioxidantes, integrados por micro-
tos micronutrientes, como o zinco e as vitami- nutrientes como zinco, selênio, vitaminas A, C
nas hidrossolúveis. e E. Em uma criança desnutrida com proces-
so infeccioso haveria desequilíbrio entre o ex-
CIRURGIA cesso de radicais livres de oxigênio e a insufi-
ciente proteção pelo sistema de eliminação,
Complicações cirúrgicas podem desenca- configurando-se uma situação em que a defi-
dear deficiência de micronutrientes. A res- ciência de micronutrientes seria incapaz de
secção do íleo terminal é indicativa de repo- controlar os danos ocasionados pela resposta
sição da vitamina B12; fístulas digestivas, ileos- inflamatória. Há redução significativa desses
tomia ou diarréia aumentam a demanda de micronutrientes e dos sistemas superóxido dis-
zinco. mutase e glutation peroxidase no kwashiorkor
Pacientes em diálise peritoneal e hemodiá- em relação ao marasmo. A lesão celular oca-
lise estão em risco teórico de deficiência de vi- sionada por produtos tóxicos e dos radicais li-
taminas hidrossolúveis, principalmente ácido vres de oxigênio levaria a edema, esteatose
fólico e piridoxina, assim como de zinco, ferro hepática, alterações pigmentares, diarréia, de-
e vitamina C. O exsudato das lesões por quei- ficiência imunológica e alterações mentais, tí-
madura leva a perdas importantes de zinco, co- picas do kwashiorkor. Se essa hipótese for cor-
bre e selênio; nas grandes queimaduras as ne- reta, abre-se uma nova perspectiva terapêutica
cessidades de micronutrientes estão aumenta- na prevenção e no tratamento dessa forma de
das, embora não se saiba em que proporção. desnutrição.

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DROGAS o limite superior da recomendação é satisfeito
pela dieta, é improvável que a deficiência venha
Várias drogas, como anticoagulantes, salici- a ocorrer. Por outro lado, o risco de deficiência
latos, alguns antibióticos de largo espectro e aumenta se essas recomendações não forem
doses elevadas de vitamina E, podem causar obedecidas.
deficiência de vitamina K. Metotrexato, trime-
A ingestão de micronutrientes em quantida-
toprima, pirimetamina e hidantoinatos interfe-
des que excedem a RDA baseia-se na crença de
rem com o metabolismo do folato, podendo
que tais suplementos são benéficos à saúde. Na
causar anemia megaloblástica.
realidade, não está provado que a suplementa-
ção medicamentosa de vitaminas e de oligoele-
QUANTIDADES RECOMENDADAS mentos substitui uma alimentação adequada e
As necessidades de micronutrientes têm um modo de vida saudável. A suplementação de
sido periodicamente reavaliadas visando-se a micronutrientes tem indicação em situações de
uma nutrição ótima. As recomendações da deficiência provável, o que pode ocorrer nos
RDA (Recommended Dietary Allowances) são fi- casos de ingestão inadequada, má absorção in-
xadas em níveis suficientes para satisfazer às testinal, aumento de perdas teciduais ou erros
necessidades de pessoas saudáveis, por sexo e inatos do metabolismo.
faixa etária (Tabelas 15.3 e 15.4).
Como não há informações suficientes sobre TOXICIDADE DOS
as necessidades de alguns micronutrientes, as MICRONUTRIENTES
recomendações são fornecidas em limites má-
ximo e mínimo de ingestão (Tabela 15.5). Os As vitaminas hidrossolúveis são considera-
limites superiores de ingestão de oligoelemen- das relativamente não tóxicas, por serem
tos não devem ser excedidos, pelo risco de se atin- excretadas quando administradas em excesso.
gir níveis tóxicos. Doses muito elevadas de vitamina C podem
As recomendações são fixadas em níveis al- causar náuseas, vômitos e diarréia, formação de
tos, pois as necessidades exatas de cada indiví- cálculos de oxalato de cálcio nos rins e induzir
duo da população não são conhecidas. Quando à dependência.

Tabela 15.3
Oferta de Vitaminas por Via Oral segundo a RDAa

Lipossolúveis Hidrossolúves
Classe Idade A D E K C Tiamina Riboflavina Niacina B6 Folato B12
(anos) (µg (µg) c (mg α µg mg (mg) (mg) (mg (mg) (mg) (mg)
RE)b TE)d NE)e
0-0,5 375 7,5 3 5 30 0,3 0,4 5 0,3 25 0,3
0,5-1 375 10 4 10 35 0,4 0,5 6 0,6 35 0,5
1-3 400 6 10 15 40 0,7 0,8 9 1,0 5 0,7
4-6 500 10 7 20 45 0,9 1,1 12 1,1 75 1,0
7-10 700 10 7 30 45 1,0 1,2 13 1,4 100 1,4
11-14 1.000 10 10 45 50 1,3 1,5 17 1,7 150 2,0
masc. 15-18 1.000 10 10 65 60 1,5 1,8 20 2,0 200 2,0
11-14 800 10 8 45 50 1,1 1,3 15 1,4 150 2,0
fem. 15-18 800 10 8 55 60 1,1 1,3 15 1,5 180 2,0
a: Recommended Dietary Allowances
b: Retinol equivalente, 1 retinol equivalente = 1 mg retinol ou 6 mg de betacaroteno
c: Como colecalciferol, 10 mg colecalciferol = 400 UI de vitamina D
d: Alfa-tocoferol equivalente, 1 mg de alfa-tocoferol = 1 α-TE
e: 1 NE (Niacina equivalente) = 1 mg de niacina ou 60 mg de triptofano da dieta

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Tabela 15.4
Oferta de Oligoelementos por Via Oral segundo a RDA

Sexo Idade (anos) Ferro (mg) Zinco (mg) Iodo (µg) Selênio (µg)

0-0,5 6 5 40 10
0,5-1 10 5 50 15
1-3 10 10 70 20
4-6 10 10 90 20
7-10 10 10 120 30
masc. 11-14 12 15 150 40
15-18 12 15 150 50
fem. 11-14 15 12 150 45
15-18 15 12 150 50

Por formarem estoques maiores, as vitami- subcutâneo. Caso seja indicada, já existe no
nas lipossolúveis têm risco potencial de toxici- Brasil uma preparação de fitomenadiona isen-
dade se ingeridas em excesso. Efeitos tóxicos de ta de propilenoglicol e óleo de rícino polieto-
vitamina A podem ocorrer em pacientes com xilado, compatível para uso endovenoso, intra-
insuficiência renal em uso de nutrição parente- muscular e oral.
ral. O excesso de vitamina D tem sido associa- O excesso de manganês pode causar distúr-
do à hipercalcemia e à doença metabólica óssea bios neurológicos, bem como o alumínio, que,
em pacientes que recebem nutrição parenteral a exemplo dos demais oligoelementos, é um
por longo prazo. A vitamina K1, como fitome- contaminante das soluções para uso endoveno-
nadiona e menaquinona, não é tóxica; seu aná- so, em especial das soluções de gluconato de
logo sintético, a vitamina K3 (menadiona) e o cálcio.
derivado solúvel, o difosfato sódico de mena-
diol, podem causar anemia hemolítica, hiperbi- DIFERENÇAS ENTRE AS
lirrubinemia e kernicterus em recém-nascidos NECESSIDADES POR VIA
e piorar a função hepática na insuficiência he-
pática grave. Seu uso em soluções de nutrição
PARENTERAL E ENTERAL
parenteral, além de trazer problemas de in- A biodisponibilidade dos micronutrientes é
compatibilidade, não é seguro. Reações graves muito variável, sofrendo influências da nature-
de hipersensibilidade, inclusive morte, têm za da dieta, das taxas de anabolismo/catabolis-
sido relatadas após a administração endoveno- mo, da deficiência prévia e de fatores endócri-
sa com a preparação AquaMEPHYTON (filo- nos locais ou sistêmicos e citocinas. Por exem-
quinona), indicada para uso intramuscular ou plo: se o ferro for ingerido sob a forma heme ou

Tabela 15.5
Oferta de Vitaminas e de Oligoelementos segundo a RDA

Vitaminas Oligoelementos
Idade Biotina Ácido Cobre Manganês Flúor Cromo Molibdênio
(anos) (µg) pantotênico (mg) (mg) (mg) (mg) (µg) (µg)
Lactentes 0-0,5 20 2 0,4-0,6 0,3-0,6 0,1-0,5 10-40 15-30
0,5 -1 15 3 0,6-0,7 0,6-1,0 0,2-1,0 20-60 20-40
Crianças 1-3 20 3 0,7-1,0 1,0-1,5 0,5-1,5 20-80 25-50
Adoles- 4-6 25 1-4 1,0-1,5 1,5-2,0 1,0-2,5 30-120 30-75
centes 7-10 30 4-5 2,0-3,0 2,0-3,0 1,5-2,5 50-200 50-150
≥ 11 30-100 4-7 2,0-5,0 2,0-5,0 1,5-2,5 50-200 75-250

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não-heme, se há outros fatores presentes na di- trientes mais importantes, desde que sejam
eta (fitatos) ou oligoelementos que podem ofertadas em volume aproximado de 1 litro.
competir pela absorção. Alguns oligoelementos Como crianças desnutridas recebem volumes
competem entre si por mecanismos de absor- inferiores a esse, recomenda-se fazer a suple-
ção semelhantes: ferro e zinco competem dire- mentação na forma medicamentosa em dose
tamente pela absorção, assim a suplementação equivalente à RDA para a faixa etária.
com ferro diminui a absorção de zinco. Do Recomenda-se a oferta de solução balance-
mesmo modo, uma ingestão elevada de zinco ada de micronutrientes para se evitar tanto a
pode levar à redução da absorção de cobre. deficiência quanto a toxicidade. Algumas doen-
Assim, é difícil determinar as necessidades ças podem requerer a supressão ou o ajuste da
por via parenteral a partir das necessidades por dose, como o cobre e o manganês na icterícia
via digestiva. Além disso, a efetividade da ofer- colestática; na insuficiência renal pode ser ne-
ta parenteral é afetada pela ligação de oligoele- cessário reduzir a oferta de selênio, cromo e
mentos com aminoácidos (a cisteína aumenta molibdênio. As Tabelas 15.6 e 15.7 mostram,
as perdas urinárias de zinco), pela interação respectivamente, as recomendações de oligoe-
com ânions na infusão, provocando precipita- lementos e de vitaminas por via parenteral.
ção, e pela exposição à luz.
A variação da biodisponibilidade explica MONITORAÇÃO DOS
parcialmente a dificuldade de estabelecer re- MICRONUTRIENTES
comendações para pessoas saudáveis. O pro-
blema torna-se ainda maior na doença e para Os micronutrientes estão presentes no san-
as vitaminas hidrossolúveis, que têm uma lar- gue e são estocados em pools teciduais. O teste
ga margem entre a efetividade e a toxicidade. bioquímico mais freqüentemente utilizado é a
No entanto, para os oligoelementos e para as medida do micronutriente no plasma ou no
vitaminas lipossolúveis essa margem é relati- soro. Pode dar uma idéia razoável do status (ní-
vamente estreita. A absorção por via oral é va- vel sérico de vitamina B12) e refletir ingestão
riável em função da biodisponibilidade, que recente (folato ou selênio) ou excesso (manga-
depende do estado químico do micronutriente, nês, cromo); porém, a dosagem sérica é limita-
da composição da dieta, de fatores da por diversos fatores:
intraluminais e da mucosa intestinal e de fato- 1. Distribuição nos compartimentos corpó-
res sistêmicos que afetam a utilização, como reos. Como o espaço intravascular representa 5
o anabolismo. Se a suplementação oral de um a 8% da água corpórea total, a concentração de
micronutriente for necessária, pode ser feita micronutrientes no espaço intracelular não é
longe das refeições ou junto com uma mistu- conhecida. Isso é particularmente aplicado para
ra de micronutrientes. As fórmulas lácteas aqueles que tem estoques grandes (vitamina A
modificadas para lactentes e as dietas enterais no fígado) ou quando há diferenças marcantes
industrializadas geralmente têm em sua com- entre os conteúdos nos diferentes tecidos (oli-
posição quantidades adequadas dos micronu- goelementos).

Tabela 15.6
Quantidades Diárias Recomendadas de Oligoelementos por Via Parenteral

Oligoelementos RN Pré-termo/ Termo* Crianças < 5 Anos* Crianças > 5 Anos e


(µg/kg) (µg/kg) Adolescentes
Zinco 400/300 100 2 a 5 mg
Cobre 20 20 200 a 500 mg
Selênio 2a3 2 a 3** 30 a 40 mg
Cromo 0,20 0,14 a 0,2 5 a 15 mg
Manganês 1 2 a 10 50 a 150 mg
Molibdênio 0,25 0,25 5 mg
Iodo 1 1 —-
*Em µg/kg/dia; **Máximo = 40 µg/kg. Fonte: ASPEN, 1997 e Greene et al. J Clin Nutr 48:1324-1342, 1988.

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Tabela 15.7
Oferta Diária Recomendada de Vitaminas por Via Parenteral

Vitamina Crianças e RN a Termo RN Pré-termo


(dose total) (dose por kg/peso)
A (UI) 2.300 1.640
E (mg) 7 2,8
K (mg) 200 80
D (UI) 400 160
C (mg) 80 25
Tiamina (mg) 1,2 0,35
Riboflavina (mg) 1,4 0,15
Piridoxina (mg) 1,0 0,18
Niacina (mg) 17 6,8
Pantotenato (mg) 5 2,0
Biotina (µg/g) 20 6,0
Folato (µg) 140 56
B12 (µg) 1,0 0,3
Fonte: Greene et al. J Clin Nutr 48:1324-1342, 1988.

2. Reação inflamatória. A concentração sé- SUPLEMENTAÇÃO DE


rica pode mudar rapidamente na redistribuição MICRONUTRIENTES NO ESTRESSE
dos metais nos líquidos corpóreos que ocorre
na resposta de fase aguda (captação de zinco e
METABÓLICO
ferro no fígado e liberação do cobre). Essas al- ZINCO E COBRE
terações na concentração plasmática não refle-
tem as alterações que ocorrem no comparti- Estados hipercatabólicos aumentam as per-
mento intracelular na maior parte dos tecidos. das urinárias de zinco e cobre por períodos que
3. Alterações nas proteínas ligadoras. A re- podem variar de 2 semanas a 2 meses. Extrapo-
dução na albumina sérica levará à redução do lações feitas a partir das medidas de perdas cu-
zinco; a redução na proteína ligadora do retinol tâneas de zinco em pacientes adultos grandes
levará à redução do retinol, embora seus níveis queimados sugerem que em crianças com quei-
hepáticos possam estar adequados. Por outro maduras extensas essas perdas são de aproxi-
lado, quando não há inflamação, torna-se pos- madamente 0,8 mg para cada 1% de área afeta-
sível a interpretação das concentrações séricas. da. Considerando-se que 15 a 20% dos esto-
Em pacientes relativamente estáveis, pode ser ques de zinco estão na pele, a combinação das
possível a interpretação das concentrações plas- perdas urinárias e epidérmicas pode causar de-
máticas de micronutrientes como zinco, cobre ficiência aguda de zinco, que é agravada nos pa-
e ferro. Nesses casos, concentrações plasmáti- cientes já desnutridos previamente. Como o
cas baixas podem apontar para um estado de teor de zinco das fórmulas enterais não cobre
deficiência. A monitoração da reação inflama- as necessidades, para pacientes com queimadu-
tória com a proteína C reativa pode ser útil na ras graves recomenda-se ofertar quantidade
interpretação e na validação dos níveis plasmá- equivalente a duas vezes a RDA.
ticos desses micronutrientes. A suplementação extra de zinco pode ser
A dosagem de alguns micronutrientes nas útil nos pacientes desnutridos ou com retardo
hemácias ou nos leucócitos pode refletir o con- na cicatrização, porém há evidência suficiente
teúdo corpóreo; são exemplos a transcetolase para justificar o aumento da oferta em pacien-
do eritrócito para a vitamina B1, a transaminase tes que supostamente não tenham insuficiência
do eritrócito para a vitamina B6, o folato no de zinco. Além disso, quando as reservas corpo-
eritrócito, a vitamina C e o zinco eritrocitários. rais são adequadas, a biodisponibilidade do

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zinco ofertado em excesso é baixa, ocorrendo FERRO
também aumento de sua excreção urinária.
A suplementação moderada de zinco tem A despeito da hipoferremia induzida por ci-
sido considerada benéfica em infecções entéri- tocinas e da anemia, não é recomendável suple-
cas e respiratórias. No entanto, a administração mentar ferro durante as infecções. A deficiência
excessiva por períodos prolongados tem sido de ferro não é acompanhada da diminuição dos
associada ao prejuízo da função imunológica e estoques corpóreos e a suplementação pode
à piora do prognóstico em pacientes imuno- aumentar a gravidade da infecção e do proces-
comprometidos. A oferta excessiva de zinco so oxidativo. O tratamento da anemia deve ser
induz à deficiência de cobre e de ferro e causa, feito após a remissão da resposta inflamatória.
entre outros efeitos, sintomas dispépticos, alte-
rações no metabolismo das lipoproteínas, dimi- VITAMINA A
nuição da depuração da glicose e redução da O estresse metabólico reduz a síntese hepá-
fagocitose pelos monócitos. tica de vitamina A e os níveis séricos da proteí-
Havendo pouca informação sobre os bene- na ligada ao retinol, porém os estoques costu-
fícios da suplementação de cobre em pacientes mam ser suficientes. Não se aconselha a suple-
hipercatabólicos, a oferta limita-se a satisfazer mentação extra, oferecendo-se apenas as quan-
as recomendações habituais. tidades habitualmente recomendadas.
SELÊNIO VITAMINA C
Os níveis séricos e os índices funcionais de Os processos inflamatórios aumentam a uti-
selênio, como a concentração intra-eritrocitária lização da vitamina C, que, além de ter efeito
e a atividade de glutation peroxidase da hemá- antioxidante, é utilizada na síntese de sais bilia-
cia, estão diminuídos nos estados hipercatabóli- res, catecolaminas, carnitina e no metabolismo
cos, fazendo supor que o estresse oxidativo possa oxidativo. Participa da formação de colágeno,
aumentar o consumo e causar a deficiência des- efeito protetor contra a lesão do endotélio ca-
se oligoelemento. A suplementação com doses pilar que se segue à lesão por queimadura. Seus
adicionais mostrou ser benéfica em adultos po- níveis séricos estão, portanto, diminuídos du-
litraumatizados e em grandes queimados. rante a resposta de fase aguda, mesmo na vigên-
Na síndrome da resposta inflamatória sistê- cia de uso das quantidades habitualmente reco-
mica (SRIS), a ativação de vias metabólicas, mendadas, o que faz pensar em um virtual be-
como a da ciclooxigenase e a da lipoxigenase, nefício de ofertas maiores. Para atender ao au-
libera radicais livres de oxigênio cuja ação mento da utilização e evitar os riscos do efeito
pode destruir não apenas microrganismos inva- pró-oxidante, recomenda-se suplementar a vi-
sores, mas também as células do hospedeiro, tamina C em doses duas a três vezes a preconi-
causando o agravamento do processo inflama- zada pelo RDA. Devido à sua associação com a
tório. Um dos principais mecanismos de elimi- formação de oxalatos, na insuficiência renal a
nação desses radicais livres é o sistema gluta- vitamina não deve ser fornecida em quantida-
tion peroxidase selênio-dependente (GSH-Px), des superiores às habituais.
que tem efeito protetor contra a lesão da mem-
brana celular causada pela peroxidação lipídi-
ca. A concentração de selênio e a atividade da
VITAMINA E
GSH-Px em soro de pacientes hipercatabólicos Uma condição que pode aumentar a neces-
são baixas. A reposição de selênio pode melho- sidade de vitamina E é a síndrome do descon-
rar a fagocitose, a atividade das células natural forto respiratório agudo. Sua ação antioxidan-
killer, a proliferação das células T e a síntese de te minimizaria a lesão celular causada pelos
imunoglobulinas. Pacientes adultos com SRIS efeitos do metabolismo oxidativo. A proteção
suplementados com doses maiores de selênio da integridade funcional do endotélio pulmonar
normalizaram os níveis de glutation peroxida- é particularmente importante nos estados de
se, tiveram menor incidência de insuficiência desnutrição e de hipercatabolismo, situações
renal e tendência a menor mortalidade que o em que sua utilização está aumentada. Como
grupo não suplementado. não há consenso quanto às doses a serem
Para prevenir a deficiência de selênio em ofertadas, em situações críticas permanece a re-
crianças, sugere-se a dose diária de 2 microgra- comendação habitual, em conjunto com as de-
mas por quilo de peso corpóreo. mais vitaminas lipossolúveis.

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CARNITINA sentava sinais clínicos de deficiência dessas vi-
taminas.
A carnitina atua no transporte dos ácidos A exemplo dos demais micronutrientes,
graxos de cadeia longa através da membrana embora as necessidades estejam aumentadas
mitocondrial para oxidação e produção de ener- durante o estresse, não há consenso sobre quan-
gia. Pode ser obtida pela dieta ou por síntese
tidades suplementares, sugerindo-se adminis-
endógena. A fonte da dieta torna-se crucial em
trar as habitualmente recomendadas.
recém-nascidos prematuros, em pacientes em
Uma possível exceção pode ser feita no
hemodiálise, em estresse metabólico e em dife-
caso da tiamina, cuja deficiência é precipitada
rentes tipos de acidúria. Pode ser condicional-
mente essencial em neonatos prematuros que durante a realimentação de pacientes graves e
estejam recebendo nutrição parenteral. O uso desnutridos, principalmente quando recebem
em longo prazo de ácido valpróico diminui os dietas com alto teor de carboidratos. A defici-
níveis de carnitina, que deve ser suplementada ência de tiamina, que afeta a função cardíaca,
nessa terapia anticonvulsivante. A oferta por via foi descrita por Seligman e cols. em pacientes
parenteral é de 2-10 mg/kg/dia; a necessidade cardiopatas que estavam recebendo diuréticos
por via enteral não foi estabelecida. como furosemida, e a suplementação melhorou
a fração de ejeção do ventrículo esquerdo em
VITAMINA K pacientes com insuficiência cardíaca em estu-
do feito por Shimon e cols. Portanto, a suple-
Atuando como coenzima na síntese dos fa- mentação farmacológica dessa vitamina deve
tores de coagulação II, VII, IX e X, bem como ser considerada em pacientes desnutridos e nos
das proteínas C, S, M e Z, a vitamina K é encon- cardiopatas em uso de diuréticos.
trada nas plantas verdes como vitamina K1 (fi-
loquinona ou fitonadiona) e vitamina K 2 CONCLUSÕES
(menaquinona), sintetizada por animais e bac-
térias. As necessidades de vitamina K são satis- Por serem parte essencial da dieta, os mi-
feitas pela alimentação e síntese por bactérias cronutrientes devem integrar todas as formula-
intestinais. São causas de deficiência: obstrução ções de nutrição enteral ou parenteral para
biliar, síndrome de má absorção, doença hepá- crianças hospitalizadas, particularmente as des-
tica, jejum e antibioticoterapia prolongada. A nutridas. Desnutrição prévia, drogas, doenças
necessidade na dieta é de 1 mcg/kg/dia; na nu- agudas e crônicas, cirurgia, trauma e anabolis-
trição parenteral, depende da doença de base e mo aumentam as necessidades. As recomenda-
da função hepática. O quadro de deficiência ções habituais são baseadas nas necessidades de
pode ser confirmado pela reversão dos sintomas crianças estáveis, não se levando em conta o es-
— alteração do tempo de protrombina e san- tresse metabólico. Ainda não foi comprovado
gramento — após a administração de 5 mg de se a suplementação medicamentosa de alguns
vitamina K. micronutrientes em quantidades maiores que as
recomendadas — particularmente aqueles de
efeito antioxidante — apresenta vantagem clí-
VITAMINAS DO COMPLEXO B
nica sobre a quantidade que é provida por uma
A deficiência dessas vitaminas afeta o meta- alimentação balanceada.
bolismo intermediário, diminuindo a oxidação A avaliação do teor corpóreo de micronu-
dos lipídios e da glicose. As necessidades de- trientes é difícil, principalmente no paciente
pendem do conteúdo protéico-energético das gravemente doente. As recomendações por via
dietas, bem como da taxa de utilização de ener- oral são feitas para pessoas sadias, havendo o
gia. Como são armazenadas em pequena esca- risco de desenvolvimento de deficiência em
la, para se evitar a deficiência devem ser caso de doença. As fórmulas lácteas e as dietas
ofertadas diariamente. Em pacientes gravemen- enterais contêm micronutrientes, porém a ade-
te doentes, quando o status de tiamina foi quação da oferta às necessidades do paciente
plotado em relação ao prognóstico, observou- depende do volume de dieta oferecido. Portan-
se que os pacientes que evoluíram para óbito to, é prudente observar a composição de todas
tinham maior incidência de níveis baixos de as formulações para nutrição enteral, especial-
tiamina e de riboflavina, mesmo estando den- mente em pacientes que estejam recebendo su-
tro dos limites normais de referência. Ressalte- porte nutricional artificial por longos períodos.
se que nenhum dos pacientes estudados apre- Da mesma forma, os micronutrientes devem ser

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