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vitaminas do complexo B ocorram em filhotes de crescimento rápido.
cães e gatos que ingiram alimentos
comerciais de boa qualidade.
MINERAIS
Zinco
Devido à sua importância na homeostasia cutânea e à existência de distúrbios
genéticos em algumas raças, destaque é dado ao zinco relativamente aos cães. O
zinco é um microelemento importante, com ações sobre metabolismo de carboidratos,
lipídeos, proteínas e ácidos nucléicos. É essencial para a manutenção da integridade
epidermal, acuidade gustativa e olfatória e homeostase imunológica. Faz parte de
mais de 200 metaloenzimas, sendo cofator da RNA e DNA polimerase,
particularmente importantes em células de divisão rápida, como as da epiderme25. No
tegumento o zinco é necessário para o metabolismo da vitamina A, biossíntese de
ácidos graxos, modulação imunológica, reação inflamatória, queratinogênese e
cicatrização de feridas.
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Sua absorção intestinal é diminuída pela presença de excesso de cálcio e
fitato. Este último é um ácido orgânico produzido por alguns vegetais que se liga
fortemente ao zinco, impedindo sua absorção no intestino. Ele está presente em
farelos vegetais como o farelo de trigo e de soja6. A ingestão excessiva de cálcio leva
a competição desse macro-elemento com outros minerais, como o zinco, durante a
absorção intestinal, o que pode ocasionar deficiência de zinco mesmo com a presença
de níveis aceitáveis do microelemento na dieta34.
Devido à sua composição química e ingredientes, alimentos industrializados
econômicos e “premium” são os mais prováveis de apresentarem tais antagonismos,
mas isto não significa que estejam, realmente, ocorrendo. O Médico Veterinário pode
avaliar este fato verificando a lista de ingredientes e os teores de cálcio e zinco
listados no rótulo. Uma suplementação exagerada de cálcio na dieta, por parte do
proprietário, também é outro fator a ser considerado na anamnese. Dentre as fontes
do microelemento empregadas nos alimentos comerciais tem-se o óxido de zinco, o
sulfato de zinco e o zinco quelato à proteína ou aminoácidos. A absorção e retenção
de zinco são menores no óxido, intermediárias no sulfato e maiores nos quelatos que,
inclusive, têm a vantagem de sua absorção não sofrer influência do excesso de cálcio
e do fitato.
Os sintomas de sua deficiência incluem êmese, emaciação, retardo no
crescimento, queratite, conjuntivite, disorexia, linfadenopatia periférica e diminuição do
paladar. As lesões tegumentares incluem: alopecia, eritema, inflamação, formação de
crostas e lesões outras, que advêm de piodermites secundárias. Em geral estas se
iniciam em locais de pressão, coxins plamo-plantares, junções muco-cutâneas da face,
ânus, prepúcio e vulva, orelhas, patas e região ventral do corpo. Histologicamente,
esta se caracteriza por hiperqueratose paraqueratótica difusa em epiderme e
folículos22,34.
Sua deficiência nutricional, em países desenvolvidos, é rara em cães e não
descrita em gatos20,37. No entanto, pelas questões já elencadas, não podemos afastá-
la no Brasil. Mas importa considerar que a deficiência de zinco pode ter duas origens,
uma alimentar e outra genética, sendo ambas coletivamente agrupadas sob a
denominação de dermatoses hipozincêmicas ou responsíveis ao zinco. Aquela de
origem alimentar, como já abordado, resulta de duas condições básicas, a da
deficiência de zinco na dieta (que apresenta pequena quantidade do microelemento),
ou aquela de antagonismos nutricionais, quando o zinco está suficiente, mas sua
absorção é diminuída pelo cálcio ou fitato37.
Dentre aquelas de origem genética, estas se subdividem em dois tipos. O
primeiro acomete animais das raças Husky Siberiano, Malamute do Alaska e
Doberman. Apesar de não descrito, normalmente, pacientes da raça Akita, também,
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podem ser acometidos. Esta se caracterizada por um problema genético que resulta
em interferência na absorção de zinco pelo intestino. A dieta, desta forma, geralmente
apresenta quantidades adequadas do nutriente, estando o problema afeto no indivíduo
que apresenta déficit absortivo. Ocorre em cães de todas as idades, sendo os
sintomas mais freqüentes ao final do crescimento ou na reprodução, períodos de
maior demanda nutricional, podendo, ainda, serem precipitados pelo cio. As lesões
cutâneas apresentam caráter progressivo, incluindo alopecia, eritema, formação de
crostas, descamação e supuração, principalmente ao redor da boca, mento, trufa
nasal, olhos e orelha, disqueratinização, tornando-se a pele inelástica e friável31. Deve-
se considerar, que como concentrações normais do micoelemento na dieta não são
suficientes para estes animais, estes devem receber suplementação oral de zinco por
toda a vida39.
Um segundo tipo acomete o Bull Terrier, sendo causada por gene autossômico
recessivo letal, pois o animal não responde ao tratamento, mesmo à administração
parenteral de zinco. A habilidade prejudicada em metabolizar o elemento resulta em
baixo crescimento, grave piodermite facial, pododermatite, diarréia, marcante
imunossupressão e acometimento por broncopneumonias, levando o cão a óbito.
O diagnóstico da deficiência de zinco se fundamenta na: anamnese, análise do
alimento, exame físico e histopatológico de pele. A dermatite hiperplásica perivascular
superficial, com hiperqueratose paraqueratótica difusa e folicular marcada sugere
deficiência de zinco30,34. O diagnóstico pode ser confirmado pela resposta clínica, com
melhora após a correção da dieta ou com a suplementação do elemento. O
diagnóstico diferencial inclui leishmaniose, em áreas endêmicas, escabiose,
dermatofitose e pênfigo foliáceo26. Uma adequada avaliação do alimento e a
verificação da raça do animal também permitem diferenciar a origem da deficiência, se
nutricional ou genética.
O tratamento da deficiência de zinco, tanto de origem alimentar como genética,
além do tratamento dermatológico de suporte, deve incluir a administração de alimento
sem excesso de cálcio e ácido fítico e com quantidades adequadas de zinco e ácidos
graxos essenciais30. Neste sentido é importante o Médico Veterinário avaliar o rótulo
do alimento industrializado, verificando se este contém no mínimo 120 mg de zinco por
quilo de produto para cães e 75 mg por quilo de produto para gatos. São importantes,
também, os teores de fibra bruta e matéria mineral. A legislação brasileira permite a
comercialização de alimentos com até 6,5% de fibra bruta, 12% de matéria mineral e
2,4% de cálcio, mas para se evitar antagonismos, principalmente para animais com
manifestações cutâneas, sugerindo sensibilidade nutricional, deve-se selecionar
aqueles que apresentem teores iguais ou menores do que 3% de fibra bruta, 8% de
matéria mineral e 1,5% de cálcio.
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Na deficiência de zinco, de origem genética, a suplementação oral dos animais
com sulfato de zinco (10 mg/kg/dia) ou zinco-metionina (2 mg/kg/dia) é necessária por
toda a vida do cão. Esta pode ser feita, também, no início do tratamento da deficiência
alimentar, como forma de acelerar a recuperação do paciente. A absorção de zinco é
máxima, quando administrado entre as refeições, não conjuntamente com o alimento,
no entanto o sulfato de zinco pode provocar, nestas condições de arraçoamento,
êmese em alguns animais. Nestes casos, seu fornecimento no momento das
refeições, bem como a divisão da dose diária em dois ou mais momentos de
administração, podem favorecer maior tolerância ao composto. Nos animais que não
respondem à suplementação oral pode-se realizar administração intravenosa de
solução estéril de sulfato de zinco (10 a 15 mg/kg/dia) por toda a vida do animal34.
Para cadelas em que há dificuldade em se controlar a doença recomenda-se a
castração39. O padrão de resposta à terapia geralmente é rápido, em 7 a 10 dias já se
verificam melhoras no quadro, no entanto, a remissão completa dos sintomas
dependerá do grau de comprometimento cutâneo podendo se completar, em casos
mais graves, somente após alguns meses.
Suplementação de microelementos
Toda suplementação deve ter por base ou a dieta, expressa em miligrama ou
grama por quilograma de matéria seca, ou o animal, expressa em miligrama ou grama
por quilograma de peso corporal. Os critérios de suplementação, infelizmente, são
imprecisamente definidos por muitas empresas de suplementos veterinários e uma
avaliação nutricional dos produtos revela, muitas vezes, desequilíbrios nutricionais,
recomendação de subdosagens e mesmo a presença de teores extremamente
elevados de alguns nutrientes. Desta forma, o Medico Veterinário deve ser capaz de
interpretar as bulas e rever as dosagens a serem recomendadas. A tabela 1 apresenta
sugestões de suplementação de microelementos para cães e gatos. Trata-se de
sugestão prática, elaborada com base na literatura pertinente2,22, ajustadas de acordo
com a experiência dos autores. Estas podem ser utilizadas pelo clínico como um guia
para o estabelecimento das doses de suplementos a ser acrescentadas à dieta ou
fornecido diretamente aos animais. Não constituem necessidades nutricionais
mínimas, mas sugestões práticas de uso.
Em dietas caseiras, seu emprego é seguro. Para alimentos industrializados, no
entanto, deve-se considerar que estes já são suplementados pelos fabricantes. O
emprego de um alimento industrializado de boa procedência torna não só dispensável
como contra-indicado a suplementação, pois esta adição pode tornar excessiva a
ingestão de microelementos, pois se somam tanto os administrados como os
presentes no alimento, podendo, assim, causar outros distúrbios nos animais.
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VITAMINAS
Vitamina A
Retinol, retinal e ácido retinóico são três componentes naturais que possuem
atividade de Vitamina A em mamíferos. Suas fontes alimentares incluem ésteres de
retinil (palmitato de retinal) em tecidos animais e carotenóides, principalmente o β-
caroteno, nos vegetais. Os gatos, diferentemente dos cães, não convertem o β-
caroteno em Vitamina A, o que faz com que estes necessitem de uma fonte de
Vitamina A pré-formada, advinda de tecidos animais40.
Trata-se de uma vitamina lipossolúvel essencial para o crescimento,
reprodução, formação e remodelamento ósseo e visão, sendo também necessária
para a diferenciação e manutenção dos tecidos epiteliais de revestimento20. O ácido
retinóico influencia a diferenciação epidermal e afeta diretamente a queratinização,
pela ação de receptores em genes da queratina, além de atuar no bulbo capilar,
influenciando o crescimento dos pêlos30.
O quadro mórbido cutâneo da deficiência de vitamina A inclue
disqueratinização de superfícies epiteliais, metaplasia escamosa; hiperqueratose com
oclusão das glândulas sebáceas e formação de pápulas firmes à palpação, localizadas
ou generalizadas; pelagem de má qualidade, alopecia, descamação da pele e
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susceptibilidade aumentada à infecções bacterianas secundárias. As manifestações
de intoxicação são semelhantes àquelas da deficiência34.
Por ser uma vitamina lipossolúvel é facilmente estocada no organismo, sendo a
toxicidade mais preocupante do que a deficiência. É improvável que a deficiência de
vitamina A ocorra em cães e gatos que ingerem dietas comerciais porque esses
alimentos apresentam, corriqueiramente, quantidade superior à necessária dessa
vitamina. Esta pode ocorrer, no entanto, em dietas caseiras baseadas em arroz, carne
ou pescoço de frango. Fontes caseiras desta vitamina para cães incluem os vegetais e
para cães e gatos o fígado dos animais. Casos de toxicidade podem ser observados
em animais que recebem dietas ricas em fígado ou óleo de fígado de bacalhau
gerando, quando da administração por longos períodos, a calcificação e fusão de
corpos vertebrais. A dosagem de retinol para cães e gatos não deve exceder
650UI/kg/dia22.
Vitaminas do complexo B
As vitaminas do complexo B estão envolvidas como cofatores em muitas
funções metabólicas e das vias de síntese. Por serem hidrossolúveis não são
estocadas no organismo, necessitando de reposição freqüente. Além das vitaminas
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ingeridas com os alimentos, o organismo dos animais tem acesso às vitaminas
originadas de síntese microbiana intestinal, o que de certa forma o protege de
deficiências. Hipovitaminoses normalmente estão associadas, desta forma, à anorexia,
ao consumo de alimentos não suplementados, a antibioticoterapia prolongada, com
perda da microbiota intestinal ou perda excessiva de vitaminas, em casos de poliúria e
enterite20,34,37.
Em geral os sintomas e as lesões associados à deficiência das vitaminas
hidrossolúveis são a disqueratinização, alopecia, anorexia e perda de peso. A
hiperqueratose nasodigital, também, pode ocorrer. Trata-se de alteração de
queratinização caracterizada por aumento da deposição de tecido córneo, originado da
epiderme e fortemente aderido a ela, nos coxins, trufa nasal ou em ambos9. Apesar
desta queratose se apresentar de forma idiopática pode decorrer de vasta variedade
de quadros de base incluindo: cinomose, leishmaniose, lupus eritematoso (discóide ou
sistêmico), pênfigo foliáceo, Síndrome hepato-cutâneo e “Mal-de-cuia”, e, também,
originar-se de deficiências ou excessos nutricionais11. Os coxins apresentam-se
endurecidos e rachados, contendo excesso de queratina, que torna o deambular
doloroso, mormente em cães de grande porte. Fissuras e erosões somam-se,
significativamente, ao desconforto19,34, Ocorre, igualmente, endurecimento e
ressecamento da trufa nasal, que adquire aspecto áspero e hiperqueratótico. Os
achados histopatológicos incluem hiperplasia epidérmica, irregular a papilada, e
hiperqueratose ortoqueratótica a paraqueratótica acentuada.
A deficiência de biotina produz uma alopecia característica ao redor dos olhos
e face, com deposição de crostas. A hiperqueratose nasodigital, conforme
características descritas anteriormente, também, pode ocorrer. Esta pode ser
secundária ao emprego de ovo cru na dieta dos animais, já que a clara possui avidina,
substância que se liga à biotina no intestino, impedindo sua absorção. O consumo
exagerado de ovo cru é extremamente raro e improvável em cães e gatos, de modo
que a deficiência de biotina secundária à antibioticoterapia, quimioterapia, diarréia e às
infecções crônicas é a mais provável de ocorrer nestes animais. O animal consumia
alimento industrializado de boa qualidade e teve a reversão parcial do quadro após 90
dias do consumo de biotina, suplementada sob a fórmula de cápsulas, na dose
empírica de 0,65mg/kg de peso corporal, diariamente. O quadro foi secundário à
antibioticoterapia prolongada devido à cistite recorrente e à quimioterapia para
tratamento de tumor venéreo transmissível, o que ilustra a necessidade de se
suplementar nutricionalmente pacientes nestas condições.
A deficiência de riboflavina causa queilite e disqueratinização, especialmente
ao redor dos olhos e no ventre, atrofia dérmica, alopecia, conjuntivite e estomatite. Em
felinos, está associada à alopecia na região cefálica. Já a deficiência de niacina
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acomete principalmente os gatos, que não são capazes de sintetizá-la a partir do
aminoácido triptofano dietético, ou os animais que recebem dietas à base de proteína
vegetal, pobres neste aminoácido. O cortejo mórbido advindo da deficiência de niacina
é aquele da pelagra (dermatagra) ou “língua negra” (noma “símile”), com ulceração
das mucosas, diarréia, emaciação e quadros pruriginosos em membros e abdômen. A
deficiência de ácido pantotênico resulta em dificuldades de cicatrização, pelagem
baça, eriçada, facilmente epilável, descamação de pele, acromotriquia e formação de
crostas22.
A suplementação vitamínica do Complexo B pode ser realizada com produtos,
líquidos ou em pó, e pelo emprego de alimento industrializado de boa qualidade. Para
dietas caseiras, a levedura de cerveja constitui-se em excelente suplemento que, além
de conter quantidades adequadas destas vitaminas, é naturalmente palatável para
cães e gatos. As dosagens são empíricas, sugerindo-se 0,5 grama, por dia, para gatos
e cães de pequeno porte, 1 a 2 gramas, por dia, para cães de médio porte e, por dia,
finalmente, 3 a 4 gramas diárias, para cães de porte grande. Na tabela 2 é
apresentada sugestão de suplementação de vitaminas para cães e gatos com vistas à
correção de dermatopatias nutricionais.
Vitamina E
A vitamina E pertence ao grupo de compostos denominados tocoferóis, sendo
o principal o alfa-tocoferol. Juntamente com o selênio, ela é importante na manutenção
da estabilidade das membranas celulares e dos lisossomos. Participa, ainda, do
processo inflamatório, reduzindo a produção de prostaglandina E2 e interleucina 2,
sendo, também, essencial ao funcionamento das mitocôndrias. A vitamina E protege
as membranas celulares da ação dos radicais livres, produtos do metabolismo
intermediário, especialmente de lípides, com potenciais efeitos deletérios sobre o
organismo. As moléculas mais suscetíveis a ação dos radicais livres são os ácidos
graxos poliinsaturados da membrana celular, o ataque a estas estruturas causa perda
da fluidez de membrana e mesmo sua ruptura com subseqüente morte da célula.
A deficiência de vitamina E, de ocorrência natural, tem sido relatada em gatos.
Ela ocorre quando estes são alimentados por longos períodos com atum ou óleo de
peixe, ambos ricos em ácidos graxos poliinsaturados, mas pobres em vitamina E. As
manifestações clínicas consistem em anorexia, pirexia, hiperestesia, anemia
hemolítica, leucocitose e aparecimento de nódulos subcutâneos, de consistência firme,
devido à panosteatite, resultante do acúmulo de ceróide, um produto da peroxidação
lipídica, no panículo e gordura intra-abdominal. O processo leva à necrose e
inflamação tecidual, causando dor à palpação e à deambulação. O tratamento consiste
na adequação da dieta e suplementação com 10 UI de vitamina E por quilograma de
peso corporal por dia30,34.
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Embora tenha baixa morbidade, podem ser evidenciadas manifestações
cutâneas da hipovitaminose E retratadas por disqueratinização. Alimentos
industrializados normalmente apresentam concentração adequada no nutriente. Deve-
se considerar, no entanto, as possibilidades de perdas em processamento e
estocagem, pois a vitamina E pode ser oxidada durante o período de armazenamento
do alimento se este não for adequadamente preservado com antioxidantes, sofrer
contaminação fúngica ou ou ser atacado por insetos e apresentar embalagem violada
ou aberta6.
Dermatose responsiva à vitamina E
A Vitamina E, também, vem sendo estudada como terapia adjunta para
doenças auto-imunes e inflamatórias, como lúpus eritematoso discóide e sistêmico,
pênfigos superficiais, paniculite estéril, acantose nigricante e dermatomiosite, sendo
geralmente usada em conjunto com agentes imunossupressores. Alguns
pesquisadores acreditam que o estresse oxidativo, ou o desequilíbrio entre pró-
oxidantes e o potencial antioxidante do organismo, desempenham, provavelmente,
papel significativo no desenvolvimento destas dermatoses. Neste sentido,
supostamente, altas doses de Vitamina E podem prevenir os danos celulares
induzidos pelos radicais livres, inibir a atividade de enzimas proteolíticas e aumentar a
atividade fagocitária e a imunidade humoral e celular. O aumento da quantidade de
Vitamina E nos alimentos para cães e gatos resulta em maiores concentrações
cutâneas e séricas desta vitamina13.
As doses sugeridas de Vitamina E, como adjuvante no tratamento de
dermatoses inflamatórias, varia de 200 a 800 UI a cada 12 horas, o que corresponde a
20 a 100 vezes a necessidade diária de um cão com 10 kg de peso. Essa dose foi
utilizada com sucesso no lúpus eritematoso tanto na modalidade discóide como na
sistêmica34. No entanto, os resultados encontrados têm sido variáveis, não havendo
ainda consenso sobre sua eficácia. Acredita-se que esta não seja efetiva nos casos de
dermatite atópica, redundo em resultados variáveis no lúpus eritematoso, sarna
demodécica e dermatomiosite do Collie e Pastor de Shetland. Onde parece haver
consenso sobre sua utilidade é na terapia adjunta da “acantosis nigricans” primária do
Dachshunds. Tal doença caracteriza-se por perda de pêlos, intensa hiperpigmentação
ou melanodermia de pele, aumento da untuosidade, formação de crostas, foliculite
bacteriana secundária, descamação e odor de ranço exalando da pele. O tratamento
padrão da afecção baseia-se em terapia tópica com xampus queratolíticos e
queratoplásticos e na corticoterapia (tópica ou sistêmica). No entanto, a administração
de 200 mg de vitamina E, duas vezes ao dia, pode colaborar no seu controle e reduzir
a dose necessária de corticosteróides para controle dos sintomas.
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Suplementação vitamínica
A tabela 2 apresenta sugestões de suplementação vitamínicas para cães e
gatos, retiradas de várias fontes de informação2,22. Estas podem ser utilizadas pelo
clínico como um guia para o estabelecimento das doses de suplementos a ser
acrescentadas à dieta ou fornecido diretamente aos animais. Estas não constituem
necessidades nutricionais mínimas, mas sugestões práticas de uso. Como o já
comentado para a suplementação de microelementos, a suplementação é segura e
recomendada para dietas caseiras, mas desnecessária para alimentos
industrializados.
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