ISSN: 1984-7688

REVISÃO INTEGRATIVA

COMPLICAÇÕES COM O USO IRREGULAR DO

POLIMETILMETACRILATO E POSSÍVEIS
PROCEDIMENTOS ESTÉTICOS A SEREM
REALIZADOS EM PACIENTES COM A SUBSTÂNCIA

COMPLICATIONS WITH THE IRREGULAR USE OF

POLYMETHYLMETHACRYLATE AND POSSIBLE AESTHETIC
PROCEDURES TO BE PERFORMED IN PATIENTS WITH THE
SUBSTANCE

Ana Carolina Oliveira Costa 1; Eduarda Nathyelle Reis Neves2; Iara Bicalho de Castro 3;
Maria Júlia Silva Noronha 4; Marina Caetano Machado 5; Natalia Mendes Santos 6; Lívia
Pedrosa Moura 7; Rodrigo Junio Rodrigues Barros 8

RESUMO: O POLIMETILMETACRILATO (PMMA) É UM PRODUTO SINTÉTICO COMPOSTO POR MICROESFERAS DE ACRÍLICO. O

ESTUDO IDENTIFICA O USO DO PRODUTO EM PROCEDIMENTOS ESTÉTICOS E COMPLICAÇÕES ADVINDAS DO USO

INDISCRIMINADO DO MESMO. É UMA REVISÃO INTEGRATIVA, FEITA ATRAVÉS DE PESQUISAS DA BASE DE DADOS SCIELO E

e-xacta, Belo Horizonte, Vol. X, N.º Y, p. aa-bb. (ano). Editora UniBH.

Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/
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GOOGLE ACADÊMICO, ALÉM DE PESQUISAS EM TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO, MONOGRAFIAS, REVISTAS E JORNAIS.
4 ARTIGOS FORAM UTILIZADOS NESSE TRABALHO. A DISCUSSÃO APRESENTA COMPLICAÇÕES APÓS A APLICAÇÃO COMO

NÓDULOS E ELEVAÇÃO DO TERÇO MÉDIO DA FACE (SOOF), FERIDA APÓS DESBRIDAMENTOS SERIADOS, DIAGNÓSTICO DE

INSUFICIÊNCIA RENAL, REAÇÃO ALÉRGICA GRAVE, INFECÇÃO E INFLAMAÇÃO CRÔNICA. A PRINCIPAL CONCLUSÃO É QUE O

OBJETIVO DE IDENTIFICAR COMPLICAÇÕES COM O USO IRREGULAR DE PMMA EM PROCEDIMENTOS ESTÉTICOS ANALISADOS
ENTRE 2015 A 2022 FOI CUMPRIDO, DIANTE DOS ACHADOS QUE APRESENTAM AS PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES ADVINDAS DO
USO IRREGULAR DA SUBSTÂNCIA E QUE APESAR DOS AVANÇOS COM AS TECNOLOGIAS PARA IDENTIFICAR A LOCALIZAÇÃO DO

POLIMETILMETACRILATO, AINDA SE TEM POUCAS INFORMAÇÕES CONCRETAS E COM EMBASAMENTO CIENTÍFICO A CERCA

DOS DEMAIS PROCEDIMENTOS QUE PODEM SER FEITOS EM PACIENTES QUE JÁ POSSUEM A SUBSTÂNCIA SEM MAIORES

RISCOS DE INTERCORRÊNCIA.

PALAVRAS-CHAVES: APLICAÇÕES DO PMMA. COMPLICAÇÕES PMMA. PROCEDIMENTOS NÃO PERMANENTES.

PROCEDIMENTOS TEMPORÁRIOS.

ABSTRACT: POLYMETHYLMETHACRYLATE (PMMA) IS A SYNTHETIC PRODUCT COMPOSED OF ACRYLIC MICROSPHERES. THE

STUDY IDENTIFIES THE USE OF THE PRODUCT IN AESTHETIC PROCEDURES AND COMPLICATIONS ARISING FROM THE

INDISCRIMINATE USE OF THE PRODUCT. IT IS AN INTEGRATIVE REVIEW, CARRIED OUT THROUGH SEARCHES OF THE SCIELO
AND GOOGLE SCHOLAR DATABASES, IN ADDITION TO RESEARCH ON COURSE COMPLETION WORKS, MONOGRAPHS,

MAGAZINES AND NEWSPAPERS. 4 ARTICLES WERE USED IN THIS WORK. THE DISCUSSION PRESENTS COMPLICATIONS AFTER
APPLICATION SUCH AS NODULES AND MIDFACE ELEVATION (SOOF), WOUND AFTER SERIAL DEBRIDEMENT, DIAGNOSIS OF

RENAL FAILURE, SEVERE ALLERGIC REACTION, INFECTION AND CHRONIC INFLAMMATION. THE MAIN CONCLUSION IS THAT THE
OBJECTIVE OF IDENTIFYING COMPLICATIONS WITH THE IRREGULAR USE OF PMMA IN AESTHETIC PROCEDURES ANALYZED

BETWEEN 2015 AND 2022 WAS FULFILLED, GIVEN THE FINDINGS THAT PRESENT THE MAIN COMPLICATIONS ARISING FROM

THE IRREGULAR USE OF THE SUBSTANCE AND THAT DESPITE ADVANCES IN TECHNOLOGIES FOR IDENTIFY THE LOCATION OF

POLYMETHYLMETHACRYLATE, THERE IS STILL LITTLE CONCRETE AND SCIENTIFICALLY BASED INFORMATION ABOUT THE

OTHER PROCEDURES THAT CAN BE DONE IN PATIENTS WHO ALREADY HAVE THE SUBSTANCE WITHOUT GREATER RISKS OF

INTERCURRENCE

KEYWORDS: PMMA APPLICATIONS. PMMA COMPLICATIONS. NON-PERMANENT PROCEDURES. TEMPORARY PROCEDURES.

na junção dérmica-subcutânea é necessário adequar

1. INTRODUÇÃO
A substância polimetilmetacrilato, conhecida como
PMMA, é um produto sintético composto
microesferas de acrílico aplicado por meio de cânulas,
sob anestesia local. É comercializado e utilizado em
técnicas de preenchimento cutâneo permanente ou
aquele que oferece resultados mais duradouros. Por
ser um produto definitivo, aplicado com uma injeção
a quantidade do produto e número de sessões, e
quando houver necessidade de retoques é
aconselhado espaçar as sessões de tais aplicações
por (ANVISA, 2018; PAPAZIAN et al., 2018).
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia
Plástica (SBCP, 2022) pacientes que recorreram a
cirurgiões plásticos a fim de corrigir sequelas deixadas
pelo produto no período de um ano, entre maio de
2015 e de 2016, conforme a pesquisa feita por órgão

e-xacta, Belo Horizonte, Vol. X, N.º Y, p. aa-bb. (ano). Editora UniBH.

Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/
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em orgão em São Paulo/SP, com 300 especialistas profissional devem ser observados pelos pacientes, no
brasileiros, aproximadamente 17 mil pacientes de todo sentido de permitir a livre escolha do procedimento
o País sofreram deformidades e complicações por com injeções de PMMA.
causa do produto.
Fica claro, portanto, que somente profissionais
A atenção para o fato teve início em 2016 diante de médicos capacitados podem realizar ou não indicar o
casos graves de infecções, visto que o PMMA é produto para preenchimento, visto que há
formado por microesferas que podem se espalhar pelo complicações já pontadas e ocorrências de aplicação
tecido da região a qual foi aplicado, podendo desse preenchedor em clínicas clandestinas,
apresentar reações que produz nódulos e realizadas por profissionais não autorizados (o que
deformidades. Na ocorrência de tais complicações, inclui salões de beleza) que vem gerando evoluções
muitas vezes são necessárias cirurgias para a retirada clínicas desastrosas na realidade atual do uso de
do produto e os pacientes que apresentam reações PMMA no Brasil (ANVISA, 2018; OLIVEIRA, 2020;
alérgicas precisarão ser tratados com corticoides SBCP, 2022).
durante a sua vida toda (SBCP, 2022). No estudo de
No entanto, outras técnicas utilizadas em clínicas de
Tachamo et al (2018), cujas análises realizadas com o
estética estão sendo identificadas para minimizar
uso de polimetilmetacrilato em mulheres de mais de
complicações dos procedimentos diante da procura
50 anos apresentou hipercalcemia, que se desenvolve
constante para melhorar a aparência física, mas
a uma reação granulomatosa de corpo estranho,
também o bem-estar psicológico, causando impactos
aumentando o nível de cálcio no sangue, desenvolvida
positivos no convívio social, uma vez que as pessoas
em média de 7,96 ± 7,19 anos desde o procedimento
se sentem mais confiantes, jovens e atraentes
inicial. Essa complicação, tratada de forma
(COSTA, 2022).
conservadora com hidratação, corticosteroides e
Esses procedimentos estéticos não cirúrgicos
bisfosfonatos na maioria dos casos e/ou cirurgias sem
associados ao tratamento de disfunções aumentou
sucesso, a insuficiência renal ocorreu em 82,35% das
consideravelmente durante a pandemia da Covid-19,
23 pacientes do estudo, sendo que duas foram a
destacando-se a toxina botulínica, preenchedores de
óbito. Assim, a hipercalcemia de injeções cosméticas
ácido hialurônico e bioestimuladores de colágeno
pode ser grave e se apresentam anos após o
usados no consultório para diversas correções da face
procedimento inicial em vários casos.
(rugas, realce de contornos faciais e aumento do
Uma paciente de 26 anos de idade, após a injeção de
volume dos lábios), “peeling”, "suspensão com fio”,
PMMA na região glútea bilateral, apresentou uma
“ácido poli lático" e microagulhamento (CONCEIÇÃO,
infiltração maciça do produto, ocasionando a
2021), conforme o Quadro 1.
destruição do tecido adiposo, devido à microesferas
Quadro 1 – Comparação de indicação dos
condicionaram a síndrome da embolia gordurosa
procedimentos estéticos realizados na biomedicina
(SEG) na paciente (OLIVEIRA, 2020).
Toxina botulínica A: Rejuvenescimento
Atualmente, a Agência Nacional de Vigilância
fácil,amenizar linhas de expressão e rugas
Sanitária (ANVISA) questionada sobre a
profundas, controle da hiperidrose, diminuição
regulamentação do uso do polimetilmetacrilato no
de queloides e cicatrizes hipertrófica.
país, informou que, para o uso estético, tanto a
procedência do produto quanto a capacitação do
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Preenchimentos dérmicos: Aumento do Assim, a pergunta que orientou o estudo pode ser
volume e contorno labial, linha de marionete, assim contextualizada: Quais as principais
região malar, região mandibular, região do complicações advindas do uso irregular do PMMA e
mento, região do pescoço, região das mãos, como minimizar tais consequências?
cicatrizes e rinomodelação.
A relevância do estudo está na clara evidência do
Peelings químicos: Rugas, melanoses, tema ser demasiado recorrente tanto em consultórios
queratóses actínicas, melasma, de medicina estética, odontológicos e clínicas de
hiperpigmentação pós – inflamatória, acnes e estéticas diante do grande desalinho do que é um
suas sequelas, cicatrizes atróficas, estrias, procedimento clínico minimamente invasivo (aqueles
queratose pilar e para clareamento da pele. que não atingem órgãos ou camadas profundas da
pele), o que o profissional biomédico pode atuar
Intradermoterapia: Lipodistrofia,
amparado legalmente pela Lei 13.643/18 (BRASIL,
fibroedemagelóide,afecções capilares.
2018).
Carboxiterapia: Celulite em gordura
Nesse contexto, se há indícios de melhoras
localizada e flacidez.
significativas das técnicas, instrumentos e materiais
Laser fracionado: Rugas, cicatrizes,
utilizados, mesmo considerando riscos nos
lesões de pele e resurfacing total e parcial.
procedimentos com PMMA, espera-se com os
Luz intensa pulsada: Fotoenvelhecimento resultados deste estudo identificar achados clínicos
facial; flacidez; aspereza da pele; rugas finas; para esclarecer tanto a população, quanto a outros
alterações de pigmentação; vasos de cor profissionais que têm a intenção de trabalhar com
rosácea derivados do envelhecimento; estética.
manchas nas mãos; rosácea; sardas;
O objetivo geral é identificar complicações com o uso
poiquilodermia; Melasma, epilação e outros.
irregular do PMMA e possíveis procedimentos
Radiofrequência: Flacidez, remodelador estéticos temporários a serem realizados em
corporal, fibroedema geloide, redução da pele pacientes que já possuem o preenchimento com o
tipo “casca de laranja”, pós-lipoaspiração, mesmo.
rugas, cicatrizes, alopecia (queda excessiva
2 . METODOLOGIA
de cabelo), olheiras, adiposidades, estrias,
manchas e fibroses. O presente estudo se caracteriza como uma revisão
integrativa, feito através de pesquisas da base de
Fonte: CONCEIÇÃO, 2021.
dados Scielo e Google acadêmico, além de pesquisas
Como exemplos, os casos do ultrassom como uma em TCCs, monografias, revistas e jornais.
ferramenta mais segura para os preenchimentos,
Os descritores empregados na busca, combinado com
principalmente por sua alta frequência e bons
o boleano (or ou and) foram: PMMA, Aplicações do
resultados no rastreio de veias e artérias, auxiliando o
PMMA na estética facial, Procedimentos não
quadro e evitando casos de necrose (Costa, 2022), os
permanentes e procedimentos temporários em
casos de tratamento de celulite e com o laser de CO2
pacientes com PMMA, Complicações do PMMA.
aplicado com radiofrequência, associados após o
preenchimento realizados em ambulatórios (CHACUR Os critérios de inclusão foram artigos, relatos de
et al, 2019a; CHACUR, 2019b; BORTOLOZO, 2019). casos, revistas e jornais de 2015 a 2022, disponíveis

em inglês e português, dentre assuntos como os
materiais biocompatíveis com o produto.
Os critérios de exclusão foram artigos e relatos que
não se incluíam no período pesquisado, outros
idiomas que não português e inglês e artigos em
duplicidade.
3. RESULTADOS
A busca de artigos na base de dados Scielo e Google
acadêmico resultou em 1.222 resultados, incluindo
pesquisas específicas de jornais e revistas, concluindo
mais 8 resultados. Após os critérios de inclusão e
exclusão, foram selecionados 4 artigos após a leitura
na íntegra de acordo com a figura 1.
Figura 1: Fluxograma apresentando o processo de
busca e seleção dos artigos utilizados.
4. DISCUSSÃO
Em definições de casos clínicos ocorridos em 13
pacientes femininas, com idade ao redor de 42 anos
com o aparecimento dos sintomas variando de poucos
meses até 13 anos são exemplos de estudos diante
de aplicações com o produto contendo PMMA. Os
locais mais acometidos por complicações foram os
lábios, sulcos nasogenianos e região malar. Os sinais
e sintomas apresentados foram nodulações,
irregularidades, edema, eritema, endurecimento,
discromia, restrição à mímica, assimetrias, prurido e
5
superficialização do material injetado, com prevalência
de assimetrias, edema e endurecimento (FISCHDICK;
AMORIM, 2018).
A extrusão ao longo dos sulcos nasogenianos tem
como causa mais provável a injeção intradérmica de
volume excessivo de PMMA após preenchimento, o
que ocasiona isquemia pelo excesso de tensão na
área. A Síndrome de Nicolau, ou embolia cútis
medicamentosa foi descrita com a injeção de sais
oleosos de bismuto, pois ocorre devido a uma
obstrução microembólica do suprimento arterial da
derme (FISCHDICK; AMORIM, 2018).
Figura 2 – Extrusão de PMMA nas regiões
nasogenianas, ocorrência de sulcos nasogenianos e
da Síndrome de Nicolau, ou embolia cútis
medicamentosa.
Nota: Normalmente é tratada com curativos e
cuidados para cicatrização e reparação do defeito
resultante.
Fonte: (FISCHDICK; AMORIM, 2018).
Apenas uma paciente solicitou a retirada do
preenchimento com polimetilmetacrilato por não gostar
do resultado e não devido a uma intercorrência, e em
5 delas encontrou-se histórico pessoal de alergias (a
antibióticos e alimentos), doenças autoimunes
(hipotireoidismo e doença intestinal inflamatória) e
tabagismo, apresentando quadros inflamatórios
recidivantes, com marcado edema, hiperemia e/ou
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prurido nos locais tratados (FISCHDICK; AMORIM, Figura 4 - Episódio de reação inflamatória mais
2018). evidente no terço médio da face.

A Figura 3 apresenta o caso de sequela de necrose

em asa narinária e terço superior do sulco nasolabial à
direita.

Figura 3 - Sequela de necrose após o uso do PMMA.

Nota: Reação inflamatória intensa (ante e esquerda) e

reação inflamatória intensa acometendo
principalmente hemiface esquerda (região periorbitária
e sulco nasogeniano), à direita.
Fonte: (FISCHDICK; AMORIM, 2018).

Na mesma época a paciente se submeteu a inclusão

de implantes de silicone nas mamas, apresentando
contratura capsular visível em ambas no momento da
consulta (13 anos após). Não tinha antecedentes
pessoais ou familiares de doenças autoimunes ou
Nota: Painel superior esquerdo: sequela de necrose alergias e negou tabagismo.
em asa narinária; Painel à direita e abaixo: sequela no
Outro exemplo incide no caso de reação inflamatória
terço superior do sulco nasolabial.
mais evidente no terço médio da face, o que é
Fonte: (FISCHDICK; AMORIM, 2018).
apresentado na Figura 5, com a percepção estética
Ao sentir muita dor após a injeção de Metacrill® e antes da injeção com PMMA e depois, com o episódio
horas após o procedimento a presença de uma de reação inflamatória intensa acometendo
coloração violácea na área, ocorreu a necrose. Este principalmente hemiface esquerda (região periorbitária
caso é um estágio adiantado do apresentado na e sulco nasogeniano).
Figura 2 da Síndrome de Nicolau.
Figura 5 – Episódio de reação inflamatória mais
A necrose da comissura labial e asa nasal à esquerda evidente no terço médio da face.
da paciente da foto à direita apresentavam perda
tecidual e contração cicatricial, com prejuízo funcional
(incontinência oral) e estéticos importantes,
semelhantemente à paciente da foto abaixo que
apresentava incontinência oral e grande deformidade
estética.
FONTE: (FISCHDICK; AMORIM, 2018).
Com idade de 40 anos, a paciente apresentada a
A paciente acima tinha relatório médico que descrevia
seguir (Figura 4) apresentou sintomas e insatisfação
a injeção de 2 ml de PMMA a 2% nos sulcos
com os resultados do atendimento realizado, com
nasogenianos, profunda e intradermicamente,
Artecoll® em 1997. Na época, queixava-se do volume
seguida, dias após, pela injeção de 180 ml de PMMA
labial excessivo, com alteração do sorriso e da
a 30% em região glútea, bilateral. Seis meses após
movimentação labial em geral.
 7

foram injetados 4 ml de PMMA a 10% em regiões Figura 7 - Evolução de ferida após debridamento
zigomática e malar. seriados.

A paciente de 60 anos, submetida à injeção de PMMA,

em regiões periorbitária e malar, bilateralmente,
apresentava nodulações junto à pálpebra inferior
(Figura 6).

Figura 6 - À esquerda o pré-operatório e à direita

após ritidoplastia com retirada de nódulos e elevação
da SOOF.

a: lateral esquerda; b: vista posterior; c: lateral direita;

I: 14 dias de evolução; II: após 1 debridamento (debri);
III: após 2 debris, aumento circunferencial da
hiperemia de ferida e comunicação de feridas pela
região sacral; IV: após 3 debris, aumento
circunferencial da hiperemia de ferida; V: após 4
debris, aparecimento de pontos de necrose em região
sacral necrose em região sacral.
Fonte: KURMORI et al, 2019.

A tomografia computadorizada evidenciou

Fonte: (FISCHDICK; AMORIM, 2018). espessamento e densificação da pele e tecido celular
subcutâneo das regiões glúteas, bem como múltiplas
Buscou tratamento, visto que sentia
formações nodulares que poderiam corresponder à
descontentamento com o aspecto irregular das
material exógeno/granulomas e nos exames
pálpebras, bem como desconforto nos locais
laboratoriais mostraram leucocitose e proteína C
injetados. O tratamento proposto foi a retirada do
reativa elevada (KURMORI et al, 2019).
produto com cirurgia e reposicionamento do SOOF
para melhorar o aspecto da unidade estética e Esse processo inflamatório/infeccioso levou a uma
prevenir o ectrópio cicatricial. insuficiência renal. A paciente permaneceu em leito de
UTI por 14 dias, apresentando melhora progressiva
Paciente feminina de 21 anos atendida em
após o 3º desbridamento. Somente após
procedimento realizado por um profissional não
desbridamento seriados, enxerto de pele homogénea
médico em salão de beleza apresentou complicações
e a terapia de pressão negativa sobre enxerto
após a aplicação de injeção de 900 ml de PMMA em
homógeno e melhora dos parâmetros nutricionais
glúteos há 12 dias. Ao procurar tratamento clínico,
ocorreu a integração do enxerto com a alta hospitalar
apresentou dor e feridas ulceradas com secreção
após 68 dias de internação (KURMORI et al, 2019).
purulenta no local da aplicação. Foi medicada por 7
dias com os antibióticos ciprofloxacino e clindamicina Uma mulher de 65 anos relatou urolitíase recorrente e
e posteriormente a ceftriaxona e prednisona em injeções de PMMA na face, lábios e sulcos glúteos
regime de hospital (KURMORI et al, 2019) (Figura 7). cinco anos antes, o que levou após 4 anos ao
diagnóstico de insuficiência renal. Da primeira vez que

procurou atendimento médico queixa- se de poliúria,
astenia e fraqueza nos últimos meses. Apresentava
bom estado geral, hidratada, afebril, com pressão
arterial e frequência cardíaca normal. O exame físico
geral não apresentava alterações (bom estado geral,
afebril, hidratada), mas foi notada a presença de
indurações irregulares nas nádegas na porção
posterior das coxas (MANFRO, et al., 2021).
Após exames laboratoriais mostrou hipercalcemia
(cálcio total 13,9 mg/dL, faixa normal [NR] 8,8 - 10,3
mg/dL), cálcio ionizado 1,98 mg/dL, NR 1,1 - 1,35
mmol/L) aumento da creatinina sérica (1,7 mg/dL, com
MDRD, taxa de filtração glomerular estimada [TFGe],
31 mL/min/1,73m2) e aumento da ureia sanguínea (45
mg/dL), com níveis sanguíneos normais de sódio,
potássio, bicarbonato, ácido úrico, albumina e fósforo.
A de 24 horas revelou proteinúria leve (650 mg/24h) e
hipercalciúria (350 mg/24h), com uricosúria, citratúria,
fosfatúria e oxalúria normais. O exame urinário
apresentou proteinúria ++/4 e a urina esteve estéril na
cultura (MANFRO, A. G. et al., 2021).
A ultrassonografia abdominal e tomografia
computadorizada mostraram urolitíase bilateral com
múltiplos cálculos e a função renal continuou
deteriorando, exigindo início de terapia de substituição
da função renal com hemodiálise. Outra paciente de
69 anos foi internada com queixa de astenia, mal-estar
e perda de peso, pálida, pressão arterial normal,
frequência cardíaca e temperatura normais. Relatou
ter realizado injeções de PMMA nos dois braços oito
meses antes da admissão. No exame físico, a
presença de nódulos densos nos antebraços foi
notada. Os resultados laboratoriais apontaram
anemia, aumento da creatinina sérica (2,6 mg/dL,
MDRD TGFe 18 mL/ min/1,73m2), exame de urina
normal e ausência de proteinúria (MANFRO et al.,
2021).
Após esse primeiro contato, 4 anos depois a paciente
retornou com perda da função renal. O exame
8
histológico mostrou depósitos de material globular
inorgânico no tecido fibro-adiposo ao redor dos
fascículos musculares, levando à reação
granulomatosa de corpo estranho. (MANFRO et al,
2021).
Paciente de 47 anos foi internado, relatando reação
alérgica à picada de abelha ocorrida 20 dias antes da
apresentação dos sintomas. Na realidade, após o
sexto dia de internação sem melhora do quadro e
após insistentes questionamentos médicos, o paciente
afirmou ter realizado um procedimento com injeção de
polimetilmetacrilato (PMMA) na face há 20 dias, por
um profissional não médico. O paciente foi
encaminhado para o serviço de cirurgia plástica para a
retirada do produto e a continuidade de um tratamento
mensal com corticosteroides injetáveis durante um
ano. Importante ressaltar que tal caso apresentou
melhoras, mas deixaram sequelas decorrentes do
procedimento estético (NASSIF; MARTOS;
SATURNINO, 2015).
O primeiro produto, o Artefill®, foi lançado no mercado
em 2007 e pré-aprovado um ano antes (2006) pelo
FDA apenas para o preenchimento de sulcos
nasogenianos (FISCHDICK; AMORIM, 2018). Ele foi
renomeado para Bellafill em 2015, segundo a
pesquisa de Gold e Sadick (2018), após a sua
comercialização entre 2007-2016, “mais de 530.000
seringas Bellafill” foram utilizadas no mundo todo com
“11 granulomas confirmados (excluindo dados de
ensaios clínicos) (0,002% das seringas vendidas)”.
Outros prenchimentos de PMMA aparentam ainda
serem limitados e inconsistentes, o que os autores
sugerem é a observação das principais causas dos
eventos adversos que podem estar atribuídos à falta
de proficiência na técnica de tratamento. O
preenchedor ideal deve ser biocompatível,
quimicamente inerte, macio e fácil de usar, e ter
durabilidade e segurança (GOLD; SADICK, 2018).
 9

Assim, a composição e as incidências de Arteplast 2,5% (granulomas de corpo

complicações de uma marca de PMMA, exposta por estranho)
Artecoll 0,01% (reações alérgicas) 1.4%
Fischdick e Amorim (2018) e Lemperle (2020), (modularidade)
também requer atenção dos profissionais de saúde Artefill 0, 7 (reação inflamatória) 1,45
(modularidade)
que realizam este procedimento (Quadros 1 e 2).
Metacrill 0,08% (nódulos)
Quadro 1 – Produtos contendo PMMA e sua Newplastic sem referência na bula ou na
literatura
composição.
Fonte: FISCHDICK; AMORIM 2018.

Além da observação da composição dos produtos que

contém PMMA as complicações podem também estar
relacionadas à técnica de aplicação, a quantidade
aplicada, uma vez que um grande volume aplicado
pole resultar em hipercalcemia grave e lesão renal
advindas da reação granulomatosa de corpo estranho,
e o conhecimento anatômico do local de aplicação,
não se deve aplicar em regiões vasculares pois a
obstrução de vasos é o que resulta em necrose,
conforme apresenta Farneze (2021) na Figura 8.

Figura 8 - Consenso sobre as concentrações,

volumes e planos de aplicação de PMMA.

Fonte: FARNEZE, 2021.

As pesquisas ainda continuam e estão sendo

realizadas pelos laboratórios farmacêuticos com
prazos de até 5 anos. As informações dos fabricantes
Fonte: Elaborado pelas autoras a partir de
FISCHDICK E AMORIM (2018) e LEMPERLE (2020). normalmente são as de que possuem segurança e
efetividade no produto diante do momento em que é

Quadro 2 – Incidência descrita de complicações após lançado. (FISCHDICK; AMORIM, 2018).

diferentes produtos contendo PMMA. Nesse contexto, a Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (ANVISA, 2022) declara que para os
cidadãos que têm dúvidas sobre o registro de

produtos no Brasil, estão disponíveis a todos, bem
como as questões relacionadas aos insumos
farmacêuticos e cosméticos. E que o PMMA para
preenchimento subcutâneo, além de precisar ser
registrado, o que ocorre há 10 anos no Brasil, ele é
um produto de uso em saúde da classe IV (máximo
risco).
Se tratando das microesferas de PMMA, apesar da
descrição da natureza química de cada partícula em
detalhes não fazem parte dessa revisão, Lemperle
(2020) ressalta que para ser calculado o volume de
tecido conjuntivo ao redor das microesferas do
produto é necessário identificar o tamanho, pois
quanto maiores elas são, menos tecido elas geram.
As Figuras 9, 10 e 11 apresentam microesferas de
polimetilmetacrilato limpas com superfícies
aparentemente lisas, pequenas partículas aderidas e a
falta de envolvimento de macrófagos que permitem a
“migração” de acordo com a gravidade.
Figura 9 - Microesferas de PMMA limpas com
superfícies aparentemente lisas.
Fonte: LEMPERLE, 2020
Figura 10 - Irregularidades e pequenas partículas
aderidas.
Fonte: LEMPERLE, 2020
10
Figura 11 - A falta de envolvimento de macrófagos
permite a “migração” de acordo com a gravidade.
Fonte: LEMPERLE, 2020
As figuras acima confirmam a prudência na análise de
tamanho das microesferas por causa da migração.
Ainda ficou clara a eliminação transepidérmica e
indicação de inadequação do produto para injeção
intradérmica. Tal análise confirmou que o produto
deve ser injetado no subcutâneo, abaixo da derme
(LEMPERLE, 2020).
Dessa forma, o granuloma de corpo estranho pode se
destacar após a implantação dessas partículas.
Advém a proliferação mitótica de células nas paredes
dos vasos sanguíneos, seguidas por uma invasão de
histiócitos e macrófagos. Essas células podem se
renovar em algumas horas. (LEMPERLE, 2020).
A Figura 12 apresenta a configuração de uma célula
gigante, causa da importância em se calcular o
volume de tecido conjuntivo ao redor das microesferas
de PMMA que podem levar a processos inflamatórios.
Figura 12 - Célula gigante com corpúsculo claro
(microesfera de PMMA) em seu interior.
Fonte: FISCHDICK; AMORIM, 2018
A microscopia óptica do PMMA, dessa forma, pode
constatar infecções por micobactéria de crescimento

rápido. Evidentemente, os diagnósticos e resultados
clínicos complementares e aspectos epidemiológicos
vigentes apontam lesões eritematosas de difícil
cicatrização, nodulares, com ou sem drenagem de
secreção, fístulas, ulcerações, abscesso quente ou
frio, não responsivo aos antibióticos convencionais.
Os sintomas do processo inflamatório intermitente e
recidivante apresentados sobre as áreas com maior
concentração do produto, além de dor e prurido, levou
a procedimentos cirúrgicos, visto que o exame
histopatológico demonstrou no caso de uma mulher de
51 anos “processo inflamatório crônico com acentuada
reação gigantocelular do tipo CE, com células
gigantes circundando espaços claros de tamanhos
variados, envolvendo tecido fibroconjuntivo, adiposo e
muscular” (FISCHDICK; AMORIM, 2018), diagnóstico
normal com a utilização de diferentes produtos. O que
causa a dificuldade do diagnóstico clínico é o não
conhecimento do produto aplicado no relato do
paciente.
Mesmo que não se possa definir a quantidade
aplicada, reações inflamatórias crônicas, dor crônica,
infecções, formação de nódulos, enrijecimento da
região, rejeição do organismo e até necrose do tecido
podem ocorrer. Portanto, o bom senso do volume
usado do PMMA deve ser observado (PAPAZIAN et
al., 2018).
Importante ainda salientar que as complicações
tardias, conforme Figura 13:
Figura 13 – Reação de hipersensibilidade tardia
conforme resposta granulomatosa diante de material
implantado.
Fonte: FISCHDICK; AMORIM, 2018
Ferreira Junior (2019) ressalta que o fato de técnicas
de preenchimento cutâneo estarem
desenvolvimento constante, ainda não se pode afirmar
11
que uma substância não apresenta efeitos colaterais,
concordando com Nassif, Martos e Saturnino (2015)
que inflamações, edemas, hematomas, nódulos por
distribuição desigual do produto ou por
hipersensibilidade e infecções são prováveis.
5. CONCLUSÃO
De modo geral pode-se dizer que as complicações
mais graves são necrose da pele ou músculos;
reações alérgicas graves; infecções e inflamações
crônicas (após reação de corpo estranho); Síndrome
de Nicolau; feridas graves, enrijecimento, formação de
nódulos ou deformidades na região aplicada; efeitos
tardios como insuficiência renal e até mesmo o óbito.
Conclui-se que, os procedimentos estéticos citados
como peelings, radiofrequência e laser fracionado
podem ser realizados em pacientes com PMMA sem
riscos. Entretanto, preenchedores a base de ácido
hialurônico e bioestimuladores, os quais provocam
inflamação, não são recomendados devido a
possibilidade de favorecerem o acontecimento de
encapsulaçoes e reaçoes do polimetilmetacrilato.
Podemos considerar juntamente que “Uma inflamação
exagerada é tudo que o PMMA quer para se converter
em um granuloma ou agravar o quadro...” (ROGÉRIO
VELASCO, 2022). Importante dizer que temos opcoes
seguras para resultados semelhantes conforme figura
14:
Figura 14 – Comparação entre procedimentos com a
finalidade de volumizar.
em
 12

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