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Patologias Associadas
às Deficiências
Nutricionais
Dr. Jean Carlos Fernando Besson

Nesta unidade, discutiremos importantes aspectos vinculados às


patologias e aos distúrbios metabólicos, bem como associados aos
estados de hipo e/ou hipervitaminoses solúveis em água e/ou gor-
dura e associações a outras linhagens de vitaminas antioxidantes.
Quando se observam algumas modificações de natureza anatômica,
bioquímica ou fisiológica que afetam os sistemas circulatórios, são
ativados mecanismos específicos de compensação, visando ao res-
tabelecimento da homeostasia e possibilitando a reorganização do
tecido ou órgão afetado, principalmente, pelo déficit de vitaminas
ou outros tipos de minerais. Dessa forma, várias doenças como
câncer, diabetes e acidente vascular cerebral podem se estabelecer
a partir de alterações do equilíbrio homeostático.
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Continuando os estudos na disciplina de Patolo- do câncer e AVC?”. Elô responde: “Nossa, eu não
gia, Alexander e Eloá se reuniram para discutir os tenho a menor ideia! Vamos ler este capítulo e
principais aspectos relacionados aos fenômenos responder nossas perguntas com urgência, antes
de hipo e hipervitaminose. A professora Maíra da aula da Professora Maíra”.
apresentará um novo conteúdo na próxima aula, A origem patogênica das doenças de base
então eles se adiantam e iniciam os estudos sobre vinculadas à deficiência nutricional estão inti-
esse conteúdo. mamente relacionadas à drástica depleção dos
Antes de iniciar a leitura, Alexander pergun- nutrientes, principalmente, dos nutrientes cha-
ta para Eloá: “você sabe quais são as principais mados de “essenciais”. Quando tais moléculas não
manifestações clínicas que o nosso organismo estão sendo disponibilizadas de forma efetiva,
estabelece quando ocorre a perda ou o acúmulo como potentes substratos para as nossas células,
de moléculas necessárias para a manutenção e surgem, então, as deficiências nutricionais que
equilíbrio do nosso metabolismo basal? Quais podem estar associadas à redução ou falta desses
seriam as principais causas dos quadro clínicos nutrientes em nossa dieta. Tal diminuição está
de hipo e hipervitaminoses? Será que existem associada a inúmeros fatores, entre os principais,
muitas doenças relacionadas aos déficits das vi- estão: alterações ambientais e teciduais, relaciona-
taminas hidrossolúveis?”. Eloá responde pronta- das à caquexia observada no crescimento tumo-
mente: “não sei dizer, Alex! Eu acredito que tanto ral, inanição, quadros de hipertensão e obesidade
o excesso quanto a falta de vitaminas podem abrir estão relacionados com a formação de placas de
precedentes para várias doenças”. ateroma, que contribuem para o estabelecimen-
Ela, também, pergunta para o colega: “você to de um acidente vascular cerebral (AVC) e de
perguntou sobre as doenças associadas aos dé- diabetes mellitus tipo II.
ficits das vitaminas hidrossolúveis, e, no caso A drástica redução na concentração de mine-
das lipossolúveis, será que o déficit delas causam rais associadas à evolução clínica de hipo e hiper-
doenças muito mais graves, Alex? E o excesso vitaminoses contribuem demasiadamente para o
dessas vitaminas, o que será que causa em nosso desenvolvimento das alterações metabólicas asso-
organismo? E no caso das deficiências dos mine- ciadas ao mal funcionamento metabólico basal. A
rais, o que elas causam?”. Ele responde que acre- manutenção da homeostase humana é dependen-
dita que a deficiência de vitaminas e minerais te do adequado aporte de energia resultante de
poderia estar associada ao desenvolvimento de reações de oxirredução a partir da metabolização
tumores, entretanto ele não tem certeza. de carboidratos, lipídios e proteínas, levando em
Ele ainda pergunta para a amiga: “Elô, será que consideração a hidratação do indivíduo e do ba-
as deficiências nutricionais estariam relacionadas lanço hidroeletrolítico das células e tecido. Nesse
diretamente com a deposição de gordura no in- cenário, uma pessoa saudável manterá o equilí-
terior dos vasos? O que seria inanição? Será que brio da sua demanda energética, baseado em suas
um indivíduo obeso apresenta hipervitaminose? demandas em quilocalorias por dia, mantendo
Quais são as causas do desenvolvimento da hipe- estável o seu peso, evitando o desenvolvimento
rinsulinemia e da hiperlipoproteinemia? Quais das doenças de base citadas anteriormente.
seriam as principais alterações nutricionais que Você já se perguntou quais são os eventos
estariam relacionadas com o desenvolvimento celulares, bioquímicos e moleculares associados

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ao estabelecimento do diabetes mellitus do tipo II em quadros clínicos obesogênicos? Quais são as


alterações morfofuncionais observadas em quadros obesogênicos que possibilitam o desenvolvimento
de um quadro diabético tipo II? E, no caso de infecções virais que acometem pacientes obesos e dia-
béticos tipo II, qual seria a relação da redução de vitaminas e minerais e com COVID-19? Quais são
as prováveis complicações sistêmicas que esses pacientes apresentam?
Realize uma pesquisa considerando essas perguntas. É extremamente importante que você entenda
a relação da obesidade e diabetes mellitus tipo II com a infecção pelo novo coronavírus no caso de
pacientes com COVID-19. Durante a sua pesquisa, analise os principais pontos e anote as informações
a respeito, pois falaremos disso no decorrer da nossa unidade.
Durante os seus estudos, você deve ter encontrado novos termos e muitos mecanismos relaciona-
dos à hiperinsulinemia. Esse processo fisiopatológico representa um grande “gatilho” para a evolução
das dislipidemias e das síndromes metabólicas vinculadas ao demasiado aumento na secreção de
insulina pelo pâncreas frente a um quadro obesogênico. No caso desses indivíduos obesos, o quadro
hiperinsulinêmico surge a partir da resistência à insulina tecidual. Tal processo pode se agravar com
o aumento do peso e tende a melhorar com a sua redução.
O paciente obeso e infectado pelo novo coronavírus pode desenvolver graves manifestações da CO-
VID-19, que podem, inclusive, levar o paciente a óbito em poucos dias. Isso pode ser explicado por conta da
produção de moléculas inflamatórias secretadas pelo tecido adiposo que evidencia um estado inflamatório,
comprometendo, especialmente, o funcionamento do pulmão. Nesse cenário, o paciente é sedado e induzido
ao coma para obtenção de oxigênio via ventilação mecânica. Além disso, outro fator preponderante que
acaba favorecendo a infecção se refere à idade do paciente. Usualmente, aqueles indivíduos com menos de
60 anos apresentam menor chance de desenvolver a forma grave da doença.
Caso você tenha encontrado alguma dificuldade relacionada à compreensão desses processos, não
se preocupe, nós trabalharemos, de forma detalhada, esse conteúdo no decorrer da nossa unidade.
Por isso, preste muita atenção enquanto você estiver estudando e se apropriando dos novos temas.

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O metabolismo energético humano depende, basicamente, da disponibilidade de energia resultante


de reações de oxirredução dos carboidratos, gorduras e proteínas. Nesse cenário, as vitaminas e a água
auxiliam no processo de obtenção de energia.
Os carboidratos são a nossa fonte de calorias na dieta humana, consumidos, especialmente, pelas
células da linhagem vermelha do sangue e pelo cérebro. Cerca de 55% da necessidade calórica total é
requerida pela ingestão de carboidratos. Os ácidos graxos e gorduras representam 35% da nossa ingestão
diária. As proteínas fornecem aminoácidos para o nosso metabolismo; nove desses aminoácidos são
essenciais — treonina, triptofano, histidina, metionina/cistina, fenilalanina/tirosina, isoleucina, leucina,
lisina e valina — e obtidos pela ingestão de alimentos, visto que eles não podem ser sintetizados pelo
nosso organismo (MOHAN, 2010).
As vitaminas são disponibilizadas a partir de fontes dietéticas exógenas, sendo essenciais para a
manutenção das estruturas e funções celulares normais. Para o correto funcionamento do metabolismo
humano, uma pessoa necessita de quatro vitaminas solúveis em gordura — vitaminas lipossolúveis
(A, D, E e K) — e onze vitaminas solúveis em água — hidrossolúveis (C, B1/tiamina, B2/riboflavina,
B3/niacina, B5/ácido pantotênico, B6/piridoxina, folato/ácido fólico/B9, B12/cianocobalamina, colina
e biotina). A deficiência de vitaminas pode estar associada ao desenvolvimento de patologias especí-
ficas. Os minerais (ferro, cálcio e fósforo) e os oligoelementos (sódio, iodo, cloro, manganês, cobalto,
cobre, selênio, potássio, magnésio, zinco, molibdênio etc.) são essenciais para o organismo, e, quando
se encontram reduzidos, isso pode estar associado ao estabelecimento de várias doenças. A ingestão
de água auxilia na manutenção do equilíbrio do organismo decorrente da sua perda pela urina, pelo
suor e pelas fezes, evitando, ainda, a hidratação insuficiente ou excessiva. Gestantes e recém-nascidos
necessitam de mais água (MOHAN, 2010).
Os nutrientes não essenciais compreendem as fibras dietéticas (celulose, hemicelulose e pectina). São
elementos muito importantes para o funcionamento do nosso organismo, visto que reduzem a chance de
desenvolvimento das doenças coronárias, doença arterial, câncer de cólon e diabetes (MOHAN, 2010).
As doenças associadas à deficiência nutricional podem ser classificadas em dois tipos:
d) Deficiência primária: resultante da falta ou da redução de nutrientes essenciais para a dieta
humana.
e) Deficiência secundária ou condicionada: resultante da associação de vários fatores, listados
a seguir:
• Aumento da demanda nutricional: associado ao demasiado consumo de moléculas, espe-
cialmente, em casos de febre, gestação (Figura 1a), hipertireoidismo e lactação (Figura 1b).
• Excreção aumentada: associada à drástica redução de moléculas, especialmente, na lac-
tação (Figura 1b), poliúria (micção excessiva) e transpiração.

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Figura 1 (a) – Gestante; Figura 1 (b) – Lactação

Descrição da Imagem: a figura apresenta duas fotografias, (a) e (b). A figura (a) está do lado esquerdo; nela, é possível visualizar
parte do tronco de uma mulher grávida, com um vestido rosa e as mãos segurando a barriga, a mão esquerda está na parte superior,
próxima aos seios, e a mão direita está na parte inferior, próxima à virilha. A imagem (b) está do lado direito; nela, é possível visualizar
uma mulher, com cabelos pretos e presos, com um vestido listrado. Ela está sentada sobre uma cama com lençóis brancos e está
amamentando um bebê, que veste um macacão branco.

• Interferência na absorção: associada ao desenvolvimento de doenças biliares, acloridria


e hipermotilidade intestinal (Figura 2) (MOHAN, 2010).

Figura 2 - Quadro de hipermotilidade intestinal associada à


diarreia

Descrição da Imagem: na imagem, é possível visualizar uma


pessoa branca, dentro de um banheiro, vestindo um shorts
preto e uma camisa branca. Essa pessoa está com a mão
direita sobre a região abdominal e com a mão esquerda se-
gurando a tampa do vaso sanitário, de cor branca. Atrás dessa
pessoa, há uma prateleira de cor cinza, com dois vasos de cor
marrom e com plantas.

• Interferência na função tecidual: especialmente em casos de desenvolvimento de tumores


(câncer) (Figura 3), hipotireoidismo e malignidade (MOHAN, 2010).

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Figura 3 - Câncer de ovário

Descrição da Imagem: na imagem, é possível identificar o útero e dois ovários, o do lado esquerdo está saudável e apresenta tamanho
normal e coloração rosa. No lado direito, apresenta um tamanho aumentado e cor vermelha, indicando aumento da vascularização.

• Interferência na ingestão: associada à alergia alimentar, gestação, síndrome da má absorção,


anorexia (Figura 4), distúrbios gastrointestinais, alcoolismo crônico e doenças neuropsiquiá-
tricas (MOHAN, 2010).

Figura 4 - Anorexia

Descrição da Imagem: na imagem, é possível visualizar uma


mulher branca, com cabelos castanho-escuro amarrados,
usando um top cinza claro. Em volta da cintura, há uma fita
métrica de cor amarela, e as pontas são seguradas pelas suas
mãos. As costelas estão em evidência.

O desequilíbrio alimentar relacionado à supernutrição humana resulta no estabelecimento de um quadro


obesogênico. A obesidade está relacionada ao aumento do tecido adiposo, comprometendo a saúde do
indivíduo, decorrente do aumento na ingestão calórica excedente, ocasionado, especialmente, pela predis-
posição genética de cada indivíduo. Além disso, os tipos de dietas, especialmente, de maior consumo de
carboidratos e gorduras do que proteínas promovem um aumento do tecido adiposo, associado, ainda, ao
estilo de vida sedentário e distúrbios hipotalâmicos do indivíduo obeso (MOHAN, 2010).

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A patogênese do quadro obesogênico decorre do acondicionamento de lipídios nos adipócitos (Figura


5) do tecido adiposo. Essas células passam a secretar e liberar moléculas endócrinas regulatórias, dentre elas,
a leptina (hormônio regulador de energia), fatores de regulação da sensibilidade à insulina (adiponectina,
resistina e RBP4), citocinas (TNF-α e interleucina-6), fatores de regulação da pressão arterial (angiotensi-
nogênio) e fatores pró-trombótico (inibidor de ativação do plasminogênio) (MOHAN, 2010).

Figura 5 - Grupo de adipócitos

Descrição da Imagem: na imagem, é possível observar um grupo de adipócitos que formam o tecido adiposo branco. Aproximadamente,
quinze células transparentes contém lipídios intracelulares que conferem a cor amarela e núcleo periférico, representado na cor preta.

O agravamento e a mortalidade dos pacientes com COVID-19 estão intimamente associados a


quadros obesogênicos. Pessoas obesas apresentam três vezes mais chances de desenvolvimento
de quadros graves de COVID-19. Estudos recentes evidenciam que o ganho de peso aumenta em
12% o risco de desenvolvimento de manifestações graves da doença. Nesse cenário, tais pesquisas
evidenciam que pacientes obesos necessitam muito mais de ventilação mecânica. Nos casos dos
pacientes com idade menor que 60 anos, eles apresentam um menor risco para o desenvolvimento
da doença de forma grave, entretanto a obesidade é considerada um fator de risco para internação
hospitalar.
Fonte: adaptado de Frel et al. (2020).

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O expressivo aumento do tecido adiposo, resultante da hiperplasia e hipertrofia acometendo os adipó-


citos, decorrente do excesso de lipídios armazenados nessas células durante a sua proliferação celular,
provoca uma série de disfunções metabólicas frente ao estabelecimento de doenças de base. Foram
descritos dois genes de obesidade: o gene ob, bem como o seu produto de proteína leptina; e o gene
db e, ainda, o seu receptor de leptina. O quadro obesogênico está associado com a extensa deposição
de gordura em tecidos subcutâneos, principalmente, no omento, coração, fígado, músculos esque-
léticos e rins, ocasionando significativas mudanças metabólicas:
a) Hiperinsulinemia: decorrente do aumento da secreção de insulina pelo pâncreas (Figura 6),
intimamente relacionada com desenvolvimento da obesidade e do diabetes mellitus tipo II
decorrente da resistência à insulina no tecido (MOHAN, 2010).

Ilhotas pancreáticas

Pâncreas

Ilhotas beta
pancreáticas
Fibras secretam insulina
musculares

Insulina

Figura 6 - Secreção de insulina

Descrição da Imagem: na imagem, é possível identificar, no quadrante esquerdo superior, a representação do pâncreas. No quadrante
superior direito, o pâncreas foi ampliado, e as ilhotas beta pancreáticas secretoras de insulinas são apresentadas; e, paralelamente, no
quadrante inferior da imagem, é possível observar a secreção e liberação de insulina a partir da ilhota beta pancreática. No quadrante
inferior esquerdo, a insulina produzida anteriormente está se ligando às fibras musculares estriadas esqueléticas.

b) Diabetes mellitus tipo 2 (DM2): o estado diabético é agravado pelo extensivo aumento
do tecido adiposo, contudo a redução do peso melhora o quadro clínico do DM2 (Figura 7)
(MOHAN, 2010).

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Normal Diabético

Pâncreas produz Pâncreas produz


insulina menos insulina

Glicose Mais glicose


Insulina estimula Insulina estimula
a entrada de glicose no sangue a entrada de
na célula menor quantidade
de glicose na célula

Figura 7 - Diabetes mellitus tipo 2

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma ilustração sobre o diabetes mellitus tipo 2. Na parte superior da imagem, do lado
esquerdo, está escrito “Normal”; abaixo, há o desenho de um pâncreas na cor amarela; do lado direito desse pâncreas, está escrito
“Pâncreas produz insulina”; abaixo dele, há o desenho de várias estruturas em forma de feijão na cor verde e bolinhas na cor azul; do
lado esquerdo dessas bolinhas, está escrito “Glicose”; um pouco mais abaixo, essas estruturas se juntam; do lado direito dessa junção,
está escrito “Insulina estimula a entrada de glicose na célula”; abaixo há o desenho de estruturas quadradas na cor bege rosada com
um círculo marrom no centro, representando as células. Na parte superior da imagem, do lado direito, está escrito “Diabético”; abaixo,
há o desenho de um pâncreas na cor amarela; do lado direito desse pâncreas, está escrito “Pâncreas produz menos insulina”; abaixo
dele, há o desenho de quatro estruturas em forma de feijão na cor verde e, abaixo, várias bolinhas na cor azul; do lado esquerdo dessas
bolinhas, está escrito “Mais glicose no sangue”; um pouco mais abaixo, três dessas estruturas se juntam; do lado direito dessa junção,
está escrito “Insulina estimula a entrada de menor quantidade de glicose na célula”; abaixo, há o desenho de estruturas quadradas na
cor bege rosada com um círculo marrom no centro, representando as células.

c) Hipertensão: com o estabelecimento de um quadro obesogênico, ocorre um aumento do


volume sanguíneo necessário para a manutenção da homeostase tecidual. Contudo, ao reduzir
o peso, a pressão arterial sistólica do paciente é reduzida também (Figura 8).

Figura 8 - Hipertensão

Descrição da Imagem: na imagem, é possível visualizar duas


estruturas cilíndricas na cor vermelha, representando um
vaso sanguíneo na vertical. O primeiro vaso do lado esquer-
do possui um calibre normal, algumas estruturas redondas
e na cor vermelha, representando o sangue, estão acima e
abaixo desse vaso. Abaixo desse vaso, está escrito “Normal”.
O segundo vaso do lado direito possui um calibre reduzido,
algumas estruturas redondas e na cor vermelha, representan-
do o sangue, estão acima e abaixo desse vaso. Abaixo desse
vaso, está escrito “Hipertensão”.
Normal Hipertensão

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d) Hiperlipoproteinemia: o colesterol plasmático é encontrado no sangue, especificamente,


disponibilizado na forma de uma lipoproteína de baixa densidade (VLDL) associada a grande
parte dos triglicerídeos circulantes. Um quadro obesogênico está associado a um aumento
na concentração de VLDL que pode ser quantificada por exames bioquímicos e laboratoriais
(Figura 9) (MOHAN, 2010).

Figura 9 - Exame bioquímico: VLDL

Descrição da Imagem: na imagem, é possível visualizar uma


mão com uma luva branca segurando um tubo transparente
com tampa amarela. Sobre esse tubo, há uma etiqueta branca
em que se lê “VLDL – Test”. Dentro desse tubo, há um líquido
vermelho. Atrás dessa mão, há vários tubos com tampas co-
loridas sobre uma bancada branca.

e) Aterosclerose: a obesidade está amplamente associada com a aterosclerose: acúmulo de gordura


no interior do vaso sanguíneo (Figura 10). Esse processo, também, contribui diretamente para
o estabelecimento de um quadro hipertensivo, inclusive, aumentando o risco de ocorrência de
infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC) em indivíduos obesos (MOHAN, 2010).

Figura 10 - Hipertensão

Descrição da Imagem: na imagem, é possível identificar o desenvolvimento de uma placa de ateroma resultando em aterosclerose. Da
esquerda para direita, observam-se quatro vasos sanguíneos. O primeiro está totalmente saudável; o segundo com início de deposição
de gordura e, consequentemente, formação de placa de ateroma na túnica íntima do vaso, especificamente, no seu lado esquerdo. No
terceiro vaso, a placa de ateroma compromete um terço da luz do vaso; ao passo que, no quarto vaso, a placa de ateroma compromete
dois terços da luz do vaso, ou seja, o vaso está quase totalmente ocluído por gordura.

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f) Doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA): o quadro obesogênico promove o


acúmulo de gordura no fígado, podendo evoluir para o estabelecimento de cirrose hepática
(Figura 11) (MOHAN, 2010).

Fígado saudável Fígado com cirrose


Figura 11 - Cirrose hepática

Descrição da Imagem: na imagem, é possível observar dois fígados. O do lado esquerdo apresenta morfologia normal, coloração
vermelha e está saudável. O do lado esquerdo apresenta cirrose hepática, está inchado e cheio de gordura, exibindo cor ocre.

g) Colelitíase: pessoas obesas estão seis ve-


zes mais susceptíveis a desenvolver cálcu-
los na vesícula biliar ou, simplesmente,
cálculos biliares (Figura 12) decorrentes
do expressivo aumento do colesterol no
REALIDADE
organismo (MOHAN, 2010).
AUMENTADA

Figura 12 - Colelitíase
Desenvolvimento de placa de ateroma
Descrição da Imagem: na imagem, uma mão, vestindo luva em vaso sanguíneo.
azul, segura uma lupa, ampliando a vesícula biliar, a qual
apresenta coloração vermelha, com projeções amarelas e
verdes indicando a formação dos cálculos biliares.

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h) Síndrome de hipoventilação (síndrome de Pickwick): os quadros obesogênicos estão


associados ao desenvolvimento dessa síndrome, em que a pessoa apresenta hipersonolência
— durante o dia/noite. Esse processo surge pelo extensivo acúmulo de dióxido de carbono
(hipercapnia), redução de oxigênio (hipóxia), aumento da quantidade de glóbulos vermelhos
(policitemia, na Figura 13), e, em alguns casos, o paciente apresenta, ainda, insuficiência car-
díaca do lado direito do coração. O termo síndrome de Pickwick foi sugerido inicialmente por
Sir William Osler para designar a síndrome da apneia do sono (MOHAN, 2010).

Figura 13 - Glóbulos vermelhos

Descrição da Imagem: na imagem, é possível observar um


grupo de, aproximadamente, vinte hemácias com aspecto
saudável: coloração vermelha, morfologia regular e anuclea-
das.

A apneia obstrutiva do sono (AOS) afeta cerca de 10 a 50% das crianças com obesidade. Recentes
estudos evidenciam que a circunferência do pescoço (CP) e a relação pescoço-altura (RPA) podem
indicar a AOS.
Fonte: adaptado de Katz et al. (2021).

i) Osteoartrite: indivíduos obesos podem, ainda, apresentar um risco aumentado de desen-


volvimento das doenças articulares degenerativas decorrentes do desgaste das articulações,
associados ou não a traumas resultantes do aumento do peso corporal (Figura 15).

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Figura 15 - Osteoartrite

Descrição da Imagem: na imagem, é possível observar o desenvolvimento de osteoartrite. Da direita para a esquerda, são representa-
dos quatro estágios de evolução da doença. Na primeira imagem, a articulação e os ossos apresentam aspecto saudável, evidenciado
pela ausência de inflamação. Na segunda e terceira imagens, a inflamação afeta, gradativamente, a cartilagem articular, e a coloração é
alterada: do branco para um tom de vermelho claro. Na última imagem, observa-se a inflamação completa da articulação e dos ossos,
indicando alterações morfológicas e de coloração indicadas pelo tom vermelho escuro.

j) Câncer: o consumo excessivo de gorduras, especialmente, de origem animal está associado


a maior incidência de câncer de mama, cólon, próstata e ovário (Figura 3) (MOHAN, 2010).

A inanição ou subnutrição (Figura 16) compreende um processo de privação de nutrientes associado


a condições de fome, jejum deliberado ou desnutrição secundária resultante de um crônico definha-
mento, associado a inúmeras doenças, especialmente, câncer, infecções, condições inflamatórias e
doenças hepáticas. Especialmente, no caso do câncer, pode ocorrer caquexia maligna decorrente da
liberação de citocinas, principalmente, do fator de necrose tumoral alfa, proteínas e elastases. Uma
pessoa em estado de inanição evidencia pronunciada atrofia de órgãos internos, apresentando pele
seca e flácida e músculos debilitados (MOHAN, 2010).

Figura 16 - Subnutrição

Descrição da Imagem: apresenta-se uma ilustração antiga de


mãe e filho subnutridos na Argélia. Criada por Janet-Lange e
Dutheil a partir da foto de Sarrault, publicada em L’Illustration,
Journal Universel, Paris, 1868.

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A respeito do estado de inanição, podem ocorrer alterações metabólicas, dentre elas, destaca-se a
redução da absorção de glicose pelos músculos com o intuito de manter as necessidades metabólicas
de tecidos independentes de insulina durante o jejum, especialmente, o cérebro, as células sanguíneas
e renais, as quais consomem apenas glicose. Como os músculos dependem de insulina, entretanto,
gradativamente, eles utilizam esse hormônio para auxiliar a liberação gradativa de glicogênio estoca-
do no fígado e, consequentemente, manterão o nível de glicose normal no sangue (MOHAN, 2010).
Os estoques de proteínas e os triglicerídeos do tecido adiposo contribuem de forma significativa
para a manutenção energética por cerca de três meses em uma pessoa. A proteólise disponibiliza
aminoácidos que atuam como combustível para a gliconeogênese hepática, mantendo as demandas
energéticas dependentes de glicose para o cérebro. Contudo, tal processo ocasionará o desequilíbrio
de nitrogênio associado à alta demanda de excreção de compostos de nitrogênio, especialmente, a
ureia (MOHAN, 2010).
Com uma semana de inanição, a proteólise é reduzida, e o tecido adiposo é convertido em ácidos
graxos e glicerol. Os ácidos graxos são transformados em corpos cetônicos no fígado, sendo, dessa
forma, consumidos em diversos tecidos, com a finalidade de substituir a glicose no cérebro. Quando a
inanição é perpetuada por longos períodos, após consumo total das reservas de gordura do organismo,
ocorre a morte (MOHAN, 2010).

Você conhece quais são os principais mecanismos relacionados ao de-


senvolvimento das síndromes metabólicas e da obesidade? Conversare-
mos um pouco mais sobre os mecanismos envolvidos na fisiopatologia
dessas doenças.

As vitaminas são moléculas orgânicas não sintetizadas pelo organismo. Contudo são essenciais para
a homeostase, conferindo estrutura e contribuindo, de forma positiva, para a manutenção das funções
celulares. Tais moléculas devem ser suplementadas em mínimas doses a partir de fontes animais e
vegetais. O excessivo consumo de álcool pode prejudicar a sua absorção, além disso, a deficiência e o
excesso dessas moléculas podem causar o desenvolvimento de doenças (MOHAN, 2010).
Existem duas classificações principais das vitaminas: as solúveis em água e as solúveis em gordura.
As solúveis em gordura são A, D, E e K, sendo absorvidas no intestino, bem como na presença de
sais biliares. As do complexo B e C, biotina e colina, são hidrossolúveis e absorvidas no intestino
delgado, contudo, após o cozimento, são facilmente perdidas (MOHAN, 2010).

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UNIDADE 8

A hipervitaminose A resulta da absorção de grandes quantidades de vitamina A (Figura 17), consi-


derada tóxica para o organismo quando estocada no fígado. A toxicidade pode ser aguda e crônica. No
caso da aguda, surgem manifestações neurológicas, como estupor (estado de inconsciência profunda),
dor de cabeça, papiledema (aumento da pressão craniana) e vômito. As manifestações clínicas observa-
das no caso da toxicidade crônica incluem dores esqueléticas, aspereza no cabelo, dor de cabeça forte e
desordenada, hepatomegalia (aumento do fígado), feridas no canto da boca, amarelamento da palma
das mãos e da pele (hipercarotenemia), ocasionada pela demasiada ingestão de alimentos contendo
β-caroteno. Tais efeitos desaparecem após a redução da ingestão desses alimentos (MOHAN, 2010).

Figura 17 - Vitamina A

Descrição da Imagem: na imagem, é possível visualizar a


estrutura química da vitamina A. Um anel aromático, do lado
esquerdo, com três CH3 ligados a ele e uma ligação em linha,
formando um zigue-zague com dez traços. Na junção dos
traços três e quatro, há uma ligação com CH3 e, na junção
dos traços sete e oito, também há uma ligação com CH3. Na
ponta do traço dez, há uma ligação com OH. Abaixo dessa
estrutura, está escrito “Vitamina A (Retinol)”.
Vitamina A - Retinol

A vitamina D (Figura 18) é subdividida em D2 (calciferol) e D3 (colecalciferol), são especialmente


alocadas no tecido adiposo. Os casos de hipovitaminose resultam da má nutrição e má absorção
associadas às doenças renais ou genéticas, baixa exposição solar, podendo causar raquitismo nas
crianças e nos adultos, promover a osteomalácia (falha na mineralização óssea) e tetania associada à
hipocalcemia, associada a disfunções neuromuscular. Os casos de hipervitaminose estão associados
à má absorção do cálcio e do fósforo, resultante do aumento da reabsorção óssea, causando hipercal-
cemia e hiperfosfatemia. Tais alterações contribuem, de forma significativa, para o estabelecimento
de calcificação metastática generalizada nas artérias, nos túbulos renais, no estômago, no miocárdio
e nos pulmões, bem como para a formação de cálculos renais e osteoporose (perda progressiva de
massa óssea) (MOHAN, 2010).

Figura 18 - Vitamina D

Descrição da Imagem: na imagem, é possível visualizar a


estrutura química da vitamina D. Um anel aromático, no canto
inferior esquerdo, com uma ligação com OH, uma ligação em
linha, formando um zigue-zague com três traços ligando ele
a outros dois anéis aromáticos. Na junção desses dois anéis,
há uma ligação com H. Do lado direito superior, sai uma li-
gação em linha de um dos anéis aromáticos, formando um
zigue-zague com sete traços. Abaixo dessa estrutura, está
escrito “Vitamina D”.
Vitamina D

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A vitamina E (Figura 19) é absorvida pelo intestino, transportada para o sangue e depositada no
músculo, fígado e tecido adiposo. Os casos de hipovitaminose estão associados à degeneração axonal
em nervos periféricos e neuronal da medula espinal, provocando denervação dos músculos estriados
esqueléticos. Também, pode ocasionar a degeneração pigmentar da retina. Os casos de hipervitami-
noses estão associados a quadros hemorrágicos (MOHAN, 2010).
Figura 19 - Vitamina E

Descrição da Imagem: na imagem, é possível visualizar a


estrutura química da vitamina E. Dois anéis aromáticos uni-
dos, no anel do lado esquerdo, há duas ligações com CH3,
uma ligação com OH e uma ligação com H3C. Do anel do lado
direito, sai uma ligação em linha com catorze traços, formando
um zigue-zague, com três ligações com CH3 ao longo desse
zig-zag. Abaixo dessa estrutura, está escrito “Vitamina E”.
Vitamina E

A vitamina K (Figura 20) também é conhecida como filoquinona. A hipoprotrombinemia está asso-
ciada à hipovitaminose desse subtipo de vitamina, e, nesses casos, podem surgir a doença hemorrágica
do recém-nascido, doença hepática difusa (cirrose ou carcinoma hepatocelular), síndrome de má
absorção (pacientes com doença celíaca ou doença pancreática), obstrução biliar (icterícia obstrutiva).
A biossíntese desse tipo de vitamina pode ser prejudicada quando são administrados anticoagulan-
tes. A utilização de antibióticos e sulfas afetam negativamente a atividade da microbiota bacteriana,
impactando negativamente na síntese dessa vitamina (MOHAN, 2010).
Vitamina K Figura 20 - Vitamina K

Descrição da Imagem: na imagem, é possível visualizar a


estrutura química da vitamina K. Dois anéis aromáticos uni-
dos, no anel do lado direito, há duas ligações duplas com O
e uma ligação em linha com dezessete traços formando um
zigue-zague. Acima dessa estrutura, está escrito “Vitamina
K C31H46O2”.

As vitaminas solúveis em água também estão relacionadas ao desenvolvimento de alguma patologia


específica.
A vitamina C (Figura 21), absorvida pelo intestino delgado, aloca-se em vários tecidos, principal-
mente, na área cortical da glândula adrenal e possui importante atividade antioxidante. Em situações de
hipovitaminose, pode ocorrer um sangramento acentuado nas gengivas, nas mucosas, nos músculos e
nas articulações, resultante do desenvolvimento do escorbuto (diátese hemorrágica). Em outros casos,
poderão surgir lesões esqueléticas, lesões dentárias, anemia decorrente do excesso de hemorragias,
atraso no processo de cicatrização de feridas e gengivais e erupções cutâneas (MOHAN, 2010).

208
UNIDADE 8

Figura 21 - Vitamina C

Descrição da Imagem: na imagem, do lado direito, é possível


visualizar a estrutura química da vitamina C. Um ciclopentano
com uma ligação dupla com O, duas ligações simples com OH
e uma ligação em linha com três traços formando um zigue-
-zague que sai do lado esquerdo, com uma ligação simples
com H e duas ligações com OH. Abaixo dessa estrutura, está
escrito “Vitamina C C61H8O6”.
Vitamina C

As vitaminas do complexo B evidenciam um grupo heterogêneo de moléculas muito importantes


para o nosso organismo, entre elas, destacam-se a tiamina (vitamina B1), riboflavina (vitamina B2),
niacina/ácido nicotínico (vitamina B3), ácido pantotênico (vitamina B5), piridoxina (vitamina B6),
folato (ácido fólico/vitamina B9), cianocobalamina (vitamina B12) e biotina (vitamina B7). Dentre
essas vitaminas, o único caso de hipovitaminose não associada a nenhum tipo de doença é o da vita-
mina B5 (MOHAN, 2010).
A vitamina B1 (Figura 22), absorvida no intestino, fica alocada nos rins, no coração, no fígado, nos
músculos esqueléticos e nos ossos. Os casos de hipovitaminose estão associados ao consumo crônico
de álcool, promovendo falha na metabolização dos carboidratos, estimulando a produção e o acúmulo
de ácido pirúvico, provocando o estabelecimento da doença de Beribéri, associada à formação de le-
sões no sistema nervoso e no coração. O alcoolismo crônico também provoca degeneração de células
ganglionares, desmielinização e hemorragia nas regiões ventriculares resultantes das manifestações
clínicas da encefalopatia de Wernicke (MOHAN, 2010).

Figura 22 - Vitamina B1

Descrição da Imagem: na imagem, é possível visualizar a es-


trutura química da vitamina B1. Três anéis aromáticos unidos,
no anel do lado esquerdo, há duas ligações com NH3, em duas
junções do anel, há um N. No anel do centro, há uma ligação
H3C. No anel do lado direito, há uma ligação com N em uma
junção e outra com S em outra junção. Uma ligação em linha
forma um zigue-zague com três traços e, ao final, tem-se um
OH. Acima dessa estrutura, está escrito “Vitamina B1 Tiamina”.
Vitamina B1 - Tiamina

209
UNICESUMAR

A vitamina B2 (Figura 23) é absorvida no intestino delgado e alocada no fígado. Os casos de hipovitami-
nose estão associados ao estabelecimento de lesões oculares (conjuntivite e úlceras da córnea), fissuras
nos ângulos da boca (queilose), glossite (língua vermelha, cianótica e brilhante, decorrente da atrofia
da língua) e dermatite escamosa nas dobras nasolabiais, rosto, vagina e bolsa escrotal (MOHAN, 2010).

Figura 23 - Vitamina B2

Descrição da Imagem: na imagem é possível visualizar a


estrutura química da vitamina B2. Três anéis aromáticos uni-
dos, no anel do lado esquerdo, há duas ligações com CH3. No
anel do centro, há um N em duas junções do anel, uma acima
e outra abaixo; da junção abaixo, sai uma ligação em linha
formando um zigue-zague com seis traços; nas junções dos
traços, há uma ligação com OH. No anel do lado direito, há
uma ligação com N em uma junção, outra com NH em outra
junção, e duas ligações duplas com O. Acima dessa estrutura,
está escrito “Vitamina B2 Riboflavina”.
Vitamina B2 - Riboflavina

A deficiência da vitamina B3 (Figura 24) está associada ao desenvolvimento de “pelagra”, uma doença
que afeta a pele, evidenciando textura áspera, podendo, inclusive, evidenciar dermatite após a expo-
sição ao sol, diarreia e lesões no trato gastrointestinal. Em casos de hipovitaminose, observa-se, tam-
bém, demência resultante da degeneração de neurônios cerebrais e da medula espinal, ocasionando
alterações auditivas e visuais. Em casos de hipervitaminose, podem surgir alterações e rubor facial
(MOHAN, 2010).

Figura 24 - Vitamina B3

Descrição da Imagem: na imagem, é possível visualizar a


estrutura química da vitamina B3. Um anel aromático com
um N em uma junção e uma ligação em linha formando um
zigue-zague com dois traços, com uma ligação dupla com O
na junção dos dois traços e, ao final, um OH. Acima dessa
estrutura está escrito “Vitamina B3 Niacina”.
Vitamina B3 - Niacina

As deficiências de vitamina B6 (Figura 25) podem estar associadas à ingestão de medicamentos, alcoo-
lismo e gestação, culminando no estabelecimento de anemia sideroblástica (nível aumentado de ferro),
glossite, queilose, neuropatia, dermatite seborreica, depressão e confusão mental (MOHAN, 2010).

210
UNIDADE 8

Figura 25 - Vitamina B6

Descrição da Imagem: na imagem, é possível visualizar a


estrutura química da vitamina B6. Um anel aromático com
um N em uma junção, uma ligação em linha formando um
zigue-zague com dois traços ligado a um OH, duas ligações
simples com OH e uma ligação simples com CH3. Abaixo dessa
estrutura, está escrito “Vitamina B6 Piridoxina”.
Vitamina B6 - Piridoxina

No caso das hipovitaminoses associadas às vitaminas B9 (Figura 26) e B12 (Figura 27), abrem-se pre-
cedentes para o estabelecimento de anemia megaloblástica em pacientes bariátricos e que apresentam
síntese de DNA celular alterada (MOHAN, 2010).

Figura 26 - Vitamina B9

Ácido fólico
Descrição da Imagem: na imagem, é possível observar a
estrutura química da vitamina B9.
Vitamina B9

Figura 27 - Vitamina B12

Descrição da Imagem: na imagem, é possível visualizar a


estrutura química da vitamina B12. A estrutura possui anéis
aromáticos, ligações duplas com O, ligações simples com NH2,
ligações em linha formando zigue-zague; no centro da estru-
tura, há um Co na junção de dois anéis aromáticos e, dentro
de um anel aromático, há um CN. Abaixo dessa estrutura,
está escrito “Vitamina B12 Cianocobalamina”.
Vitamina B12 - Cianocobalamina

211
UNICESUMAR

A hipovitaminose relacionada à biotina (vitamina B7, na Figura 28) é considerada rara, acometendo
indivíduos que apresentam erros inatos no metabolismo, especialmente, aquelas pessoas que recebem
nutrientes parentais não associados à disponibilidade de biotina. Nesses casos, são observados alguns
sintomas principais que incluem dermatite seborreica escamosa, alucinações, anorexia e náusea
(MOHAN, 2010).

Figura 28 - Vitamina B7

Descrição da Imagem: na imagem, é possível visualizar a


estrutura química da vitamina B7. Dois ciclopentanos unidos,
o ciclopentano superior tem uma dupla ligação com O, em
uma junção com HN, em outra junção com NH. No ciclopen-
tano inferior, na junção, há um S. Na junção dos dois, há
uma ligação com H do lado esquerdo e outra do lado direito.
Do ciclopentano inferior, sai uma ligação em linha com seis
traços, formando um zigue-zague que sai do lado direito; na
junção dos traços cinco e seis, sai uma ligação dupla com O
e, no final, uma ligação com OH. Acima dessa estrutura, está
escrito “Biotina Vitamina B7”.
Biotina - Vitamina B7

São conhecidos inúmeros tipos de minerais, os quais, em pequenas doses, são considerados es-
senciais ao nosso metabolismo. Tais substâncias atuam como cofatores enzimáticos, e, entre os
principais subtipos, destaca-se o cálcio utilizado na síntese de vitamina. Quando disponibilizado
em baixas concentrações, contribui para a redução da massa óssea, provocando osteoporose. Por
outro lado, a redução de fósforo promove o estabelecimento do raquitismo. O ferro, por sua vez,
evita o desenvolvimento da anemia hipocrômica microcítica, defeitos neurológicos, fraqueza mus-
cular, anemia e retardo de crescimento. As reduções de iodo, selênio e zinco estão associadas ao
desenvolvimento de cretinismo (deficiência mental), cardiomiopatias e infertilidade, respectivamente.
A redução de fluoreto contribui para a formação de cárie, e a queda de manganês e molibdênio
provoca retardo no crescimento muscular e graves anormalidades neurológicas, respectivamente.
Fonte: adaptado de Mohan (2010).

212
UNIDADE 8

Ao estudar esta unidade, você deve ter constatado vários processos fisiopatológicos relacionados ao
excesso ou à falta de nutrientes no equilíbrio homeostático. Tais moléculas, proteínas, vitaminas, lipí-
dios, carboidratos e minerais contribuem para o tratamento das doenças. Contudo, reduções drásticas
de tais moléculas contribuem para o desenvolvimento de doenças de base.
Nesse cenário, quando o paciente evidencia um simples desbalanço, especialmente, no quadro de
hipo/hipervitaminose, o seu corpo é drasticamente afetado, provocando o desenvolvimento de alte-
rações primárias ou secundárias, as quais estão intimamente relacionadas ao curso de determinadas
doenças ou distúrbios, entre elas, AVC, obesidade, aterosclerose inanição, diabetes mellitus tipo II,
câncer e hipertensão.
Diante disso, é necessário que o organismo possa manter seu equilíbrio nutricional, alterando os
grupos alimentares, associado a outras estratégias de tratamento que incluem a administração de
fármacos, a realização de exercícios físicos e hidratação, com o intuito de manter o equilíbrio homeos-
tático. Dessa forma, o aporte nutricional baseado no consumo equilibrado de carboidratos, gorduras e
proteínas poderá auxiliar na manutenção do peso, evitando o estabelecimento de inúmeras patologias
associadas aos desequilíbrios nutricionais.

213
Fecharemos esta unidade ao desenvolver um mapa mental sobre as principais características
relacionadas aos distúrbios/às doenças ocasionadas pelas alterações nutricionais. Para dar uma
mãozinha em sua revisão, convido-lhe a produzir o seu próprio mapa mental, assim você poderá
esquematizá-lo da forma que julgar mais adequada para seus estudos. Dessa forma, você poderá
visualizar, revisar e memorizar todo conteúdo estudado nesta primeira unidade de uma maneira
diferente, colorida e ilustrativa. Então, mãos à obra?

Vitaminas

Hipovitaminoses Hipervitaminoses

ALTERAÇÕES NUTRICIONAIS

Alterações

Minerais Proteínas

Lipídios Carboidratos

214
1. Desde os últimos quinze dias, Alana vem, constantemente, evidenciando sangramento nas
gengivas e mucosas, com formação de lesões dentárias e erupções cutâneas. Após realizar
exames de imagem solicitados por um especialista, constatou-se a presença de onze lesões
esqueléticas nos membros superiores. Alana também relata que o seu processo de cicatrização
de feridas está prejudicado e que, anteriormente, alguns exames clínicos evidenciaram uma
profunda anemia associada ao excesso de hemorragias. Com base no caso, indique o tipo de
deficiência que ela apresenta:

a) Deficiência de vitamina A.
b) Deficiência de vitamina C.
c) Deficiência de vitamina D.
d) Deficiência de vitamina E.
e) Deficiência de vitamina K.

2. Roberta acabou de dar à luz. Seu primeiro filho, Henrique, nasceu aparentemente saudável,
mas exames clínicos realizados logo após o nascimento indicaram que o bebê apresentava
a doença hemorrágica do recém-nascido. Em conversa com o pediatra, ele a indagou sobre
algum tipo de tratamento com antibióticos ou anticoagulantes que ela possa ter realizado
durante o período gestacional. Ela afirmou que utilizou tais fármacos, e o médico disse que,
provavelmente, eles afetaram a síntese da vitamina “x”, causando a doença de base do Hen-
rique. Com base no relato de caso, é correto afirma que a vitamina “x” é:

a) Deficiência de vitamina A.
b) Deficiência de vitamina C.
c) Deficiência de vitamina D.
d) Deficiência de vitamina E.
e) Deficiência de vitamina K.

3. Mauricio, 23 anos, pratica triátlon e, recentemente, por conta própria, decidiu realizar su-
plementação de vitaminas sem nenhuma supervisão médica. Muito vaidoso, diariamente,
ele gosta de passar as manhãs livres na piscina de sua casa, com o intuito de manter o seu
“bronzeado” em dia. Entretanto, ele começou a sentir dores nas articulações e nos rins. Após
realizar exames, foi constatado que ele apresenta cálculos renais e osteoporose. Com base
nesse relato, indique que vitamina em excesso causou tais alterações clínicas no rapaz.

a) Vitamina A.
b) Vitamina C.
c) Vitamina D.
d) Vitamina E.
e) Vitamina K.

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