Você está na página 1de 25

Responsabilidade Patrimonial e

Fraudes na execução

Faculdade Carajás
Direito Processual Civil III
Docente: Joana Lima

Marabá. Orla do Rio Tocantins.


2018.
Responsabilidade Patrimonial

A responsabilidade decorre do inadimplemento da obrigação.

Art. 789.  O devedor responde com todos os seus bens


presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações,
salvo as restrições estabelecidas em lei. (responsabilidade
executiva primária)
Ex.: bens impenhoráveis (art. 833 do CPC).

Bens futuros: menção da legislação aos bens que o executado terá no


momento da execução.

Art. 790.  São sujeitos à execução os bens: (responsabilidade executiva secundária)

I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito


real ou obrigação reipersecutória; (Hipótese de alienação de coisa litigiosa)

II - do sócio, nos termos da lei; (casos em que a legislação fixa o sócio como
responsável solidário. Ex.: sociedade em nome coletivo – caso em que a
responsabilidade é solidária e ilimitada).

III - do devedor, ainda que em poder de terceiros; (Ex.: o imóvel é objeto de


penhora, mas está na posse de outra pessoa que está locando). O inquilino é protegido,
mas a propriedade do imóvel é penhorado, vendido e o novo proprietário tem que
respeitar o contrato do inquilino.

IV - do cônjuge ou companheiro, nos casos em que seus
bens próprios ou de sua meação respondem pela
dívida; (dívidas contraídas por um dos cônjuges em benefício
da família ou com anuência do outro cônjuge).

V - alienados ou gravados com ônus real em fraude à


execução; (os bens alienados numa situação de fraude à
execução, mesmo que em posse de um terceiro, podem ser
penhorados).

VI - cuja alienação ou gravação com ônus real tenha
sido anulada em razão do reconhecimento, em ação
autônoma, de fraude contra credores;

VII - do responsável, nos casos de desconsideração da


personalidade jurídica.

Art. 793.  O exequente que estiver, por direito de
retenção, na posse de coisa pertencente ao devedor não
poderá promover a execução sobre outros bens senão
depois de excutida a coisa que se achar em seu poder.

Ex.: Contrato de depósito: o depositário fica responsável pela


guarda e conservação do bem. O depositante, no caso de não
pagar voluntariamente, pode ser executada. E, nesse caso, o
bem a ser penhorado é o bem retido.

Art. 794.  O fiador, quando executado, tem o direito de
exigir que primeiro sejam executados os bens do
devedor situados na mesma comarca, livres e
desembargados, indicando-os pormenorizadamente à
penhora. (é o benefício de ordem, pois a responsabilidade
do fiador é subsidiária).

§ 1o Os bens do fiador ficarão sujeitos à execução se os


do devedor, situados na mesma comarca que os seus,
forem insuficientes à satisfação do direito do credor.

§ 2o O fiador que pagar a dívida poderá executar o
afiançado nos autos do mesmo processo. (nesse caso, o
fiador se sub-roga no direito de credor e pode exercê-lo no
mesmo processo de execução em face do devedor).

§ 3o O disposto no caput não se aplica se o fiador


houver renunciado ao benefício de ordem. (no contrato
de fiança não pode haver cláusula em que o fiador renuncia ao
benefício da ordem).

Art. 795.  Os bens particulares dos sócios não respondem
pelas dívidas da sociedade, senão nos casos previstos em lei.

§ 1o O sócio réu, quando responsável pelo pagamento da


dívida da sociedade, tem o direito de exigir que primeiro
sejam excutidos os bens da sociedade.

§ 2o Incumbe ao sócio que alegar o benefício do § 1o nomear


quantos bens da sociedade situados na mesma comarca, livres
e desembargados, bastem para pagar o débito.

§ 3o O sócio que pagar a dívida poderá executar a
sociedade nos autos do mesmo processo. (no caso, o sócio
se sub-roga e passa a exequente no mesmo processo)

§ 4o Para a desconsideração da personalidade jurídica é


obrigatória a observância do incidente previsto neste
Código. (trâmite dos arts. 133 a 137, CPC).

Art. 796.  O espólio responde pelas dívidas do falecido,
mas, feita a partilha, cada herdeiro responde por elas
dentro das forças da herança e na proporção da parte
que lhe coube.

Enquanto não foi feita a partilha, o espólio responde pela


dívida. Uma vez feita a partilha, os herdeiros passam a ser
responsáveis, limitada ao montante que receberam de
herança.
Fraude contra credores

 É a disposição livre de bens com o objetivo de
prejudicar credores, provocando a insolvência do
devedor.

 REQUISITOS:
1. Eventus damni (é a insolvência)
2. Consilium fraudis (tanto quem está dispondo quanto
quem está adquirindo os bens tem intenção de
fraudar os credores)
Ação Pauliana

 O credor prejudicado deve demonstrar os dois
requisitos (a insolvência do devedor e a intenção
bilateral de fraudarem a sua dívida)

 Ação prevista nos arts. 158 a 165 do Código Civil.

 A fraude é hipótese de anulação do ato de disposição


praticado pelo devedor. A transferência do bem é
anulada, ou seja, torna-se sem efeito.

 O patrimônio do adquirente é atingido no caso de
comprovação da fraude contra credores.
Fraude à execução

 Crime previsto no art. 179 do CP.

 A fraude à execução frustra o direito do credor, mas


também a atuação do Poder Judiciário.

 REQUISITOS:
1. Há uma ação em trâmite;
2. A pessoa se dispõe do patrimônio para não cumprir
a obrigação.

 Para combater a fraude à execução não é preciso ação
própria (como a ação pauliana), basta alegar e comprovar no
processo de execução, por meio de petição, que houve a
fraude à execução.

 Respeitado o contraditório, o juiz declara se houve ou não a


fraude à execução.

 A pessoa que adquiriu o bem pode participar do processo


como um terceiro interessado, por meio da assistência
litisconsorcial.

 O ato de alienação do bem não é anulado, mas não
gera efeitos em relação ao exequente. Logo, é uma
causa de ineficácia.

Art. 792 (...)


§ 1o A alienação em fraude à execução é ineficaz em
relação ao exequente.
Os casos de fraude à execução:

Art. 792.  A alienação ou a oneração de bem é
considerada fraude à execução:

I - quando sobre o bem pender ação fundada em direito


real ou com pretensão reipersecutória, desde que a
pendência do processo tenha sido averbada no
respectivo registro público, se houver;

Art. 1.225. São direitos reais:
I - a propriedade;
II - a superfície;
III - as servidões;
IV - o usufruto;
V - o uso;
VI - a habitação;
VII - o direito do promitente comprador do imóvel;
VIII - o penhor;
IX - a hipoteca;
X - a anticrese.
XII - a concessão de direito real de uso; e                      
XIII - a laje.   

 Pretensão reipersecutória: reivindica coisa que está
em poder de terceiro por força contratual. O processo
de execução pode ir ao patrimônio do terceiro para
perseguir a coisa em disputa.

II - quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do
processo de execução, na forma do art. 828; (art. 828: averbação
premonitória). O juiz faz uma certidão de que a execução foi admitida,
especificando as partes e o valor da causa, e a parte averba no cartório de registro
de bens a declaração de que há uma execução tramitando em face daquele devedor.
Assim, todas as pessoas sabem da execução contra aquela pessoa.

§ 2o No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro


adquirente tem o ônus de provar que adotou as cautelas necessárias para
a aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes, obtidas no
domicílio do vendedor e no local onde se encontra o bem.

III - quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca
judiciária ou outro ato de constrição judicial originário do
processo onde foi arguida a fraude;

Hipoteca judiciária: direito processual civil I – efeitos da decisão


judicial. Por meio da hipoteca judiciária é gravado um bem imóvel ou
outro (art. 810, CC) de propriedade da parte condenada ao pagamento
de dinheiro ou entrega de coisa estabelecendo-se em prol do juízo e do
vencedor o instrumento que ajuda a tornar eficaz a sentença.

Outros atos de constrição: penhora, arresto, sequestro.



IV - quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava
contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência;

Não importa a modalidade da ação pendente. Se há alienação de bem


durante o trâmite da ação, pode ser caracterizada a fraude à execução.
Se o bem não estiver constrito de alguma forma, é preciso mostrar o
eventus damni.

V - nos demais casos expressos em lei.


Outros casos na lei: art. 856, §3º, CPC; art. 828, §4º, CPC; art. 240 da
Lei de Registros Públicos; art. 185 do CTN; dentre outros.

§ 1o A alienação em fraude à execução é ineficaz em relação ao
exequente.
§ 2o No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro
adquirente tem o ônus de provar que adotou as cautelas necessárias
para a aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes,
obtidas no domicílio do vendedor e no local onde se encontra o bem.
§ 3o Nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a
fraude à execução verifica-se a partir da citação da parte cuja
personalidade se pretende desconsiderar.
§ 4o Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o
terceiro adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de
terceiro, no prazo de 15 (quinze) dias.

 Fraude à execução: alienação de bem (compra e
venda; doação) ou ato de oneração de bens (gravar
hipoteca, penhor, etc. em determinado bem também
pode gerar as causas de fraude à execução).

Você também pode gostar