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Português 9ºano

Os Lusíadas – Luís Vaz de Camões


Luís Vaz de Camões (1524/25 – 10 de junho 1580)

Viveu nos séculos XVI, uma altura marcada pelos descobrimentos, o rei da época era D.
Sebastião (rei que desaparece e não se sabe o que realmente lhe aconteceu). Sabe – se muito
pouco de Camões, mal sabemos quem foram os seus pais, quanto ao seu nascimento há
discussões, o que sabe é que certamente era pobre, baixa aristocrata (escudeiro) tinha que
trabalhar para viver, frequentou a Universidade de Coimbra (foi um tio que lhe pagou os estudos).

Não se sabe verdadeiramente quem foi devido à sua altura, pois naquela época não haviam
documentos para comprovar a sua pessoa.

Rei na altura da viagem para a Índia (Vasco da Gama) – D. Manuel I


• Camões envolvia – se em discussões com pessoas importantes, em 1545 parte para Ceuta
cumprindo o serviço militar, onde perde o seu olho direito devido a uma discussão. Em 1552
tem uma briga com um empregado do rei D. João III acabando por ser preso, em 1553 sai da
prisão e embarca para a índia na armada de Fernão Magalhães, chega a Goa e parte para uma
expedição em Malabar e mais tarde para Meca. Em 1556 deixa Índia e desempenha o cargo de
provedor de defuntos e ausentes em Macau onde se diz ter escrito Os Lusíadas. Em 1558
regressa a Goa onde sofre um naufrágio mais propriamente no rio Mekong e onde se diz ter
salvo Os Lusíadas, em Goa permanece durante 9 anos, em 1567 decide voltar para Lisboa com
o intuito de publicar a sua obra, como era pobre acabou por ser um amigo a pagar – lhe a
viagem de volta a Lisboa, quando chega apresenta a sua obra ao rei D. Sebastião contando – a,
o mesmo ao ver que Camões tem talento da – lhe uma tença, D. Sebastião dava lhe dinheiro em
troca o mesmo tornava – o famoso.
Renascimento, Humanismo e Classicismo

• O Renascimento surgiu na Itália, na altura Idade Média (Idade das Trevas) em


que Deus estava no centro do mundo.

• O Humanismo contem o Homem no centro do Mundo.

• Classicismo – Retorno à época clássica (gregos e romanos, isto é cultura greco –


latina) que era na altura considerada uma cultura perfeita.

• Descobrimentos – Abertura ao Mundo, conhecer novos locais/ culturas e novos


instrumentos.
• Epopeia era uma forma usada antigamente em que existe um herói que luta
em nome do seu povo e é vencedor.

• Luís Vaz de Camões para além de ter talento, inspirou se também para realizar
OS LUSIADAS em fontes históricas e literárias.
• Fontes literárias:

Epopeias clássicas: Epopeias modernas:


- ILÍADA – herói: AQUILES
- Divina Comédia – Dante
- ODISSEIA – herói: Ulisses  Homero
- ENEIDA – herói: ENEIAS  Virgílio - Orlando Furioso - Ariosto
• Fontes históricas:

• João de Barros – Décadas da Ásia

• Fernão Lopes de Castanheda – História do Descobrimento e Conquista da


Índia pelos Portugueses

Entre muitas outras…


Semelhanças e diferenças das epopeias com a obra de Camões:
- A estrutura de ambos é igual, o inicio da preposição

- Diferenças é que os heróis nas epopeias anteriores são individuais e N´OS


LUSIADAS é um herói coletivo (o povo português), na Odisseia a preposição
está integrada na invocação.
Odisseia e Eneida
Porquê Lusíadas?

Lusí – Esta palavra tem origem do povo Lusitano, os lusitanos/os lusos.


• Antigos povos romanos que se fixaram durante 200 anos no oeste da
península Ibérica.
adas – Heróis
OS LUSIADAS

• OS LUSIADAS foi publicado em 1572 (8 anos antes da morte do autor).


• Estrutura externa:

- 1102 estâncias (versos)

- 10 cantos

- Cada estância tem 8 versos (oitava)

- Os versos são decassílabos (10 sílabas métricas)

- A rima é cruzada nos seis primeiros versos e emparelhada nos dois últimos. O
esquema rimático é: abababcc
• Estrutura Interna:
 Preposição
 Invocação
 Narração
 Dedicatória
• Planos narrativos:

 Plano da viagem
 Plano mitológico
 Plano da História de Portugal
 Plano das intervenções do poeta
PEQUENA ANÁLISE
 Preposição

Invocação

Narração - Plano da viagem; Plano mitológico e Plano da história de


Portugal
• Preposição - O poeta resume o que se propõe cantar (falar, contar).

• Invocação - Luís Vaz de Camões pede inspiração aos deuses (Tágides, ninfas,
musas).

Narração:

Consílio dos Deuses do Olimpo:


Consílio – reunião, assembleia

Onde é tomada a decisão da chegada dos portugueses à Índia, mais


propriamente discutir o futuro do oriente.
Deuses
• Júpiter – o pai dos deuses, quem tem a última palavra.

• Vénus – deusa do amor, filha de Júpiter

• Baco – deus do vinho

• Apolo – deus do sol

• Marte – deus da guerra

• Neptuno – deus do mar

• Éolo – deus do vento

• Mercúrio – mensageiro e neto de Júpiter


• O papel dos deuses no poema de Camões é ajudar / dificultar a chegada dos
portugueses na viagem. Adjuvantes – ajudam na viagem, outros são
Oponentes – dificultam.

• ADJUVANTES – VENUS, MARTE E APOLO

• OPONENTES – NEPTUNO, BACO E EOLO

• Júpiter é a favor da chegada dos portugueses a índia.


 Na narração surge também o Plano da viagem, a história é narrada in medias res
isto é , a meio do caminho mais propriamente no oceano Índico.

 1º plano da viagem

 2º plano mitológico

 Canto I:

Preposição, invocação, plano da viagem e plano mitológico (consílio dos deuses).


• Pararam em Melinde em África onde contam ao rei de Melinde , a
historia de Portugal e contam a primeira parte da viagem.

PREPOSIÇÃO:

• “ AS ARMAS E OS BARÕES ASSINALADOS 1”

• Homens ilustres 1

Ilustres: que se conseguiram distinguir por algo.


INVOCAÇÃO – Camões pede inspiração às Tágides/ninfas
do tejo
Inicio da narração e episódio do consílio dos Deuses

Começa se por se falar do plano de viagem, da movimentação dos mares, depois o


plano mitológico (deuses). Na estância 22 e 23 temos o inicio da reunião entre os
deuses ter sido convocada por Júpiter, e a mensagem com a informação aos outros
deuses de que iria haver uma reunião para discutir sobre o futuro do oriente, foi
distribuída pelo mensageiro Mercúrio neto de Júpiter, este era também chamado de
“PADRE” e “JÚPITER ALTO”. A sua caracterização era a seguinte: Estava sentado num
assento de estrelas cristalinas, com gesto alto, severo e soberano, com uma coroa e
um ceptro (roupa digna de um rei).
Na estância 24, Júpiter dá a sua opinião em relação à chegada dos portugueses à
Índia (futuro do oriente), estando ele de acordo usa como argumentos: “ Já
parece bem feito que lhe seja mostrada a nova terra que deseja”; É mais tarde
dito que estes iam num barco com imensos defeitos.

Na estância 29, Júpiter diz que pelo facto dos portugueses terem passado por
certas dificuldades deveriam chegar à Índia.
ENTRADA DE BACO: OPONENTE

Na estância 30 entra então Baco (deus do vinho), que diz não estar de acordo
com o que é dito sendo oponente àquilo que Júpiter dissera, na sua opinião,
os portugueses não deveriam chegar à Índia, usando como argumentos que
iria perder a fama, na estância 31 e 32 é demonstrado que Baco sabe que não
tem hipótese, pois não conseguirá superar a força dos portugueses, refere
também que nunca antes tinha posto a sua fama em causa e tem de facto
medo que se os portugueses lá chegarem ele será esquecido.
ENTRADA DE VÉNUS (DEUS DO AMOR E DA BELEZA):
ADJUVANTE

Vénus apoia o facto dos portugueses chegarem à Índia pois:

- Gosta dos portugueses por terem qualidades parecidas ao dos romanos ( povo da sua
terra)

- Reconhece que eles foram corajosos, por terem conquistado Ceuta e terem expandido a
fé cristã

- Têm língua romana


Toda aquela discussão, leva ao facto de não se chegar a nenhuma conclusão,
transformando-se uma grande confusão, bagunça…

 ENTRADA DE MARTE (DEUS DA GUERRA) EX AMANTE DE


VÉNUS:
- Este concordava com vénus ou porque o amor antigo o obrigava ou então porque a
gente forte o merecia, ou seja, porque talvez para ele os portugueses devessem
mesmo chegar onde desejam.

 ENTRADA DE APOLO (DEUS DO SOL):


- Este encontra – se assustado com o sucedido.
CANTO III – Episódio de Inês de Castro

Esta narração aconteceu mais propriamente quando Vasco da Gama e Paulo da


Gama (seu irmão), sendo estes os narradores deste episódio com “ Inês de castro”
em Melinde, uma ilha em África onde pararam e contaram ao rei de Melinde a
história de Portugal desde a sua fundação, falando depois de D. Afonso Henriques, à
batalha do mesmo com a sua mãe, passando por falar mais tarde de D. Afonso IV, e
de Inês De Castro
Quem foi Inês De Castro?

No século XIV ( 1300 – 13…) quem reinava Portugal era D. Afonso IV, pai de D. Pedro.
D. Pedro estava casado com D. Constança, tinham como empregada Inês De Castro,
mulher espanhola, quando tiveram o segundo filho a madrinha do mesmo foi Inês, e
ficando esta a ser madrinha, esta começava a fazer parte da família, quando D.
Constança teve o 3º filho no parto esta acabou por morrer. Quando esta morreu
D. Pedro casou – se com Inês, encontravam se ás escondidas, sendo Inês mandada
por D. Pedro para Coimbra para que ninguém soubesse daquele amor pois fazendo
Inês parte daquela família era considerada amante.
• Tiveram 4 filhos em conjunto, D. Afonso IV pai de D. Pedro com influência por parte dos
seus ajudantes e do povo, mandou matar Inês pois diziam lhe que se esta casa - se com
o seu filho, o que iria acontecer era que se ela subisse ao trono com o seu filho ela iria
sair a favor dos espanhóis, acabou então por ser morta por 3 algozes/ homens
mandados pelo seu sogro. D. Pedro após a morte do seu pai sobe ao trono, e hoje
Inês de castro e considerada rainha, pois D. Pedro mandou tirar Inês do túmulo e
colocou o cadáver numa poltrona colocando em cima da sua cabeça uma coroa.
Batalha do Salado

• Esta foi uma batalha entre os portugueses e espanhóis contra os mouros


(1340) originada pelo facto da filha de D. Afonso IV, Maria pedir ajuda ao
pai para que ajude o seu marido a enfrentar os mouros.
Canto III - Episódio de “Inês de Castro”

 Estância 118 à 135

Plano da história de Portugal

Narrador: Vasco da Gama e Inês de Castro (pedindo pela vida).

Narratário: Rei de Melinde

Est.118: Conclusão do episódio da Batalha do Salado.

Est.119: Invocação ao Amor – causa da morte de D. Inês.


Est.120 e 121: Amor despreocupado de Inês, estado feliz dos 2
amantes, caracterização de Inês ( linda, fermosos olhos…); lembranças
de felicidade.

Est.122: Inicia – se ao facto de D. Pedro apenas ter olhos para a sua


amada Inês, ao rejeitar todas aas princesas que lhes eram
apresentadas pelo seu pai D. Afonso.
Continuação da Est.122: Termina fazendo referência a D. Afonso IV sogro de D. Inês,
falando se do facto do mesmo ser muito influenciado pelo murmurar do povo, pois
falavam mal da mesma.

Est.123: Influência que o povo tinha para com D. Afonso ao assunto de D. Inês o que
levou a contratar 3 algozes para a matar.

“TIRAR INÊS AO MUNDO DETERMINA” – eufemismo em relação à morte da mesma.


“MATAR DO FIRME AMOR O FOGO ACESSO”.
Est.124: Inês é levada ao rei, apresentando se fragilizada, desesperada,
indefesa…). D. Afonso quer ceder mas ouve o povo e não muda de ideias.

Est.125: Percebemos que Inês encontra – se de joelhos e desesperada – “ Pera


o céu cristalino alevantado, com lágrimas, os olhos piedosos”.

- EST.126 à 129 – DISCURSO DE ARGUMENTAÇÃO DE INÊS DE CASTRO – Nestas


estâncias Inês pedia pela vida usando inúmeros argumentos para não ser morta
com intenção de fragilizar o coração do sogro, D .Afonso IV, de modo a faze – lo
mudar de ideias.
Argumentos usados por Inês para conseguir sobreviver

 1º compara a situação futura dos seus filhos se ela morresse comparando os a


exemplos de crianças que foram criadas por animais e para que ele tenha pena
dos seus netos. “ COMO CO´A MÃE DE NINO (Rainha mitológica que diz, segundo
os escritores da antiguidade clássica terá sido criada por aves de rapina), E CÓS
IRMÃOS QUE ROMA EDIFICARAM ( RÓMULO E REMO, FUNDADORES DE ROMA
QUE TERIAM SIDO ALIMENTADOS POR UMA LOBA). Est.126
 2º Pede – lhe que tenha respeito pelos seus netos. Est.127

 3º Pede – lhe para que a deixe viver, até pediu para a mandar para longe, mas

para não a matar. “PÕE – ME EM PERPÉTUO E MÍSERO DESTERRO, NA SCÍTIA

FRIA OU LÁ NA LÍBIA ARDENTE, ONDE EM LÁGRIMAS VIVA ETERNAMENTE”.

Est.128
Na Est.129 - surge uma alternativa à morte de Inês, mas D. Afonso volta a ouvir o povo

e não muda de opinião.

Est.130 E 131 – REAÇÃO AO DISCURSO DE INÊS

O rei vacila mas o povo e o destino (FADO) não o deixam, e a sua futura morte foi

comparada à linda moça POLICENA (casou – se secretamente com AQUILES).

Est.132 – MORTE DE INÊS “ AMOR MATOU DE AMORES”

Est.133 – É nos dito que Inês morreu gritando o nome do amado, D. Pedro.

“ o nome de seu Pedro, que lhe ouvistes, por muito grande espaço repetistes”.
- Est.134 – Comparação de Inês morta a uma bonita flor maltratada, murcha e sem
cor. “ Tal está, morta, a pálida donzela, secas do rosto, as rosas e perdida a branca e
viva cor, co´ a doce vida”.

- Est.135 – Mesmo ao fim daquele tempo todo, continua a haver em Coimbra a fonte
dos amores, a simbolizar as lágrimas de Inês. “ Vede que fresca fonte rega as flores,
que lágrimas são a água e o nome Amores”.
Canto IV – “Despedidas em Belém”

Narração; plano da viagem; narrador/enunciador: Vasco da Gama, mãe e uma


esposa; enunciador/narratário: Rei de Melinde.

Belém

No mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, antigamente havia uma igreja (Ermida –


igreja pequena) chamada Igreja Santa Maria de Belém era onde se faziam missas
para homenagear os marinheiros, geralmente era assistida pelos familiares e
amigos dos mesmos.
Ideias importantes

 Os marinheiros portugueses partiram de Lisboa no dia 8 de julho de 1497,

 D. Manuel I incentiva os marinheiros oferecendo – lhes uma pequena renumeração


(salário; pagamento de trabalho),

 D. Manuel elogia os marinheiros, dando – lhes palavras de alento e de coragem,

 Depois de preparadas as naus, os marinheiros preparam – se espiritualmente,

 As pessoas que estão a assistir à partida sentem-se tristes, desesperadas, receosas e


saudosas,
Os marinheiros partem com dúvidas e receios,

Os marinheiros partem sem as despedidas habituais, para

evitar maior sofrimento para não haver desistências.


Análise

Est.84: Naus prontas a partir, grande alvoroço – estado de espírito de ansiedade/

felizes.

Est.85: Objetivo da viagem “Pera buscar do mundo novas partes”; vestidos de

cor alegre.

Est.86: Preparação espiritual.

Est.87: Igreja de Santa Maria de Belém (missa).

“ Certifico – me, ó Rei …  Mostra que o narrador é Vasco da Gama e o recetor

é o rei de Melinde.
Est.88: Reação das pessoas à partida dos marinheiros.

Est.89: Descrição dos sentimentos (medo).

Est.90: Discurso de uma mãe que vê o filho partir.

Est.91: Discurso de uma esposa que vê o marido partir-

Est.92: Reação da Natureza (triste, comovida, chora).

Est.93: Sofrimento é mais para quem fica mas os marinheiros partem sem as
despedidas habituais.

- O narrador é participante e quanto à sua posição é autodiegético.


Este episódio está dividido em 3 partes:

 1º Parte (est.83 à est.86):

- Localização da ação no tempo e no espaço (reinado de D. Manuel I, Lisboa),

- Preparação das naus,

- Preparação espiritual dos marinheiros (oração e pedido de auxílio).

 2º Parte (est.87 à est.92):

- Descrição da procissão solene até às suas naus,

- Reações das pessoas que assistem à partida,


- Reações da Natureza à partida dos marinheiros.

 3º Parte (est.93):

- Partida para a Índia sem as despedidas habituais.


• No final do Canto IV, após o embarque, um velho que estava nas praias, conhecido
com Velho do Restelo, dirige – se aos marinheiros.

Opinião do Velho do Restelo e as suas características:


O velho do Restelo era uma pessoa antiquada e não aceita novas ideias, enquanto se
encontrava na praia, falava dos marinheiros que embarcaram na descoberta da Índia, o
mesmo refere que aqueles homens são “loucos e ambiciosos” pois foram sem saber se
iriam descobrir algum território e são considerados ambiciosos por irem com o foco de
encontrar novos produtos, para os poder vender quando regressarem. O velho acredita que
a viagem trará desamparo para as pessoas que ficam e perigo para os Homens.
“Mar Português” – Fernando Pessoa (canto IV)
Fernando Pessoa

Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de junho de 1888 —


Lisboa, 30 de novembro de 1935) foi um poeta, filósofo, dramaturgo,
ensaísta, tradutor, publicitário, astrólogo, inventor, empresário,
correspondente comercial, crítico literário e comentarista político
português.
Enquanto poeta, escreveu sob diversas personalidades – heterónimos, como Ricardo Reis,
Álvaro de Campos e Alberto Caeiro –, sendo estes últimos objeto da maior parte dos estudos
sobre a sua vida e obra. Robert Hass, poeta americano, diz: "outros modernistas como Yeats,
Pound, Elliot inventaram máscaras pelas quais falavam ocasionalmente... Pessoa inventava
poetas inteiros."
• Antes do episódio que se segue (O Adamastor) surge ainda uma informação de
Fernando Veloso que segundo Camões, durante a viagem com destino a Índia,
pararam em África do Sul, mais propriamente na Baía de Santa Helena, pois um dos
objetivos dos descobrimentos era também comunicar com outros povos, ter acesso a
outras culturas e conhecimentos e então pararam ali, pois aperceberam – se de que
havia ali gente, foi depois daquela paragem que tiveram que enfrentar o grandioso
Adamastor, mais propriamente no Cabo da Tormentas.
Canto V – episódio “O Adamastor”

 Narrador: Vasco da Gama

 Narratário: Rei de Melinde

 Parte/ Estrutura Externa: Narração

 Plano/ Estrutura Interna: Plano da viagem e maravilhoso


Análise
Est.37: “ Passado já cinco Sóis eram passados Que dali nos partíamos, cortando Os mares
nunca doutrem navegados,(…)”  Passado cinco dias desde a partida da Baía de Santa
Helena.

Nota: Baía de Santa Helena – África do Sul

 Os Portugueses são os primeiros a navegar

naqueles mares.

“Dali” – Perífrase de Baía de Santa Helena


 4º verso da estância 37:
“Prosperamente os ventos assoprando, Quando hua noite, estando descuidados, Na
cortadora proa vigiando, Hua nuvem que ares escurece, Sobre nossas cabeças
aparece.”  De surpresa, sem estarem à espera aparece uma nuvem escura sobre
as cabeças dos navegadores.

Est.38: A tempestade estava a ficar mais forte e provocou o pânico e o medo nos
navegadores. Esta descrição da tempestade tem como função, chamar à atenção do
leitor através de sensações visuais e auditivas

 “Tão temerosa vinha e carregada, Que pôs nos corações um grande medo;
Bramindo, o negro mar de longe brada, Como se desse em vão nalgum rochedo”
“Ó Potestade (disse) sublimada: Que ameaço divino ou que segredo, Este clima e
este mar nos apresenta, Que mor cousa parece que tormenta?”  Vasco da Gama
invoca os deuses (“Ó Potestade) para saber o perigo que se aproxima.

2º Momento (39 – 40 estrofe):

Est.39: Nesta estrofe ainda Vasco da Gama não tinha acabado de falar quando
se avista o adamastor (criatura mitológica, que representa os perigos dos mares
desconhecidos).  “ Não acabava. Quando hua figura Se nos mostra no ar,
robusta e válida.”
“[…] Os olhos encovados, e a postura Medonha e má e a cor terrena e pálida;
Cheios de terra e crespos os cabelos, A boca negra, os dentes amarelos.” 
Descrição Física do Adamastor

“Medonha e má” – dupla adjetivação

Est.40: Aqui compara – se o Adamastor à estátua de Apolo na ilha de Rodes, que é


uma das 7 maravilhas do Mundo.

Atitude do Adamastor que provoca

Medo aos portugueses


Est.41: O Adamastor refere – se aos portugueses como gente ousada, que já
realizou vários feitos (“grandes cousas”). Assim o Adamastor revela já conhecer os
portugueses e ao mesmo tempo está a valoriza – los. Durante esta estrofe o
Adamastor, está indignado com o atrevimento dos portugueses em navegarem
por aqueles mares.  Inicio do discurso do Adamastor

Est.42: Adamastor, uma figura mitológica criada por Camões, que simbolizará
todos os problemas que os portugueses terão que enfrentar nas suas viagens,
declara guerra ao povo lusitano pelo seu atrevimento, pois estes descobriram os
segredos que nunca a ninguém conseguiu desvendar, nem Humanos nem Deuses
“[…] húmido elemento[…]” – mar

“apercebidos” – preparados

“Que inda hás de sojugar com dura guerra.” – Refere que os Portugueses irão
dominar o mar e a através da guerra.

Est.43: Nesta estrofe, Adamastor alerta que a nau de Pedro Álvares Cabral irá
sofrer severos castigos – tempestades e violentos naufrágios, cujas vítimas não
terão tempo para se aperceber do perigo: «Que seja mor o dano que o perigo»
Est.44: Nos versos desta estrofe, Adamastor mostra – se muito irritado afirmando
que se vingará ali o Bartolomeu Dias, cujo navio será destruído por ele com
desastres tão dolorosos que a morte parecerá melhor a todos. – “Que o menor mal
de todos seja a morte!”

Est.45: Nesta estrofe ainda é visível o perigo ameaçador de Adamastor que diz vir a
ser a eterna e nova sepultura.

“primeiro ilustre” – D. Francisco ilustre (segundo navio da classe de Bartolomeu


Dias)
Est.46: O gigante Adamastor refere – se a Manuel de Sousa Sepúlveda e cita a
desgraça da história da sua família – Manuel, juntamente com os seus filhos e
Fidalgo e militar português,
mulher, ao regressar da índia naufragou naqueles mares. nascido em 1500, veio a servir
na Índia. Em 1552, juntamente
com a sua família, naufragou a
bordo do galeão São João, perto
do Cabo da Boa Esperança. Foi
capturado por indígenas,
acabando por morrer passado
pouco tempo, atacado pela
fome e por doenças.
Estrofe 47 e 48-Discurso do Adamastor

Est.47: Nesta estrofe o gigante diz que os filhos queridos de Manuel de Sousa

Sepúlveda morrerão de fome e sua esposa será violentada pelos habitantes de

África, depois de caminhar pela areia do deserto.

Est.48: Nesta estrofe os sobreviventes do naufrágio verão Manuel de Sousa

Sepúlveda e a sua esposa, Adamastor diz que estes morrerão juntos, e ficarão no

mato quente e inóspito.


Est.49: Vasco da Gama supera o medo e enfrenta o Gigante Adamastor, Vasco da Gama
ergue – se e interrompe – se para lhe perguntar quem é ele, cujo corpo enorme o
surpreende, A intervenção de Vasco da Gama, ainda que breve, é extremamente
importante. Ela representa a superação do medo, sentimento que tanto pode limitar as
nossas ações, como nos pode impulsionar a fazer algo. O herói não é aquele que não tem
medo, mas sim aquele que é capaz de o superar, mesmo nas condições mais adversas.
Sendo o capitão, Vasco da Gama intervém em representação de todos os navegadores, ou
seja, do povo português.

Vasco da Gama termina a estrofe dando – nos a conhecer a relação do Gigante à sua

questão (o gigante parecia magoado).


Est.50: Com voz pesada e amarga, ofendido com a pergunta, Adamastor apresenta – se: é

aquele a quem os portugueses chamam de Tormentório (Cabo das Tormentas), cuja existência

era desconhecida pelos geógrafos da Antiguidade e está isolado no extremo da costa Africana.

Est.51:

 Foi um dos titãs, ou gigantes, como Encelado, Egeu e Centimano, que lutaram contra Júpiter.

Contrariamente aos outros que sobrepunham montes para chegar ao Olimpo, Adamastor

buscava a armada de Neptuno,

 Este diz que se chama Adamastor

 Diz também que lutou contra Júpiter – Deus dos Deuses a fim de conquistar o oceano e não

apoderar – se das terras.


Est.52: Nos primeiros 2 versos desta estrofe pode ver – se que o gigante adamastor se
apaixonou pela esposa de Peleu, que se chamava Tétis. No 3º verso podemos ver que
ele desprezou todas as deuses do céu por amor a Tétis.

Nos versos 5º, 6º, 7º e 8º vamos concluir que o seu desejo por Tétis foi aumentando no
dia em que a viu nua praia.

Est.53: Nesta estrofe podemos concluir que o Gigante não desistiu da ideia de
conquistar Tétis porque se achava feio, e vai então recorrer por meio da guerra e
manifestou também a sua intenção a Dóris, mãe de Tétis

No último Tétis responde à sua mãe perguntando como é que poderia o amor de uma
ninfa aguentar o amor de um gigante
Est.54: Tétis continua a sua resposta, e refere que para livrar o Oceano da Guerra vai tentar
solucionar o problema com dignidade, podemos depois concluir que o gigante afirma que
está cego de amor e ele não percebe que as promessas que Dóris e Tétis lhe faziam eram
falsas.

Est.55: Nesta estrofe o Adamastor desistindo da guerra, numa noite louca de amor vai –
lhe aparecer o lindo rosto de Tétis, única e nua.

Est.56: Nesta estrofe o Adamastor não consegue expressar a mágoa que sentia, porque
achava que estava a beijar e abraçar Tétis enquanto que no entanto estava abraçando a um
monte duro.

O gigante já sem palavras e imóvel sentiu – se uma rocha diante de outra.


Est.57: Adamastor invoca Tétis, Numa pergunta retórica, esclarece que preferia ter sido mantido na
ilusão de ser amado, o mesmo zangado e perturbado, pela mágoa e humilhação, parte para longe,
onde ninguém visse o seu desespero e onde ninguém se risse do que lhe sucedera

Est.58: Naquela época, já os seus irmãos gigantes tinham sido vencidos e convertidos em montes
pelos deuses; Adamastor começou a sentir o seu castigo e o seu destino.

Est.59: A carne do gigante transformou – se em terra e os ossos em pedra; Os seus membros e a sua
figura alongaram – se pelo mar; Os deuses fizeram dele um Cabo, para que sofra mais, Tétis cercar
as águas próximas.

Est.60: Desfecho

Emocionado, num choro assustador, Adamastor afasta – se dos portugueses

Vasco da Gama, levantando as mãos ao Céu, pede que sejam removidas as terríveis profecias do
Gigante.
Caracterização do Adamastor

Figura: robusta e pálida


Estatura: disforme e grandíssima
Rosto: carregado
Barba: esquálida
Olhos: encovados
Postura: medonha e má
Cor: terrena e pálida
Cabelos: crespos e cheios de terra
Boca: negra
Dentes: amarelos
“O mostrengo”
Fernando Pessoa
• Análise

A palavra mostrengo tem como significados: medo, nojo, repulsa (um ser desumano)

- “Voou três vezes a chiar”

É um ser monstruoso e assustador. – “ […] imundo e grosso[…]”

que vive em domínios que não são de ninguém e que voa à roda da nau, chia e intimida com as suas
palavras.

- Hipérbole

- Adjetivação

- Metáfora

- Aliteração
• Os Portugueses ousaram em entrar no seu território, sendo os primeiros a fazê –
lo.
• O Homem do Leme simboliza a vontade do povo Português, caracteriza – se
pela sua coragem, que vai aumentando ao longo do poema. Apesar do medo
enfrenta o mostrengo, (determinado, lutador).
• Ao longo do poema, a sua voz vai crescendo e termina num discurso marcado
pela coragem, em cumprir a missão que lhe foi confiada.
• O Homem do Leme é o último a falar, acabando por intimidar o mostrengo,
permanecendo este em silêncio, após a última intervenção.
• Tal como o Adamastor, o mostrengo simboliza os perigos e dificuldades que os
marinheiros encontravam, ao longo das suas viagens marítimas.
Homem do
leme – Xutos
e pontapés
https://www.youtube.com/watc
h?v=BWZZ2XtzSwc
Canto VI - Tempestade
Marítima e chagada à Índia

o Estrofes 70 a 92
o Esquema Rimático: ABABABCC
o Parte: Narração
o Plano do maravilhoso e da Viagem
o Vasco da Gama conta ao Rei de Melinde o que acontecera
o Espaço: Angra de São Brás-Oceano Índico
o Tempo: À noite (a tempestade), chegada à Índia: na manhã
9 de maio de 1498.
Descrição da tempestade: Provocada por Baco

o Este momento começa na estrofe 70 e desenvolve-


se até a estrofe 79.

o O mestre dá instruções à tripulação

o Descrição hiperbolizada da violência da


tempestade e sua consequências nas naus, no mar,
nos animais marinhos e em terra.

 Este momento começa na estrofe 80 e desenvolve-


se até a estrofe 83. Neste momento, Vasco da Gama
está a pedir ajuda a Deus – à Divina Providência.
Análise

Este momento começa na estrofe 80 e desenvolve-se até a estrofe 83. Neste momento, Vasco da Gama está a
pedir ajuda a Deus – à Divina Providência.

Argumentos: Deus ajudou ouros com S. Paulo e Noé a superar tempestades; o serviço desta armada é em Seu
nome e conclui que mais valia morrer no Norte de África a combater os Mouros.

Tempestade: Excertos do episódio

“ O vento vinha refrescando”, “Quando dá a grande e súbita procela (tormenta no mar, tempestade), “- Amaina,
(Colhe as velas)”, “Pedaços a fazem c´um ruído que o Mundo pareceu ser destruído”, O céu fere com gritos nisto
a gente, C`um súbito temor e desacordo (perturbação, delírio)”, que, no romper da vela, a nau pendente”, “Os
balanços que os mares temorosos deram à nau, num bordo os derribaram, Três marinheiros, duros e forçosos, a
menear (manobrar) o leme não bastaram”,
Estrofe 84: Há um reforço da violência de tempestade e suas consequências no ambiente circundante.
Na estrofe 85 até à 91 Vénus intervém com o objetivo de ajudar os portugueses para tal pede ajuda às
ninfas para que as mesmas seduzam os ventos. As ninfas conseguem acalmar os ventos e a tempestade
amaina.

Na estrofe 92 e 93 os navegadores portugueses chegam finalmente à Índia. O piloto


melindano confirma ser a terra de Calecu e Gama agradece a Deus.
• Notas:

As ninfas são divindades femininas secundárias. Estavam


ligadas à natureza e à terra e suas vidas duravam tanto
quanto o ambiente a que estavam ligadas. Não eram
consideradas imortais, mas permaneciam jovens, belas e
graciosas e eram representadas com vestidos leves e quase
transparentes, com cabelos compridos e soltos e
entrançados.
Determinação de Vénus e trabalhos de Cupido – Canto IX
Vénus

• Divindade protetora dos


portugueses;
• Principal adjuvante no sucesso da
missão
Estrutura Externa: Canto IX, est.18-29
Estrutura Interna: Narração
Narrador: Poeta
Plano narrativo: Plano Mitológico

Na 1ª parte: Decisão de Vénus – est.18-20

Vénus pretende dar aos portugueses um prémio pelas vitórias alcançadas e pelos danos sofridos. Decide, então, pedir
ajuda ao seu filho, Cupido.

2ª parte: O prémio – est.23-24

Vénus decide preparar uma ilha divina, que será colocada nas águas, no caminho dos marinheiros. Nessa ilha,
encontrar-se-ão “aquáticas donzelas” (est.22), que serão escolhidas entre as mais belas e as mais devotas do amor. Estas
ninfas terão como missão aguardar pelos marinheiros e recebê-los com cânticos e danças, para despertarem neles
“secretas afeições” (est.22).
3ª parte: A ajuda de Cupido – est.23-24

Cupido é o ajudante ideal, pois já tinha colaborado com Vénus numa situação similar: tinha levado Dido a
apaixonar-se por Eneias.

Vénus vai, então, procurar Cupido nos seu carro puxado por cisnes (“as aves que na vida/Vão da morte as
exéquias celebrando” – est.24) e rodeado de pombas que se beijam.

4ª parte: A missão de Cupido – est.25-29

Cupido encontrava-se em Idália, cidade da ilha de Chipre, famosa pelo culto de Vénus, procurando reunir um
exército de cupidos para realizar uma expedição com o fim de emendar os erros dos humanos, pois “então, /
Amando coisas que nos foram dadas, / Não pera ser amadas, mas usadas” est.25
São apresentados vários exemplos de situações em que se ama mal:

 O caçador Actéon, que não soube amar a «bela forma humana» est.26 – representa os que não sabem mar;

 Os homens que se amam a si próprios est.27

 Os aduladores est.27

 Aqueles que amam as riquezas e deixam de lado a «justiça e integridade» est.28

 Os tiranos est.28

 As leis feitas a favor do rei e contra o povo est.28

Afirma-se, em síntese, que a expedição de Cupido tinha lugar porque «ninguém ama o que deve» (est. 29).
Por estas razões, Cupido juntou os «Seus ministros» para ajudar a «mal regida gente» (est. 29) a evoluir no
campo do amor.
Ilha dos Amores – Canto IX

Nota: Leonardo – marinheiro/companheiro Plano Maravilhoso


ou mitológico
- Ninfas e deusas + Música
- NARRADO POR:
Jogos do amor ( Lionardo e Ninfa – IX, 75 – 81) CAMÕES E
LEONARDO
Alegria
Plenitude
Caracterização de Lionardo/Leonardo:
• Soldado, bem-disposto
• Manhoso
• Cavaleiro
• Namorado
• Um navegador com muito azar no campo do amor
• Corajoso
• Corajoso
Caracterização de
• Apaixonado
Éfire:
• Talentoso - Bela e sedutora
- Cabelo louro
• Boa presença
- Fermosa pura
• Valente

• Azarento no amor

Análise:

Est.75: Caracterização de Leonardo

Est.76: Temos a informação de que havia uma ninfa diferente das outras, pois enquanto que as outras se encontravam
a seduzir, animar etc… os outros navegadores, esta chamada Efire fugia. Mas sendo esta uma das mais belas
neiredes, Lionardo corria atras dela tentando seduzi-la.
Nesta estância (76) Lionardo dirige-se à Neirede dizendo: *Ventura – Má sorte de Leonardo

“- Ó fermosura indigna de aspereza,

Pois desta vida te concedo a palma,

Espera um corpo de quem levas a alma!”

Para a convencer a parar usa como argumentos:

- ainda que Efire esperasse por ele, o azar do nauta impedi-lo-ia de a alcançar;

- ele gostaria de saber o que faria a sorte para o impedir de apanhar a ninfa;

- se ela abrandasse, já estaria a alterar a má sorte de Leonardo;

- ela estava a colocar-se do lado da má sorte do marinheiro, quando se deveria colocar do lado do mais fraco; - ela levava,

com ela, a alma de Leonardo, que até ao momento tinha sido livre;

- ele continuava a persegui-la apenas porque tinha esperança de que ela mudasse o destino dele, apaixonando-se.
Est.76: “Não fujas de quem já te entregou a alma”

Est.77: “Não acredites no que a minha má sorte te diz, pois é mentira”

Est.78: “ É inútil fugires, porque ainda que esperes, a minha má sorte não me deixará usufruir do
prazer de te ter”

Est.79: “Não me fujas, nem a tua formosura fuja de ti com o tempo.”

Est.80: “ Deixa o meu coração ser livre como antes e deixarei de te perseguir.”

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Na opinião de Leonardo, Éfire fugia porque pensava que ela já sabia do seu infeliz passado amoroso,
que a sua má sorte é tanta que mesmo que a alcance, alguma coisa o impedirá de a tocar.
Est.82: Éfire já não fugia, assim que ouve as palavras de Leonardo, abranda a corrida e cai aos seus pés.
As palavras que a fizeram parar foram:
“- Como por ir ouvindo o doce canto,
As namoradas mágoas que dizia.”

Est.83 e 84: Ouvem-se beijos na floresta, risinhos alegres. A estância 84 termina com o casamento
entre os navegadores e as ninfas.
“ Que Vénus com prazeres inflamava,
Estância 83
Melhor é esprimentá-lo que julga-lo;
Mas julgue-o quem não pode esprimentá-lo.”
Significa que só quem vive um amor assim o conhece

“ Com palavras formais e estipulantes Estância 84


Se prometem eterna companhia,
Em vida e morte, de honra e alegria.”
Ilha dos Amores simboliza o reconhecimento dos feitos do povo português através de uma recompensa – a
celebração de um casamento cósmico entre as ninfas e os portugueses, através do qual Camões os eleva a
um estatuto de deuses, é como se se dissesse que quem pratica feitos de tal magnitude, não esquecendo os
sacrifícios causados pelos homens inimigos e pelos deuses, principalmente Baco, que os vai atraiçoando no
decorrer da sua jornada, merece a imortalidade própria da condição divina «Por feitos imortais e
soberanos/O mundo cos varões que esforço e arte/Divinos os fizeram, sendo humanos».
Na ilha "fresca e bela" encontram-se ninfas à espera, tendo os marinheiros a oportunidade de se deleitar
com elas que os acolhem, depois de jogos de sedução, dividem-se entre o prazer sexual e o Amor. É aliás
este Amor que existe entre Vénus e os Portugueses. E, por isso, dá-se, nesta Ilha, um "casamento”, a união
entre os descendentes de Luso e Vénus onde "Se prometem eterna companhia, / Em vida e morte, de
honra e alegria.". Deste modo, Vénus reconhece os Portugueses como um povo nobre e concede-lhes como
que um estatuto semidivino e eterna proteção.

Ao contrário dos episódios da Inês de Castro e do Adamastor, este é o episódio da Epopeia e um exemplo
raro da obra camoniana, em geral, em que existe a plenitude amorosa, onde existe o prémio e não o
castigo por amor. É através do amor físico que os navegadores interagem com as ninfas imortais, depois
das provas que representam o amor pela pátria, a devoção e a superação das dificuldades que os tornam
também divinos, provando assim que nada resiste à força do amor.
Canto X – Despedida de Tétis e Regresso a Portugal

- Plano da viagem e das


intervenções do poeta
- Narrador: Luís de Camões
- Est.142 e 143: Despedida
de Tétis
- Est. 144: Regresso dos
marinheiros lusitanos a
Portugal
Aparece Tétis, e esta dá a Vasco da Gama
uma espécie de “globo” e mostra-lhe os
territórios pelos quais conseguiram e irão
conquistar.
Seguem de viagem para Lisboa, temos a
informação de que lá chegaram na
estância 144 Verso.5
“ Entraram pela foz do Tejo, ameno”
Lamentações, exortação a D. Sebastião e referência a futuras glórias – Canto X

- Parte: Dedicatória

- Plano: Intervenções do poeta

- Narrador: Luís de Camões

- Narratário: Rei D. Sebastião


Est.145 – Camões invoca a sua musa inspiradora e queixa-se que está cansado de todo o processo, mas
esclarece que não está cansado de exercer a sua atividade de escritor, mas está cansado de não ser
reconhecido! (crítica) Camões critica o país, acusa-o de estar dominado pela cobiça, rudeza e pela tristeza.

Est.146 – Crítica continua: Os portugueses não se orgulham nem têm gosto que os anime e leve adiante.

Interpela o rei, dizendo que ele lidera um povo de vassalos/súbditos excelentes.

Est.154 – Camões continua com o seu discurso, mas ele apresenta-se como alguém humilde. Centra o
discurso em si e apresenta-se como alguém que apresenta um perfil pouco comum, pois estudou muito e
experimentou muito também. “Saber de experiência feito”
Est. 155 – Camões coloca-se à disposição do Rei, como verdadeiro vassalo, pronto para o servir pelas
armas (“braço”) quer pelo louvor poético (“mente”) Mostra-se disponível para continuar a cantar os
feitos / as novas empresas do rei (África)

Tem a sua Musa/Inspiração disponível para continuar a cantar os feitos portugueses que continuarão
a ser dignos de um canto épico superior aos grandiosos heróis clássicos da História.

Fernando Pessoa – Mensagem

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