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Projeto e Modelagem

Matemática de
Engrenagens II
Prof. Dr. Helder Anibal Hermini
MUDANÇA DA DISTÂNCIA ENTRE CENTROS
• Quando os dentes de involuta (ou qualquer dente)
são cortados em um cilindro com respeito a um
círculo de base particular para criar uma
engrenagem, ainda não temos um círculo de
referência.
• O círculo de referência vem a existir somente
quando acoplamos essa engrenagem com uma
outra para criar um par de engrenagens, ou
conjunto de engrenagens.
MUDANÇA DA DISTÂNCIA ENTRE CENTROS
• Haverá um intervalo entre as distâncias de centro
sobre as quais conseguiremos um engrenamento
entre as engrenagens. Haverá também uma
distância ideal entre centros que nos dará os
diâmetros nominais de medida para os quais as
engrenagens foram projetadas. Contudo, as
limitações do processo de fabricação nos dão uma
baixa probabilidade quanto a conseguir exatamente
essa distância ideal entre centros em todos os casos.
É mais provável que exista algum erro na distância
entre centros, mesmo que pequeno.
MUDANÇA DA DISTÂNCIA ENTRE CENTROS
Se a forma do dente de engrenagem não for uma
involuta, então o erro na distância entre centros causará
variação, ou “encrespamento” na velocidade de saída.
Nesse caso, a velocidade angular de saída não será
constante para uma velocidade constante de entrada,
violando a Lei Fundamental de Engrenamento. Contudo,
com um dente na forma involuta, os erros na distância
entre centros não afetarão a relação de velocidades. Essa
é a principal vantagem da involuta sobre todas as outras
formas possíveis de dente e é a razão pela qual é usada
quase universalmente para dentes de engrenagens.
MUDANÇA DA DISTÂNCIA ENTRE CENTROS
Quando a distância entre centros é variada em um par de engrenagens de
involuta, a normal comum ainda passa pelo ponto de referência e também por todos
os pontos de contato durante o engrenamento. Apenas o ângulo de pressão é
afetado pela mudança da distância entre centros.

Figura 1: A mudança da distância entre


centros de engrenagens involutas
muda somente o ângulo de pressão e
os diâmetros primitivos.
MUDANÇA DA DISTÂNCIA ENTRE CENTROS
A Figura 1 mostra os ângulos de pressão para duas distâncias diferentes entre
centros. À medida que a distância entre centros aumenta, o ângulo de pressão
também aumenta e vice-versa. Este é um resultado da mudança, ou erro, na
distância entre centros quando se usam dentes involutos.

Figura 1: A mudança da distância entre centros de engrenagens involutas muda somente o ângulo de
pressão e os diâmetros primitivos.
MUDANÇA DA DISTÂNCIA ENTRE CENTROS
A Lei Fundamental de Engrenamento ainda se mantém no caso da distância
de centros modificada. A normal comum é ainda tangente aos dois círculos de base
e ainda passa pelo ponto de referência. O ponto de referência se move em
proporção à mudança da distância entre centros e os raios primitivos.

Figura 1: A mudança da distância entre centros de engrenagens involutas muda somente o ângulo de
pressão e os diâmetros primitivos.
MUDANÇA DA DISTÂNCIA ENTRE CENTROS
A razão de velocidades se mantém inalterada a despeito da mudança na
distância entre centros. Na verdade, a razão de velocidades de engrenagens de
involuta é fixa pela razão entre os diâmetros dos círculos de base, que são imutáveis
uma vez que a engrenagem tenha sido cortada.

Figura 1: A mudança da distância entre centros de engrenagens involutas muda somente o ângulo de
pressão e os diâmetros primitivos.
FOLGA DE ENGRENAMENTO
• Um outro fator afetado pela mudança da distância
entre centros C é a folga de engrenamento.
Aumentando C, aumentará a folga e vice-versa.

• A folga é definida como o intervalo entre dentes


engrenados medida ao longo da circunferência do
círculo de referência. As tolerâncias de fabricação
eliminam uma folga zero, mesmo porque todos os
dentes não podem ter exatamente as mesmas
dimensões e todos devem se engrenar sem obstrução.

• Assim, devem existir algumas pequenas diferenças


entre a espessura do dente e a largura do vão (vide
figura 2 no próximo slide).
FOLGA DE ENGRENAMENTO

Figura 2: Nomenclatura do dente de engrenagem.


FOLGA DE ENGRENAMENTO
• Contanto que o engrenamento ocorra sem reversão do torque, a folga
de engrenamento não deve ser um problema. Contudo, sempre que o
torque mudar de sinal, os dentes se moverão do contato em um lado
para o outro. O intervalo de folga de engrenamento será cruzado e os
dentes se chocarão com barulho audível e vibração. Além do aumento
de tensões e desgaste, a folga de engrenamento pode causar erros
posicionais indesejáveis em algumas aplicações.

• Em servomecanismos, em que motores comandam, como, por


exemplo, as superfícies de controle de um avião, a folga de
engrenamento pode causar “uma caça” potencialmente destrutiva no
qual o sistema de controle tenta em vão corrigir os erros posicionais
devido à folga de engrenamento “derramada” no sistema mecânico de
comando. Tais aplicações necessitam engrenagens antifolga de
engrenamento que, na verdade, são duas engrenagens costas com
costas no mesmo eixo que podem ser giradas ligeiramente na
montagem (ou por molas) uma com respeito a outra, de maneira a
ocupar a folga de engrenamento.
NOMENCLATURA DO DENTE DE ENGRENAGEM
A Figura 2 mostra dois dentes de engrenagem com a
nomenclatura-padrão definida. Círculo de referência
(primitivo) e círculo de base foram já definidos.

Figura 2: Nomenclatura do dente de engrenagem.


NOMENCLATURA DO DENTE DE ENGRENAGEM
A altura do dente é definida pelo adendo (adicionar a),
saliência ou altura de cabeça e o dedendo (subtrair de),
reentrância ou altura de pé, que são referidos ao círculo
nominal de referência (primitivo).

Figura 2: Nomenclatura do dente de engrenagem.


NOMENCLATURA DO DENTE DE ENGRENAGEM
O adendo é ligeiramente maior que o dedendo, para
prover um pouco de espaço entre a ponta de um dente
engrenado (círculo de saliência) e o fundo do vão do
outro (círculo de reentrância).

Figura 2: Nomenclatura do dente de engrenagem.


NOMENCLATURA DO DENTE DE ENGRENAGEM
A profundidade de trabalho do dente é duas vezes o
adendo, e a profundidade total é a soma do adendo e do
dedendo.

Figura 2: Nomenclatura do dente de engrenagem.


NOMENCLATURA DO DENTE DE ENGRENAGEM
A espessura do dente é medida no círculo de referência, e a
largura do vão entre dentes é ligeiramente maior que a espessura
do dente. A diferença entre essas duas dimensões é a folga de
engrenamento.

Figura 2: Nomenclatura do dente de engrenagem.


NOMENCLATURA DO DENTE DE ENGRENAGEM
A largura de face do dente é medida ao longo do eixo da
engrenagem. O passo circular (primitivo) é o comprimento do arco
ao longo da circunferência do círculo de referência medido de um
ponto em um dente ao mesmo ponto no próximo dente.

Figura 2: Nomenclatura do dente de engrenagem.


PASSO CIRCULAR DE REFERÊNCIA pc
A definição do passo circular de referência pc é:

(Equação 01)

Onde:
d = diâmetro de da circunferência referência
N = número de dentes.
NOMENCLATURA DO DENTE DE ENGRENAGEM
O passo do dente também pode ser medido ao longo da
circunferência do círculo de base e então é chamado de passo de base pb.
(Equação 02)
onde φ = ângulo de pressão.

Figura 2: Nomenclatura do dente de engrenagem.


PASSO DIAMETRAL pd
Uma maneira mais conveniente de definir o tamanho
de dente é relacioná-lo diretamente ao diâmetro d do
círculo de referência em vez de usar o comprimento do
arco. O passo diametral pd é:

(Equação 03)

Onde:
N = número de dentes
d = diâmetro da circunferência referência.
RELAÇÃO ENTRE pc E pd
Combinando as Equações 1 e 3, obtemos a relação
entre o passo circular e o passo diametral.

  𝜋𝑑
𝑁=
𝑝𝑐 𝜋
  𝜋𝑑  
𝑝𝑑 =
𝑝𝑑 𝑑= 𝑝𝑐
𝑝𝑐
𝑁 = 𝑝𝑑 𝑑
  (Equação 04)
MÓDULO
O sistema SI, usado para engrenagens métricas,
define um parâmetro chamado de módulo, que é o
recíproco do passo diametral com o diâmetro de
referência d medido em milímetros. As unidades do
módulo são milímetros.

  𝑑
𝑚= (Equação 05)
𝑁
Onde:
N = número de dentes
d = diâmetro da circunferência referência.
RAZÃO DE VELOCIDADES mV
A razão de velocidades mV de um par de engrenagens pode ser
posta em uma forma mais conveniente pela substituição da Equação 3
na Equação da razão de torque ou o ganho mecânico, observando
que o passo diametral das engrenagens deve ser o mesmo, ou seja.

(Equação 06)

Assim, a razão de velocidades pode ser calculada a partir do


número de dentes das engrenagens engrenadas, e estes são inteiros.
Observe que o sinal menos implica um engrenamento externo, e um
sinal positivo, um engrenamento interno.
RAZÃO DE ENGRENAMENTO mG
A razão de engrenamento mG pode ser expressa como
o número de dentes na engrenagem Ng sobre o número
de dentes no pinhão Np pela expressão:

(Equação 07)
DENTES PADRONIZADOS DE ENGRENAGEM
Dentes de engrenagem padronizados de profundidade
completa têm adendo igual no pinhão e na engrenagem, com o
dedendo ligeiramente maior para permitir folga.
As dimensões padronizadas de dente são definidas em
termos do passo diametral. A Figura 3 mostra suas formas para três
ângulos de pressão padronizados.

Figura 3: Perfis de dente AGMA de profundidade completa para três ângulos de pressão.
DENTES PADRONIZADOS DE ENGRENAGEM

A Figura 4 mostra os
tamanhos reais dos dentes
padronizados de altura completa
e de ângulo de pressão de 20°
para pd = 4 a pd = 80. Observe a
relação inversa entre pd e o
tamanho do dente.

Figura 4: Tamanhos verdadeiros de


dentes de engrenagem para vários
passos diametrais de referência.
INTERFERÊNCIA E ADELGAÇAMENTO
A forma de dente involuta é definida somente fora da
circunferência de base. Em alguns casos, o dedendo será grande o
suficiente para estender-se além da circunferência de base. Se for
assim, então a porção do dente abaixo da circunferência de base não
será involuta e interferirá com a ponta do dente da engrenagem
acoplada, que é um dente involuto.

Figura 5: Interferência e adelgaçamento dos


dentes abaixo da circunferência de base.
INTERFERÊNCIA E ADELGAÇAMENTO
Se a engrenagem for cortada com um cortador de engrenagens
padronizado, ou “fresa caracol”, a ferramenta de corte também
interferirá com a parte do dente abaixo da circunferência de base e
removerá o material que interfere. Isso resulta em um dente
adelgaçado, como mostrado na Figura 5.

Figura 5: Interferência e adelgaçamento dos


dentes abaixo da circunferência de base.
INTERFERÊNCIA E ADELGAÇAMENTO
CORTADORES DE ENGRENAGENS
PAFRONIZADOS E “FRESAS CARACOL”
INTERFERÊNCIA E ADELGAÇAMENTO
• O adelgaçamento enfraquece o dente pela
remoção de material na sua raiz. O momento
máximo e o cisalhamento máximo do dente
carregado como em uma viga em balanço
ocorrerão ambos nesta região. Adelgaçamento
severo causará falha prematura do dente.

• A interferência e o adelgaçamento resultante


podem ser prevenidos simplesmente evitando-
se engrenagens com muito poucos dentes.
INTERFERÊNCIA E ADELGAÇAMENTO
• Se um pinhão tem um grande número de
dentes, então eles serão pequenos
comparados com seu diâmetro.

• À medida que o número de dentes é reduzido


para um diâmetro fixo do pinhão, os dentes
devem se tornar maiores. Em algum ponto, o
dedendo excederá a distância radial entre a
circunferência de base e a circunferência de
referência, e a interferência ocorrerá.
INTERFERÊNCIA E ADELGAÇAMENTO
O número mínimo de dentes Nmin de
profundidade completa requeridos para evitar a
interferência no pinhão movendo-se contra uma
cremalheira-padrão pode ser calculado por:

(Equação 08)

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