UMA QUESTÃO DE MÉTODO:

ORIGENS, LIMITES E
POSSIBILIDADES DA
E T N O G R A F I A PA R A A
PSICOLOGIA SOCIAL

Máurício Rodrigues de Souza

(PPGP/UFPA)
ANTROPOLOGIA E PSICOLOGIA: UMA QUESTÃO DE
MÉTODO

 Relação entre a Antropologia e a metodologia na pesquisa em Psicologias

 Pesquisa na Psicologia Social demonstra uso pouco frequente da etnografia
nas últimas décadas, embora tenha sido tradicionalmente utilizada desde os
seus primórdios
 Algumas questões para pensar as relações transdisciplinares: é possível a
integração entre diferentes saberes? Isso se encontra mais no discurso do
que na prática efetiva? Estamos dispostos a dialogar com as diferenças?
ANTROPOLOGIA E PSICOLOGIA: UMA QUESTÃO DE
MÉTODO

 Histórica relação entre as disciplinas:

 Escola Sociológica de Chicago
 Ecologia Humana
 Behaviorismo Social
 Interacionismo simbólico
 Sexo e Repressão na Sociedade Selvagem, de B. Malinowski e o
questionamento da universalidade do Complexo de Édipo na Psicanálise
ACERCA DA ETNOGRAFIA: CARACTERÍSTICAS, ORIGENS E
D E S E N V O LV I M E N T O

 A Etnografia surge na Antropologia como um método qualitativo de pesquisa

que visa à descrição e o entendimento holístico de fenômenos culturais
(significados sociais) presentes em grupos, comunidades ou instituições
particulares de acordo com os próprios termos e atitudes daqueles que os
vivenciam em seu cotidiano.
 Uma prática que consiste em um contato próximo, frequente e prolongado
com o outro e o uso de instrumentos e recursos diversos: diário de campo,
observação participante, gravadores, fotografia, recenseamentos, mapas, etc.
 ACERCA DA ETNOGRAFIA: CARACTERÍSTICAS, ORIGENS E
D E S E N V O LV I M E N T O

 A prática etnográfica surgida na antropologia se expandiu para outros campos de

produção de conhecimento
 É um método de trabalho que exige paciência, atenção aos detalhes e ao novo em
busca da compreensão de determinado fenômeno sociocultural
 Prática etnográfica: trabalho cotidiano e sistemático e atenção viva aos detalhes
(programada)
 Experiência etnográfica: insights do pesquisador no processo de novos contornos
sobre os modos de vida dos diferentes grupos estudados pelos etnógrafos
(descontínua, imprevista)
ANTROPOLOGIA BRITÂNICA NO INÍCIO DO SÉC. XX E OS PRIMÓRDIOS DA
E T N O G R A F I A C O M O AT I V I D A D E C I E N T Í F I C A

 Tentativa de acúmulo de dados e informações sobre sociedades

nativas na difusão das teorias evolucionistas e difusionistas
 O início das expedições e a prática do antropólogo cada vez mais
feita in loco
 Malinowski e os Argonautas do Pacífico Ocidental
C O M A PA L AV R A O S A R G O N A U TA S : E T N O G R A F I A ,
S U B J E T I V I D A D E E M É T O D O E N T R E O S N AT I V O S D A
N O VA G U I N É

 Princípios metodológicos para uma boa etnografia:

 Obter condições adequadas através de um afastamento de sua sociedade e
aproximação direta com o grupo em estudo;
 Problematização da relação entre conhecimento teórico e práxis, no caso, o
reconhecimento de uma prática cientifica como o resgate da lógica de visão de
mundo do nativo – busca da integração entre o todo e as partes, abordagem
funcionalista;
 Aplicação de métodos específicos de coleta, manipulação e registro de
evidencias – partir de dados e fatos observáveis para inferências mais gerais.
 C O M A P A L AV R A O S A R G O N A U T A S : E T N O G R A F I A ,
S U B J E T I V I D A D E E M É T O D O E N T R E O S N A T I V O S D A N O VA G U I N É

 Embora defendida como um método científico genuíno, a etnografia apresenta

limites a empiria que o próprio Malinowski identificou como sua potência: registro
dos fatos íntimos e vivencia cotidiana próxima ao outro
 Importância do registro dos fatos e eventos observados
 Importância do diário etnográfico
 Observação participante
 Participação que permite decifrar o “espírito” do nativo
 Tentativa de se apropriar da linguagem do outro para reproduzir de forma mais
fidedigna possível a sua mentalidade
R E S S A LVA S C O N T E M P O R Â N E A S A O P R O J E T O
ETNOGRÁFICO

 Questionamentos e críticas sobre os modelos etnográficos

propostos por Malinowski
 Crítica a legitimidade da voz uníssona do etnógrafo acerca de
padrões culturais distintos do seu
 A interpretação etnográfica não é puramente racional, mas imbuída
de conteúdos valorativos e relações de poder.
R E S S A LVA S C O N T E M P O R Â N E A S A O P R O J E T O
ETNOGRÁFICO

 Antropologia simétrica (Latour)

 O “objeto” passa a ser visto sob o signo das multiplicidades com diferentes
dimensões e momentos da pesquisa
 Os “fatos” e ‘dados” coletados no processo de pesquisa podem e devem ser
tomados como simultâneos e implicados
 Atividade cientifica como relacional sem a formulação de identidades
 Antropologizar a nossa própria sociedade a partir do olhar do “outro”
R E S S A LVA S C O N T E M P O R Â N E A S A O P R O J E T O
ETNOGRÁFICO

 A critica interna à etnografia foi também para o âmbito da psicologia social

 Busca da dimensão histórica dos fenômenos sociais
 Reconfigurações levaram a propostas como o construcionismo, a cartografia,
genealogia, teoria do ator-rede
 O construcionismo: campo como produto social
 Dimensão material e social do campo.
POSSIBILIDADES DO USO DA ETNOGRAFIA NA
PSICOLOGIA

 Tentativa de conciliar a pesquisa etnográfica na pesquisa psicossociológica

 A etnografia possibilitou reflexões no âmbito da neutralidade cientifica
 Uso do entendimento de uma lógica a partir da própria linguagem de quem a
utiliza
 Potente fonte de estranhamento ao introduzir o elemento intersubjetivo