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Engenharia e Sociedade

dr. Gilberto Francisco Daniel Franze


Departamento de Ciencias Exactas
Teoria Política. Estado Nação e
Representação Social.
Estado
 “O Estado é a ordem jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um
povo situado num determinado território.”
Surgimento do Estado:

 A primeira teoria afirma que o Estado sempre existiu, pois o homem sempre
esteve integrado em uma organização social, dotada de poder e com
autoridade para determinar o comportamento do grupo.
 Uma segunda corrente admite que a sociedade humana existiu durante um
período sem o Estado, que foi aparecendo de acordo com as condições de
cada lugar.
 A terceira posição diz que o Estado surge quando nascem a idéia e a prática
da soberania, o que só ocorreu no século XVII e tem como marco formal a
assinatura da “Paz de Westfalia”.
Tipos e Causas da Formação do Estado:

a) Originária – Quando o processo de formação parte de agrupamentos humanos


ainda não integrados em qualquer Estado. Pode ser classificado em formação
“natural”, independente de vontade do grupo, ou
“contratual”, quando por um ato puramente voluntário da sociedade.
As teorias de formação “natural” ou “espontânea” podem, ainda ser agrupadas
da seguinte maneira:
 Origem Familiar ou Patriarcal
 Origem em atos de força, de violência ou de conquista
 Origem em causas econômicas ou patrimoniais
 Origem no desenvolvimento interno da sociedade
 b) Derivada – É a formação de novos Estados a partir de outros preexistentes.
É mais comum atualmente, havendo dois processos de formação típicos e
opostos:
 Fracionamento – Quando uma parte do território de um Estado se desmembra
e passa a constituir um novo Estado, exemplificado pelo processo de
independência de colônias em relação à sua metrópole,
como o Brasil. Pode haver também a independência de uma parte do
território metropolitano.
 União de Estados – Acontece pela adoção de uma constituição comum,
desaparecendo os Estados preexistentes que aderiram à União.
Evolução Histórica:

 a) Estado Antigo –
b) Estado Romano
c) Estado Medieval
d) Estado Moderno – Caracteriza-se pela existência de uma unicidade
territorial dotada de um poder soberano, reconhecido como supremo em seu
território.
Elementos do Estado

São considerados como elementos essenciais do Estado Moderno, dois elementos


materiais, o território e o povo, e um elemento formal que é o poder soberano.
Para alguns autores, como Groppali, há ainda um quarto elemento, que é a
finalidade, objetivo pelo qual o povo se integra em uma sociedade política.

a) Soberania:
b) Território:
c) Povo:
d)Finalidade:
a) Soberania:

A soberania tem sido concebida de duas formas: como sinônimo de “independência”


ou como expressão de “poder jurídico mais alto”. Na prática, a Soberania é a
oposição entre o poder supremo do Estado e quaisquer outros poderes, desde que
praticada nos limites do seu território.

A idéia de supremacia do poder do Estado surge na Idade Média, quando os monarcas


vão ampliando a sua competência, adquirindo os poderes de justiça, de polícia e
legislativo, superiores em todo o reino,
acima de todos os barões.

Gradativamente, o poder vai se centralizando e a soberania surge, internamente, da


luta do Rei com os barões e nobres. Externamente, ela surge da luta do Rei com os
Papas e Imperadores.
Pode se dizer que soberania é uma característica essencial do Estado que lhe dá o poder de
organizar-se juridicamente e de fazer valer dentro de seu território a universalidade de suas decisões
nos limites dos fins éticos e de convivências.

O conceito de soberania pode ser visto sob dois aspectos:

Como Poder Político, ela é considerada a “força do direito” por ser ilimitada na medida em que
advém de um Poder Constituinte Originário, incondicional e preocupado em assegurar sua eficácia.
Neste aspecto, ela expressa a plena eficácia do poder, como o poder incontrastável de querer
coercitivamente e
de fixar as competências.

Como Poder Jurídico, ela é o “direito da força”, limitada por tratar-se de um Poder Constituído
(secundário, não originário), nascido do direito e exercido exclusivamente para a consecução de fins
jurídicos. Neste aspecto, ela expressa o poder de ratificar ou negar a juricidade de uma norma e sua
aplicabilidade em cada caso, ou em outras palavras, o poder de decidir em última instância sobre a
atributividade das normas.
Quanto às características da soberania,
os estudiosos a reconhecem como:
 Absoluta e Perpétua (características citadas por Jean Bodin no séc. XVI), pois a soberania
não pode ser limitada nem em poder, nem pelo cargo, nem por um tempo certo, aceitando-
se apenas a limitação territorial e, é claro, os limites dos direitos naturais do homem;
 Una, porque não se admite num mesmo Estado a convivência de duas soberanias, pois ela é
sempre um poder superior a todos os demais que existam no mesmo território;
 Indivisível (desde 1762 com Rousseau), por se aplicar à universalidade dos fatos ocorridos no
Estado, sendo inadmissível a existência de várias partes da mesma soberania;
 Inalienável (desde 1762 com Rousseau), por ser o exercício da vontade geral que não pode
ser exercido por outro, mas apenas por aquele que a detém e se este deixa de tê-la é porque
ela não mais existe; e
 Imprescritível, porque jamais seria verdadeiramente superior se tivesse prazo certo de
duração, só desaparecendo o poder soberano quando se extinguir o próprio Estado.
Território:

 Com raras exceções, os autores reconhecem o território como elemento


indispensável à existência do Estado (relação de dominium), com duas
posições fundamentais:
 Opostos a essa teoria, alguns autores, como Jellinek, se utilizam da noção de
imperium (poder direto sobre as pessoas) e afirmam que o Estado tem direito
ao território apenas como um reflexo do poder exercido sobre as pessoas.
 Dando um tratamento original ao assunto, Paulo Bonavides efetua uma nova
divisão de teorias:
Sintetizando todos os aspectos fundamentais, pode-se
estabelecer algumas conclusões, sobres as quais não
há divergência:
 Não existe Estado sem território.
 O território estabelece a delimitação da ação soberana do Estado.
 O território é objeto de direitos estatais, podendo até ser parcialmente
alienado ou desapropriadas porções particulares.
 Princípio da Impenetrabilidade:
“Duas soberanias não podem conviver num mesmo espaço.”
É importante definir as limitações
espaciais do território quanto à:
 Soberania sobre o mar territorial – Por questões de segurança e,
principalmente, por motivos econômicos, como a intensa exploração do mar e
dos territórios submersos, e invocando-se ainda razões de ordem fiscal,
sanitária e ecológica, os Estado têm definido por meio de tratados
internacionais os limites da extensão de seu território sobre o mar.
 Soberania sobre o espaço aéreo – A preocupação com o espaço aéreo surgiu
com a II Guerra Mundial e só tem aumentado com a evolução tecnológica e
espacial. Uma convenção sobre a aviação civil internacional regulamentou o
direito à passagem livre “inocente” ou “inofensiva” de aeronaves sobre os
territórios estatais. Com efeito, um Estado nada pode fazer para impedir a
passagem de uma nave espacial sobre o seu território.
Povo:

A definição de “povo” deve partir da distinção de palavras aparentemente sinônimas como


“população” e “nação”.

O termo “população” é mera expressão numérica, demográfica ou econômica que abrange a


quantidade de pessoas que se achem em um território, mesmo que temporariamente.

Já “nação” retrata uma comunidade formada por laços históricos e culturais, porém sem
haver necessariamente uma vinculação jurídica.
A noção jurídica de “povo” está relacionada à vinculação obrigatória dos seus indivíduos aos
direitos e deveres estabelecidos pelo Estado. Em outras palavras, o conceito de “povo” está
diretamente relacionado com cidadania, pois seus indivíduos possuem direitos políticos,
mesmo que não façam uso dele. Pode-se dizer até que “povo é o conjunto de cidadãos do
Estado”.
Finalidade:

O Estado, enquanto sociedade política, é o meio para que os indivíduos e as sociedades


possam atingir seus respectivos fins particulares. Dessa forma, convencionou-se que a
finalidade do Estado é o “bem comum”.

Uma classificação mais genérica dos fins do Estado, estabelece uma distinção entre:

 Fins Objetivos – Dividem-se ainda em “fins universais objetivos”, que são os fins comuns a
todos os Estados e em todas as épocas, e em “fins particulares objetivos”, que são os fins
distintos de cada Estado resultantes das circunstâncias e condicionantes da sua história.

 Fins Subjetivos – Os fins do Estado são a síntese de inúmeros fins individuais, que podem
se transformar por influência vontade humana em determinada época.

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