Você está na página 1de 20

Rede CNEC de Ensino Superior

Faculdade Cenecista de Rio das Ostras

INTRODUÇÃO À ENGENHARIA
DE PRODUÇÃO

Prof. Harvey Cosenza


Pensamentos...

“Uma das regras mais importantes em que deve se pautar o


Jovem Engenheiro, e, portanto, ter sempre em mente, é que não
existe uma carreira de engenharia sem paixão.”

“Qualquer um que um dia sonhou entrar na carreira de


engenharia, de alguma forma, em algum momento, teve o
sentimento brotando em sua alma de que seria capaz, um dia, de
transformar e de fazer com que, pelo menos parte de seus sonhos,
virasse realidade.”

Eng. Wagner Victer – Presidente da CEDAE


Definição

Segundo José Roberto G. Silva, em um estudo denominado: "Uma definição


formal para engenharia" (Revista de Ensino de Engenharia ABENGE nº 17,
1997) foram levantadas trinta e cinco (35) definições de engenharia e a que ele
utilizou como a mais pertinente foi: "A engenharia é uma aplicação de
conhecimentos científicos e empíricos: é uma atividade que aplica os
conhecimentos humanos à resolução de problemas propondo soluções
técnicas utilizando as tecnologias".
O curso de Engenharia de Produção

 O curso de Engenharia de Produção tem como objetivo formar


profissionais habilitados ao projeto, operação, gerenciamento e melhoria
de sistemas de produção de bens e serviços, integrando aspectos
humanos, econômicos, sociais e ambientais.
Histórico

O quadro a seguir apresenta um resumo da evolução dos sistemas de


produção, a partir das invenções tecnológicas que os moldaram, adaptado de
Slack et all (Ed. Atlas, 2ª ed., 2002).

Ressalte-se que todas essas "descobertas" são produtos de conhecimento


acumulado por antecessores.
Histórico

Produzir é mais que simplesmente utilizar conhecimento científico e tecnológico.

É necessário integrar questões de naturezas diversas, atentando  para critérios de


qualidade, eficiência, custos, fatores humanos, fatores ambientais, etc.

 A Engenharia de Produção, ao voltar a sua ênfase para as dimensões do produto e


do sistema produtivo, veicula-se fortemente com as idéias de projetar e viabilizar
produtos, projetar e viabilizar sistemas produtivos, planejar a produção, produzir e
distribuir produtos que a sociedade valoriza.

Essas atividades, tratadas em profundidade e de forma integrada pela Engenharia


de Produção, são fundamentais para a elevação da competitividade do país.
Origem

 O quadro anterior lista importantes personagens e suas contribuições.

 Afonso Fleury em texto extraído do site da POLI/ USP trás relato das
origens da engenharia de produção, a seguir.
Origem
 Historicamente, a origem da Engenharia de Produção ocorre nos EUA, na virada do século
XIX para o século XX, inserida em um processo de avanço da industrialização e crescimento
econômico.

 Neste período, em decorrência do desenvolvimento tecnológico e expansão da rede


ferroviária de transportes, surgem as primeiras grandes corporações norte-americanas,
impulsionando a produção em larga escala e o surgimento de um forte mercado interno de
consumo.

 O aumento do porte das empresas impõe desafios de natureza tecnológica e administrativa,


exigindo uma capacitação maior para gestão da produção e dos negócios.

 No período de 1880 a 1920, vários estudos abordam a temática da busca da eficiência na


produção.
Origem

 Dentre os diversos trabalhos, destacam-se os estudos de Frederick W. Taylor (1856-1915).

 Em particular, a publicação da sua obra Princípios da Administração Científica constitui um


marco no surgimento da área de conhecimento denominada Industrial Engineering.

 Em seus estudos, Taylor analisa em detalhe o trabalho dos operários nas fábricas, buscando
identificar formas de aumentar a eficiência do trabalho humano e da própria organização da
produção.

 Na mesma época (1913), o engenheiro Henry Ford cria e introduz o conceito da Linha de
Montagem na fabricação do veículo Ford - Modelo T, na fábrica da Ford Motors em Detroit.

 A introdução da linha de montagem revolucionou o modelo de produção existente, em


virtude do grande aumento de produtividade que proporcionou.
Origem
 Paralelamente aos estudos sobre organização industrial, desenvolvem-se também
as técnicas de contabilidade e administração de custos.

 Dentre as técnicas criadas, destaca-se a análise econômica de investimentos,


dando origem à Engenharia Econômica, e difusão do uso de indicadores de
custos, giro de estoques, etc.

 Estas técnicas viabilizam a gestão eficaz de grandes corporações.

 É também na virada do século que surgem, nos EUA, os primeiros cursos de


administração (business school) e engenharia industrial, com o objetivo de
formar profissionais para gestão da produção, tanto na graduação quanto em
pós-graduação.

 Nos currículos de Engenharia Industrial, nota-se uma formação mais tecnológica,


quando comparados aos de Administração, mais orientada para a gestão de
negócios (marketing e finanças, além da administração de pessoal).

.
Origem
 Uma terceira influência no campo da Engenharia Industrial se dá já na segunda metade
do século XX, com o nascimento da Pesquisa Operacional (Operations Research), área de
conhecimento caracterizada pela aplicação do método científico na modelagem e
otimização de problemas logísticos durante a Segunda Guerra Mundial.

 Ao término da guerra, os métodos de otimização desenvolvidos foram incorporados aos


currículos de Engenharia Industrial e Transportes.

 Paralelamente e realimentando o desenvolvimento dos modelos e teoria da decisão,


verifica-se o crescimento da informática que, gradualmente, é introduzida nas
universidades e na administração de empresas.

 Este conjunto de conhecimentos relativos à Organização da Produção, Economia e


Administração de Empresas, Controle da Qualidade, Planejamento e Controle da
Produção, Pesquisa Operacional e Processamento de Dados forma o núcleo básico da
Engenharia Industrial clássica da década de 70.

 Na formação do engenheiro industrial, destaca-se também um conhecimento técnico que o


diferencia do administrador de empresas. Historicamente, os cursos de Engenharia
Industrial se aproximam da Engenharia Mecânica, provavelmente em função da maior
complexidade dos processos de fabricação e montagem mecânicos.
Origem
 Nos anos 80, os países industrializados observam o fenômeno da recuperação e
desenvolvimento econômico no Japão, país arrasado ao término da Segunda Guerra
Mundial.

 Em particular, a indústria automobilística e de produtos eletro-eletrônicos superam em


desempenho suas concorrentes norte-americanas, oferecendo produtos de melhor
qualidade e menor custo dentro do próprio EUA.

 Esta revolução baseou-se na revisão de paradigmas ocidentais de gestão da produção.

 Dois conceitos fundamentais norteiam o modelo japonês de produção: i) Gestão da


Qualidade Total (Total Quality Management - TQM) e ii) produção Just-in-time (JIT).

 O primeiro representa uma forte mudança cultural na forma de administrar a qualidade


na produção e o segundo, um esforço no sentido aumentar a flexibilidade dos sistemas de
produção de forma a viabilizar a produção em pequenos lotes com baixos custos e alta
produtividade. Evidentemente, estes conceitos foram incorporados ao campo da
Engenharia de Produção.
Origem
 Ainda preservando o título de Engenharia Industrial, nos EUA e Europa, os cursos de
graduação e pós-graduação expandem o campo de atuação para englobar, de forma
sistêmica, toda a organização da empresa industrial.

 Isto implica em estudar desde o projeto do produto, dos processos de fabricação e das
instalações, como também os aspectos estratégicos como o planejamento de investimentos,
análise de negócios, gestão da tecnologia etc.

 Nos anos 90, duas tendências se verificam. Uma consiste na integração dos diferentes elos
de uma cadeia produtiva, buscando-se um planejamento cooperativo entre empresas
clientes e fornecedoras, com vistas a oferecer produtos com alta qualidade, baixos custos e
inovadores nos diferentes mercados mundiais.

 Esta filosofia, denominada "supply chain management", tornou-se operacional graças aos
avanços na Tecnologia de Informação em curso.

 Outra tendência, diz respeito à transposição dos conceitos originários da Manufatura


para empresas do setor de Serviços.

 Nestes casos, a fronteira entre a Engenharia de Produção e a Administração de Empresas


torna-se ainda menos clara.
Origem
 No Brasil, várias Instituições de Ensino Superior oferecem cursos de Engenharia de
Produção, tanto de graduação quanto de pós-graduação (lato e estrito senso).

 Cabe destacar que a adoção aqui da denominação Produção em lugar de Industrial


(denominação clássica ainda hoje nos EUA e Europa) deve-se ao intuito de diferenciar o
curso de engenharia (nível superior) dos cursos técnicos industriais (nível médio) pré-
existentes. Atualmente, a denominação que utilizamos parece mais adequada para
representar a formação e atribuições do engenheiro que se pretende formar.

 Na graduação, os cursos de Engenharia de Produção são oferecidos, em geral, como


habilitação ou ênfase de alguma outra modalidade da Engenharia.

 Embora o mais comum seja a combinação Produção - Mecânica, encontram-se


alternativas como Produção - Química e Engenharia Civil de Produção, por exemplo."
Origem
 Podemos afirmar que os seguintes marcos tecnológicos determinaram nosso sistema sócio-
técnico e, por conseguinte a engenharia de produção:

-  A partir de meados do século XX: automação e informatização.

- Unidades lógicas nos equipamentos: máquinas passam a receber e executar


instruções pré-programadas.

- Agrupamento de máquinas controladas por computadores e desenvolvimento de


robôs industriais deu aos sistemas de produção condições para receber e transmitir
informações on-line: sistemas de fabricação flexíveis.

- Mudança de economia industrial (fabricação) para economia de informação


(conhecimento). Papel relevante dos setores de maior acumulação: alta tecnologia (micro e
nano-eletrônica, microondas, fibras óticas, lasers, novos materiais, microbiologia, etc.).
Origem
 De acordo com sua definição clássica, adotada tanto pelo American Institute of Industrial
Engineering (A.I.I.E.) como pela Associação Brasileira de Engenharia de Produção
(ABEPRO), 

"Compete à Engenharia de Produção o projeto, a implantação, a melhoria e a manutenção de


sistemas produtivos integrados, envolvendo homens, materiais e equipamentos, especificar,
prever e avaliar os resultados obtidos destes sistemas, recorrendo a conhecimentos
especializados da matemática, física, ciências sociais, conjuntamente com os princípios e
métodos de análise e projeto da engenharia".
Origem
 Esta definição ressalta a multidisciplinaridade da Engenharia de Produção.

 No entanto, não explicita suficientemente qual é o objeto de estudo próprio à Engenharia de


Produção.

 Esta enfatiza a concepção da engenharia como ciência "aplicada", cujos problemas são
resolvidos recorrendo-se aos conhecimentos das ciências "puras", das ciências sociais e aos
métodos da engenharia.

 Esta ênfase na administração e em métodos matemáticos tende a obscurecer a importância


de outros conteúdos positivos propiciados pelas ciências sociais (por exemplo, a história da
ciência e da técnica, a filosofia da técnica, a antropologia econômica, as análises econômicas
do processo de trabalho e do processo de produção, a história do trabalho e da própria
produção) que são necessários para se desenvolver uma teoria substantiva da produção.

 Esses conteúdos, constituem, além de seu caráter multidisciplinar, uma das especificidades
da Engenharia de Produção diante das outras engenharias, que determina seus conteúdos
programáticos e cuja caracterização não pode ser obtida unicamente através de ênfases.
Origem
CRONOLOGIA DE CURSOS DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO NO BRASIL:
 
-                      1931 - IDORT - Instituto de Organização Racional do Trabalho - Governo Vargas:
objetivava melhoria do padrão de vida dos que trabalham e desenvolver esforços na difusão e
introdução de processos de organização científica do trabalho e da produção.
-                      1959 - EPUSP - Curso de EP: auxílio de professores americanos.
-                      1959 - ITA - "Opção Produção" no Curso de Engenharia Aeronáutica.
-                      1957 - Universidade do Brasil (UFRJ) - Curso de Engenharia Econômica - Pós-
Graduação.
-                      1962 - PUC-RJ - 6 disciplinas de EP no currículo de Engenharia Mecânica como
optativa.
-                      1966 - PUC-RJ - Pós-Graduação (PG).
-                      1967 - COPPE/UFRJ - Pós-Graduação.
-                      1968 - USP - Pós-Graduação.
-                      1969 - UFSC - PG.
-                      1971 - UFRJ - Graduação.
-                      1972 - USP - Doutorado.
-                      1975 - UFPB - PG.
-                      1975 - UFSM - PG.
-                      1979 - UFSC - Graduação.
-                      1979 - COPPE/UFRJ - Doutorado.
-                      1979 - UFPE - PG.

Você também pode gostar