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1.

DA POSSE E SUA CLASSIFICAÇÃO


• Definição de Posse: Exteriorização do domínio: Art. 1.196.
Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício,
pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
• Posse direta e posse indireta: Art. 1.197. A posse direta, de pessoa
que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de
direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi
havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o
indireto.
• Fâmulo da posse (Criado, serviçal). Art. 1.198. Considera-se
detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para
com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de
ordens ou instruções suas.
• Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo
como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa,
presume-se detentor, até que prove o contrário.
1.1. Da Posse e sua classificação
• Composse ou posse sobre coisa
comum (Pro diviso e pro indiviso). Art.
1.199. Se duas ou mais pessoas
possuírem coisa indivisa, poderá cada
uma exercer sobre ela atos possessórios,
contanto que não excluam os dos outros
compossuidores.
• Vícios objetivos. Posse justa e posse
injusta. Art. 1.200. É justa a posse que
não for violenta, clandestina ou precária.
1.2. Da Posse e sua classificação
• Vícios subjetivos (Posse de boa-fé e posse de má-fé)
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o
vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.
• Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a
presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando
a lei expressamente não admite esta presunção.
• Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no
caso e desde o momento em que as circunstâncias façam
presumir que o possuidor não ignora que possui
indevidamente.
• Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a
posse o mesmo caráter com que foi adquirida
2. Da Aquisição da Posse
• Posse originária. Art. 1.204. Adquire-se a
posse desde o momento em que se torna
possível o exercício, em nome próprio, de
qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
• Art. 1.205. A posse pode ser adquirida:
• I - pela própria pessoa que a pretende ou por
seu representante;
• II - por terceiro sem mandato, dependendo de
ratificação.
2. 1. Da Aquisição da Posse
• Posse derivada. Art. 1.206. A posse
transmite-se aos herdeiros ou legatários
do possuidor com os mesmos caracteres.
• Posse derivada. Soma de posses. Art.
1.207. O sucessor universal continua de
direito a posse do seu antecessor; e ao
sucessor singular é facultado unir sua
posse à do antecessor, para os efeitos
legais.
2. 3. Da Aquisição da Posse
• Permissão ou tolerância. Art. 1.208. Não
induzem posse os atos de mera permissão ou
tolerância assim como não autorizam a sua
aquisição os atos violentos, ou clandestinos,
senão depois de cessar a violência ou a
clandestinidade.
• Acessórios do principal. Art. 1.209. A posse
do imóvel faz presumir, até prova contrária, a
das coisas móveis que nele estiverem.
3. Da Perda da Posse
• Perda da posse. Art. 1.223. Perde-se a
posse quando cessa, embora contra a
vontade do possuidor, o poder sobre o
bem, ao qual se refere o art. 1.196.
• Esbulho possessório Art. 1.224. Só se
considera perdida a posse para quem não
presenciou o esbulho, quando, tendo
notícia dele, se abstém de retornar a
coisa, ou, tentando recuperá-la, é
violentamente repelido.
4. Dos Efeitos da Posse
• Interditos possessórios. Posse ad interdicta Art.
1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse
em caso de turbação, restituído no de esbulho, e
segurado de violência iminente, se tiver justo receio
de ser molestado.
• Desforço possessório. § 1o O possuidor turbado, ou
esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua
própria força, contanto que o faça logo; os atos de
defesa, ou de desforço, não podem ir além do
indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
4.1. Dos Efeitos da Posse
• Exceptio domini. § 2o Não obsta à
manutenção ou reintegração na posse a
alegação de propriedade, ou de outro direito
sobre a coisa. (Súmula 487 do STF: “Será
deferida a posse a quem evidentemente tiver o
domínio, se com base neste for disputada”).
• Melhor posse. Art. 1.211. Quando mais de
uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á
provisoriamente a que tiver a coisa, se não
estiver manifesto que a obteve de alguma das
outras por modo vicioso.
4.3. Dos Efeitos da Posse
• Terceiro de má-fé. Art. 1.212. O possuidor pode
intentar a ação de esbulho, ou a de indenização,
contra o terceiro, que recebeu a coisa esbulhada
sabendo que o era.
• Servidões não aparentes Art. 1.213. O disposto nos
artigos antecedentes não se aplica às servidões não
aparentes, salvo quando os respectivos títulos
provierem do possuidor do prédio serviente, ou
daqueles de quem este o houve. (Súmula 415 do
STF: “Servidão de trânsito não titulada, mas tornada
permanente, sobretudo pela natureza das obras
realizadas, considera-se aparente, conferindo direito à
proteção possessória”).
4.4. Dos Efeitos da Posse
• Possuidor de boa-fé. Art. 1.214. O possuidor de
boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos
percebidos.
• Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo
em que cessar a boa-fé devem ser restituídos,
depois de deduzidas as despesas da produção e
custeio; devem ser também restituídos os frutos
colhidos com antecipação.
• Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais
reputam-se colhidos e percebidos, logo que são
separados; os civis reputam-se percebidos dia por
dia.
4.5. Dos Efeitos da Posse
• Possuidor de má-fé. Art. 1.216. O possuidor de má-
fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos,
bem como pelos que, por culpa sua, deixou de
perceber, desde o momento em que se constituiu de
má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.
• Perda ou deterioração da coisa. Art. 1.217. O
possuidor de boa-fé não responde pela perda ou
deterioração da coisa, a que não der causa.
• Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela
perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais,
salvo se provar que de igual modo se teriam dado,
estando ela na posse do reivindicante.
4.6. Dos Efeitos da Posse
• Benfeitorias. Art. 1.219. O possuidor de boa-fé
tem direito à indenização das benfeitorias
necessárias e úteis, bem como, quanto às
voluptuárias, se não lhe forem pagas, a
levantá-las, quando o puder sem detrimento da
coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo
valor das benfeitorias necessárias e úteis.
• Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão
ressarcidas somente as benfeitorias necessárias;
não lhe assiste o direito de retenção pela
importância destas, nem o de levantar as
voluptuárias.
4.7. Dos Efeitos da Posse
• Compensação. Art. 1.221. As benfeitorias
compensam-se com os danos, e só obrigam ao
ressarcimento se ao tempo da evicção ainda
existirem.
• Liquidação das benfeitorias. Art. 1.222. O
reivindicante, obrigado a indenizar as
benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o
direito de optar entre o seu valor atual e o seu
custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo
valor atual.
CPC – Ações Possessórias
• Princípio da fungibilidade. Art. 920. A propositura de
uma ação possessória em vez de outra não obstará a
que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção
legal correspondente àquela, cujos requisitos estejam
provados.
• Cumulação de pedidos. Art. 921. É lícito ao autor
cumular ao pedido possessório o de:
• I - condenação em perdas e danos;
• Il - cominação de pena para caso de nova turbação ou
esbulho;
• III - desfazimento de construção ou plantação feita em
detrimento de sua posse.
CPC – Ações Possessórias
• Caráter dúplice das ações possessórias. Art.
922. É lícito ao réu, na contestação, alegando
que foi o ofendido em sua posse, demandar a
proteção possessória e a indenização pelos
prejuízos resultantes da turbação ou do
esbulho cometido p
• Juízo petitório versus juízo possessório. Art.
923. Na pendência do processo possessório, é
defeso, assim ao autor como ao réu, intentar a
ação de reconhecimento do domínio.
CPC – Ações Possessórias
• Ação de força nova vesus ação de força velha. Art.
924. Regem o procedimento de manutenção e de
reintegração de posse as normas da seção seguinte,
quando intentado dentro de ano e dia da turbação ou
do esbulho; passado esse prazo, será ordinário, não
perdendo, contudo, o caráter possessório.
• Prestação de caução. Art. 925. Se o réu provar, em
qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido ou
reintegrado na posse carece de idoneidade financeira
para, no caso de decair da ação, responder por perdas e
danos, o juiz assinar-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias para
requerer caução sob pena de ser depositada a coisa
litigiosa.
CPC – Ações Possessórias
• Manutenção e reintegração de posse. Art. 926. O
possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso
de turbação e reintegrado no de esbulho.
• Requisitos para a ação possessória. Art. 927.
Incumbe ao autor provar:
• I - a sua posse;
• Il - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;
• III - a data da turbação ou do esbulho;
• IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação
de manutenção; a perda da posse, na ação de
reintegração.
CPC – Ações Possessórias
• Medida liminar. Art. 928. Estando a petição inicial
devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a
expedição do mandado liminar de manutenção ou de
reintegração; no caso contrário, determinará que o autor
justifique previamente o alegado, citando-se o réu para
comparecer à audiência que for designada.
• Pessoa jurídica de direito público. Parágrafo único.
Contra as pessoas jurídicas de direito público não será
deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem
prévia audiência dos respectivos representantes judiciais.
• Audiência de justificação de posse. Art. 929. Julgada
procedente a justificação, o juiz fará logo expedir
mandado de manutenção ou de reintegração.
CPC – Ações Possessórias
• Procedimento. Art. 930. Concedido ou não o
mandado liminar de manutenção ou de
reintegração, o autor promoverá, nos 5 (cinco)
dias subseqüentes, a citação do réu para
contestar a ação.
• Parágrafo único. Quando for ordenada a
justificação prévia (art. 928), o prazo para
contestar contar-se-á da intimação do
despacho que deferir ou não a medida liminar.
• Art. 931. Aplica-se, quanto ao mais, o
procedimento ordinário.
CPC – Ações Possessórias
• Interdito proibitório. Art. 932. O possuidor direto ou
indireto, que tenha justo receio de ser molestado na
posse, poderá impetrar ao juiz que o segure da
turbação ou esbulho iminente, mediante mandado
proibitório, em que se comine ao réu determinada
pena pecuniária, caso transgrida o preceito.
• Rito processual. Ações de manutenção e
reintegração. Art. 933. Aplica-se ao interdito
proibitório o disposto na seção anterior.
CPC – Ações Possessórias
AÇÃO DE NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA
• Art. 934. Compete esta ação:
• I - ao proprietário ou possuidor, a fim de impedir que a
edificação de obra nova em imóvel vizinho Ihe
prejudique o prédio, suas servidões ou fins a que é
destinado;
• II - ao condômino, para impedir que o co-proprietário
execute alguma obra com prejuízo ou alteração da
coisa comum;
• III - ao Município, a fim de impedir que o particular
construa em contravenção da lei, do regulamento ou
de postura.
CPC – Ações Possessórias
Embargo extrajudicial
• Art. 935. Ao prejudicado também é lícito, se o
caso for urgente, fazer o embargo extrajudicial,
notificando verbalmente, perante duas
testemunhas, o proprietário ou, em sua falta, o
construtor, para não continuar a obra.
• Parágrafo único. Dentro de 3 (três) dias
requererá o nunciante a ratificação em juízo,
sob pena de cessar o efeito do embargo.
CPC – Ações Possessórias
• DOS EMBARGOS DE TERCEIRO
• Art. 1.046. Quem, não sendo parte no processo,
sofrer turbação ou esbulho na posse de seus bens
por ato de apreensão judicial, em casos como o de
penhora, depósito, arresto, seqüestro, alienação
judicial, arrecadação, arrolamento, inventário, partilha,
poderá requerer Ihe sejam manutenidos ou restituídos
por meio de embargos.
• § 1o Os embargos podem ser de terceiro senhor e
possuidor, ou apenas possuidor.
CPC – Ações Possessórias
• Ação de dano infecto
• Art. 1.280. O proprietário ou o possuidor tem
direito a exigir do dono do prédio vizinho a
demolição, ou a reparação deste, quando
ameace ruína, bem como que lhe preste
caução pelo dano iminente.
• Art. 1.281. O proprietário ou o possuidor de um
prédio, em que alguém tenha direito de fazer
obras, pode, no caso de dano iminente, exigir
do autor delas as necessárias garantias contra
o prejuízo eventual.

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