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A importância dos primeiros 1000 dias e

Fórmulas Infantis

Allana Lacerda
Consultora Científica da Nestlé.
Os primeiros 1000 dias de vida...
Os primeiros 1000 dias de vida...
Intervalo que pode mudar radicalmente
o destino da criança, não apenas em
termos biológicos (crescimento e
desenvolvimento), mas também em
questões intelectuais e sociais.
Os primeiros 1000 dias de vida...
- Nutrição no período da gestação e nos primeiros 2 anos de vida pode
determinar efeitos, a curto a longo prazo, na saúde e no bem-estar até a
vida adulta.

- Potencial de crescimento e desenvolvimento


do indivíduo: 
- 20% fatores hereditários,
- 80% fatores ambientais como:
medicamentos, estresse, infecções,
exercícios e a nutrição.
Nutrição...
A mãe deve ter uma alimentação equilibrada e saudável tanto para o
adequado crescimento e desenvolvimento do bebê quanto para que o
corpo possa se preparar para o aleitamento. 

Na impossibilidade do aleitamento
materno, as Fórmulas Infantis são o
substituto mais adequado para os
lactentes.
A Nestlé apoia e incentiva o Aleitamento Materno
• Primeira empresa a oferecer 6 meses de licença
maternidade (antes da lei)

• Sala de amamentação

• AuxÍlio lactente apenas sob prescrição médica.

• Conforme a legislação Brasileira, só é permitida, qualquer


tipo de divulgação de informações sobre FIs, bico de
Mamadeira e Chupetas para profissionais de saúde.

LM é Sempre a Melhor Escolha!!


Mas, na impossibilidade do LM...

• Qual fórmula prescrever? Quais os critérios que devem ser utilizados?

• O que a literatura comprova?

• Quais são as evidências?


Nutrientes diferenciais das Fórmulas Infantis:

- Proteínas

- Carboidratos

- Lipídeos
PROTEÍNA
Intervenções ou exposições nutricionais em lactentes e crianças com idade até 3 anos e seus efeitos sobre o risco
subsequente de sobrepeso, obesidade e gordura corporal: uma revisão sistemática de revisões sistemáticas
B. Patro-Gołąb,1,† B. M. Zalewski,1† M. Kołodziej,1 S. Kouwenhoven,2 L. Poston,3 K. M. Godfrey,4 B. Koletzko,5 J. B. van Goudoever2,6 and H. Szajewska1

OBJETIVO: verificar as evidências


existentes sobre diferentes intervenções Exposições e/ou
Intervenções Resultado
nutricionais ou exposições em lactentes e
Consistente associação com redução de 13% no risco de desenvolver obesidade e
crianças e seus efeitos sobre a saúde Aleitamento Materno e Duração sobrepeso na infância e vida adulta. Mais potente foi a associação do tempo do
posterior, especificamente os resultados do Aleitamento Materno aleitamento. O período do aleitamento exclusivo não apresentou um potente
efeito preventivo.
relacionados ao sobrepeso e obesidade.
Fórmula Infantil - Conteúdo A redução da concentração proteica é uma intervenção promissora para reduzir o
Proteico risco de sobrepeso e obesidade futura.

MÉTODO: Foram incluídas revisões Fórmula Infantil - Prebióticos / Não há evidências científicas que demonstrem efeito imediato ou a longo prazo no
Probióticos IMC.
sistemáticas (de ensaios clínicos
Não há evidências científicas de que a ingestão ácidos graxos poli-insaturados
randomizados e / ou estudos Fórmula Infantil - DHA e ARA influencie o risco de sobrepeso e obesidade ou massa gorda no futuro
observacionais) com ou sem meta-análise. Não se encontrou evidência conclusiva correlacionando a ingestão de gordura nos
Fórmula Infantil - Lipídios
Revisões sistemáticas de revisões primeiros anos de vida e IMC na infância ou adiposidade na juventude.
sistemáticas também foram elegíveis para Fórmula Infantil de Soja Não há evidências de que o consumo de fórmula à base de soja reduz o risco de
sobrepeso ou obesidade posterior
inclusão
Não há evidência científica de que a época da introdução da alimentação
complementar possa levar o risco de obesidade futura, mesmo se a alimentação
complementar ocorrer antes dos 4 meses de idade.
Alimentação Complementar Bebidas açucaradas, não se encontrou correlação consistente entre a ingestão
destas e obesidade precoce ou a longo prazo, entretanto, os outros componentes
da dieta podem ter dificultado a análise como fator de risco.

1. Patro-Gołab B, et al. Obes Rev. 2016 Dec; 17 (12): 1245-1257.


Quantidade
Para contribuir com a redução do risco de
obesidade
é essencial a redução proteica 22
19.5 IMC Percentil 90 IMC Percentil 95
21
19.0

20
18.5

18.0 19

17.5
18

3 6 12 24 30 36 42 48 54 60 66 72 3 6 12 24 30 36 42 48 54 60 66 72

Baixa Proteína Alta Proteína Leite Materno Baixa Proteína Alta Proteína Leite Materno

“O BAIXO CONTEÚDO DE PROTEÍNA NA FI REDUZ O IMC E O


RISCO DE OBESIDADE NA FASE ESCOLAR”

Weber M, Grote V, Closa-Monasterolo R, Escribano J, Langhendries JP, Dain E, Giovannini M, Verduci E, Gruszfeld D, Socha P, Koletzko B; European Childhood Obesity Trial Study
Group. Lower protein content in infant formula reduces BMI and obesity risk at school age: follow-up of a randomized trial. Am J Clin Nutr. 2014 May;99(5):1041-51.
PROTEÍNA
É o único macronutriente a intervir na
programação metabólica. (Presença de aa essenciais)

100

Para redução da quantidade, uma melhor 80

qualidade é FUNDAMENTAL

Soro de leite: a parte mais nobre do leite 22


32
Soro do leite
Caseína
- Tempo de esvaziamento gástrico mais rápido 76

- Digestão facilitada e melhor absorção de 92

nutrientes 0 25 50 75 100

HaraguchiI FK et al. Revista de Nutrição. 2006.


Sindayikengera S. 2006.
Protein Quality Evaluation - FAO/OMS Report 1991. (Capacidade de metabolização) x10 músculo)
(Capacidade de crescer
Billeaud C et al. Eur J Clin Nutr. 1990.
Golab, 2016
Digestibilidade

Billeaud C, 1990
Processo da Proteína Nestlé
ENTRADA DO SORO DE LEITE

Remoção da Fração do GMP


Redistribuição da -Lactoalbumina
Adequação do Perfil de aminoácidos
Melhor Perfil de aminoácidos, permitindo redução do
teor proteico da FI
REATOR

SAÍDA DO SORO DE LEITE Tecnologia exclusiva para


MODIFICADO desmineralização e extração do
Gluco Macro Peptídeo (GMP)
Proteína Nestlé

Bachmann C and Haschke-Becker E. Plasma amino acid concentrations in breast-fed and formula-fed Infants and reference intervals.
Infant Formula: Closer to the Reference. Nestlé Nutrition Workshop Series Pediatric Program vol 47 Supplement. Nestec
Ltd/Lippincott Willians & Wilkins.2002;121-137.
PROXIMIDADE COM O LEITE MATERNO Treonina

Diferença (%)
entre os
aminoácidos
Leucina Valina
insulinogênicos
de NAN Supreme
comparado ao
leite materno LM
NAN Supreme
Concorrente
Isoleucina
CARBOIDRATOS
CARBOIDRATOS

L AC TOS E
O É 10 0 %
M AT E R N
O LEITE

E possui em sua composição 2X mais lactose do que o leite de vaca...


A LACTOSE...
• Ajuda na absorção de cálcio.

• Ajuda a alimentar e promover as bifidobactérias presentes no intestino do


bebê;

• É o açúcar menos cariogênico (provoca um efeito menos prejudicial que a


glicose, a sacarose ou a frutose);

• Enzima lactase é dose-dependente = lactose, produção de lactase.

• Todos os bebês nascem com a capacidade de digerir a lactose, com a


lactase presente em seu sistema digestivo;
EFEITO BIFIDOGÊNICO -
LACTOSE
LACTOSE Substrato essencial para o
crescimento de bifidobactérias

ÁCIDO LÁTICO ÁCIDO ACÉTICO

 pH fecal (baixa capacidade de tamponamento)

Promove  das bactérias bífidas



e  das bactérias patogênicas (E.Coli)
Yazawa, Kouhei; Tamura, Zenzo , 1981
Por falar em efeito bifidogênico, quanto aos prebióticos....
Oligossacarídeos do Leite Materno (HMOs)

Leite materno Componentes HMOs


sólidos

Macronutrientes,
Micronutrientes e
HMO Os níveis de HMO variam
entre 20 e 25 g/L no
colostro e 5 e 15 g/L no
leite maduro

Água
Oligossacarídeos do Leite Materno (HMOs)

Funções biológicas dos HMOs:

Antimicrobianos antiadesivos
Moduladores do sistema imunológico
Moduladores da resposta celular do epitélio
intestinal
Proteção contra enterocolite necrosante
Nutrientes para o desenvolvimento cerebral
Prebióticos

 LM ou FI suplementados com HMO


previnem a lesão intestinal, enquanto
dietas com fórmula com ou sem
oligossacarídeos sintéticos não conseguem
impedir a lesão intestinal.

Front. Immunol., 28 February 2018 | https://doi.org/10.3389/fimmu.2018.00361


Schanler, J.S. Em tempo: leite humano é a estratégia alimentar para prevenir a enterocolite necrosante. 2015
Oligossacarídeos do Leite Materno (HMOs)

 Não existe semelhança estrutural entre galactooligossacarídeos (GOS) ou frutooligossacarídeos


(FOS) e HMOs.

 GOS e FOS não contêm fucose, ácido siálico ou N-acetil-glucosamina, componentes característicos
dos HMOs.

 GOS e FOS não são HMOs, assim como também não são encontrados no leite materno.

ß1-3
± ß1-4
Larger oligosaccharides ß1-6 ß1-4
ß1-4
GOS ± ß1-3
ß1-3 n n
ß1-6
ß1-4

Fucosyllactose α1-2
ß1-2
FOS ß1-4
n n α2-3
Sialyllactose
Enquanto não temos HMOs nas fórmulas
comercializadas no Brasil, a indústria utiliza GOS e
FOS como prebióticos.
GOS e FOS

- De acordo com ESPGHAN e SBP, os tipos de prebióticos seguros e eficazes para os


lactentes são Frutooligossacarídeos (FOS) e Galactooligossacarídeos (GOS), na relação 9:1
e em quantidade máxima de 8g/l.

- Há trabalhos mostrando que concentrações de 0,24 g/100mL apenas de GOS ou 0,3


g/100mL de FOS já teriam efeito prebiótico. FIs Nestlé possuem 0,4g/100mL.

- Em uma metanálise (Rao et al, 2009) observou-se que os efeitos da utilização das
fórmulas infantis com prebióticos já podem ser verificados com 2 semanas de uso. O
efeito dura enquanto a fórmula estiver sendo utilizada.

- Deve-se levar em consideração que a partir do 6º mês existe a influência da alimentação


complementar e a fórmula com prebióticos é um dos fatores que auxiliará no alívio dos
sintomas de constipação.
FI COM 4g/L DE GOF/FOS
FEZES MACIAS, SIMILARES ÁS DE LACTANTES
AMAMENTADOS
70

60

50

Duras
40 Formadas
% Dias

Macias
30 Liquidas
Aquosas

20

10

0
Fórmula Teste Fórmula Controle Alimentação Mista Leite Materno

da Costa Ribeiro H Júnior, Ribeiro TC, de Mattos AP, Pontes M, Sarni RO, Cruz ML, Nogueira-de-Almeida CA, Mussi-Pinhata MM, de Carvalho Norton R, Steenhout P. Normal Growth of Healthy Infants Born from
HIV+ Mothers Fed a Reduced Protein Infant Formula Containing the Prebiotics Galacto-Oligosaccharides and Fructo-Oligosaccharides: A Randomized Controlled Trial. Clin Med Insights Pediatr. 2015 Mar
9;9:37-47
• As fezes dos lactentes com FI com prebioticos tiveram um maior
número e proporção de bifidobactérias que o grupo controle.

• O pH fecal foi significativamente menor nos bebês que


consumiram FI com prebioticos e amamentados que nos bebês
do grupo controle.

• As diferenças de fórmula não alteraram os atributos fecais


(frequência, consistência, cor ou odor), nem a incidência
percebida de choro, agitação, cólicas, regurgitações, vômitos e
frequência de flatulência.

• Em conclusão, alimentar lactentes saudáveis a termo com uma


fórmula de soro do leite parcialmente hidrolisada com 4 g/L de
GOS/FOS resulta em uma modificação da microbiota intestinal
que se assemelha mais á dos lactentes amamentados.
LIPÍDIOS
Lipídios do Leite Materno

 Composição de ácidos graxos específica  influência geográfica, diferenças nos hábitos alimentares
maternos e fases de lactação
 Aproximadamente 4 g de gordura/100mL  Fornecem + de 50% da energia  lactente

Composição
22%
30% Ácido Oleico
a
Ácido Palmítico

6% Ácido Láurico
98% ios
os Fosfolipíd
g li c e ríd e Mirístico
Tri 0,26 – 0,8
%
7%
l
Colestero Esteárico
4%
0,25 – 0,3
20%
15% TCM - LC Pufas - Linoleico

Zou, 2016
Estrutura do Ácido Palmítico e Digestão dos TGLs

 O Leite Materno possui uma estrutura única de TGL conforme a posição do ácido palmítico
 50% do ácido palmítico do LM está esterificado na posição sn-2
 A maioria das FIs utiliza uma mistura de óleos vegetais ricos em ácido palmítico esterificados (80%) na
posição sn-1 e sn-3

Baixa absorção, fezes


duras, perda de
energia e perda de
cálcio

Zou, 2016 / Petit, 2017


Importance of the regiospecific distribution of long-chain saturated fatty acids on gut
comfort, fat and calcium absorption in infants
Valérie Petit *, Laurence Sandoz, Clara L. Garcia-Rodenas
Official Journal of the International Society for the Study of Fatty Acids and Lipids

Adicionar lipídios estruturados com o ácido palmítico na posição sn-2:


Estudos mostraram redução na excreção fecal de ácido palmítico com TGL estruturado, mas
forneceram resultados inconsistentes na absorção de gordura, excreção fecal de Ca e
consistência das fezes em lactentes saudáveis.

Reduzir a quantidade de óleos vegetais com alto teor de ácido palmítico


Vários estudos consistentes documentaram os efeitos dessas fórmulas na absorção de AGs e Ca,
bem como na consistência das fezes, em bebês saudáveis com padrões normais de defecação.
33
Falando de ácidos graxos essenciais....
Papel dos AGs polinsaturados
• Rápido crescimento e desenvolvimento do feto ocorre durante a gestação e
primeiros anos de vida;

• Nesse período, ocorre grande desenvolvimento cognitivo, motor e visual;

• Lactentes, não conseguem sintetizar ômega-3 e ômega-6, necessários para


crescimento de diversos sistemas especialmente visual e cerebral.

• O aleitamento materno possui perfil lipídico muito importante para auxiliar este
desenvolvimento;

Koletzko,352008
Metabolismo dos AGs
Qual a proporção adequada de DHA e ARA?

Docosahexaenoic and arachidonic acid concentrations in human


breast milk worldwide
J Thomas Brenna, Behzad Varamini, Robert G Jensen, Deborah A Diersen-Schade, Julia A Boettcher, and
Linda M Arterburn

• Meta análise com 65 estudos, totalizando 2474 mães


em diversos países para verificar concentração de DHA
e ARA no leite materno.

• Verificou-se que a concentração, em média, encontrada


de DHA=0,32% ±0,22% e ARA=0,47% ±0,13%.

• As concentrações variam em % e em proporção


DHA:ARA conforme localidade e dieta materna.
Am J Clin Nutr 2007 37
The DIAMOND (DHA Intake And Measurement Of Neural Development) Study: a double-
masked, randomized controlled clinical trial of the maturation of infant visual acuity as a
function of the dietary level of docosahexaenoic acid
343 lactentes
• Estudo duplo-cego,
randomizado;
85 lactentes 83 lactentes 84 lactentes 87 lactentes
• 343 lactentes sadios, a termo,
alimentados com fórmulas Todos que
suplementadas com DHA e Sem DHA 0,32% DHA 0,64% DHA 0,96% DHA receberam DHA,
receberam ARA
ARA; (0,64%)
• 244 Lactentes que terminaram
56 64 aos 12 59 aos 12 65 aos 12
o estudo tiveram a acuidade completaram meses meses meses
visual medida aos 12 meses.
Conclusão:
Bebês que receberam fórmula sem DHA tiveram resultados piores no teste
(p<0,001); Am J Clin Nutr 2010

Não houve diferença entre os 3 grupos suplementados.


Para concluir, as evidências apontam:
• Há importância na redução proteica das fórmulas, associada à uma melhor
qualidade dessa proteína (com garantia de crescimento e desenvolvimento).

• Lactose é importante para o desenvolvimento e manutenção da microbiota


intestinal.

• FOS e GOS são prebióticos seguros que auxiliam na consistência das fezes e efeito
bifidogênico.

• Ofertar w3 e w6 é obrigatório, mas FIs com DHA e ARA apresentam melhores


resultados do que as que não têm.

• Reduzir as fontes vegetais de ácido palmítico auxilia na absorção de Ca e AG bem


como a consistência das fezes.

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