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Ricardo Rabelo Eustachio

Universidade de São Paulo


Faculdade de Odontologia de Bauru

A nálise do tratamento de recessões gengivais múltiplas com enxerto de tecido conjuntivo


subepitelial removido de área palatina com predominância de lâmina própria e predominância de
submucosa

Orientadora: Profª. Drª Mariana Schutzer Ragghianti Zangrando


Etiologia
Gottlieb and Orban (1933)
Etiologia

• Erupção Dentária Passiva RECESSÃO GENGIVAL

• Erupção Dentária Ativa JCE fica exposta à cavidade oral,


mas o nível gengival contina inalterado

Gottlieb and Orban 1933 ; Watson, 1984, Jati et al., 2016


Gottlieb and Orban (1938)
Etiologia
• Fisiológica
Recessão Gengival
• Patológica

Resultado da erupção passiva


Aceito por Williams, 1949; Garguilo et al., 1961; Gilckman, 1964
• Fatores anatômicos
Etiologia Presença de deiscências e fenestrações Watson 1984, Jati 2016

• Fatores fisiológicos
Erupção dentária passiva e ativa (idade) Gottlieb and Orban 1933, 1938;
Watson, 1984; Jati et al., 2016

• Fatores patológicos
Podem agir como fatores causais em pacientes com perfil periodontal fino Addy;
Griffiths, 1987
Inflamação induzida por placa Baker; Seymour 1976
Presença de DP (POI) Baelum, 1986, 1988; Löe et al., 1992; Cairo 2017
Trauma mecânico Gorman 1967, Vekalahti 1989
Etiologia Tratamento ortodôntico

• Fator etiológico fisiológico adquirido Joss-Vassali 2010

• Causa iatrogênica Zachrisson 1997

• Fator indutor da formação de deiscências Jati 2016, Joss-Vassali


2010
RG e Deiscência óssea:

“Buccal or facial alveolar bone defect involving an


alveolar margin 3 mm or greater and concurrent with a
V‑shaped BM”

“Bemimoulan and Curilovie (1977) examining patients


during surgical procedures, found a correlation between
gingival recession and associated bone dehiscence”

“Whenever bone loss is limited to a single tooth


surface,usually the buccal one, bone defect is best
known as dehiscence”
Etiologia
Etiologia Fatores de risco locais

• Largura e espessura da mucosa ceratinizada

• Espessura óssea

• Raízes proeminentes ou girovertidos

• Inserção e posicionamento de freios e bridas

Novaes 1978, Rubem 1978, Waerhaug 1979


Epidemiologia

Acomete mais da metade (51,6%) da população entre 18 e


64 anos Susin, 2004

Quando analisada a população acima de 65 anos, esse


percentual sobe para 88% Kassab, Cohen, 2003
Classificação

A: Classe I, B: ClasseII, C: Classe III, D: Classe IV Zucchelli; Mounsiff 2015


Tratamentos
*Diferentes retalhos

Diferentes técnicas

*Diferentes enxertos / substitutos teciduais

*Diferentes produtos biológicos


Literatura ETCS associado ao deslize coronal do retalho

Padrão ouro no recobrimento de superfícies radiculares em


recessões gengivais unitárias classe I e II de Miller Chambrone et
al., 2008; Zuhr; Hürzeler, 2014; Bertl et al., 2015

No entanto, variações em relação ao sítio de escolha


(Zuhr; Hürzeler, 2014) e à técnica (Bertl et al, 2015) para a remoção,
podem influenciar em suas características geométricas, anatômica
e principalmente histológicas
Harris, 2003; Zuhr; Hürzeler, 2014; Bertl et al., 2015

Estabilidade do volume do enxerto e processo fisiológico de


revascularização Harris, 2003; Zuhr et al., 2014; Bertl et al., 2015
Literatura Diferentes tipos de ETCS Zuhr; Hürzeler, 2014
Literatura - ETCS bisturi de lâmina dupla (BLD) (Harris RJ, 1992)

- ETCS desepitelizado (DE) (Bosco; Bosco , 2007; Zucchelli et al, 2010)

(BLD)

X
(DE)
Proposição Verificar se há diferenças nos resultados clínicos após 6 meses
entre entre os grupos (BLD) e (DE)

Realizar análise centrada no paciente (dor, desconforto e


estética) e avaliação por periodontistas (estética)

BLD DE

X
Técnicas ETCS desepitelizado (DE) (Bosco & Bosco , 2007; Zucchelli et al, 2010)

-
Técnicas ETCS desepitelizado (DE) (Bosco & Bosco , 2007; Zucchelli et al, 2010)

Enxerto mais denso, com presença de fibras colágenas


mais organizadas e relativamente menor quantidade de
tecido adiposo/glandular Zuhr et al, 2014; Bertl et al, 2015

Maior estabilidade volumétrica e risco de necrose Zuhr; Hurzeler 2014

Aumento do volume do rebordo alveolar


Técnicas ETCS bisturi de lâmina dupla (BLD) (Harris RJ, 1992)
Técnicas ETCS bisturi de lâmina dupla (BLD) (Harris RJ, 1992)

Enxerto menos denso, com presença de fibras colágenas


mais desorganizadas e relativamente maior quantidadde
tecido adiposo/glandular da camada submucosa
Zuhr et al, 2014; Bertl et al, 2015

Menor estabilidade estabilidade volumétrica, mas com


revascularização mais rápida
BLD DE
ETCS desepitelizado (DE) (Bosco & Bosco , 2007)

-
ETCS bisturi de lâmina dupla (BLD) (Harris RJ, 1992)
Técnicas Independente da técnica de remoção utilizada:

• Quantidade adequada de tecido

• Com menor morbidade pós-operatória

• Evitando riscos ao paciente

(Zucchelli et al, 2010; Zuhr et al, 2015)


Metodologia Critérios de inclusão:

• Pacientes saudáveis com idade entre 18 e 70 anos

• Diagnóstico de recessões gengivais múltiplas bilaterais classe I ou


II de Miller. Pelo menos uma recessão ≥2mm

• Superfícies radiculares sem lesões que necessitassem de


procedimentos restauradores

• Ausência de dentes girovertidos, extruídos ou com mobilidade


Metodologia Critérios de exclusão:

• Tabagistas, gestantes/lactantes, pacientes com baixo índice


de higiene oral ou com hábitos parafuncionais

• Pacientes com histórico de DP ou formação de abscessos


recorrentes

• Pacientes anteriormente submetidos a cirurgias na mesma área

• Pacientes que fazem uso de medicamentos anticonvulsivantes,


anti-hipertensivos e imunosupressores
Técnica de Zucchelli e De Sanctis (2000)

Protocolo Cirúrgico
Sítio receptor
Protocolo Cirúrgico
Sítio receptor

Técnica de Zucchelli e
De Sanctis (2000)
Sítio doador: variação das técnicas BLD e DE

BLD DE
Protocolo Cirúrgico
Sítio doador

Créditos: Prof. Dr. Rodrigo Nahas


Variação das técnicas BLD e DE
BLD DE
Ferida cirúrgica no
sítio doador
Metodologia Parâmetros clínicos avaliados:
Profundidade de sondagem (PS) PR

NCI
Profundidade da recessão (PR) PS

Nível Clínico de Inserção (NCI)

Largura da recessão (LR)

Faixa de mucosa ceratinizada (FMC)

Espessura da mucosa ceratinizada (EMC)


Harris, 2003; Zucchelli, 2010

Porcentagem de CRR
Taxa de recobrimento radicular (TRR)
Avaliação pelo paciente

Metodologia
Avaliação pelo periodontista

Metodologia
Metodologia Avaliações e controles pós-cirúrgicos

• Realizadas nos períodos inicial, 7,14, 30 dias e 6 meses

• Aos 7 dias pós-cirúrgicos, as suturas da área doadora foram


removidas, enquanto as do sítio receptor aos 14 dias

• A avaliação de dor/morbidade foi relizada ao final de 7 dias


pós-cirúrgicos
Metodologia Análise Estatística (análise inter e intragrupo)

PS, PR, NCI,LR, EMC, FMC TRR e CRR

ANOVA 2 critérios de medidas repetidas Shapiro-Wilk

Tukey Wilcoxon

O software estatístico utilizado foi o Statistica 10.0


Relato de caso
Resultados

BLD DE
Resultados
• 21 pacientes analisados ao final do estudo (12F e 8M)

• 84 sítios com recessões gengivais sob intervenção cirúrgica


Resultados
Resultados
Parâmetro Grupo (DE) (mm) Grupo (BLD) (mm)
Clínico/Tempos

Resultados PS
Inicial 2,12±0,76 1,78±0,48
6 meses 2,21±0,80 2,26±0,92
Diferença 0,09±1,07§ 0,48±0,93§

PR
Inicial 2,62±0,97 2,76±0,86
6 meses 0,55±0,71 0,67±0,70
Diferença 2,07±0,83§ 2,09±0,72§

NCI
Inicial 4,74±1,45 4,54±0,91
6 meses 2,76±1,07 2,93±1,25
Diferença 1,98±1,29§ 1,61±1,15§

LR
Inicial 3,48±1,02 3,67±1,02
6 meses 1,62±1,38 1,26±1,44
Diferença 1,86±1,49§ 2,41±1,12§

EMC
Inicial 1,18±0,41 1,13±0,46
6 meses 1,82±0,52 1,68±0,59
Diferença 0,64±0,40§ 0,55±0,47§

FMC
Inicial 2,73±1,37 2,74±1,26
6 meses 3,57±1,08 3,36±1,47
Diferença 0,84±1,03§ 0,62±1,41§
Resultados Análise centrada no paciente:

Diferença estatisticamente significante entre os grupos

Dor/morbidade (7 dias pós-cirúrgicos)


BLD (4,66±2,31) DE (7.86±1.24)

• Não houve diferença em relação à estética avaliada tanto


pelo paciente quanto pelo periodontista

• Houve diferença na análise da melhora estética após 6 meses


em relação ao período inicial
Conclusão
• Ambos apresentaram resultados clínicos e estéticos satisfatórios

• DE possui maior tendência para ganho de tecido ceratinizado

• A morbidade do paciente deve ser levada em consideração durante o processo de


escolha envolendo procedimentos cirúrgicos
Implicações Clínicas
Conclusão

• Espessura do palato

• Operador

• Morbidade do paciente
Muito Obrigado FOB/USP

ricardorabelo@usp.br

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