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LOGÍSTICA FLORESTAL

DISCIPLINA: MÓDULO I – Logística de Abastecimento

PROFESSOR: RENATO CESAR GONÇALVES ROBERT


Renato Cesar Gonçalves
Robert
Organizador

Logística Florestal
Logística de Abastecimento

1ª Edição

Curitiba
Edição do Autor
2019
Índice
1. Introdução

2. Operações Florestais Componentes da Cadeira de


Suprimento da Madeira Provenientes de Florestas
Plantadas

3. Carregamento

4. Caracterização de Veículos de Transporte

5. Controle e Monitoramento de Operações Logísticas

6. Controle e Monitoramento de Operações Logísticas

7. Gestão de Operações de Pátio


Agradecimentos
Nossos agradecimentos são para todas as colegas do Programa de
Educação Continuada em Ciências Agrárias (PECCA) da Universidade
Federal do Paraná que acreditaram na nossa proposta.

Este material foi desenvolvido em coordenação do Laboratório de


Abastecimento e Mecanização Florestal da UFPR e esta edição é a versão
preliminar para um conjunto de três edições da Logística Florestal:
Logística de abastecimento, logística industrial e logística de distribuição.
Esta versão preliminar tem o intuito de fomentar a utilização deste material
de modo a criar e apresentar novas considerações ligadas as operações
logísticas ligadas a atividade florestal.

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1 Introdução

RENATO CESAR GONÇALVES ROBERT

Qual a aplicação ideal da colheita florestal de precisão para o meu


empreendimento? Quais a implicações da infraestrutura na logística
florestal? Em que condições deve ser adotada uma estratégia de
determinada logística inbound? Qual é o controle de transporte ideal? Estas
são perguntas que envolvem as operações que compõem a logística de
produção florestal e constantemente vem se tornando objeto de busca por
atualidades por parte de grandes empreendimentos florestais. As principais
características e as variáveis que influenciam a logística devem ser
conhecidas pelos profissionais da área florestal, visto que as operações de
colheita, transporte, carregamento, descarregamento, controle de pátio e
medição integradas a infraestrutura de abastecimento e distribuição
fornecem um número muito grande de informações a serem gerenciadas.
Empresas atualmente buscam por opções de tecnologia que garantam com
mais acuracidade os números que envolvem a colheita de madeira desde
o corte até a entrega do produto ao cliente antes da produção e até mesmo
na distribuição do produto após a manufatura.
Grande parte do sucesso logístico de um empreendimento e até
mesmo de uma nação depende em sua grande parte da infraestrutura.
Existem três fatores que compõem o desempenho competitivo de um
sistema: os fatores internos à empresa, os fatores estruturais e os fatores
sistêmicos. Neste guia pretendemos abordar especificamente alguns
fatores internos à empresa e alguns fatores sistêmicos. Os fatores
estruturais que são relacionados ao mercado, concorrência e configuração
da indústria não serão abordados aqui, pois suas implicações relacionadas
a logística podem ser alteradas em razão de mudanças extremamente
bruscas e de grande impacto a uma empresa.
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Os fatores internos à empresa são basicamente: estratégia e
gestão, capacidade produtiva e tecnológica e recursos humanos. Neste
guia abordaremos a gestão nos capítulos relacionados a baixos níveis de
competitividade que estão atrelados a muitos fatores impeditivos ao
sucesso e não somente a baixa qualidade da infraestrutura. Deste modo,
várias áreas da ciência florestal são partes constituintes da logística
inbound, também conhecida por logística de abastecimento ou suprimento
de produtos de origem florestal, em especial a madeira.

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Operações Florestais Componentes da
2 Cadeira de Suprimento da Madeira
Provenientes de Florestas Plantadas

RENATO CESAR GONÇALVES ROBERT

De maneira geral, sob a ótica da logística florestal, o abastecimento


florestal ou o suprimento florestal são o conjunto de operações integradas
ou não que visam a formação de uma floresta e o seu aproveitamento final
a partir dos produtos oferecidos por estas florestas. Geralmente estes
produtos são a madeira em toras, mas também é possível a obtenção de
outros produtos como: resinas, folhas, biomassa de galhos e ramos, dentre
outros.
Para a logística de abastecimento florestal também se dá o nome de
Inbound Logistics ou quando focada em madeira Wood Supply Chain, onde
além dos produtos e materiais que constituem a cadeia logística, também
são consideradas as operações florestai de diferentes naturezas realizadas
no propósito de abastecer uma fábrica ou indústria com matéria prima
proveniente de florestas plantadas ou nativas.
Do mesmo modo que a logística inbound abastece uma indústria, a
logística industrial ou logística interna que é mais ligada a engenharia de
produção e linhas de produção industriais é considerada uma das
integrantes da logística florestal. A partir da industrialização do produto
florestal, seja ele painéis de madeira, bobinas de celulose, papel, madeira
serrada dentre outros; é necessário que dentro da denominada logística
florestal seja dada a atenção ao processo de distribuição dos produtos
industrializados com a logística de distribuição ou logística outbound. A
integração das três logísticas compõe a tríade da cadeia produtiva que

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compõe a logística florestal: logística inbound, logística industrial e logística
outbound (Figura 1).

Figura 1: Composição da Logística Florestal.

A formação de uma floresta plantada é composta por inputs


operacionais que contribuem para o seu desenvolvimento sendo estes
inputs semelhantes aos encontrados nas definições encontradas por
Jetzke, 2007 e Koether, 2011; onde para o processo logístico os inputs
operacionais dentro do processo são substanciais para a construção e
produção dos produtos finais da cadeia logística, no caso de florestas
plantadas, madeira, seus subprodutos e outros produtos não madeiráveis.
Considerando que dentre as áreas da ciência florestal, algumas
possuam o cunho operacional, ou seja de uma ação de um poder, de uma
faculdade, de um agente que produz um efeito. Dentro da formação de uma
floresta plantada podemos citar algumas operações realizadas com o
intuito de criar uma floresta sadia e com volume ideal para seu melhor
aproveitamento, ou seja, operações de input na logística inbound ou
logística de abastecimento (Figura 2). A seguir são apresentadas as
principais operações de input para a formação de uma floresta plantada em
uma tendência cronológica de ocorrência.

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Figura 2: Operações realizadas na logística inbound.

Operações de Viveiro e Produção de Mudas Florestais

Nestas operações são consideradas todas as atividades relacionadas


a produção de material reprodutivo como por exemplo sementes e mudas
florestais. As operações de viveiro e produção de mudas florestai por si
também possuem seus inputs internos podendo citar: substrato, tubetes,
água, viveiristas, dentre outros. Deste modo é possível compreender a
abrangência que a logística florestal tem dentro do seu conceito e sua
definição.
Considerando isto é possível afirmar que o viveiro florestal de uma
empresa é parte integrante da logística florestal da empresa e
especificamente está relacionado a logística inbound da empresa. Podem
ser consideradas o primeiro passo para a produção de uma floresta
plantada visto que podem ser incluídas as atividades de coleta de
sementes.

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Operações Silviculturais

As operações silviculturais são as mais dinâmicas e importantes para


a formação de uma floresta plantada quando avaliadas sob o valor de
investimento realizado nestas operações. Apesar de não serem 100%
mecanizadas, atingir cada vez mais um maior grau de mecanização é
considerado como um dos maiores desafios para o setor florestal brasileiro.
Desde o plantio até a necessidade ou não de podas/ desramas e desbastes
a influência das operações silviculturais estará atrelada diretamente a
qualidade das árvores e da floresta.
A silvicultura envolve um grande número de pessoal atuando
diretamente nas operações de plantio, coroamento, coveamento, combate
a formigas dentre outras. Por esta razão necessita de uma atenção especial
quanto a logística de transporte de pessoal e de produção por hectare em
razão das implicações e variáveis relacionadas a suas atividades. A
interação entre as operações de colheita também é de fundamental
importância, uma vez que ambas são clientes internos da empresa florestal,
de modo que a silvicultura oferece a partir da qualidade das suas operações
e consequentemente das árvores e da floresta, melhores condições para a
realização da colheita florestal. Por outro lado, a colheita florestal bem
realizada interfere diretamente na necessidade ou não de retrabalhos ou
maior investimento na silvicultura, podendo citar como exemplo a adoção
do sistema de colheita de toras curtas em detrimento do sistema de árvores
inteiras. Enquanto um deixa a área colhida com um maior número de
resíduos como galhos, ramos e folhas o outro retira boa parte destes até a
beira da estrada, influenciando deste modo a silvicultura a ser realizada
para a rotação seguindo após um corte raso.
Além das operações silviculturais serem de grande movimentação de
mão de obra e de necessidade de bom planejamento as mesmas podem
ser consideradas como operações de colheita florestal quando são
realizados desbastes em uma floresta. Na opção por realização de
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desbastes sistemáticos, seletivos ou mistos estes são considerado uma
intervenção silvicultural por intermédio de uma operação de colheita
florestal.

Operações de Dendrometria e Inventário

Nestas operações podem ser consideradas as intervenções de


cubagem e medição de parcelas amostrais nos plantios florestais. Apesar
de ser de pouco impacto visual, podem ser consideradas operações de
obtenção de dados dendrométricos, sendo necessárias técnicas e
planejamento adequados para a melhor estimativa de dados referentes a
produtividade florestal do plantio.

Operações de Proteção Florestal

Nas operações de proteção florestal podemos considerar que estas


estão praticamente em combinação com alguns tratos silviculturais como
por exemplo o combate a formigas. Entretanto o combate a pragas
necessita de atividades de fumigação, aplicação de herbicidas, entre outras
que inferem na entrada por parte de trabalhadores nos talhões com o
objetivo de aplicar produtos que venham a combater pragas florestais. Por
tratar se de uma atividade que contribui para o crescimento dos plantios
florestais as operações de proteção florestal necessitam de planejamento,
supervisão e controle.

Operações de prevenção e controle de incêndios Florestais

Como incêndios florestais ocorrem em decorrência de condições que


venham a facilitar estes eventos como: períodos de seca, existência de
material combustível e agentes causadores podendo ser: raios (descargas
elétricas atmosféricas, comuns nas nuvens tipo CB); incendiários ( fogo
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atado por vingança ou desequilíbrio mental (piromaníaco)); queimas para
limpeza( na agricultura, nas pastagens ou em reflorestamento);
fumantes (fósforos e pontas de cigarros acesos, atirados ao chão da
floresta); fogos campestres ( fogueiras em acampamentos, caçadas ou
pescarias); outras operações florestais (trabalhadores florestais em
atividade); estradas de ferro (atividades das estradas de ferro) e outras (
balões de festas juninas; efeito-lente de cacos de vidro; etc).

Operações de Infraestrutura Florestal

A infraestrutura e sua construção não pode estar atrelada


cronologicamente a um projeto florestal como pré ou pós operações de
plantio por exemplo, pois ela estará ligada ao histórico de caminhos
anteriores pré existentes e a necessidade ou não de abertura de estrada
para colheita por exemplo. Deste modo inserimos a infraestrutura como
operações transversais a todas operações florestais componentes da
logística inbounb. Definir Infraestrutura Florestal em alguns termos
técnicos, é uma tarefa complicada. Para alguns autores, estradas florestais
possuem caráter social representativo nas regiões onde estão alocadas.
Segundo Malinovski et al. (2004), estradas florestais são um tipo de
investimento que deve atender de forma 13 abrangente aos aspectos
sociais, apresentando exequibilidade técnica, definidas através do melhor
traçado com o menor custo de implantação e manutenção, com vistas a
reduzir os efeitos danosos ao ambiente. Braz (1997) conceitua rede viária
florestal como estruturas ou formas fundamentais de caminhos lançados
sobre uma área florestal com relação a união ou ligações entre si.
“Faixa de terreno com características geométricas especiais,
sistematizada e com piso preparado que serve para a circulação de
veículos automotores. ” Definição de Estrada
Para Dietz (1983), rede viária é o conjunto de todas as vias que
permitem acesso às áreas florestais isoladas; acesso para o transporte de
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material e transporte dos produtos gerados. Rede viária florestal são todas
as vias que servem para dar acesso ás áreas florestais no sentido de
viabilizar a implantação, a exploração e o transporte de material ou produto
florestal, Machado e Malinovski (1986). Portanto inserida a rede viária é
possível considerar outras estruturas funcionais que apoiam as operações
florestais como acampamentos, módulos de operação, entre outros.
Infraestrutura florestal então pode ser o conjunto de vias de acesso a
floresta e suas obras de arte (bueiros, caixas de contenção, camaleões,
pontes, sarjetas e etc), incluindo edificações (acampamentos, áreas de
módulo, guaritas, etc), que conectam áreas de atividade florestal,
possuindo relevância socioeconômica nas regiões onde estão inseridas e
atendendo as necessidades operacionais do setor de produção florestal.
De acordo com o que afirma Moro, 2016, apesar da alta importância
da infraestrutura florestal, em boa parte das empresas, estradas não
recebem um investimento de análise e planejamento técnico como
deveriam. A ausência de planejamento prévio implica em atropelos das
atividades de infraestrutura, gerando má qualidade da via construída ou
reformada. Por sua vez, não conhecer os rendimentos das operações de
construção e manutenção de estradas culmina no descontrole do processo,
podendo gerar custos elevados. O controle de rendimentos individuais em
operações com estradas florestais é de grande relevância para o processo
florestal. A ausência de ferramentas e parâmetros de apoio a áreas de
infraestrutura florestal está atrelada à diversidade nas atividades de
planejamento e construção de estradas florestais no Brasil, podendo-se
destacar as diferentes condições edafoclimáticas, circunstâncias
ambientais, cenários econômicos e conjunturas sociais, culminando em
processos de formação de infraestrutura totalmente diferentes.
Entretanto existem empresas que realizam investimentos na
construção de estradas gerando obras de arte com boas condições de
construção técnicas e funcionais como passagens a vau, por exemplo
(Figura 3).
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Figura 3: Passagem de água a vau em cruzamento de rio construída com concreto.

As operações de infraestrutura são realizadas a partir de um


planejamento prévio e necessidade de abertura ou manutenção de
estradas florestais. Basicamente as operações são: construção de
estradas, manutenção de ramais e estradas vicinais, extração e transporte
de cascalho e serviços de apoio. Entretanto existem outras operações que
são definidas individualmente por cada empresa e podem ser mais ou
menos completas que as acima citadas.
Como exemplo são apresentadas na figura 4 abaixo algumas
máquinas e suas operações relacionadas a infraestrutura florestal.

Figura 4: Operações e máquinas relacionadas a infraestrutura florestal.

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O investimento em infraestrutura florestal e sua manutenção é parte
fundamental e está extremamente atrelado a operações de colheita e
transporte florestal. Deste modo é que as operações relacionadas a
Infraestrutura Florestal podem garantir melhores índices de eficiência para
a competitividade de uma empresa florestal.

Operações de Colheita Florestal

O Brasil curiosamente possui um histórico com relação ao uso do solo


e principalmente a cultura e interação entre o homem e a floresta um tanto
quanto curioso. Desde a descoberta do País pelos europeus e a exploração
do Pau-Brasil e especialmente com o avanço da fronteira agrícola, que até
hoje se expande por terras que onde ainda se evidencia a predominância
de extensas áreas de floresta com a entrada da monocultura agrícola e
pecuária extensivas; o uso das florestas é marginalizado e não valorizado
como é o caso dos Estados da Amazônia Legal.
No entanto, a realidade atual nos remete a uma inversão de papéis no
uso e na importância dos recursos naturais, especialmente nos recursos
florestais. Hoje a maior importância é dada aos agronegócios e seus
produtos deixando assim o uso de florestas e até mesmo sua preservação
na posição de um obstáculo para o avanço do agronegócio ou até mesmo
no caso das florestas de produção em um produto agregado ao
agronegócio.
O Brasil se encontra em uma vertente agrária tão evidente e tão forte,
que setores fortes e pujantes como o setor florestal é considerado como
um segmento do setor agrário nacional. Este panorama se desenha e
mostra uma dinâmica onde as florestas, ou de produção, como no caso das
florestas plantadas, ou para o manejo florestal sustentável ou para a
preservação são pouco priorizadas nas políticas públicas brasileiras.
Desde as técnicas avançadas de derrubada de árvores tropicais e seu
arraste, até a tecnologia da colheita mecanizada dos plantios florestais,
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veremos detalhes desta importante etapa de um ciclo de uma floresta: suas
operações e técnicas de uso.
A arte de se cortar árvores com equipamentos mecanizados tem uma
história recente no Brasil. A grande utilização de ferramentas manuais nas
operações florestais tendo como grande auxílio a tração animal fazia da
colheita florestal um local com grande nível de exposição a riscos de
acidentes pelos envolvidos seja pelos materiais cortantes das ferramentas
e seu pouco conhecimento de uso, seja pelos animais peçonhentos que
povoavam as florestas, mas também pelo elevado cansaço provenientes
de jornadas intensas de trabalho tendo como conseqüência, a fadiga e
contínuos afastamentos provocando baixos rendimentos de produção.
Mais tarde, o silêncio incondicional das florestas era notoriamente
quebrado pelo ruído ensurdecedor das motosserras. Mas essa fase foi
responsável por uma grande evolução nos processos de trabalho através
dos estudos aplicados de tempos e movimentos, e na ligação mais
intrínseca máquina/homem por meio dos estudos de ergonomia.
Com a abertura das fronteiras comerciais no início da década de 90, o
Brasil iniciou seu processo de colheita mecanizada com relativo atraso, em
relação aos países escandinavos e norte-americanos que possuíam já na
época grande domínio de técnicas e manutenção dos referidos
equipamentos. Com a vinda dos equipamentos para o Brasil, também
vieram os problemas, principalmente relacionados à falta de conhecimento
de manuseio na operação e manutenção desses. Um elevado potencial
tecnológico montado sobre rodas ou esteiras sem conhecimento prévio
para o manuseio aqui no Brasil. Com as máquinas também vieram
problemas de logística no fornecimento de suporte de peças e serviços,
pois a colheita florestal brasileira é bem generosa em sua distribuição
espacial de norte a sul do país.
Surgiu com isso um gap tecnológico pelo distanciamento entre
conhecimento e tecnologia, o qual dificultou intensamente ganho de
produção imediato, pois os equipamentos ao apresentarem problemas
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mais complexos, ficavam inoperantes aguardando assistência técnica
especializada que em muitos casos, se encontravam em regiões distantes.
Já a forma de como se abater e retirar grandes volumes de madeira
de dentro das florestas para que, de certa forma, pudesse compensar o alto
investimento feito nos equipamentos foi motivo de grandes tentativas,
muitas vezes frustrantes. Com ausência de mão-de-obra especializada,
não se tinha conhecimento sobre como transformar a colheita para um novo
padrão. Florestas artificiais principalmente de pinus e eucalipto,
previamente espaçadas e alinhadas como as encontradas no Brasil foram
grandes laboratórios para definição de técnicas operacionais que gerassem
conforto à operação, sustentabilidade, segurança e produtividade.
Passados vinte anos dessa introdução da mecanização no país, o
setor ainda apresenta resquícios de outrora, insistindo em problemas já
levantados e definidos como prioritários, ou seja, a má formação de
operadores de máquinas florestais. A correta formação de operadores
desses equipamentos vem até os dias atuais sendo discutida e estudada
em encontros, palestras e seminários, pois é um ponto relevante para
ganhos de produtividade e de diminuição dos custos operacionais. Alguns
aspectos podem ter influenciado a grande mudança que ocorreu na colheita
de madeira no Brasil a partir de meados e final dos anos 90. Abaixo seguem
alguns deles: A visão quanto a possíveis restrições no uso de
equipamentos mecanizados foi e ainda vem sendo modificada com a
evolução no desenvolvimento de técnicas que propiciem o aumento de
produtividade dos maciços florestais. É a interferência cada vez maior do
melhoramento genético que incide sobre as florestas facilitando trabalhos
subsequentes, principalmente o corte. Os plantios anteriores eram
estabelecidos por sementes e, portanto, ocorria uma grande variação entre
as árvores, inclusive em seus diâmetros, o que dificultava a mecanização.
Agora, com os plantios clonais permitiu-se a utilização de máquinas
modernas com sucesso, pois a pequena ou quase inexistente variação

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entre árvores, possibilitou a aplicabilidade dos sistemas garantindo
produtividade nas operações.
Outro fator relevante foi em relação a topografia, pois os diferentes
equipamentos apresentam limites de declividade para trabalho. Em certas
regiões de nosso país, vemos uma grande variação de relevo, e muitas
vezes, encontramos regiões com topografia bastante ondulada, o que
dificulta a operacionalidade de tais equipamentos.
Mas a grande oferta e variedade de equipamentos oferecidos nos
últimos anos, tornou a atividade de colheita florestal um tanto mais
dinâmico e com possibilidades de escolha quanto aos sistemas a serem
empregados.
A colheita florestal ou colheita de madeira é de acordo com Machado
(2014) o conjunto de operações realizadas no maciço florestal que tem
como objetivo preparar e extrair a madeira até o local de transporte,
utilizando técnicas e padrões pré-estabelecidos. Duas etapas primordiais
compõem basicamente a colheita, sendo elas: o corte florestal e a extração
(Figura 5).

Figura 5: Etapas da Colheita de Madeira..

A principal operação que une a colheita de madeira ao transporte


florestal é o carregamento e sobre este tema abordaremos suas
características no próximo capítulo.

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REFERÊNCIAS

BRAZ, E. M. Otimização da rede de estradas secundárias em


projetos de manejo sustentável de floresta tropical. EMBRAPA:
Rio Branco, 1997. (EMBRAPA - Circular Técnica, n.15).

DIETZ, P. Parâmetros da Rede Viária e sua Otimização. In:


CURSO DE ATUALIZAÇÃO SOBRE SISTEMAS DE COLHEITA DE
MADEIRA E TRANSPORTE FLORESTAL, 4.,1983 , Curitiba. Anais...
Curitiba : FUPEF, [1983] p. 22-35.

JETZKE, S. Grundlagen der modernen Logistik Methoden und


Lösungen. Carl Hanser Verlag GmbH & Co. KG. 2007

KOETHER, R. Taschenbuch der Logistik. Carl Hanser Verlag


GmbH & Co. KG. 2011

MACHADO, C. C. (Ed.). Colheita florestal. 3. ed. atual. e ampl.


Viçosa, MG: Ed. UFV, 2014.

MACHADO, C. C.; MALINOVSKI, J. R. Rede viária florestal.


Curitiba: FUPEF, 1986. 156p.

MORO, H.C. Ferramentas de controle em atividades de


infraestrutura florestal no município de coronel Domingos Soares –
PR. Trabalho de Conclusão de Curso. UFPR, 2016

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3 Carregamento

BRUNA CASANOVA DOS SANTOS


ISLAINE DE OLIVEIRA NASCIMENTO
RENATO CESAR GONÇALVES ROBERT

INTRODUÇÃO

A colheita florestal é composta pelas etapas de corte, extração,


carregamento, descarregamento de madeira. Dentre estas, algumas são
caracterizadas por serem operações de elo, como o carregamento, uma
vez que esse é a ligação entre a extração e o transporte florestal principal
ou secundário. Tais operações de elo devem ser bem administradas caso
contrário pode ocorrer funis de produção, gerando filas e elevando os
custos.
O carregamento florestal, consiste na operação de carregar os
veículos que serão utilizados no transporte da madeira, a eficiência do
carregamento influência na produtividade e no custo de transporte. A
máquina a ser empregada no carregamento é selecionada com base em
diversos fatores, tais fatores e as máquina empregadas no carregamento
florestal serão abordadas detalhadamente neste capítulo.

3.1 Fatores influentes no carregamento

Segundo MACHADO et al. 2014, a eficiência do carregamento afeta


na produtividade e no custo do transporte. Para se ter um carregamento

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florestal eficiente é necessária uma escolha de método e maquinário
baseada em diversos fatores que influenciam nesta operação, sendo eles:

a) Comprimento das toras: em sistemas mecanizados, este é um fator


limitante para o uso de determinados métodos de carga. Se o
comprimento do feixe se aproximar ao limite da capacidade de carga
da grua, maior será o rendimento. Já em sistemas manuais, um maior
comprimento, com o mesmo diâmetro e peso específico, acarreta em
maior esforço físico por parte do trabalhador devido ao excesso de
peso, e diminuir o trabalho contínuo, diminuindo assim o rendimento;

b) Peso específico da madeira: o peso específico é correlacionado a


potência da grua. Para uma mesma tara do veículo, quanto maior a
potência da grua, ou seja, maior capacidade de carga, maior será o
rendimento, o contrário também é válido. Já no sistema manual, um
maior comprimento de tora acarreta na necessidade de diminuir seu
comprimento uma vez que o excesso de peso reduz o rendimento do
trabalho e exige maior esforço físico do trabalhador;

c) Fator de empilhamento: o fator de empilhamento é a relação entre o


volume sólido de uma pilha, desconsiderando espaços vazios, pelo
volume aparente dessa (largura x altura x comprimento). Quanto mais
próximo de 1 for o valor, mais madeira tem na pilha. Para o
carregamento de gruas, quanto maior o fator de empilhamento maior
será o volume de madeira carregado por ela, isso ocorre
possivelmente pela forma mais arredondada do fuste. Já no método
manual, este fator não é observado;

d) Capacidade da grua: quanto maior a capacidade de carga da grua


maior será o rendimento, desde que compatível com a força disponível;

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e) Volume do feixe: quanto mais próximo for o volume do feixe a
capacidade volumétrica da grua ou de múltiplos dessa capacidade,
maior será o rendimento da operação;

f) Ciclo da garra: o ciclo da garra começa antes da abertura da pinça


até o termino do carregamento. Quanto menor for o tempo do ciclo
maior será o rendimento;

g) Grau de eficiência operacional: o rendimento da operação depende


da experiência e treinamento do operador, da adaptação da máquina
ao operador, por exemplo, carregadores e descarregadores com
alavancas em posições desconfortáveis, baixo nível de manutenção,
cursos e treinamentos muito extensos podem comprometer o
rendimento do trabalho;

h) Organização da madeira: quanto mais organizado for o


empilhamento, maior será o rendimento das máquinas ou
equipamentos, uma vez que a organização da madeira facilita o
carregamento e reduz o tempo com locomoção e manobras. As figuras
abaixo representam pilhas que facilitam na eficiência do
carregamento, figura 1, diferentemente da figura 2.

Figura 1: Pilha organizada. Figura 2: Pilha mal organizada, dificultando o carregamento.

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i) Disponibilidade de veículos de transporte: para garantir um bom
rendimento é necessário um planejamento eficiente e otimizado, de
modo a não faltarem veículos para operação e que esses não fiquem
parados por muito tempo.

3.2 Métodos de carregamento

O carregamento é classificado quanto ao grau de mecanização,


sendo dividido em: manual, semimecanizado e mecanizado.

Carregamento manual

O carregamento manual
normalmente é empregado em regiões
administradas por fazendeiros florestais
que possuem pequenas áreas de
floresta plantada; em regiões onde esta
atividade é terceirizada e, ou em locais
em que a madeira é destinada à geração Figura 3: Carregamento
manual.
de energia. Este processo é utilizado
quando se trabalha com toras de pequeno comprimento, de diâmetro
reduzido e de baixo peso específico, caso contrário os riscos aos quais os
trabalhadores estariam expostos seriam maiores, além do elevado esforço
físico e maiores riscos à segurança do trabalhador, sendo assim, nestes
casos o carregamento manual pode se tornar inviável técnica, econômica
e ergonomicamente. Geralmente são utilizadas equipes grandes para
realizar as atividades da operação. Em contrapartida, a mão de obra cada
vez mais escassas, os riscos da operação, encargos sociais e trabalhistas,
entre outros aspectos, culminaram no aumento da mecanização da

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operação, uma vez que as máquinas são mais eficientes, têm-se a
possibilidade de trabalhar em turnos, etc.

Figura 4: Carregamento manual.

VANTAGENS DO CARREGAMENTO MANUAL:


 Geração de grande número de empregos;

DESVANTAGENS DO CARREGAMENTO MANUAL:


 Alto custo com encargos sociais e trabalhistas de mão de obra;
 Produtividade relativamente baixa;
 Grande risco de acidente;
 Exigência de elevado número de trabalhadores (mão de obra
escassa).

Carregamento semimecanizado

O carregamento semimecanizado é bastante diversificado e,


normalmente, empregado em situações particulares, sendo uma delas a
utilização em toras de espécies nativas para serraria em pontos distintos
da trilha na floresta.

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Este método atua com sistema de catracas tracionados por cabos de
aço que por sua vez são acionados por trabalhadores, animais, pequenos
tratores ou pelo próprio veículo de transporte (MACHADO et al. 2006). Para
alcançar a superfície do veículo as toras devem ser roladas pelo solo até a
plataforma do veículo de transporte e vice-versa. Diferentemente do
método manual, o comprimento das toras pode ser maior no método
semimecanizado.

Dos aspectos positivos desse método têm-se a geração de empregos


e aplicabilidade em espécies nativas, em contrapartida, as desvantagens
são a baixa produtividade, comparada ao método mecanizado, elevados
riscos de acidentes e limitação quantos as condições do terreno e tipo de
solo.

Figura 5: Carregamento semimecanizado.

VANTAGENS DO CARREGAMENTO SEMIMECANIZADO:


 Geração de grande número de empregos;

DESVANTAGENS DO CARREGAMENTO SEMIMECANIZADO:


 Produtividade baixa quando comparada ao carregamento
mecanizado;
 Alto risco de acidente;
 Limitado a determinadas situações, tipo de solo, condições
climáticas, entre outros.

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Carregamento mecanizado

Dentre os três métodos, o mecanizado é o mais empregado, devido


à sua grande eficiência operacional, possibilidade de trabalho em turnos,
menores risco de acidentes, entre outros. No entanto, tal método é sensível
as condições topográficas, tipo de solo, condições climáticas, má
qualificação profissional do operador, além do comprimento, diâmetro e
peso específico da tora, que por sua vez podem afetar o desempenho das
máquinas.
O carregamento mecanizado apresenta subdivisões por tipo de
equipamento, pois cada maquinário apresenta uma característica e faixa
de melhor desempenho. Sendo suas subdivisões:

a) Carregadores Mecânicos com Pneus:

Essas máquinas apresentam rápido deslocamento, porém


necessitam de boa capacidade-suporte do solo, uma vez que a
compactação causada pelo rodado é mais prejudicial devido a sua menor
área de contato com o solo. Apresentam, normalmente, gruas com baixa
capacidade de carga. Quanto ao
ciclo de trabalho, consiste em
deslocar a grua vazia em direção a
pilha de madeira, localizada na
beira da estrada, nos pátios, pátios
intermediários e de outros locais,
para ser apanhado um feixe de
toras, posteriormente deslocar a
grua carregada em direção ao
Figura 6: Carregador mecânico de
veículo de transporte e sua braço hidráulico com pneus.).
Fonte: Volvo.
respectiva deposição sobre ele.

27
b) Carregadores mecânicos com esteira:

De modo geral, possuem capacidade de operar em solos com maior


declividade e com baixa capacidade-suporte. Possuem braços de
comprimentos maiores o que
possibilita alcançar madeira em
maiores distâncias e suas gruas
têm elevada capacidade
volumétrica, em contrapartida o
deslocamento dessas máquinas é
mais lento. O ciclo de trabalho dos
carregadores mecânicos com
esteiras consiste em deslocamento Figura 7: Carregadeira CAT. 312C.
Fonte: Caterpillar.
vazio em direção a pilha
localizadas na beira da estrada, em pátios, pátios intermediários e de outros
locais; posteriormente deslocar-se com a grua carregada em direção ao
veículo de transporte e depositar o feixe de madeira no veículo.

c) Caminhão auto carregável:


São caminhões adaptados
com gruas, na sua porção central,
que possuem menor capacidade
de carga, sendo empregados no
carregamento e descarregamento
em curtas distâncias, devido ao
fato de sua tara ser muito elevada
Figura 8: Caminhão auto carregável.
o que provoca um maior consumo Fonte: TMO.

de combustível que encarece o


custo operacional e torna sua aplicação mais interessante no baldeio, por
exemplo. O caminhão auto carregável apresenta limitações de uso, devido
à suas dimensões, com relação ao tráfego em estradas municipais,
estaduais e federais. Quanto ao ciclo de trabalho, consiste em posicionar o
28
caminhão entre pilhas, leiras ou bandeiras de madeira; movimentar a grua
vazia até os feixes de madeira e posteriormente carrega-la com a madeira;
movimentar a grua carregada em direção ao compartimento de carga do
caminhão e depositar o feixe de madeira no veículo; movimentar a grua
vazia em direção a pilha e repete esse ciclo até que a carga seja
completada.

d) Carregadores Frontais:

São máquinas utilizadas no


carregamento/descarregamento
de madeira de florestas plantadas
para usos como celulose, entre
outros. Em razão dos
carregadores frontais não
realizarem o movimento de
Figura 9: Carregador frontal.
rotação em seus próprios eixos, Fonte: Volvo.

são necessárias mais manobras


para completar seu ciclo de trabalho, sendo que esse último consiste em
posicionar a máquina de frente para a pilha, apanhar o feixe de madeira
com a grua, movimentar a máquina para depositar a madeira em um pátio,
e repetir a operação até que toda madeira seja removida do veículo de
transporte.

29
e) Carregadores Fixos:

São máquinas adaptadas com gruas hidráulicas de maior capacidade


de carga. Seu uso, normalmente, é mais utilizado no descarregamento por
conta do grande volume de madeira
que é trazido por veículos em um
único pátio, mas também pode ser
aplicado no carregamento em pátios
de carga, nas proximidades dos
talhões, que recebem grande
quantidade de madeira em
circulação.
Figura 10: Carregador com base fixa. Fonte: Motocana.

f) Guindastes:

São comumente utilizados em


portos no descarregamento de
veículos para posterior
carregamento de navios, pois sua
grua de alta capacidade de carga
é sustentada por braços
hidráulicos fixos de elevados
tamanhos e cabos com maiores
diâmetros.
Figura 11: Guindaste florestal. Fonte: Palfinger.

30
VANTAGENS DO CARREGAMENTO MECANIZADO:
 Possibilidade de trabalho em turnos;
 Alta produtividade;
 Maior segurança e ergonomia.

DESVANTAGENS DO CARREGAMENTO MECANIZADO:


 Elevado investimento inicial para aquisição da máquina;
 Necessidade de boa estrutura de manutenção (alto custo
operacional);
 Limitado a determinadas condições.

Sistema de medição de cargas


3.3
2.3
florestais

A determinação do volume de cargas florestais muitas vezes é feita


de forma manual, por algumas empresas, o que possibilita acometer erros,
tanto amostrais quanto não amostrais, além da demora na obtenção de
dados. Um outro equívoco que se comete é a utilização de médias já
calculadas para os fatores de empilhamento, o que acarreta em erros no
volume sólido da carga. Tal imprecisão nos valores equivale a cerca de 1 a
5% do custo da madeira. Visto isso, foram desenvolvidos sistemas
automatizados de medição com objetivo de tornar mais precisa a medição
de cargas. Com esses recursos, o erro que era de 5% caiu para 0,01%,
além das outras vantagens que serão explanadas no decorrer do capítulo.

31
Método fotográfico

Consiste em tirar fotos horizontalmente e perpendicularmente a área


de sessão transversal das toras; sobrepor a imagem em um papel
reticulado ou virtualmente em um software, ambos possuem pontos que
ficaram sobre as toras, com isso, faz-se uma contagem de quantos pontos
que não estão sobrepostos as toras, ou seja, pontos no ar. A partir desse
dado é possível obter o volume sólido da pilha, desconsiderando espaços
vazios.
𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜𝑠 𝑛𝑜 𝑎𝑟
𝐹𝐶 = 1 −
𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜𝑠

Figura 11: Fotográfia de pilha..

Chipmeter

O Chipmeter 4000 foi desenvolvido no Chile, pela WoodTech e


essa é sua única fabricante, que o distribui em diversos países. Ele auxilia
no dimensionamento e visão, através de um scanner 3D de raios
infravermelhos que realiza a medição volumétrica de cargas de cavacos ou
biomassa, realizando uma medição precisa, fazendo assim com que a
empresa pague somente o que de fato está recebendo de carga. Além de
poder ser feita em qualquer condição climática, diminuir os custos
operacionais, necessitando de menos mão de obra e minimizando riscos

32
de acidente. A instalação do equipamento chega da faixa do milhão de reais
e para segurança são realizadas duas manutenções preventivas por ano.
O sistema possibilita a medição de volume sólido, volume estéreo,
densidade aparente e características biométricas da madeira.

Procedimento de medição
A medição de cargas se dá em cinco etapas, sendo elas: captura,
perfil, segmentação, cálculo e resultados; que serão detalhadas a seguir.

a) Captura: dura aproximadamente 30


segundos e é realizada com o
caminhão em movimento, com uma
velocidade de 5 Km/h, e se mantido tal
padrão é possível serem medidos 600
caminhões por dia. A foto que é
armazenada após o caminhão passar
vai para um banco de dados na
Figura 12: Procedimento de captura da
central de comanda onde será usada foto. Fonte: WoodTech.
para auditoria.

b) Perfil: conforme o caminhão passa,


vão sendo registrados os perfis, em
alta definição, para uma carga com
padrão pré-estabelecido, gerando
cerca de 300 perfis com uma
distância de 6 a 7 centímetros entre
eles.
Figura 13: Perfil da carga.
Fonte: WoodTech.

33
c) Segmentação: o sistema captura automaticamente a placa do veículo
e os limites do container, suas dimensões passam por um processo de
validação por uma base de dados anteriormente selecionadas.

Figura 14: Dimensionamento da carga. Fonte: WoodTech.

d) Cálculo: para se obter o volume da carga é feito um cálculo pelo


sistema Chipmeter, de forma específica e pré-programada onde o
“excesso” (𝑽𝑨 ) é somado ao volume total permitido pelo container
(𝑽𝑩𝑫 ), na figura, tal valor então é subtraído da área vazia dentro da
capacidade interna do container (𝑽𝑩 ). Sendo a fórmula:

𝑽𝒄𝒂𝒓𝒈𝒂 = 𝑽𝒄ô𝒏𝒕𝒂𝒊𝒏𝒆𝒓 + 𝑽𝑨 − 𝑽𝑩

Figura 15: Cálculo do volume. Fonte: WoodTech.

e) Resultados: os resultados de todo o processo de medição são


enviados ao Sistema de Gestão Empresarial (ERP), com fotos e
registros 3D de scanner. Os dados são acessados através de uma

34
nuvem na internet. A cada nova medição feita, os novos dados são
enviados para um banco de dados para auxiliar no registro de
projeções volumétrica futuras.
Além do Chipmeter, a empresa WoodTech lançou outros dois sistemas
de medição de cargas, o Logmeter e Bulkmeter. Ambos sistemas possuem
a mesma função, porém cada um mede um material específico. O
Chipmeter geralmente é utilizado na medição de volume de cavacos e
biomassa; o Logmeter, volume de toras de madeira; e o Bulkmeter, volume
de brita, terra, argila e areia. A seguir serão explanadas com maiores
detalhes as características do Logmeter e Bulkmeter.

Logmeter
Como dito anteriormente, o
Logmeter é uma tecnologia a laser
3D para mensuração do volume
sólido e empilhado de toras,
biomassa e cavaco, desenvolvida
pela WoodTech.
O processo de mensuração
do volume sólido de cada feixe se
inicia com o caminhão passando
por um scanner, onde um feixe
laser faz uma varredura sobre a
carga, medindo diâmetro, Figura 16: Sistema Logmeter. Fonte:
WoodTech.
cumprimento médio e curvatura
das toras situadas nas extremidades da carga. Todo o processo leva em
torno de 30 a 50 segundos. O processo de mensuração está dividido em
captura, segmentação, volume empilhado, variáveis biométricas, volume
sólido e resultado e auditoria.

35
Procedimento de medição

a) Captura: consiste na captura do caminhão em movimento, a medida


que o caminhão passa é
capturado perfis de carga e a separação entre scan é de um centímetro.
Este processo leva de 30 a 50 minutos. A placa do caminhão é
armazenada automaticamente para auditoria;

Figura 17: Captura com o Logmeter. Fonte: WoodTech.

b) Segmentação: nesta etapa os limites da carga são definidos


automaticamente e elementos não desejados como rodas, cabine,
fueiros e plataforma, são eliminados;

Figura: 18: Limite de carga. Fonte: WoodTech.

c) Volume empilhado: o agrupamento dos perfis gera uma imagem 3D,


é feita a separação da madeira e do caminhão por meio de um
algoritmo sofisticado. Para se ter uma precisão de 99% são
necessárias 1.000.000 medições, certificado DICTUC;

d) Variáveis biométricas: nesta etapa busca-se identificar as variáveis


biométricas das extremidades. Cada tora periférica é modelada como

36
um objeto 3D individual, isto permite o calculo de variáveis biométricas,
como: comprimento, diâmetro, curvatura e ordenamento.

Figura 19: Objetos 3D para obtenção dass variáveis biométricas. Fonte: WoodTech.

e) Volume sólido: é estimado com um modelo com base nas variáveis


citadas anteriormente. Um modelo individual é calibrado para cada
espécie em cada planta para garantir a precisão dos dados. Os
modelos podem se retroalimentar periodicamente;

Altura

Comprimento

Largura
Figura 20: Determinação do volume sólido. Fonte: WoodTech.

f) Resultado e auditoria: os resultados de todo o processo de medição


são enviados ao Sistema de Gestão Empresarial (ERP), incluindo fotos
e imagem 3D. Todos os dados são acessíveis por internet. O sistema
37
de auditoria permite aos usuários filtrar os eventos com base em
determinados critérios e até medir eletronicamente um caminhão.

Figura 21: Processamento dos dados. Fonte: WoodTech.

38
Bulkmeter

É um sistema de
mensuração automatizada com
capacidade de obter volume,
altura de cargas florestais, de
mineração, entre outros, com alta
precisão e confiabilidade
utilizando tecnologia laser. Além
destas duas variáveis, o
Bulkmeter fornece informações,
que são enviadas por e-mail para
Figura 22: Bulkmeter. Fonte: WoodTech.
o cliente, quanto a velocidade
excessiva do veículo, alertas de carga insegura, imagem de vista superior
da carga, etc. Como se pode observar na imagem abaixo.

Figura 23: Sistema de informação fornecido pelo Bulkmeter. Fonte: WoodTech.

39
Como vantagens têm: informações de entrada e saída de veículos em
tempo real; registro de todos os dados desde a inicialização do sistema; a
medição automática reduz o tempo associado ao controle da carga;
redução de número de mão de obra envolvida; menores riscos de acidente,
além da possibilidade de gerenciamento do transporte.
Dentro do próprio software tem a opção workbench, uma ferramenta
que permite ao usuário inserir novos dados da operação, iniciar uma
captura, dentre outras ações; Lavitoo Lite, visualização das capturas 3D e
verificar as medições com uma régua digital; sistema de auditoria que
permite ao cliente rever informações e evidências durante o processo de
medição, além de gerar relatórios, dados históricos e filtrar informações por
critérios comerciais.

Procedimento de medição

a) Captura: é realizada com o


caminhão em movimento. A captura
é acionada automaticamente quando
o caminhão é detectado, por
sensores a laser, na zona de
medição, gerando cerca de 300.000
medições por caminhão. Conforme o
caminhão passa vão sendo
registrados perfis, o conjunto destes
Figura 24: Captura com o
perfis são usados para construir um Bulkmeter. Fonte: WoodTech.

modelo tridimensional do caminhão;

b) Importação de dados (opcional): o Bulkmeter permite importar


informações de outras fontes compatíveis, como: placa de
identificação, ID do fornecedor, espécie, etc.;

40
c) Segmentação: os limites da carga são definidos e elementos que
não fazem parte da medição são removidos como a roda, a cabine,
a plataforma, etc.;

Figura 25: Segmentação da carga. Fonte: WoodTech.

d) Volume empilhado: o volume da carga é obtido com base no


volume aparente, considerando espaços vazios, e superfície
capturada pelo sistema. Para se obter o volume da carga é feito
um cálculo pelo sistema de forma específica e pré-programada
onde o “excesso” de carga (𝑽𝑨 ) é somado ao volume do container
(𝑽𝑩𝑫 ) , tal valor então é subtraído da área vazia dentro da
capacidade interna do container (𝑽𝑩 ). Sendo a fórmula:

𝑽𝒄𝒂𝒓𝒈𝒂 = 𝑽𝒄ô𝒏𝒕𝒂𝒊𝒏𝒆𝒓 + 𝑽𝑨 − 𝑽𝑩

Figura 26: Obtenção do volume por carga. Fonte: WoodTech.

41
e) Integração: permite a integração de dados da medição com as
informações do Sistema de Gestão Empresarial (ERP);

f) Sistema de auditoria: permite rever os dados das medições e


resultados, e exportar relatórios em formato Excel e PDF.

Timbeter

O Timbeter foi de desenvolvido a partir de um evento de tecnologia


chamado Garage48 em que um participante, Visnapuu, teve a ideia de que
se os smartphones são capazes de reconhecer rostos humanos, então
poderia reconhecer toras através de uma foto. Com o auxílio de Anna-Greta
Tsahkna e Martin Kambia, lançaram um protótipo que venceu a
competição.
É uma ferramenta de medição precisa de toras por meio da utilização
de imagens fotográficas e algoritmos de detecção de toras, sendo esse
último baseado em aprendizagem automática, inteligência artificial
“treinado” com mais de 200.000 imagens. Possui um erro de 0,5 – 1,5% e
é certificado pela Metrosert, órgão certificador de medições na Estônia.
Como vantagens desta ferramenta, têm-se o uso multifuncional de
dados, precisão nos volumes das toras, transparência na origem da
madeira, controle digital, rastreabilidade, eficiência, agilidade na medição,
redução de erro humano, possibilidade de remedição e boa estruturação
dos dados de medição, de número do container, conhecimento de
embarque, entre outros.

42
Figura 27: Imagem fotográfica, algoritmos de detecção de toras para a obtenção do
volume pelo Timbeter. Fonte: Timbeter.

Todas as medições de diferentes dispositivos são armazenadas em


apenas uma conta na nuvem, na internet. Se tem uma visão em tempo real
de todas essas medições, sendo elas: volume, contagem de toras, diâmetro,
localização geográfica das pilhas, entre outras, além da possibilidade de
corrigi-las pelo computador. Todas as informações personalizadas da
empresa estão disponíveis aos usuários, no módulo armazenamento
(estoques, espécies, tipo, descartes, etc.) e são facilmente controladas,

43
ajudando assim, os gerentes e contadores a permanecerem informados e
atualizados.

Alltec Sistemas

A WoodTech é a única fabricante dos sistemas de medição por


scanner e raios infravermelhos, Chipmeter,
Logmeter e Bulkmeter, mas estão surgindo
concorrentes da marca. Em 2011, a AllTec
desenvolveu um sistema de sensoriamento
2D e 3D de processamento de dados com
capacidade de calcular volume de container,
altura, densidade média e medições de
cargas florestais, de produtos químicos e
minérios. É possível também, por meio de
Figura 27: Sistema de
sensoriamento AllTec. câmera, fazer uma inspeção visual do
Fonte: AllTec.
veículo e da carga.

VANTAGENS DOS SISTEMAS DE MEDIÇÃOD E CARGAS FLORESTAIS:


 100% das cargas medidas;
 Grande capacidade de medição;
 Rapidez no processo de medição;
 Redução em custos de mão de obra;
 Possibilidade de medição independente da condição climática.

DESVANTAGENS DOS SISTEMAS DE MEDIÇÃOD E CARGAS FLORESTAIS:
 Substituição da mão de obra por máquinas;
 Necessidade de manutenção, sendo empregado profissional
especialista
(Logmeter, Chipmeter e Bulkmeter).

44
REFERÊNCIAS

Bulkmeter. Documento disponível <http://www.woodtechms.com/>


Acesso em 25/02/2019.

MACHADO, C. C. (Ed.). Colheita florestal. 3. ed. atual. e ampl. Viçosa,


MG: Ed. UFV, 2014.

Logmeter. Disponível em: < http://www.woodtechms.com/> Acesso em: 25


fev. 2019.

BLOG TIMBETER. Timbeter. Disponível em: <http://www.timbeter.com/pt-


br/> Acesso em: 27 fev. 2019.

45
Caracterização de veículos de
4
transporte

RENATO CESAR GONÇALVES ROBERT

INTRODUÇÃO

O transporte florestal consiste na movimentação de madeira dos


pátios ou das margens das estradas nos talhões até o local de consumo ou
pátios das empresas. No Brasil pode ser realizado por diversos meios,
sendo eles: ferroviário, duto viário, rodoviário; sendo que este último
representa 85% de toda a madeiro que é transportada (CFA, 2018). Em
razão da produção do setor florestal, com um número expressivo de
árvores sendo cortadas e transportadas são necessários meios adequados
e eficientes de transporte para facilitar o escoamento dessa matéria prima.
A escolha da composição veicular mais adequada deve levar em conta
alguns fatores como o volume de madeira a ser transportada, as condições
locais da região, a capacidade de carga do veículo e os tipos de
equipamentos de carregamento e descarregamento, entre outros. Esse
capítulo trata da caracterização dos tipos de composições veiculares,
normas de trânsito e normas de segurança, além de novas tecnologias.

Conceitos

 Veículo: é qualquer meio utilizado para transportar cargas de um


lugar para outro;

46
 Cavalo mecânico: unidade tratora
destinada e tracionar um ou mais
semirreboques.

Figura 1: Cavalo mecânico.


 Quinta roda: é um sistema de
acoplamento rápido de
semirreboque, localizado sobre o
eixo trator da unidade tratora.

Figura 2: Quinta roda

 Semirreboque: veículo de dois ou


mais eixos traseiros, que se move
articulado e acoplado na unidade
tratora, cavalo mecânico.

Figura 3: Semirreboque.

 Reboque: veículo de dois ou mais


eixos, que se move tracionado por
um veículo automotor.

Figura 4: Reboque Florestal.

47
Carrocerias utilizadas no transporte
4.1 florestal

A escolha das carrocerias que serão utilizadas para o transporte


florestal, é feita com base no tipo de modal a ser utilizado, o sortimento da
madeira a ser transportada, e também os métodos de carregamento e
descarregamento. As carrocerias de veículos de transporte florestal devem
atender alguns requisitos de modo a assegurar o transporte das toras e de
madeira bruta, sendo eles: material resistente como aço e o aço carbono,
madeira e ferro fundido, porém esses dois últimos não proporcionam a
mesma resistência que os dois primeiros. Normalmente carrocerias de aço
são utilizadas no transporte de madeira de florestas plantadas,
diferentemente de carrocerias de madeira que são mais empregadas em
transporte de madeira de espécies nativas.
As carrocerias de madeira foram utilizadas por muitos anos, até que
entrou em desuso devido a questões ambientais bom como alguns
aspectos negativos do material como biodegradação, flamabilidade,
degradação por radiação ultravioleta, ácido e bases, além das variações
dimensionais em função da absorção e perda de umidade. Atualmente a
madeira é mais utilizada em assoalhos de carroceria, no entanto não é
recomendado em painéis e fueiros.
O aço por sua vez, tem sido cada vez mais utilizado em estruturas da
carroceria, como painéis, fueiros e outros. Seu elevado peso deixou de ser
um aspecto negativo já que por meio da tecnologia e utilização de ligas, o
peso foi reduzido consideravelmente. Apesar disso, o aço está sendo
substituído por outros produtos, sendo eles o alumínio e o metal, o primeiro
garantindo uma maior durabilidade e menor peso, o que permite maior
segurança no transporte, sua única desvantagem é seu elevado preço, já

48
o metal possui uma maior resistência mecânica, menor deformação em
conjunto, menor peso, maior valor de revenda e menor impacto ambiental.
No Brasil, as principais empresas fabricadoras de carrocerias são: Facchini
S.A., Librelato S. A. Implementos Rodoviários, Manos Implementos
Rodoviários, Metalesp Implementos, Noma do Brasil S/A, Rondon
Implementos, Sergomel e Rodovale Implementos Rodoviários.

4.2 Combinações veiculares de carga

O transporte florestal é classificado em transporte rodoviário, fluvial e


ferroviário, sendo o rodoviário o mais utilizado para transporte de toras e
madeira bruta, pois atende os requisitos quanto à alta demanda de carga,
volume transportado, acessibilidade aos locais de plantio, custo em relação
ao volume de carga transportado e a distância percorrida. Abaixo estão
descritos os modelos de composições veiculares empregadas no
transporte florestal.

a) Carroceria Florestal: Veículo


comercializado com o cavalo
mecânico e semirreboque sem
possíveis mudanças, além de
colocar reboques. Unidade tratora
Figura 5: Carroceria florestal..
com tração 4x4, 6x2 ou 6x4.

49
b) Caminhão: veículo automotor
destinado ao transporte de carga
superior a 1.500 Kg, limitado a
uma carga máxima por eixo.
Constitui-se de uma única
unidade tratora e transportadora,
com tração de tipo 4x2, 4x4, 6x2
Figura 6: Caminhão.
ou 6x4.

c) Biminhão (Romeu e Julieta):


combinação de um caminhão e
um reboque.

Figura 7: Biminhão.

d) Treminhão: combinação de um
caminhão com dois reboques.

Figura 8: Treminhão.

50
e) Bitrem: combinação de um
cavalo mecânico e dois
semirreboques.

Figura 9: Bitrem.

f) Tritrem: combinação de um
cavalo mecânico e três
semirreboques.

Figura 10: Tritrem.

51
g) Rodotrem: combinação de um
cavalo mecânico, um
semirreboque e um reboque.

Figura 11: Rodotrem

h) Pentatrem: combinação de um veículo articulado e cinco


semirreboques (cavalo mecânico + semirreboque + semirreboque +
semirreboque + semirreboque
+ semirreboque). Utilizado
atualmente em Três Lagoas –
MS. O pentatrem possui
capacidade de carregar 100 m³
de madeira, 50% a mais que a Figura 12: Pentatrem
capacidade de um caminhão
com três composições veiculares. Além disso, apresenta outras
vantagens como a redução de impactos nas rodovias, pois transitam
apenas nas estradas florestais da empresa e estas foram planejadas
especificamente para esta composição veicular. Cabe ressaltar que
devido ao pentatrem não atender os requisitos de trafego, não é
passível de Autorização Especial de Trânsito. Com isso, são
necessários investimentos em semirreboques e infraestrutura viária
particular.

52
4.3 Novas tecnologias para carrocerias

Em 2016, uma empresa florestal implementou uma nova tecnologia


em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) que
tratava da redução do peso de carrocerias, possibilitando transportar 10%
a mais de madeira, além de reduzir o impacto causado pelo tráfego nas
comunidades nas proximidades da empresa, uma vez que seria necessária
uma menor frota para a operação, gerando assim uma economia de
3.862.094 litros de diesel e evita emissões de 9.514 tCO2e. O que
possibilitou tais ganhos foi a nova estrutura de aço, que teve a redução de
seis toneladas em sua composição e ganhou mais resistência. Houveram
também alteração de cunho técnico, houve o rebaixamento da altura do
pescoço e foram utilizados materiais metálicos mais leves na construção
da carroceria. Afim de comparação, o peso padrão de um conjunto
completo de tritem (cavalo mecânico + semirreboque + semirreboque +
semirreboque) é de aproximadamente 29 toneladas, com esta nova
tecnologia, a tara da combinação veicular reduz para cerca de 23
toneladas.

Figura 13: Projeto da carroceria florestal elaborado pela empresa em parceria com a
Universidade Federal de São Carlos.
53
Novas tecnologias para carroceria para transporte de cavacos
com piso móvel

No transporte florestal
existem diversas modalidades de
carga, como o cavaco, por exemplo,
que é utilizado na produção de
celulose e biomassa. A carroceria
com piso móvel otimiza o tempo de
Figura 14: Carroceria para transporte de
carregamento e descarregamento, cavacos com piso móvel.
Fonte: MATALESP Implementos (2018).
até mesmo em terrenos declivosos,
aumenta a produtividade, garante maior segurança nas operações, além
de proporcionar a descarga horizontal sem necessidade de equipamento
auxiliar.

4.4 Pneus

A produção brasileira de pneus se deu em 1934, quando foi


implantado o Plano Geral de Viação Nacional. A concretização desse plano
ocorreu em 1936 com a instalação da Companhia Brasileira de Artefatos
de Borracha, no Rio de Janeiro, em que foram fabricados mais de 29 mil
pneus.

Figura 15: Fábrica de Pneus da Ford no Brasil. Fonte: Ford.

54
Em termos econômicos, o setor de fabricação de pneumáticos e
câmaras de ar gera compõe 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB). No ano
de 2016, foi responsável pela venda de 70,7 milhões de unidades de pneus
e geração de 24,2 mil empregos diretos, 115 mil empregos indiretos e 38
mil pontos de venda ANIP (2016). A FIGURA 16, representa o número de
fábricas de pneu no Brasil, e a TABELA 1, o nº de fábricas e empregados
no brasil gerados pela mesma.

Figura 16: Número de fábricas de pneus no Brasil. Fonte: ANIP (2014).

TABELA 1: Nº DE FÁBRICAS E EMPREGADOS NO BRASIL GERADO PELO SETOR DE


PNEUMÁTICOS E CÂMARAS (2014).

FONTE: ANIP (2014).

55
No Brasil a normatização de pneus e aros é feita pela Associação
Brasileira de Pneus e Aros (ABPA), mas também existem as normas da
Associação Latina Americana de Pneus e Aros (Alapa). Dentre os custos
operacionais, os pneus são o terceiro maior custo das frotas, podendo ser
o segundo dependendo do planejamento e da gestão, perdendo somente
para lubrificantes e combustíveis, respectivamente.
O modelo de pneus a ser utilizado pela composição veicular, esta
correlacionada as condições das estradas, sendo que essas podem estar
em bom ou mau estado de conservação, neste último caso acarretando em
um maior desgasto do pneu, riscos de acidentes ou complicações na hora
do transporte. Visto isso, durante o processo de escolha do pneu deve ser
analisado as condições da estrada, tipo de substrato, tipos de carga,
composição veicular, tipo de válvula, protetores, câmaras de ar, aros e
pressão de inflação.

4.4.1 Estrutura do pneu

O pneu é composto pela carcaça, talões, parede lateral ou flanco,


cintas, banda de rodagem, ombro e nervura central. A seguir serão
explanadas com mais detalhe.
a) Carcaça: diz respeito a parte resistente do pneu. Deve resistir à
pressão, peso e choques. Podem ser feitas de nylon, aço ou lonas. A
carcaça retém o ar sob pressão que suporta o peso total do veículo;
b) Talões: tem por objetivo manter o pneu fixado ao aro da roda. É
composto internamente de arames de aço de grande resistência;
c) Parede lateral (flanco): são as laterais da carcaça. São revestidos por
uma mistura de borracha com alto grau de flexibilidade e resistência à
fadiga;

56
d) Cintas (lonas): diz respeito ao feixe de cintas que são dimensionadas
para suportar cargas em movimento. Tem por objetivo garantir a área
de contato necessária entre o pneu e o solo;
e) Banda de rodagem: seus desenhos possuem partes cheias,
chamadas de bloco, e partes vazias, conhecidas como sulcos. Visa
garantir aderência, tração, estabilidade e segurança ao veículo;
f) Ombro: é o apoio do pneu em curvas e manobras;
g) Nervura central: proporciona um contato “circunferencial” do pneu
com o solo.

Figura 17: Estruturas do pneu. Fonte: GF Pneus (2015).

Pneu radial

Sua carcaça é composta por uma única lona de corpo disposta no


sentido radial de um talão ao outro, passando pela lateral do pneu, onde
fica disposto o pacote de cintas que se sobrepõe e ficam apenas na área
da banda de rodagem. Assim, as laterais ficam independentes da banda de
rodagem, conferindo ampla superfície de contato com o solo, gerando

57
melhor distribuição de carga, o que garante uma melhor aderência,
capacidade de tração, frenagem, menor aquecimento e desgaste do pneu,
além da redução de compactação uma vez que a área de contato é maior.
Outra vantagem dos pneus radiais foi comprovada por testes de consumo
de combustível que mostraram uma redução de 10% no consumo de diesel
e rendimento quilométrico de 50%.

Figura 18: Estruturas de um pneu radial. Fonte: BRUMA Pneus, p. 20.

Pneu diagonal

O pneu de construção
diagonal/convencional, possui uma carcaça
composta por uma sobreposição de lonas
têxteis, que saem de um talão e vão até o outro,
passando pelas laterais e banda de rodagem.
A orientação dessas lonas é no sentido
diagonal ao plano de rolamento do pneu,
formando um só bloco, o que causa maior
robustez do pneu e maior atrito com o solo e,
consequentemente, maior aquecimento. Figura 19: Construção de um pneu
diagonal.Fonte: CR Motors.

4.4.2 Tipos de trajetos e bandas indicadas

58
Os trajetos podem ser classificados em trajeto urbano, rodoviário,
regional e misto, sendo fatores importantes na hora de se escolher o
modelo de pneu e o desenho do sulco mais indicado, além de outros fatores
importantes como a velocidade média trafegada, a carga transportada e
posição de montagem.

a) Trajeto urbano – pneu de alta


severidade: mais indicado para o tráfego
de cidade que exige manobras, aceleração
e frenagem variadas. Ex. ônibus,
caminhões de entrega, que possuem
trajetos com diversos pontos de parada;
Figura 20: Pneu trajeto
urbano. Fonte: GF Pneus.

b) Trajeto rodoviário – pneu de baixa severidade: mais indicado para


viagens longas em rodovias bem asfaltadas. Apresentam como
vantagem a velocidade e economia de combustível;

c) Trajeto regional – pneu de média


severidade: é uma média entre o
pneu de alta severidade e de baixa
severidade. Mais indicado para
trajetos com aclives e declives, em
Figura 21: Pneu trajeto regional.
razão disso muitas frotas optam por Fonte: GF Pneus.

esse tipo de categoria.

59
d) Trajeto misto - pneu misto: mais
indicado para rotas compostas por
locais com asfalto, rodovias e vias
urbanas, e trechos com terra. Ex.
caminhão de lixo, pois enfrentam
Figura 22: Pneu trajeto misto.
trechos asfaltados e de terra. Fonte: GF Pneus.

4.4.3 Novas tecnologias para pneus

Diferentes marcas de pneus vêm buscando novas tecnologias na


fabricação de pneus visando melhor rendimento, segurança e
adaptabilidade a diferentes condições de trafegabilidade.

a) Bridgestone: pneus da linha Ecopia M792 e R268 são fabricados com


materiais que reduzem a resistência ao rolamento, o que auxilia na
redução de consumo de combustível e reduz o desgaste do pneu
prologando assim sua durabilidade;

b) Dunlop: pneu SP571 na medida 275/80R22.5 que promove


resistência a picotamentos, cortes e proteção da banda para melhor
recapagem. O outro modelo é o SP925 nas medidas 275/80R22.5 e
295/80R22.5. Ele possui sulcos profundos que proporcionam um
melhor aproveitamento da banda de rodagem original. O design é com
blocos largos e abertos, que garantem autolimpeza e melhor tração em
estradas de terra;

60
c) Goodyear: pneu Citymax Plus e a banda pré-curada Regional Light.
O pneu Citymax Plus foi desenvolvido para uso urbano tanto em
caminhões como em ônibus. Possui sulcos com raias centrais largas e
é composto por materiais que mantêm baixa a temperatura do pneu, e
o que acaba proporcionando 8% mais quilometragem na banda
original. Além disso o pneu é composto de quatro cintas
estabilizadoras de aço que garantem maior proteção para a carcaça e
melhora o índice de recapabilidade. Outra característica são as bordas
serrilhadas que aumentar o poder de tração, reduzindo a exigência de
força do motor, consequentemente reduzindo o consumo de
combustível. Já a banda pré-curada Regional Light conta com ombros
arredondados que diminuem o atrito com o solo e minimizam os efeitos
de arraste lateral, o que também ajuda na preservação da carcaça;

d) Michelin: novo modelo X Incity Z na medida 275/80 R22.5. de uso


urbano para ônibus e caminhões com rendimento de 10% em
durabilidade a mais que o modelo Michelin X Incity XZU3. Quando
novo, possui três sulcos e a partir da meia-vida surgem mais dois
sulcos. Esta tecnologia, conhecida como Regenion, permite um
desgaste mais lento e uniforme da banda de rodagem. Outra novidade
é o tipo de escultura da banda (batizada de Escultura Blocante 3D),
feita para reduzir a deformação nas acelerações e frenagens.

4.4.4 Leitura da etiqueta de pneus

É muito importante conhecer as características dos pneus através


da leitura da etiqueta que vem junto ao mesmo no momento de aquisição.
Algumas características do pneu podem ser observadas nestas etiquetas e
61
auxiliam na tomada de decisões, uma vez que os pneus correspondem a
uma parte considerável no custo do transporte florestal.

A seguir são apresentadas algumas características:

RESISTÊNCIA AO ROLAMENTO
A resistência ao rolamento é a força que se opões
à rotação do pneu, tendo relação com o consumo
de combustível, ou seja, quanto menor for a
resistência ao rolamento, menor o consumo de
combustível, o contrário também é válido. A
graduação de resistência ao rolamento vai de “A”
até “G”, onde “A” é o mais eficiente e “G” é o menos
eficiente na classe de consumo de combustível.

Fonte: Goodyear.

De muita importância a resistência ao rolamento está incluída em uma das


características notórias para estudos de engenharia de transportes.

ADERÊNCIA NO MOLHADO
A etiqueta mostra neste critério a capacidade de
aderência de um pneu a uma superfície molhada.
Dentre os comportamentos têm-se:
 Distância de frenagem mais curtas;
 Melhor dirigibilidade em retas;
 Melhor estabilidade em curvas.

Fonte: Goodyear.

Sob a ótica de segurança da operação de transporte este critério de aderência


ao molhado se mostra importante para a tomada de decisão em conjunto com as
características locais e de estradas da região onde ocorre o transporte florestal.

62
A etiqueta mostra neste critério uma graduação
onde uma onde representa o pneu mais silencioso e
três ondas, o pneu mais sorono e menos eficiente.
O nível sonoro é medido em decibéis.
Uma onda: veículos de passeio, comerciais leves,
caminhões e ônibus (≤69 dB)
Duas ondas: veículos de passeio, comerciais leves,
caminhões e ônibus (69 dB < nível de ruído ≤ 72 dB)
Três ondas: Veículos de passeio (72dB < nível de
ruído ≤ 78dB).

O detalhe da etiqueta no pneu é apresentado na figura 23.

Figura 23: Pneu classificado com resistência ao rolamento, d; aderência no molhado, c; e para
ruído externo, duas ondas.

63
4.4.5 Manutenção

Segundo a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP)


existem algumas medidas a serem tomadas para evitar desgaste dos
pneus sendo elas:

a) Balanceamento de roda: o desbalanceamento de rodas gera


desconforto ao dirigir, perda de tração, perda de estabilidade,
desgastes acentuados em componentes mecânicos, além de
prejudicar o pneu em si;
b) Pressão dos pneus (calibração): uma baixa pressão nos pneus
provoca: aceleração do desgaste, pois o material aquece mais;
maior consumo de combustível devido a maior resistência ao
rolamento; perda de estabilidade em curvas, pois se tem diferença
na área de contato com o solo, entre outros. Já um excesso de
pressão provoca problemas menores quando comparados aos
causados por uma baixa pressão, sendo eles: perda de
estabilidade em curvas e desgaste acentuado no centro de
rodagem, devido ao maior apoio sobre esta área;
c) Mecânica: a manutenção de amortecedores, molas, freios,
rolamentos, eixos e rodas garantem a durabilidade dos pneus, caso
não seja feita, podem afetar a durabilidade dos pneus, acarretando
em maiores desgastes e redução da segurança;
d) Rodizio de pneus: é necessário para compensar a diferença de
desgaste dos pneus, garantindo maior durabilidade e estabilidade
na direção;

64
e) Alinhamento de direção: desvios mecânicos podem gerar
desgastes prematuros nos pneus e desalinhamento de direção,
aumentando os riscos a acidente e deixando o veículo instável.
Danos causados por irregularidades

Causas: Causas:
 Rodas com pressão baixa para a  Superaquecimento doa talões
carga transportada; devido: uso excessivo dos freios;
 Uso de sobrecarga; falta de ventilação entre duplos;
 Rodar vazio devido avarias na freios desregulados;
câmara de ar.  Montagem irregular ou aro
malconservado.

Regulamentação do transporte
4.5 rodoviário

O transporte de produtos madeireiros desde a floresta até a indústria


envolve todo um planejamento logístico que visa atender a todos os
aspectos pertinentes a esse processo. Buscando eficiência e otimização, é
necessário que as etapas de carregamento, transporte e descarregamento
sigam boas práticas, além de atender as normas de segurança do trabalho
e normas do transporte rodoviário de cargas.
A normatização das carrocerias do transporte florestal ocorreu no ano
de 2006, com a Resolução 188 do Conselho Nacional de Trânsito
(CONTRAN), a qual foi revogada para Resolução nº 196 de 25 de julho de
2006, sendo esta última alterada posteriormente para Resolução nº 246 de
65
27 de julho de 2007. Tal Resolução fixa os requisitos técnicos de segurança
do transporte de toras e de madeira bruta, mesmo que descascadas, por
veículo rodoviário de carga.
Dentre as definições previstas na lei, tora são as madeiras brutas com
comprimento superior a 2,50 metros e essas devem ser transportadas no
sentido longitudinal do veículo, com disposição vertical ou piramidal, sendo
esta última empregada em madeiras de espécies nativas, FIGURA 1. Em
relação a distribuição da madeira na carroçaria, a camada superior deve
ser simétrica a largura da carroceria; as toras com diâmetros maiores
devem estar nas camadas inferiores e cada uma das toras deve estar
encaixada entre duas toras da camada imediatamente inferior.

Figura 24: Croqui da disposição piramidal das toras no sentido longitudinal. Fonte:
Apostila da disciplina de Gestão do Abastecimento florestal – UFPR.

Para o transporte de toras dispostas verticalmente, deve-se utilizar:

a) Painéis dianteiro e traseiro na carroceria do veículo, com exceção de


veículos extensíveis, com toras acima de oito metros de comprimento.
No caso de espécies nativas é necessário apenas o painel dianteiro.
Vale frisar que o painel dianteiro deve possuir largura igual à da
carroceria do veículo e que a altura máxima da carga deve ser limitada
pela menor altura do painel dianteiro do veículo, além disso em
veículos de carga, a colocação de painéis é obrigatória somente na
extremidade dianteira da primeira unidade e na traseira da última

66
unidade. A FIGURA 25, representa uma combinação de carga florestal
sem as especificações da legislação quanto a colocação de painel
traseiro.

Figura 25: Painel traseiro da carroceria do veículo. Fonte: Rondon Implementos.

b) Escoras laterais metálicas, perpendiculares ao plano do assoalho da


carroçaria do veículo (fueiros), sendo necessário, no mínimo, duas
escoras de cada lado para cada pacote de tora. No transporte de
madeira de espécies nativas os fueiros devem possuir altura mínima
de 50 centímetros.

Figura 26: Pneu trajeto misto. Fonte: GRUMAN –


Gruas de Mangualde, Ltda.
67
c) Cabo de aço ou cintas poliéster, com
capacidade mínima de ruptura à tração de
3.000 kgf tensionadas por sistema
pneumático auto ajustável ou catraca
fixadas na carroçaria do veículo, cabe
ressaltar que no caso de madeiras nativas, Figura 27: Cinta catraca.
Fonte: Mestres de trânsito.
deve-se usar dois cabos de fixação por
tora;

As disposições citadas anteriormente tratam de transporte de toras


com comprimento maior que 2,50 metros, porém existem requisitos para
transporte de toras com comprimento inferior a esse valor, sendo eles:

68
TABELA 1: REQUISITOS PARA O TRANSPORTE DE TORAS COM COMPRIMENTO < 2,50
METROS.

Fonte: KOERICH et al. (2017).

Os veículos que sofrerem alteração em sua composição, na forma


prevista nesta Resolução, devem ser submetidos à inspeção de segurança
veicular, para obtenção de novo Certificado de Registro de Veículo (CRV)
e Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV) [...]
Resolução 246/2007 (normas sobre o transporte de toras de madeira),
CONTRAN.

4.5.1 Classes de veículos

O transporte rodoviário possui uma demanda a qual devem ser


transportados grandes volumes de cargas, portanto para esta atividade são
utilizados veículos pesados e extrapesados. Com isso é preciso seguir as
limitações de dimensões e pesos dos veículos estabelecidos no Código
Nacional de Trânsito – CONTRAN. Os veículos florestais podem ser
classificados em:

69
a) Leve: veículo simples, com capacidade de carga de até 10
toneladas;
b) Médio: veículo simples, com capacidade de carga entre 10 – 20
toneladas;
c) Semipesado: veículo simples, articulado ou conjugado, com
capacidade de carga entre 20 – 30 toneladas;
d) Pesado: veículo articulado ou conjugado, com capacidade de carga
entre 30 – 40 toneladas;
e) Extrapesado: veículo do tipo rodotrem, treminhão, bitrem e tritrem,
com capacidade de carga superior a 40 toneladas.

Dimensões dos veículos – Resolução


4.5.2
nº 12/98 CONTRAN

Os veículos florestais possuem dimensões distintas, porém essas


devem atender as especificações estabelecidas em lei, as quais
regulamentam que os veículos podem possuir:

a) Largura: máxima de 2,60 metros;


b) Altura: máxima de 4,40 metros; e
c) Comprimento total: máximo de 14,00 metros - veículos simples;
18,15 metros - veículos articulados; e 19,80 metros - veículos com
reboques.

Neste sentido para padrões acima dos estabelecidos em lei,


Resolução nº 12/98, prevê que as combinações veiculares de carga, com
mais de duas unidades ou articulações, e acima das dimensões
estabelecidas somente poderão trafegar em rodovias portando uma

70
Autorização Especial de Trânsito (AET). Sendo que o comprimento máximo
de veículos combinados, rodotrem, treminhão, entre outros, está limitado a
30 metros pelas autoridades de trânsito, com AET.

Pesos máximos
A Autorização especial de Trânsito (AET) tem validade de um ano
para os percursos e horários estabelecidos aprovados e fornecidos por
vistoria da Combinação de Veículos de Carga (CVC). Pode ser concedida
pelo Órgão Executivo Rodoviário da União, dos Estados, dos Municípios
ou do Distrito Federal, mediante atendimento dos seguintes requisitos:

a) PBTC igual ou inferior a 91 toneladas. Combinação de Veículos de


Carga com PBTC de até 57 toneladas estão isentos de AET;
b) Comprimento superior a 19,80 metros e máximo de 30 metros, quando
o PBTC for igual a 57 toneladas.
c) Comprimento mínimo de 25 metros e máximo de 30 metros, quando
PBTC for maior que 57 toneladas;
d) Possuir sistemas de freios conjugados entre si e com a unidade tratora;
e) Possuir sinalização especial na traseira (FIGURA 6);
f) Estar provida de lanternas laterais colocadas a intervalos regulares de
no máximo três metros entre si, em todo o comprimento do conjunto.

Figura 28: Sinalização especial de trânsito.

71
REFERÊNCIA

ANIP- Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos. Disponível em:


<http://www.anip.com.br/> . Acesso em 16 d dezembro de 2018.

CFA - Conselho Federal de Administração, Plano Brasil de Infraestrutura e


Logística. Disponível em:
<http://www.cfa.org.br/servicos/publicacoes/planobrasil_web>;. Acesso em:02
de Outubro de 2018

BRASIL, CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO – CONTRAN. Disponível em:


<http://www.normasbrasil.com.br/norma/resolucao-246-2007_106041.html>.
Acesso em: 18 dez. 2018.

. Koerich, A. et. Al; Transporte rodoviário de toras e toretes. Revista Campo &
Negócios –Florestas. n. 33.p. 44-46,2017

72
Controle e monitoramento de
5 operações logísticas
RENATO CESAR GONÇALVES ROBERT
ANGELA MARIA APPELT
DANIELLE MARTINS DANTAS

INTRODUÇÃO
O monitoramento logístico em tempo real proporciona um maior
controle da operação. Nos últimos anos os sistemas de rastreamento têm
se tornado muito comum nas empresas em razão de roubos de veículos e
cargas, o que acarreta em enormes prejuízos econômicos, além de riscos
de segurança e vida do operador. Dois exemplos de rastreadores são o
GPS (Sistema de Posicionamento Global) e o GSM (Sistema Global para
Comunicações Móveis).
O GPS é composto por 24 satélites que trabalham simultaneamente.
A triangulação é o nome dado ao fator que faz a captação do local, onde
distância e posição imediata do veículo são calculadas por um
microprocessador com margem de erro entre 30 – 80 metros.
Quanto ao GSM é o responsável por transmitir as informações obtidas
pelo GPS, juntamente com o GPRS (Serviço de Rádio de Pacote Geral),
para um servidor, que produz um mapa, que fornece a localização precisa
do veículo ou carga, através destes dados utilizando um software.

Logística do rastreamento
Logística é planejar a movimentação de recursos de uma empresa
para que essa funcione de modo eficiente. Na logística de rastreamento
existem alguns fatores que a influenciam, sendo eles: histórico de rotas,
tempo de paradas, direção fora da faixa verde, excesso de velocidade,
utilização indevida de freios motores, velocidade em pista seca e pista
73
molhada, acelerações bruscas, etc. No Brasil, várias empresas realizam o
rastreamento florestal, sendo elas: Tracsat, Cllick, Khronos rastreamento,
Cargox, Autocrac, Omnilink, entre outras.

Gerenciamento de risco
O gerenciamento de risco está vinculado à prevenção e
administração de eventuais riscos que possam ocorrer durante a operação.
É composto por várias etapas desde a contratação da empresa até a
entrega da carga, levando em consideração alguns aspectos como o perfil
do profissional, definição de rotas, monitoramento constante do trajeto
realizado e sigilo.

Telemetria
A telemetria é uma ferramenta de gestão para o suprimento de
madeira em que por meio de diversos sensores nos caminhões, fornece
informações quanto a distância percorrida, frenagens bruscas, velocidades
ultrapassadas acima da média, período em que o caminhão ficou parado,
consumo de combustível, entre outros. A partir destas informações é
possível traçar o perfil do motorista, a performance do caminhão e outras
atividades relacionadas a operação. De modo geral, a telemetria torna a
frota mais eficiente, reduzindo custos uma vez que ajuda a evitar acidentes,
por exemplo, apontando erros de condução que comprometem a
segurança, além de indicar aspectos nos quais o motorista pode melhorar.
As informações da telemetria são enviadas para uma central, a partir da
qual se tem acesso e possibilidade de interagir remotamente com o
dispositivo.

Diagnóstico mecânico
O diagnóstico mecânico tem a função de fornecer informações sobre
o veículo e alertar o motorista sobre possíveis problemas, como, por

74
exemplo: superaquecimento do motor, uso indevido da embreagem, alerta
de utilização indevida de freios, entre outros.

Sistemas de pesagem de veículo de


5.1
carga

Os sistemas de pesagem permitem aos gestores terem um controle


da produção, representado pelo corte florestal carregamento, transporte,
atendimento a legislação, e dos custos da operação. Com isso multas e
atrasos de entregas nas praças de pesagem são evitadas. Em razão de
possíveis desvios de carga, do vigor quanto a fiscalização em termos de
cumprimento da Lei da Balança e redução de custos de manutenção de
estrada, tornou-se imprescindível a determinação do peso da carga no
próprio local de abastecimento e em toda a cadeia logística dos produtos
florestais.

Cumprimento da Lei da Balança


A Lei da Balança é o conjunto de Resoluções do Código Nacional de
Trânsito (CONTRAN) sobre as limitações de dimensão e peso por eixo da
composição veicular.

75
Figura 1: Pesos por eixos máximos permitidos por lei.Fonte: Guia do TRC.

De acordo com CARGOBR, 2015, a Lei da Balança é um meio para


que sejam evitadas ou amenizadas as seguintes situações:
a) Caminhões com excesso de carga tem sua velocidade reduzida,
principalmente em rampas, o que causa congestionamento, além de
riscos de acidentes;
b) O excesso de carga dificulta a capacidade de frenagem, situação que
é piorada em condições de estradas malconservadas e pista
molhada, por exemplo, além de promover o desgaste prematuro dos
componentes mecânicos que atuam na estabilidade dos veículos;

76
prejudicar a capacidade de manobra da carreta, fatores esses que
podem ocasionar em acidentes;
c) Um mal dimensionamento de carga por eixo aumenta o consumo de
combustível e reduz a performance do veículo, também ampliando a
emissão de poluentes;
d) Problemas na estabilidade dos eixos, necessitando de maior
reposição de peças.

Etapas em que é necessário realizar pesagem:

a) Carregamento na unidade florestal: no carregamento florestal, a


pesagem pode ser feita por sistema de bordo, instalado em gruas,
tratores aturo-carregáveis ou caminhões florestais; por sistemas de
balança portáteis, e balança móvel. O sensor converte o sinal de
pressão que é criado quando a carga é suspensa, para uma leitura
de pesos individuais. No fim do ciclo de carregamento será informado
o peso total da carga, garantindo assim uma maior precisão na carga
total e melhor distribuição de peso sobre os eixos dos veículos;

b) Transporte da carga: em grandes pátios para estocagem de


madeira, é recomendado a instalação de balança rodoviária fixa, mas
pode ser utilizada uma balança móvel;

c) Transbordo: a operação de transbordo é a transferência de carga


de um veículo para outro. Para a acomodação correta de carga sobre
os eixos do outro veículo é recomendável utilizar uma balança portátil
para pesar os eixos em separado. De acordo com a Resolução
526/15, independente da natureza da carga, o veículo poderá seguir
viagem sem necessidade de realizar um transbordo, desde que os
excessos de carga por eixo ou conjunto de eixos sejam

77
simultaneamente menores do que 12,5% do menor valor entre pesos
e capacidades máximos estabelecidos pelo CONTRAN e valores de
peso e capacidade indicados pelo fabricante;

d) Fiscalização: todos os veículos de carga devem passar pelos postos


de fiscalização e serem pesados, caso os pesos máximos permitidos
sobre os eixos e o PBTC estejam acima dos limites da Resolução
CONTRAN, a empresa será multada e o veículo de carga pode ficar
detido no pátio até que seja providenciado um veículo para realizar o
transbordo da carga;

e) Recebimento pelo cliente: a pesagem da carga, para o cliente, é


de estrema importância, no que tange o controle dos custos
operacionais.

5.2 Tipos de pesagem

A pesagem do veículo pode ser feita com esse em movimento,


pesagem dinâmica; ou parado, pesagem estática. A pesagem dinâmica é
utilizada em postos de fiscalização rodoviários, como uma pré-pesagem,
obtendo peso por eixo.

a) Pesagem estática: é feita com o veículo parado sobre uma plataforma


fixa, que está montada sobre um equipamento de pesagem que
converte a força aplicada sobre ele em um sinal elétrico, que é
transmitido então para a caixa de junção onde são unidos os sinais das
células de carga e transmitidos para o indicador ou transmissor de
pesagem via cabo.

78
Figura 2: Funcionamento da pesagem estática. Fonte: Toledo
do Brasil.

b) Pesagem dinâmica: para realizar a pesagem dinâmica, é necessário


que o local da instalação tenha uma pista de concreto com 90
centímetros de comprimento. A pista de aproximação deve ter um
nivelamento criterioso e superfície livre de defeitos.
A pesagem dinâmica pelos sistemas Weigh in Motion (WIN) consegue
pesar veículos com velocidades baixas, 3 km/h, até altas velocidades,
como 120 km/h por meio se sensores piezelétricos que detectam uma
variação na tensão causada pela pressão no sensor pelo eixo e com
isso mede o peso sobre do eixo. O sistema de pesagem dinâmica
utiliza sensores montados sobre, dentro ou sob (caso de pontes) o
pavimento , para medir a força de impacto da roda no pavimento e a
partir disso estimar o peso por rodas, por eixo e por grupo de eixos,
além de fornecer informações sobre o espaçamento entre eixos, classe
do veículo, identificação do posto, sentido e direção da pista, data e
hora, etc. A pesagem em movimento pode ser feita per meio de
tecnologia de cabo piezelétrico de quartzo, “bending plate”, célula de
carga e tapete capacitivo.

Figura 3: Bending Figura 4: Célula de Figura 5: Tapete


plate. Fonte: HBM do carga. Fonte: capacitivo. Fonte:
Brasil Soluções Industriais. Núcleo de pesagem
DNIT.
79
O sistema Bending plate utilizam placas com sensores de pressão no
lado inferior. Quando o veículo passa por esta placa, o sistema, por meio
de sensores de pressão, registra o esforço e calcula a carga dinâmica. A
carga estática é estimada usando a carga dinâmica e parâmetros de
calibração (DNIT, 2007).
O sistema WIN, por sua vez, é composto por uma célula de carga e
um sensor por eixo. A célula de carga é composta por duas balanças em
linha que operam independentemente. Quando uma força é aplicada sobre
as barras de torção, ela é transmitida para a célula de carga. Esta célula de
carga possui um fluído que aciona um transdutor de pressão, que por sua
vez passa os dados para o equipamento de análise de dados.
Quanto ao tapete capacitivo, consiste numa sobreposição de lâminas
de aço e de material dielétrico poliuretano em cada lado. Quando um
veículo passa pelo tapete capacitivo, o espaçamento entre as lâminas
reduz, consequentemente aumenta a capacitância. Tal fato, altera a
frequência de ressonância do circuito elétrico, e esta frequência é medida
pelo equipamento de gravação, sendo proporcional ao peso do eixo.

Balança rodoviária
Amplamente utilizadas em todos os setores de negócio. Na área
florestal é empregada desde o transporte até o destino final da carga, com
isso se tem um controle se entrada e saída de materiais e peso máximo
dos veículos.
A balanças rodoviárias são classificadas quanto o tipo de instalação,
sendo elas: (a) sobre o piso com rampa – montagem 50 centímetros acima
do solo, facilidade na visualização das peças, limpeza e manutenção;(b)
semi- embutida sem rampa – montagem 50 centímetros abaixo do solo,
facilidade de visualização das peças, limpeza e manutenção; e (c) embutida

80
– montagem totalmente embutida, dificuldade na visualização das peça,
limpeza e manutenção.

Figura 6: Classificação das balanças rodoviárias

Postos de fiscalização
A maioria dos postos de fiscalização utilizam células de cargas com
base em piezoeléctricos ou medidores de tensão. O sistema WIN permite
a medição com o veículo em movimento, o que evita problemas de
congestionamento em horários de trânsito intenso, o que muitas vezes
obriga o fechamento temporário da estação de pesagem.

Figura 7: Estrutura de um posto de fiscalização.


Fonte: Angop – Agência Angola Press

Para evitar congestionamentos, os sistemas WIM são instalados na


entrada da estação de pesagem, em um acesso frontal. Setas indicam o

81
caminho que o motorista deve seguir para chegar na balança, quando o
veículo se aproxima, sensores instalados fazem a leitura para indicar o tipo
de veículo que será pesado. Se houver excesso de carga, o veículo é
direcionado para repesagem em uma balança estática, conhecida como
“pesagem fina”, nela são obtidos dados de hora e volume de tráfego,
velocidade e a classificação do veículo com base no número e
espaçamento de eixos.

Balanças portáteis e balanças móveis


Balanças portáteis podem ser instaladas em qualquer lugar, não
necessitam de máquinas ou equipamentos para levantar suas peças ou
estrutura. Já as balanças móveis possuem um porte maior que as portáteis,
podem ser montadas em qualquer local, além de necessitarem de
maquinário para transporta-las e monta-las.

Figura 8: Balança portátil. Fonte: COIMMA. Figura 9: Balança rodoviária móvel. Fonte:
COIMMA.

Tanto a balança portátil quando a móvel podem ser utilizadas


diretamente na unidade florestal, em fiscalizações pontuais da Polícia
Rodoviária Federal, empresas de transporte e em toda a cadeia de
produtos florestais. Têm grande importância no que diz respeito ao
atendimento dos requisitos da Lei da Balança, atrasos e entrega e desgaste
prematuro de veículo e peças.

82
5.3 Automação de sistemas de pesagem

A automação é um conjunto de técnicas computadorizadas ou


mecânicas com o objetivo de dinamizar e otimizar todos os processos
produtivos dos mais diversos setores. Na Berneck S/A, o sistema de
pesagem é semi automatizado, quando o veículo se aproximar da balança,
o sensor de presença aciona uma câmera, e essa por sua vez registra a
placa e transfere os dados para o software de gestão. A empresa cadastra
de antemão os dados referentes aos veículos e motoristas. O sistema
acessa esse banco de dados através da placa do veículo e imediatamente
preenche a tela de pesagem. A única interferência humana é no
recebimento da nota fiscal, emissão de ticket de pesagem como
comprovante e finalização da pesagem. No caso de empresas de porte
médio, o grau de automatização é bem menor quando comparado a
empresas grandes. Nesses não tem sensor de presença com leitura da
placa do veículo e nem cancelas. Os dados da empresa, do veículo e do
motorista são cadastrados de antemão no sistema, e o acesso a eles é feito
manualmente pelo usuário.
Existem sistemas totalmente automatizados em que o motorista faz
todo o trajeto desde a entrada no estabelecimento, pesagem de entrada,
protocolização de notas fiscais, descarregamento, pesagem de saída e
tomada de comprovante de entrega, sem intervenção humana. A empresa
TKS Software desenvolve tecnologias do gênero, sendo um de seus
produtos o sistema automatizado de pesagem com automação integrada a
ERP (Sistemas Integrados de Gestão) e terceiros garantindo o
gerenciamento de toda a cadeia produtiva do produto.

83
REFERÊNCIAS

DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). Disponível em:


<www1.dnit.gov.br/arquivos_internet/ipr/ipr_new/manuais/>. Acesso em: 18
ago. 2018.

84
6 Estabilização de estradas florestais

RENATO CESAR GONÇALVES ROBERT


MARCUS VINICIUS CALDAS POZZO

A implantação de estradas florestais tem como objetivo principal


viabilizar o escoamento da produção, trafego de mão de obra e acesso as
áreas florestais, que é indispensável nas operações de implantação,
proteção, extração e transporte de produtos florestais (MACHADO, 1989).
Segundo dados do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transporte), o Brasil possui 1,7 milhões de quilômetros de rede viária,
destes 1,4 milhões são estradas não pavimentadas, realidade na qual estão
inseridas a maioria das estradas florestais.
A composição da rede viária florestal pode ser classificada quanto a
sua importância, o modo de construção e o material empregado. Estradas
primárias, são aquelas que ligam a área de produção ao centro de consumo
de produto, por isso elas devem apresentar trafegabilidade o ano inteiro;
secundárias, demandam menor qualidade quando comparadas as estradas
primárias, ligam a área de produção as estradas primárias, e devem dar
condições de tráfego até essas, podendo não apresentar trafegabilidade o
ano todo; e terciárias que são implantadas somente na área de produção,
não possuem revestimento, e são utilizadas sazonalmente onde pode
ocorrer movimentação de terra e caminhos de máquina que são abertos
dentro da floresta e utilizados apenas penas máquinas (COLHEITA DE
MADEIRA, 2014).
Muito se gasta com a viabilização de estradas para garantir a
trafegabilidade e escoamento de produção, não só pelo poder público, mas
também pela iniciativa privada. Uma forma de torná-la viável é
estabilizando seu pavimento. A seguir, serão exemplificadas o que é e

85
como é feito o processo de estabilização de estradas florestais, bem como
suas vantagens.
Existem diversas soluções no mercado, comprovadas pelo tempo e
uso, pelo tráfego, para estabilizar o pavimento. Uma delas é o EMC
Squared (Catalisador de Materiais Terrosos), composto por um líquido de
enzimas naturais que possuem a capacidade de acelerar ou catalisar
reações químicas. Ele é um biocatalisador formulado para melhorar as
propriedades de engenharia de materiais terrosos - solo,
impermeabilizando e cimentando as partículas do solo. Conferindo assim
maior estabilidade (volume tratado), aumento da capacidade do solo
tratado em suportar maiores cargas, e aumento de CBR. Sua aplicação é
feita com o auxílio de uma moto-niveladora, uso da grade, caminhão pipa,
e compactação com rolo compactador - atividade desenvolvida em todos
os serviços de terraplanagem. O período de vida útil do EMC Squared é de
3 anos.

Figura 1: Etapas para aplicação do EMC Squared. Fonte: Base Forte -EMC Squared.

86
Vantagens do processo de estabilização:
 Durabilidade do pavimento;
 Redução do número de manutenções no pavimento e em veículos;
 Aumento da velocidade médio de veículos;
 Redução no custo do quilômetro rodado;
 Redução de poeira, lama e atoleiros;
 Reduz os custos de construção e conservação de pavimentos; e
 Maior proteção do pavimento contra fatores climáticos.

Onde é indicado fazer estabilização?


É indicado o investimento na estabilização do solo em áreas de
constante necessidade de manutenção, umectação, sendo elas: pátios de
manobra, estradas com grande fluxo de veículos e locais onde é necessário
diminuir a poeira (comunidades).

Figura 2: Estrada com grande fluxo de veículos de carga. Local indicado para realizar
estabilização.

87
Formas mais comuns de estabilização
6.1
de estradas florestais

Para a estabilização de estradas, geralmente se utiliza os recursos


que estão disponíveis, como, por exemplo, brita ou cascalho. Esta solução
apresenta no decorrer do tempo uma necessidade de manutenção, seja
pelo tráfego, pela qualidade do material ou pela quantidade de material
colocado no trecho a ser estabilizado. Tal método nem sempre se mostra
eficiente e duradouro, pois com o passar do tempo, a brita ou cascalho se
decompõe, produzindo poeira e desestabilizando o pavimento, acarretando
em custo de manutenção. Outro fator de desestabilização é a falta de
drenagem compatível das vias (FIGURA 3). Além do aspecto econômico,
têm-se o ambiental e social, uma vez que estradas desestabilizadas
perdem grande quantidade de sedimentos, provocando assoreamento de
rios, formando areiões, a grande quantidade de partículas suspensas,
quando o veículo passa pela estrada, pode provocar danos à saúde das
comunidades localizadas pertos destas estradas, entre outros.

Figura 3: Estrada desestabilizada em razão da drenagem inadequada.

88
REFERÊNCIAS

COLHEITA DE MADEIRA, 2014. Disponível em:


<https://www.colheitademadeira.com.br>. Acessado em: 12 de novembro de
2018.

MACHADO, C. C. Exploração florestal. Viçosa, MG: Universidade Federal de


Viçosa, 1989. 34p

89
7 Gestão de operações de pátio

GUILHERME AUGUSTO SIMON


RENATO CESAR GONÇALVES ROBERT

Devido aos riscos relacionados à extração e ao transporte de madeira


e a consequente inconstância na entrega dos produtos florestais, as
fábricas de base florestal necessitam de pátios de madeira para garantir a
continua alimentação de seus processos. Independente do uso final da fibra,
seja para papel, celulose, chapas, madeira serrada ou ainda geração de
energia, a maior parte das indústrias no Brasil e no mundo se utilizam
desses locais de estocagem.
Estoques são geradores de custo aos seus mantenedores sem que
haja qualquer agregação de valor ou transformação do produto. A única
explicação para sua manutenção é o risco e prejuízo financeiro advindo da
possível falta de madeira. Isso nos leva a duas conclusões: primeiro, como
é apenas um fator de custo para controlar um risco externo às fábricas de
base florestal, os pátios de madeira são muitas vezes colocados em
segundo plano em paradas de manutenção e projetos de melhorias através
de investimento de capital; segundo, eles devem ser dimensionados de
acordo com as características de cada fábrica e das condições de
abastecimento de cada local, sendo sua capacidade de estocagem ideal
uma função desses fatores.
Outro ponto importante em relação ao pátio de madeira é a sua
eficiência operacional, principalmente no que tange à sua capacidade de
picagem e descarga de caminhões. O custo logístico é, em média, 30% do
custo da madeira entregue na fábrica¹. Um dos principais componentes

90
desse custo é relacionado à eficiência do transporte e ao tempo de ciclo do
caminhão. O tempo de ciclo é o tempo total que o caminhão necessita para
o carregamento da madeira no campo, o deslocamento até a fábrica, o
descarregamento na fábrica e seu retorno até a floresta. Levando em
consideração que o custo fixo pode chegar a cerca de 50% do custo total
do transporte florestal², o tempo do caminhão parado sem ser
descarregado é uma fonte enorme de desperdício de dinheiro seja o
transporte próprio ou terceiro.
Nesse capítulo, vamos abordar os processos de entrada e medição,
disposição e dimensionamento dos estoques, descarregamento, gestão e
controle do pátio e novas tecnologias. Como a proposta é abordar os itens
com maior interface com a colheita e logística florestal, não vamos abordar
temas como tambor descascador, picagem e peneiragem. Espero que a
leitura seja interessante.

7.1 Entrada e medição

O início do processo acontece com a chegada do caminhão na fábrica.


Comumente as fábricas consomem mais de um tipo de insumo de madeira,
sejam variações de comprimentos, sortimentos, variações de espécie,
presença ou não de casca ou ainda recebimento de cavaco. Dessa forma,
é importante buscar ferramentas para assegurar que as informações
presentes no documento de transporte, seja CTE (Conhecimento de
Transporte Eletrônico) ou NFS (Nota Fiscal de Serviço), sejam as mesmas
lançadas no sistema de registro de entrada. Quanto maior o detalhamento
no momento do registro de entrada melhor poderá ser o controle do
processo e a gestão do pátio de madeira. As informações básicas são o
tipo de madeira, a origem, o transportador, o fornecedor, a espécie e/ou
clone, o talhão e o tempo de corte.

91
Os pátios de madeira são locais com altos riscos de acidentes. Dessa
forma, precisamos garantir que os motoristas estejam cientes das regras
de segurança e portando todos
os EPI’s (Equipamentos de
Proteção Individual)
necessários para execução das
atividades. Os EPI’s
necessários variam de fábrica
para fábrica, mas usualmente
são capacete, protetor auricular,
óculos, colete refletivo e
perneiras (Figura 1).
Adicionalmente os motoristas
que irão efetuar a
desamarração da carga devem
Figura 1. Equipamentos de proteção individual
usualmente requeridos em pátios de madeira. também utilizar luvas de
vaqueta. Uma maneira
eficiente para engajar os motoristas, sejam eles próprios ou terceiros, é a
elaboração de manuais de segurança. Tais manuais podem abordar
assuntos como trajetos dentro da fábrica, riscos das atividades, padrão
ideal da carga de madeira, EPI’s necessários para execução de cada
atividade, entre outros. Idealmente as empresas também devem realizar
integração de segurança para todos os motoristas que descarregam
madeira na fábrica.
No momento de entrada dos caminhões na fábrica devem ser
efetuadas medições quantitativas e, se possível, qualitativas para registro
de dados no sistema além daqueles presentes na nota de transporte.
Comumente as medições quantitativas dizem respeito ao peso e ao volume
da carga e as medições qualitativas dizem respeito aos aspectos de

92
sujidade, diâmetro médio, presença de galhada ou folhas, bifurcações,
entre outros.
Há duas principais variáveis quantitativas utilizadas relativas à
madeira. O peso, normalmente medido em toneladas, e o volume,
normalmente medido em metros cúbicos. O peso é utilizado, entre outras
coisas, para o apontamento do consumo específico da fábrica e para
equacionar os balanços de massa entre as diferentes fontes de consumo.
Ele é medido através de balanças rodoviárias na entrada (peso total) e na
saída dos caminhões (tara). O tamanho das balanças deve idealmente
comportar o tamanho do cavalo mais todas as composições da carreta.
Caso a balança seja menor do
que o tamanho dos veículos de
transporte, é necessário dividir Saída Balança Entrada

a medição de peso em dois ou


mais lances, medindo primeiro
o cavalo e os primeiros eixos e Saída Balança Entrada
posteriormente os demais
Figura 2. Exemplo de medição de um
eixos. Na figura 2 ao lado³, caminhão romeu e julieta de 7 eixos

vemos o exemplo da medição


de um caminhão modelo romeu e julieta.

Curiosidade:

O consumo específico é a relação entre a quantidade de insumo utilizada


para produzir uma quantidade de produto. Por exemplo, são quantas
toneladas de madeira foram utilizadas para produzir 1 tonelada de
papel. É uma das variáveis mais importante no que tange a relação entre
fábrica e florestal, pois é um dos principais componentes do custo do
produto final.

93
O volume é utilizado para gestão dos estoques e também para
calcular a densidade da madeira entregue. Em fábricas de grande porte
utilizam-se scanners a laser para calcular diretamente o volume em metros
cúbicos. Em fábricas que não possuem o escaneamento a laser o volume
é calculado através da medição manual de altura e do comprimento das
cargas. A partir dessa medição se acha o volume estéreo e posteriormente
transforma-se para volume líquido.
Após a efetuação dos processos de mensuração, o motorista deve
ser direcionado para o local de descarga. No final desse capítulo vamos
abordar algumas tecnologias que podem otimizar o processo de
direcionamento e comunicação dos caminhões.

Disposição e dimensionamento dos estoques


O formato e a disposição ideal dos estoques de madeira devem levar
em consideração dois principais fatores: a acessibilidade do local para
descarga e a distância de baldeio para o local de consumo. Se a fábrica
consome diferentes produtos, os produtos com maior rotatividade no
estoque ou maior consumo devem estar em distâncias menores. A variável
distância para o local de consumo impacta não somente no custo do
baldeio como também na agilidade de alimentação do processo industrial.
Para efetuar o baldeio, normalmente se utilizam carrocerias puxadas por
tratores, ou então caminhões dedicados para essa operação.

94
Outro ponto importante na gestão dos estoques fabris é a garantia da
aplicação de um sistema de rotação do estoque, garantindo o FIFO (First
In, First Out). A correta
disposição das pilhas no
estoque é fundamental

Pilha 1

Via de acesso
Via de acesso
para que possamos Pilha 2

Pilha 1

Pilha 2

Pilha 3

Pilha 4
executar o FIFO. Na figura Pilha 3

3 abaixo, temos duas Pilha 4

possíveis formas de Figura 3. Dois layouts em um mesmo espaço e


volume de estocagem em um pátio de madeira..
distribuição das pilhas. Em
ambos os casos o
descarregamento foi executado da pilha 1 à pilha 4 e não há acesso as
pilhas pelo lado esquerdo ou mesmo pelas laterais. No primeiro caso, a
pilha 4 deveria ser a última a ser baldeada para o local de consumo,
contudo, devido a ela ser a única com acesso aos caminhões, ela acabará
sendo a primeira, havendo falha na execução do FIFO. A importância e a
necessidade da execução do FIFO irão variar de acordo com as
especificações da fábrica, que normalmente estabelecem um limite mínimo
e máximo de tempo de corte da madeira.

Curiosidade:

Apesar de não existir no Brasil, você sabia que em outros países é comum
a utilização de pátios de madeira molhados?

Esse são pátios para armazenar madeira de espécies coníferas e folhosas


por períodos maiores (Por mais de 1 ano). Eles são similares a um pátio
comum, porém possuem sistemas de irrigação, similares a de um viveiro,
que funcionam 24 horas por dia, 7 dias por semana, irrigando todas as
pilhas armazenadas. Sua principal função é evitar o apodrecimento das
toras, que é inibido em ambientes com umidade muito elevada.

95
Outro item relacionado à segurança e a capacidade de estocagem no
pátio é o estabelecimento de cabeceiras ou lastros nas extremidades das
pilhas de toras. As cabeceiras são montadas com as próprias toras ou
ainda com cavaletes de metal. O objetivo delas é primeiramente garantir
que as toras não serão deslocadas após o descarregamento e que não
haverá rolamento da pilha. Além desse aspecto de segurança, a utilização
das cabeceiras possibilita a maximização dos estoques, uma vez que ela
aumenta a possível altura da pilha, por possibilitar uma altura maior lateral
da mesma. A figura 4 abaixo, mostra os dois tipos de cabeceiras.

Figura 4. À direita o uso do cavalete metálico, à esquerda o exemplo de uma cabeceira montada
com uma tora de maior diâmetro.

Além das cabeceiras mencionadas acima, em pátios que não


possuem o piso pavimentado, também é comum a utilização de “camas”.
Elas são toras posicionadas na parte debaixo das pilhas alinhadas
perpendicularmente com o sentido das toras na pilha. O objetivo da cama
é evitar que toda a superfície da parte de baixo da pilha toque o solo e por
consequência acumule sujeira. Essa sujeira é normalmente prejudicial para
os processos industriais (Figura 5).

96
Figura 5: A direita o uso do cavalete metálico, à
esquerda o exemplo de uma cabeceira montada com
uma tora de maior diâmetro.

A altura máxima das pilhas no pátio de madeira varia de acordo com


o comprimento da madeira e com a regularidade do piso. Geralmente, em
fábricas em que se trabalha com comprimentos menores (2 a 2,5m) a altura
máxima é de 4 a 5 metros. Para comprimentos maiores (6 a 7 metros) e
também com um piso pavimentado e regular, a altura máxima pode subir
para cerca de 7 metros. Um dos fatores na definição da altura máxima da
pilha é o porte do equipamento de descarga. Usualmente em fábricas com
maiores alturas de pilha se utilizam máquinas com sapata, para garantir a
estabilidade da grua no momento de descarga e baldeio. Nos Estados
Unidos, onde a maior parte das fábricas trabalham com o sistema de
árvores inteiras e com gruas de descarregamento de grande porte, as
pilhas podem superar os 20 metros de altura.

Dimensionamento
Conforme falado anteriormente, os estoques são uma fonte geradora
de custo sem que haja agregação ou ainda transformação do produto
madeira. Dessa forma, quando pensamos no tamanho ideal e na
capacidade de armazenamento de um pátio de madeira, devemos garantir
que ela seja a menor possível! É isso mesmo, essa capacidade de estoque
97
precisa ser calculada de acordo com as variáveis de cada local. As
características do maciço florestal no entorno da fábrica e da dinâmica de
corte e transporte são grandes influenciadores dessa variável. Idealmente,
regiões com relevo mais declivoso, onde ocorrem períodos de chuvas
intensas, devem ter uma quantidade de estoque maior do que outras. A
quantidade estocada é normalmente referenciada por dias de consumo que
aquela quantidade representa. Ou seja, o volume em estoque de uma
fábrica que consome 1.500 m³ por dia e que atualmente estaria com 10 dias
de estoque seria de 15.000 m³.
Uma maneira de calcular o tamanho ideal de estoque é utilizando os
dados reais de entrega e o déficit acumulado de períodos chuvosos. O
Gráfico 1, é uma simulação de entrega de madeira por período dos últimos
5 anos de uma fábrica que consome 3.000 m³ por período. A linha reta em
laranja é o consumo fabril, que nesse exemplo fictício se mantém constante
(na prática as fábricas também possuem variações de consumo). A linha
em laranja mais fina, que varia com o passar do tempo é a entrega real. As
linhas verticais retas na cor azul representam a alteração entre um período
chuvoso e outro seco. E a linha em azul escuro representa o déficit
acumulado. Como é possível ver no gráfico, após o início do período
chuvoso, as entregas são impactadas, e a maioria dos períodos não atinge
o volume de consumo, ocorrendo a queda de inventário. A mesma sem
mantém até o final do período de chuvas e volta a crescer no período
seguinte. Normalmente, a dinâmica dos estoques deve seguir essa lógica,
atingindo o pico de volume antes do início do período crítico. Através desse
gráfico conseguimos também saber qual a necessidade de estoque para
suportar o período crítico. Na simulação abaixo, podemos ver que o déficit
total acumulado chegou perto de atingir 20.000 m³. Dessa forma, se o
estoque da fábrica abaixo for capaz de estocar 20.000 m³ e esse pico for
atingido antes dos períodos chuvosos, ela deve ser capaz de superar os
períodos com déficit de entrega. O tempo necessário para realizar essa

98
análise deve ser o maior possível, buscando cobrir toda a variação que
ocorre entre diferentes anos.

Gráfico 1. Simulação da entrega por período ao longo de 5 anos.

Descarregamento

O descarregamento é classificado em manual, semimecanizado e


mecanizado. No descarregamento manual, é utilizada mão de obra,
exigindo grande esforço físico, além de maiores riscos de acidente. O
descarregamento semimecanizado, por sua vez, é realizado pela utilização
de cabos de aço acionados por animais, pessoas e pequenos tratores. Já
o descarregamento mecanizado é o método mais empregado, conta com
máquinas específicas para a operação uma vez que essas garantem
eficiência, segurança e rapidez.
O processo de descarga é um dos processos mais críticos em
relação ao tempo de ciclo do caminhão. E esse, como já falamos
anteriormente, é crucial para uma maior eficiência do transporte e
consequentemente um menor custo da madeira entregue na fábrica.

99
Existem diversos tipos de máquinas e processos para efetuar o
descarregamento da madeira.
O maquinário pode ser estacionário ou móvel, sendo que o
estacionário é recomendado para os locais de consumo e o móvel para
descarga e movimentação no pátio. As máquinas de descarga podem ser
escavadeiras com gruas hidráulicas ou carregadeiras com grua frontal. Em
se considerando um mesmo porte de equipamento, as máquinas
articuladas geralmente garantem maior agilidade na descarga, melhor
ergonomia ao operador e menores riscos de acidentes. As carregadeiras
frontais, devido ao fato de necessitarem estar constantemente em
movimento tomam mais tempo para descarga e com maior risco de
acidentes devido a constante movimentação de ré. A Figura 6, mostra
ambos os modelos da marca Catterpillar. As máquinas para descarga
também podem vir em pneus ou esteiras. As máquinas de pneus possuem
maior valor de aquisição e são recomendadas para pátios com piso
pavimentado, uma vez que as máquinas de esteiras danificam o piso em
sua operação, principalmente ao manobrar. Em ambos os casos elas
devem ser capazes de descarregar caminhões com fueiros de até 4,4 m,
altura máxima para veículos de carga de acordo com o CONTRAN.

Figura 6: Na imagem a esquerda, uma carregadeira com grua frontal, na imagem a


direita uma escavadeira com grua hidráulica. Fonte: Catterpillar.

100
De acordo com a legislação brasileira, todas as cargas de madeiras
em toras devem vir amarradas com cintas de modo a evitar o
desprendimento e/ou deslocamento de toras no caminho. Antes do início
da atividade de descarregamento, o motorista do caminhão é responsável
pela desamarração da carga. Ocorrem dois potenciais perigos nesse
momento: Primeiramente a fivela metálica da ponta da cinta de amarração,
pode atingir seu corpo ao se soltar da carga. Além disso, ao desamarrar a
carga, podem haver toras ou outros resíduos soltos em cima da carga e
esses venham a cair atingindo o motorista. Muitas fábricas fora do Brasil e
algumas fábricas aqui no Brasil já utilizam estruturas dedicadas para que
os motoristas possam efetuar a desamarração sem ficar expostos a esses
riscos. Essas estruturas ficam acima da cabeça do motorista e embaixo da
linha de toras e dos fueiros, de modo que, se algo for projetado no sentido
do motorista irá ser bloqueado por essa barreira.

Importante:

As principais composições utilizadas no transporte florestal


são o caminhão trucado (ou truck), romeu e julieta, bi trem,
tri trem e rodo trem. As duas primeiras são indicadas para
áreas de relevo mais acidentado por possuírem melhor
capacidade de tração e de manobra.

Gestão e Controle
Para executarmos uma boa gestão do pátio de madeira, precisamos
controlar as diversas variáveis que influenciam o mesmo. Elas podem ser
divididas em duas principais categorias: variáveis de estoque e de processo.
As variáveis de estoque dizem respeito à quantidade, à qualidade e
à localização dos diferentes lotes de armazenamentos, no momento atual
e ao decorrer do tempo. A separação do estoque em lotes, deve levar em
consideração os principais fatores que influenciam no processo fabril. Cada
101
fábrica possui variações quanto a esses fatores, porém, comumente eles
são o material genético, o tempo de corte e a classe de densidade. Em
fábricas de menor porte a completa separação dos lotes entre essas
variáveis pode ser dificultado devido a restrições de espaço ou mesmo de
controle. O controle dos estoques e de sua posição deve estar em sistemas
específicos e que sejam de fácil acesso aos gestores e à operação do pátio.
Por estarem em constante transição, esses dados são alterados
diariamente. Em fábricas que não possuem sistemas específicos para
controle de pátio, planilhas de Excel podem ser criadas e com ótima
funcionalidade para efetuar o controle de estoque. Normalmente esse
controle é a base para checagem do inventário de madeira, que pode
ocorrer mensalmente, bimensalmente ou ainda de maneira semestral ou
anual.

As variáveis de processos estão relacionadas com a operação do


pátio de madeira. São exemplos dessas variáveis, itens como a
disponibilidade mecânica do maquinário, o tempo de espera total dos
caminhões ou tempo de fila, a quantidade descarregada por dia ou por
turno, a quantidade que foi baldeada, entre outras. Essas variáveis
impactam todos os stakeholders do processo, como a área florestal e de
transporte de madeira e, principalmente, a fábrica. É comum para
empresas de base florestal terem seus processos de transporte e também
de operação do pátio terceirizados. As variáveis de processo do pátio de
madeira constituem ótimos SLA’s (Do inglês, Service Level Agreement),
que são padrões de serviço estabelecidos em um contrato. Por exemplo,
no contrato com transportadores de madeira, podem haver SLA’s pelo lado
da transportadora, estabelecendo uma cota mínima a ser atingida por dia.
Pelo lado da fábrica, pode ser estabelecido o tempo de descarga máximo
a ser executado. No contrato com a empresa gestora do pátio de madeira,
podem haver SLA’s sobre a quantidade de madeira processada ou

102
baldeada por dia, entre outros. O estabelecimento de SLA’s permitem uma
relação mais justa e igual entre as partes.
Além dos controles das variáveis acima, para garantir um bom
andamento do pátio, é importante ter as pessoas envolvidas no processo
bem treinadas e cientes dos riscos de segurança. Para tal, é importante
que hajam procedimentos claros e de fácil entendimento e toda a equipe
treinada.

Novas Tecnologias
Uma série de novas tecnologias tem sido aplicadas para melhor
controle e otimização da operação do pátio de madeira. Elas geralmente
são tecnologias já bem estabelecidas no mercado, mas que apenas
recentemente tiveram aplicações na área de pátio de madeira.
No momento de entrada dos caminhões na fábrica, necessitam ser
registrados uma série de informações relacionados a carga. Uma maneira
para garantir que esse apontamento é através da utilização de código de
barras ou códigos QR com todas informações a serem imputadas no
sistema. Essa leitura normalmente acontece com algum programa
específico para efetuar a leitura do código e posteriormente são
transferidas para o sistema de gestão da fábrica.
Outra tecnologia que está sendo implantada na área de logística é o
controle de fluxo através de RFID (Identificação por radiofrequência) ou
telemetria. Ela permite saber quantos veículos estão do lado de dentro ou
fora da fábrica, sua localização, permite a comunicação e orientação dos
motoristas e também da mensuração dos tempos de cada fase do processo
de maneira constante. Com o uso desses sistemas, é possível vincular o
caminhão a determinado produto ou processo e otimizar sua rota ou espera.
Ela também pode enviar sinais aos responsáveis pela gestão do pátio
alertando quanto ao número de caminhões parados na fábrica e seus
respectivos produtos. Fazendo o uso concomitante com smartphones, todo

103
o processo de pátio e descarregamento pode ser otimizado e os tempos
não produtivos reduzidos.
Por fim, quando pensamos nos estoques de toras e cavaco e na
maneira como inventariar os mesmos, novas soluções, principalmente com
o uso da tecnologia LIDAR, tem sido utilizada. Elas visam diminuir o tempo
e o custo do inventário do pátio através do escaneamento das toras e do
seu volume.

Pontos principais do capítulo:

 Os pátios de madeira são necessários devido a inconstâncias e


riscos relacionados a entrega de madeira.
 O tamanho do pátio sua disposição deve levar em consideração o
consumo da fábrica, sua localização, o risco de desabastecimento.
 Alguns fatores como capacidade de estoque, FIFO, segurança e mix
de produtos devem ser avaliados ao se estabelecer o layout do
pátio de madeira.
 Diversos maquinários podem ser empregados para se efetuar a
descarga, sua escolha precisa levar em consideração a altura das
pilhas, o piso e a capacidade de descarga de cada uma delas.
 As variáveis de estoque e de processo são importantes para uma
eficiente gestão dos pátios de madeira e de seus recursos.

104
105
REALIZAÇÃO:

106

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