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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3

1 BIBLIOTECONOMIA .......................................................................... 4

2 O QUE FAZ ESTE PROFISSIONAL .................................................. 4

3 DESAFIOS PROFISSIONAIS DO BIBLIOTECÁRIO ......................... 6

3.1 Conteúdos informacionais ........................................................... 9

4 HABILIDADES DO BIBLIOTECÁRIO .............................................. 11

4.1 Acessar a informação. Conectar-se a redes, participar de


consórcios e variadas formas de cooperação. Planejar a informação. ......... 11

4.2 Participação em redes ............................................................... 12

5 COOPERAÇÃO; CONSÓRCIOS; BIBLIOTECAS HÍBRIDAS.......... 13

6 INTELECTUAL DA INFORMAÇÃO ................................................. 14

6.1 Customizar a informação........................................................... 15

6.2 Trabalhar a informação, agregar valor ...................................... 16

6.3 A recuperação da informação ................................................... 17

4 A BIBLIOTECONOMIA NO BRASIL ................................................ 18

7 CRIAR, PESQUISAR E CONSUMIR INFORMAÇÃO ...................... 21

7.1 Bibliotecário de apoio, intermediário, facilitador da informação?21

7.2 Bibliotecário na organização inteligente .................................... 22

7.3 O bibliotecário inteligente .......................................................... 23

8 PRIMÓRDIOS DO ENSINO E DA PROFISSIONALIZAÇÃO DA


ARQUIVOLOGIA NO BRASIL .......................................................................... 25

9 I CONGRESSO BRASILEIRO DE ARQUIVOLOGIA – 1972 ........... 31

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................. 45

11 BIBLIOGRAFIA ................................................................................ 57
INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é


semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula é raro – quase
improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao
professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre
o tema tratado.
O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos
ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não
hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de
atendimento que serão respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da
semana e a hora que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!
1 BIBLIOTECONOMIA

Desde os primórdios, o homem busca formas de compreender, preservar


e expandir sua memória e capacidade de comunicação. Como resultado, ele
usou um elemento de informação vital sem o qual a viabilidade desses processos
é prejudicada.
Segundo Pinheiro (2002), em sentido restrito, a informação está absorta
em um campo de pesquisa envolvendo documentos impressos e bibliotecas.

Le Coadic (2004) apresenta um conceito mais amplo, definindo a


informação como um conhecimento registrado, em forma escrita
(impressa ou digital), oral ou audiovisual, em um suporte espacial-
temporal (impresso, sinal elétrico, onda sonora etc). As primeiras
disciplinas que atuavam no campo da informação eram: a
BIBLIOTECONOMIA, a ARQUIVOLOGIA, a MUSEOLOGIA e a
DOCUMENTAÇÃO (LE COADIC, 2004).

Essas disciplinas, assim como outras que se juntaram a elas, agora


compõem a “ Indústria da Informação”. O traço comum entre eles é que eles
valorizam muito mais o suporte do que a informação. Tanto o livro da biblioteca
quanto o objeto do museu foram recolhidos e guardados por muito tempo com o
objetivo de preservação patrimonial.

2 O QUE FAZ ESTE PROFISSIONAL

O profissional de Biblioteconomia desenvolve atividades de organização,


tratamento, análise e recuperação de informações em diversos níveis e suportes
físicos, por meios manuais e automatizados, com vistas ao atendimento das
necessidades informacionais de todos os segmentos da sociedade.
A utilização de novas tecnologias da informação vem exigindo, desse
profissional, novas habilidades e provocando mudanças no perfil tradicional. O
profissional de Biblioteconomia, que tradicionalmente atua em bibliotecas,
encontra novas frentes de trabalho em sistemas e redes de informação de
setores públicos, empresariais e industriais, escritórios de assessoria e

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consultoria, organização de arquivos e de documentação particulares, ensino e
pesquisa, podendo atuar como analista da informação, como gestor de serviços
de informação e também na área de normalização.
Segundo Le Coadic (2004), A expressão "biblioteconomia" é formada pela
combinação de duas palavras: biblioteca e economia no sentido de organização,
administração e gestão.

Fonseca (2007) apresenta outra composição morfológica do termo:


Biblion = livros + theca = caixa + nomos = regra. Ampliando-se esta
definição morfológica, tem-se que a Biblioteconomia compreende as
regras de organização de livros ou outros documentos em caixas,
materializadas em estantes, salas, edifícios etc. (FONSECA, 2007)

Para Le Coadic (Id.), a Biblioteconomia como área de conhecimento tem


como objetivo primordial:

a) nos acervos de livros (formação, desenvolvimento, classificação,


catalogação, conservação);
b) na própria biblioteca como instituição organizada (regulamento, pessoal,
contabilidade, instalações, infraestrutura) e
c) nos leitores, os usuários (direitos e deveres, acesso ao acervo,
empréstimos). Para o autor, as bibliotecas tradicionais que conservavam
apenas livros foram sucedidas por organizações que podem ter outra
nomenclatura e que reúnem acervos dos mais diversifica dos, tanto por seus
suportes, como por sua origem: imagens, sons, textos.

Essas organizações podem ser chamadas de unidades de informação,


pois contêm não apenas trabalhos armazenados por muitos anos, mas também
informações em tempo real transmitidas por redes de comunicação. O
desenvolvimento da gestão de bibliotecas é caracterizado por duas direções
principais: passar da bolsa de estudos para o serviço público. Os primeiros
bibliotecários foram estudiosos que fundaram bibliotecas famosas como
BIBLIOTECA DE ALEXANDRIA na foz do Rio Nilo, no Egito.
Eles se ocupavam em reunir e classificar todo o conhecimento registrado
em forma documental. Este bibliotecário, erudito e BIBLIÓFILO, dominou a

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profissão até o início do Séc. XIX, quando começaram a se desenvolver as
tendências democráticas, com a valorização das práticas igualitárias. Com a
propagação das bibliotecas públicas, no Séc. XIX, fundamentada na filosofia de
educação como direito de todos.

3 DESAFIOS PROFISSIONAIS DO BIBLIOTECÁRIO

Tradicionalmente o papel do bibliotecário tem sido o de apoio a essas


atividades: o de produtor, empresário, intermediário ou analista da informação e
do conhecimento.
Segundo Toffler na nova sociedade o produtor é ao mesmo tempo
consumidor, e sugere um novo termo o prosumer. Esta analogia nos leva à
constatação que o saber é cíclico e contínuo, recomeça quando acaba,
necessitando sempre de novas informações para ser reativado e que todos os
que produzem informação e conhecimento também os consomem.
Podemos sugerir algumas linhas para discussão dos papéis e
responsabilidades sociais do profissional da informação bibliotecário na
sociedade pós-industrial:

Preservar a informação (ser responsável pela memória e cultura da produção


técnica e científica local e institucional).
Organizar a informação para uso.
Acessar a informação. Estabelecer conexão em redes, participar de
consórcios e variadas formas de cooperação. Planejar a informação.
Ser empreendedor; personalizar/customizar a informação. Ser consultor e
information broker. Prestar os seus serviços de sua casa eletrônica (“electronic
cottage”).
Trabalhar a informação, agregar valor. Pesquisar a informação.
Socializar a informação – preocupar-se com o acesso público à informação, a
informação como um patrimônio público (public good).
Educar para a utilização da informação e para a sociedade da informação.
Valorizar o conceito econômico da informação, participar do e-commerce,
oferecendo serviços e produtos exclusivos.

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Criar, pesquisar e consumir informação.

A essência das ciências que sustentam a profissão do bibliotecário, a


Biblioteconomia e a Ciência da Informação e o seu objeto de trabalho, o ciclo
informacional, não foram mudados. Embora a teoria seja a mesma, a prática do
bibliotecário, especialmente aquela que se baseia em todas as facilidades
oferecidas pelas novas tecnologias e a globalização, bem como no método
científico da invenção, lhe abre muitos caminhos, muitas novas possibilidades
de prestar serviços informacionais e sugere uma nova forma de administrá-los.
Um dos principais indicadores do desenvolvimento da sociedade da
informação é a penetrabilidade das tecnologias de informação na vida diária das
pessoas e no funcionamento e transformação da sociedade como um todo. No
caso do Brasil, estima-se que durante o ano 2000 mais de 6 milhões de
brasileiros serão usuários da Internet e que nos próximos cinco anos poderemos
chegar a 30 milhões. Em termos numéricos, estas cifras projetam o Brasil como
um dos grandes mercados nacionais da Internet em nível mundial, embora esta
cifra seja extremamente modesta se comparada ao total de habitantes no Brasil
(4% aproximadamente).
Embora, também em termos relativos, o português tenha presença na
Internet, os números, em termos absolutos, também são modestíssimos.
Sete milhões de internautas utilizam a língua portuguesa na Internet. Esse
número faz com que o português ocupe a sétima posição entre os idiomas mais
utilizados na rede, segundo pesquisa publicada no site espanhol La
Empresa.net. Em primeiro lugar, como já era esperado, encontra-se a língua
inglesa, com mais de 147 milhões de usuários que utilizam esse idioma quando
navegam pela Web. O japonês está em segundo, com cerca de 19 milhões de
utilizadores.
O primeiro ponto é, portanto, a preservação do idioma e da produção
científica nacional tornando-a disponível ao mundo globalizado.
A sociedade da informação desenvolve-se também através da operação
de conteúdos sobre a infraestrutura de conectividade. Portanto, o
desenvolvimento da sociedade da informação no Brasil requer no futuro próximo
um esforço nacional conjugado para aumentar, por um lado, a penetrabilidade
da Internet pari passu com o uso adequado de tecnologias da informação

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(incluindo os softwares potentes e amigáveis, com ergonomicidade) e, por outro
lado, o volume de conteúdos brasileiros.
Partindo da constatação que a sociedade se organiza em torno de uma
cultura, que é uma maneira de ver o mundo, através de um conjunto de ideias
implícitas e explícitas. O conceito de identidade cultural impõe-se.
Quanto a conceituação de Biblioteconomia, um dos primeiros conceitos
dela é emitido pela ALA, definindo-a como uma área voltada para a aplicação
prática de princípios e normas a criação, organização e administração de
bibliotecas.
Parece ser mais pertinente o conceito de Buonocore (1963), que define a
Biblioteconomia como a área que se destina ao estudo dos princípios racionais
para realizar, com a maior eficácia e o menor esforço possível, os fins específicos
das bibliotecas.
Para o autor, a Biblioteconomia se subdividia em duas subáreas: a técnica
e a administrativa. A primeira preocupava-se com a seleção, a aquisição, a
catalogação, a classificação e a ordenação das obras nas bibliotecas; a segunda,
com o local, a arquitetura, o mobiliário, o pessoal, o uso, o regulamento, os
recursos financeiros, tudo isso para que a biblioteca pudesse atender aos seus
usuários com eficiência.
Esse conceito é complementado por Targino (2006), à luz do Séc. XXI,
como: a área do conhecimento que se ocupa com a organização e a
administração das bibliotecas e outras unidades de informação, além da seleção,
aquisição, organização e disseminação de publicações sob diferentes suportes
físicos.

Com base nesses conceitos, autores como Francis Miksa apontaram


como PARADIGMA da Biblioteconomia a visão da biblioteca como uma
instituição social, fundamentando-se nos campos da Sociologia e da
Educação, tendo como foco a Biblioteca em si mesma (OLIVEIRA,
2005).

Com base nesse paradigma, a biblioteca é considerada como o foco


principal da área e é entendida como uma organização social, que compreende
propriedades materiais, organizacionais e intelectuais, as quais servem para
definir suas funções em uma estrutura social.

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Dentro das propriedades materiais encontram-se as coleções dos
documentos e os equipamentos especializados; as propriedades
organizacionais referem-se às medidas administrativas e de pessoal; e as
propriedades intelectuais referem-se aos sistemas, tais como, o sistema de
classificação, as regras de catalogação e as políticas de seleção.
Oliveira (2005) aponta que o paradigma da Biblioteconomia que considera
a biblioteca como instituição social se apoia em seu papel de “fio condutor” entre
os indivíduos e o conhecimento que eles necessitam. Sob esse prisma, a função
mais importante da biblioteca é possibilitar o uso de sua coleção de documentos
a um dado público e, para isso, são desenvolvidas atividades de aquisição,
organização, tratamento e disseminação desses documentos, utilizando-se
técnicas apropriadas e pessoal qualificado.
A autora ressalta que a aceitação deste paradigma é prejudicada por duas
grandes questões: a primeira refere-se à preocupação primária com o
armazenamento e a conservação dos acervos, considerando o suporte do
documento mais importante do que o seu conteúdo.
A segunda questão relaciona-se com a valorização secundária ao
atendimento aos usuários, os quais deveriam se constituir no foco principal das
atividades realizadas. Para se compatibilizar com o cunho social da área, estes
deveriam fazer parte integrante das discussões relativas ao planejamento e
avaliação de todos os produtos e serviços oferecidos.
As discussões a respeito dessa fragilidade no paradigma da área de
Biblioteconomia aliadas às necessidades cada vez mais prementes dos
usuários, em obter informações relevantes, no menor tempo possível apontaram
para a necessidade de criação de uma nova área do conhecimento que
priorizasse o atendimento ao usuário em suas necessidades informacionais;
nesse contexto, surge a CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO.

3.1 Conteúdos informacionais

Dentre os princípios gerais para uma política sobre conteúdos e identidade


cultural, o GT Conteúdo e Identidade Cultural sugeriram em sua primeira
proposta apresentada em 14 de março do ano 2000, as seguintes diretrizes para
promoção de redes de conteúdos nacionais:

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Valorizar a produção e difusão de registros informacionais de todo tipo em
língua portuguesa, como forma de promover o autoconhecimento e autoestima
do povo brasileiro.
Propiciar o registro das expressões culturais, artísticas, religiosas e científicas,
em qualquer mídia, também em línguas indígenas, assim como nas dos povos
africanos e de outras nacionalidades que contribuíram para a nossa formação
social, visando preservar e manter vivas as origens da nação brasileira, em
seus aspectos multiétnicos e multiculturais.
Facultar a produção e o uso de conteúdos que reflitam os interesses de regiões
menos desenvolvidas, de áreas periféricas e rurais, como forma de reduzir as
disparidades regionais.
Dar oportunidade às minorias étnicas, sociais e políticas para o registro e
difusão de suas manifestações e ideias, como forma de diminuir as
desigualdades sociais.

Linhas de ação do Programa Sociedade da Informação no Brasil, relativas


às Tecnologias da Informação aplicadas à cultura, são as seguintes:

Salvaguarda e valorização do patrimônio por meio da digitalização sistemática


das obras e demais bens culturais, promovendo também a criação e
desenvolvimento de bibliotecas virtuais, privilegiando a descentralização e
dinamismo das comunidades capilarizadas pela telemática.
Promoção de iniciativas para a salvaguarda e a afirmação da cultura brasileira,
como, por exemplo, a criação do “Museu de Todos os Museus” (digital) e de
uma grande “Enciclopédia Multimídia do Brasil”.
Aproveitamento dos resultados já obtidos pelo GT de Museus Virtuais
(http:www.lids.puc-rio.br/~pp/gtmv/principal/princip.htm) e pelo GT de
Bibliotecas (http://www.cg.org.br/gt/gtbv/gtbv.htm) do Comitê Gestor da
Internet Brasileira, no sentido de se criar uma plataforma inicial de 3 mil
entidades, por meio da qual poderá ser capilarizado todo o território nacional.

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Apoio e promoção de atividades e projetos visando a organizar, reforçar e
circular a informação documental, tanto em sua vertente erudita quanto na
popular.
Implementação de uma “midiateca virtual” suscetível de apoiar o ensino –
desde a rede primária até a universidade – e a pesquisa, oferecendo recursos
adaptados à resolução de problemas gerados em todos os setores da vida
social e científica.

4 HABILIDADES DO BIBLIOTECÁRIO

Cabe ressaltar que a questão dos conteúdos depende da capacidade de


organização de nossas instituições e da parte de nossos profissionais, no tocante
aos seus acervos informacionais. Os conteúdos estarão sempre sendo
produzidos e armazenados de forma descentralizada e dispersa, exigindo
esforço para atraí-los e incorporá-los como serviços e produtos mediados pela
rede de acessos propostos pela sociedade da informação.

Aos bibliotecários é atribuída tal responsabilidade exigindo domínio da


localização, normalização, indexação, padrões, protocolos, utilização
de tecnologias e modernos instrumentos como metadados e marcação
de textos (CUNHA, 1999, p.260).

Destacam-se neste contexto tanto pelo domínio como pelas iniciativas de


modernização os bibliotecários universitários e os especializados.
Neste contexto o bibliotecário deve em primeiro lugar educar-se nas
Tecnologias da Informação para ter acesso e participar no processo de
informação globalizada, e em segundo instruir/educar usuários a utilizar a
informação em meio digital e disponível nas redes.

4.1 Acessar a informação. Conectar-se a redes, participar de


consórcios e variadas formas de cooperação. Planejar a
informação.

De Masi (2000) faz a seguinte colocação, se perguntarmos a um grupo de


pessoas que ciência do século XX mais contribuiu para o progresso humano,

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talvez ninguém, nem os entendidos em organização, indicassem a ciência
organizacional. E, no entanto, foi o desenvolvimento desta ciência que
possibilitou o fortalecimento de cada atividade, cognitiva e operacional, a um
nível desconhecido em todas as épocas anteriores da história, dentro e fora dos
locais de trabalho.
Milhões de homens e mulheres na prática cotidiana, milhares de
especialistas em suas profissões, partindo das grandes descobertas de Taylor e
Ford, revolucionaram o modo com que os seres humanos organizam seus
próprios recursos e aumentam seu rendimento.
Foi o management, a gestão, que introduziu as novas tecnologias nos
locais de trabalho, nas casas, nas diversões. Foi o management que criou as
empresas rede, as multinacionais, os distritos industriais, a globalização da
economia, dos gostos, do consumo.
O conceito de gestão da informação envolve novas e velhas diretrizes
conhecidas pelos bibliotecários. O seu principal objetivo é moldar (harness) os
recursos informacionais da organização e as suas capacidades de informação
para ensiná-la a aprender e adaptar-se às mudanças ambientais.
A criação da informação, aquisição, armazenamento, análise e uso, provêm
a estrutura intelectual que dá suporte ao crescimento e desenvolvimento de uma
organização inteligente adaptada às exigências e novidades da ambiência.
Conceitualmente a gestão da informação é um conjunto de seis processos
distintos, mas inter-relacionados: identificação de necessidades informacionais,
aquisição de informação, organização e armazenagem da informação,
desenvolvimento de produtos informacionais e serviços, distribuição da
informação, e uso da informação. Este processo é cíclico e deve ser
realimentado constantemente (Gestão ambiental em gestão da informação)
(CHOO, 1998, p.198-199).

4.2 Participação em redes

A Ciência da Informação tem como objeto de estudo a própria informação,


sua movimentação, recuperação e comunicação. Os pressupostos que norteiam
o seu paradigma de propiciar o acesso à informação, são:

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Que a informação deve ser movimentada e comunicada.
A informação é algo que flui dentro de um sistema.
A informação é algo divisível dentro de unidades feitas em partes num sistema.
O processo é modelado em termos de fluxo da informação entre dois pontos
através de um canal (MIKSA, 1992).
O processo pressupõe a existência de tecnologia apropriada, que hoje está
nas redes.

À medida que as redes passam a interligar todas as atividades humanas,


o principal foco das organizações é redirecionado da maximização do valor da
organização para a maximização do valor da rede. A sobrevivência da
organização depende da sobrevivência da rede (KELLY, 1999).
A tipologia de redes sugere a existência de duas categorias de redes,
vistas sob uma ótica funcional, ou seja, redes físicas com função de conexão e
redes com função de provisão de serviços de informação.

Embora as bibliotecas e os bibliotecários brasileiros ainda não estejam


totalmente preparados, é necessário que o país construa rapidamente
uma ampla infraestrutura de serviços de informação em rede eletrônica
que atenda às expectativas das unidades de informação na função de
compartilhamento de recursos, e as expectativas dos usuários, na
função de ampliação do acesso à informação (CARVALHO, 1999, p.3).

As redes bibliográficas, como hoje se conhece, se distinguem de suas


predecessoras pela ênfase no uso de telecomunicações, capacidades
computacionais e contato imediato entre os membros.
As grandes redes hoje existentes fornecem processamento distribuído,
treinamento, catalogação, empréstimo interbibliotecário, conversão
retrospectiva, oferta compartilhada de bases de dados e equipamentos
(CARVALHO, 1999, p.31)

5 COOPERAÇÃO; CONSÓRCIOS; BIBLIOTECAS HÍBRIDAS

Dentre os arranjos organizacionais cooperativos estabelecidos pelas


unidades de informação com o objetivo de compartilhar recursos, estão as redes

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bibliográficas e de informação, os consórcios, as cooperativas, as parcerias, a
terceirização, os grupos de compras e as bibliotecas híbridas.

Em relação aos consórcios, há ampla difusão deste conceito nos


Estados Unidos e na Europa. No Brasil, podemos citar o exemplo do
consórcio de bibliotecas de universidades e institutos de pesquisa do
Estado de São Paulo que propõe facilitar o acesso à informação,
aumentando o grau de satisfação dos usuários e minimizar custos de
aquisição de periódicos científicos eletrônicos internacionais por meio
de atividades cooperativas (KRYZANOWSKI & TARUHIU, 1998).

No caso das bibliotecas híbridas, o grande número de projetos de


bibliotecas eletrônicas, digitais ou virtuais estão produzindo uma gama extensiva
de tecnologias alternativas.
O desafio é reunir as tecnologias e os novos desenvolvimentos, mais os
produtos e serviços eletrônicos já disponíveis nas bibliotecas e harmonizar com
as funções históricas das bibliotecas físicas, criando bibliotecas híbridas
acessíveis e organizadas.
Da habilidade gerencial dependem as mudanças. Sugere-se a adoção
plena da gestão da informação, em especial no seu aspecto de organização
voltada para o aprendizado, e em relação constante com o ambiente.
Além de requererem uma nova postura de planejamento e gestão, os novos
modelos de serviços baseados no acesso requerem, entre outros, a introdução
de requisitos tecnológicos e técnicos e a participação em arranjos
organizacionais cooperativos em rede.
Sugere-se também que o bibliotecário se preocupe em fazer estágios e
identifique as melhores práticas internacionais para nivelar-se aos padrões mais
modernos de conexão em redes.

6 INTELECTUAL DA INFORMAÇÃO

Aquilo que chamamos de Revolução da Informação é, na realidade, uma


revolução do conhecimento. A rotinização dos processos não foi possibilitada
por máquinas. O computador é apenas o gatilho que a desencadeou. O software
é a reorganização do trabalho tradicional, baseado em séculos de experiência,

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por meio da aplicação do conhecimento e, especialmente, da análise lógica e
sistemática. A chave não é a eletrônica, mas sim a ciência cognitiva.

A estrutura da sociedade pós-industrial, demanda profissionais liberais,


técnicos, cientistas, profissionais da informação, gestores do
conhecimento e da tecnoestrutura. Propicia a expansão das profissões
ricas em informação, como os cargos de administradores, profissionais
especializados e técnicos (CASTELLS, 1999, p.227).

Novas profissões têm aparecido no mercado como o webmaster, um


especialista responsável pelo desenho e manutenção do site da empresa, que
deve ter uma compreensão completa da cultura Web e que se preocupa com a
forma de disseminação de informações sobre a empresa.
São os cidadãos que terão de decidir, em última análise, se estão
dispostos a aprender novas profissões, a aceitar os desafios da nova sociedade
assumindo os papéis e o comportamento que a mesma exige, descortina e
oportuniza.

6.1 Customizar a informação

A habilidade para discriminar e distinguir documentos relevantes, na massa


de informação disponível nas redes digitais está se tornando cada vez mais difícil
para os profissionais da informação. Há um excesso de oferta informacional. Há
duas formas de lidar com a explosão da informação: filtrar a informação antes
que ela atinja o usuário final; ou customizar a informação depois que ela chega.
A função do bibliotecário está mais do lado da customização que é uma atividade
centrada no usuário e sua demanda informacional (BERGHEL, BARLEANT,
FOY and MCGUIRE, 1999, p.505).

Pelo seu treinamento e know-how de organizar o conhecimento dentro


de sistemas e estruturas que facilitam o uso produtivo da informação e
dos recursos informacionais o bibliotecário é considerado um
especialista da informação (CHOO, 1998, p.212).

Algumas oportunidades para especialistas de informação (information


workers), podem, dentre outras atividades, centrar-se na busca, reunião e
interpretação da informação com valor agregado para as atividades de uma
organização ou de um indivíduo, visando melhor posicionamento no mercado ou
lucro.

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Neste contexto a busca informacional é um processo de construção de
novos conhecimentos e entendimentos para adicional valor para as atividades
de uma empresa, ou atividade de um indivíduo (KUHLTHAU, 1999).
Pode ainda o information broker especializar-se em selecionar informação
personalizada para clientes/usuários com perfil de demanda específico para
pesquisa e/ou especialidades em assuntos de ponta.
Este tipo de atividade difere da tradicional disseminação seletiva da
informação no sentido que busca informação em todos os suportes
informacionais e não apenas os bibliográficos, mas também notícias, gráficos,
percentuais, indicadores, etc., todo o tipo de dados aos quais pode-se agregar
valor para transformá-lo em informação e conhecimento para o cliente.
O conhecimento de seu cliente é central para um bom serviço
personalizado. Na abordagem de marketing, não é apenas preciso conhecer as
necessidades informacionais, mas antecipar-se a elas, surpreender e encantar
o seu usuário com informação bem selecionada e com valor agregado.

Um instrumento que pode auxiliar o bibliotecário na busca e seleção


de assuntos pertinentes são os softwares agentes, ou agentes
informacionais inteligentes, robôs que filtram informação, relacionam
pessoas com interesses similares, automatizam comportamento
repetitivo e realizam, quando bem programados, inúmeros outros
cruzamentos informacionais (MAES, GUTTMAN & MOUKAS, 1999)

Em estudo recente no Brasil, Baptista (1998) concluiu que a terceirização


tem sido o elemento facilitador para atuação empresarial do especialista da
informação. As habilidades necessárias identificadas foram: saber avaliar as
necessidades do cliente, escrever relatórios, saber taxar e vender produtos,
definir a estrutura de negócio, tomar pulso do mercado e desenvolver um
programa de marketing.

6.2 Trabalhar a informação, agregar valor

Agregar valor à produtos ou serviços significa imprimir aos mesmos uma


diferenciação que os torna mais atraentes aos olhos dos consumidores, quer
seja em termos de qualidade, rapidez, durabilidade, assistência ou preço. Podem
ser identificadas seis categorias de atividades de valor agregado: facilidade de
uso, redução de informação desnecessária (noise), qualidade, adaptabilidade

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(refere-se à habilidade do serviço oferecido ser compatível com as necessidades
do usuário em seu ambiente de trabalho), economia de tempo e economia de
custo (TAYLOR, 1986).
No que se refere à informação, a agregação de valor excede os métodos
tradicionais de consulta, pesquisa e disponibilização de informação aos usuários
das também tradicionais bibliotecas. As atividades dos bibliotecários podem
incluir: treinamento, consultoria e atendimento a consultas dos usuários sobre
seleção de fontes de informação; desenvolvimento de estratégias de
pesquisa/busca; e avaliação da informação.

Eles podem participar do planejamento e das atividades decisórias da


organização, onde exerçam o processamento, reunião e coleta de
informações ambientais pertinentes à organização (vigilância
informacional) procurando desenvolver um entendimento íntimo de
como a informação é usada. Devem buscar entender qual o impacto
da informação adquirida no desenvolvimento do indivíduo e da
organização (CHOO, 1998, p.215)

6.3 A recuperação da informação

Qualidade, valor agregado, precisão, rapidez, nada disto tem significado


sem uma ciência ou disciplina de apoio chamada recuperação da informação.
Esta surgiu com o advento da automação e das novas tecnologias. Esse novo
conceito à Biblioteconomia passou também a ser central à Ciência da
Informação.
A recuperação da informação, criada por Calvin Mooers (1951), engloba os
aspectos intelectuais da descrição de informações e suas especificidades para
a busca, além de quaisquer sistemas, técnicas ou máquinas empregados para o
desempenho da operação.
As técnicas de recuperação permitem a normalização, a identificação do
conteúdo, a relevância, a precisão e especificidade das informações que trata. É
um trabalho de indexação de extrema importância para identificar assuntos de
interesse. O seu conceito mais intrínseco é o da relevância, ligado à efetividade.
A relevância indica relação (SARACEVIC, 1999, p.1059).

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7 A BIBLIOTECONOMIA NO BRASIL

A Biblioteconomia no Brasil começa a se fazer presente quando são


fundadas as primeiras bibliotecas no País, oriundas das ordens religiosas dos
Beneditinos, Franciscanos e Jesuítas.
No entanto, o marco fundador deste campo do conhecimento, no País, é
atribuído à criação da Biblioteca Nacional. Esta biblioteca tem sua origem na
Biblioteca Real d’Ajuda, que foi trazida pela Corte Real de Portugal, ao se
refugiar na sua colônia mais próspera, em 1808. Sua fundação, oficial, só ocorre
em 1810.
No ano seguinte, é facultada a consulta aos estudiosos que obtinham
consentimento régio e, em 1814, é aberta, totalmente, à população. Sua
administração fica a cargo de religiosos como na maioria das bibliotecas
brasileiras do período colonial e só em 1846 é nomeado um Doutor em Medicina,
o primeiro não religioso para dirigi-la.

Na gestão de BENJAMIN FRANKLIN RAMIZ GALVÃO (1870-1882), a


Biblioteca Nacional passou por várias mudanças, das quais se
destacam a criação de um regulamento, em 1879 e, ainda, a realização
de concursos públicos para preenchimento de cargos, principalmente
de bibliotecários. CAPISTRANO DE ABREU considera este concurso
o marco inicial da formação profissional em Biblioteconomia no Brasil
(FONSECA, 1957).

Esses concursos foram realizados, seguindo os modelos da École


Nationale des Chartes, de Paris, que, como já apresentado, foi a primeira escola
criada no mundo para a formação de pessoal para as bibliotecas. Em São Paulo,
até o Séc. XVIII, podiam ser consideradas como bibliotecas apenas a do
Convento das Carmelitas e a do bispo D. Francisco Manoel da Ressurreição.
Somente em 1825, é criada a primeira Biblioteca Pública Oficial de São Paulo
(CASTRO, 2000).
No final do Séc. XIX, surgem outras bibliotecas: a do Colégio Mackenzie,
em 1886, e a da Escola Politécnica, em 1894. Enquanto no Rio de Janeiro a
constituição do campo da Biblioteconomia esteve atrelada à trajetória da
Biblioteca Nacional, em São Paulo, ela sofre influência da biblioteca escolar do
Colégio Mackenzie.

18
Tanto em um estado como no outro, a preocupação existente à época era
com a necessidade de resolver questões internas (pessoal não capacitado à
frente dessas bibliotecas), muito mais do que formar pessoal para atuar em
qualquer tipo de biblioteca (Id.).
O Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB) considera que a
Biblioteconomia, como área do conhecimento, só passou a existir, no Brasil, a
partir de 1911, quando MANUEL CÍCERO PEREGRINO DA SILVA, diretor da
Biblioteca Nacional, oficializou a criação do primeiro Curso de Biblioteconomia
do Brasil, primeiro também da América do Sul e 3º no mundo.
Esse curso começou a funcionar somente em 1915, na própria Biblioteca
Nacional, onde continuou durante anos até se transformar, em 1979, no atual
curso da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).
Até o início da década de 1930, a Biblioteconomia brasileira sofre a
influência do modelo humanista da École Nationale des Chartes, contando com
profissionais escritores, historiadores, literatos, pessoas cultas, em geral.
Fundamentado no Curso Elementar de Biblioteconomia, ministrado no
Colégio Mackenzie, em 1936, é criada por RUBENS BORBA DE MORAES a
primeira escola de Biblioteconomia, que funcionou inicialmente junto ao
Departamento de Cultura de São Paulo, sendo depois incorporada à Escola de
Sociologia e Política da mesma cidade, seguindo a orientação estritamente
americana, influenciada pelo 1º curso dos Estados Unidos da Columbia
University – mais voltada para as técnicas biblioteconômicas. O surgimento de
novos cursos no País se dá a partir da organização, por Borba de Moraes, de
um Curso de Atualização Profissional, na Escola recém-criada, e os profissionais
aí formados, ao retornarem aos seus Estados, começaram a criar novas
oportunidades de ensino de Biblioteconomia, especialmente nas Universidades
Federais.
A década de 1940 se constitui em um cenário de desenvolvimento das
modernas técnicas biblioteconômicas, no Brasil. Contribuíram para esse fato:
a) a atuação do Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP),
com a abertura de concursos especializados, os quais criaram novos postos de
trabalho na área;
b) a reforma da Biblioteca Nacional, que concorreu para a elevação do nível
de conhecimento dos futuros profissionais;

19
c) a oportunidade de aperfeiçoamento de técnicos brasileiros nas
universidades americanas e;
d) a criação de um serviço nacional de catalogação cooperativa: SERVIÇO
DE INTERCÂMBIO DE CATALOGAÇÃO (SIC), pelo Dasp, a exemplo do
existente na Biblioteca do Congresso Americano (PORTAL DO CONSELHO,
2009)

É então implantado no Brasil, o conceito de “Bibliothecas Modernas”,


as quais podiam ser frequentadas livremente por qualquer cidadão;
apresentavam instalações amplas e confortáveis e com iluminação
natural; suas estantes eram abertas para consulta; disponibilizavam
catálogos para apoiar as consultas aos acervos e, principalmente,
contavam com bibliotecários para apoiar essas consultas (ARRUDA,
1928).

Outro órgão relevante, criado em 1937, o INSTITUTO NACIONAL DO


LIVRO (INL), também contribuiu muito para a difusão das técnicas
biblioteconômicas, por meio da promoção de cursos regulares, alguns deles que
se transformaram em cursos permanentes, depois incorporados a universidades.
O surgimento das entidades de classe no País, nas décadas de 1950 e
1960, foi marcante para a Biblioteconomia. Foram fundadas, nesse período,
instituições como a Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários
(Febab), em 1959; a Associação dos Bibliotecários do Distrito Federal (ABDF),
em 1962; e a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESCOLAS DE
BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO (ABEBD), em 1965.
A criação do Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD), em
1954, se apresentou como um outro acontecimento relevante para a área de
Biblioteconomia. Ainda sob forte influência americana, os primeiros eventos da
área começaram a ocorrer na década de 1950, com a “Conferência sobre o
Desenvolvimento dos Serviços de Bibliotecas Públicas na América Latina”,
promovida pela Unesco, em São Paulo, em 1951; o “Primeiro Congresso de
Bibliotecas do Distrito Federal”, promovido pela Biblioteca Municipal do Rio de
Janeiro, em 1953; e o “Primeiro Congresso Brasileiro de Biblioteconomia”,
realizado em Recife, em 1954.
Esses eventos foram realizados com o objetivo de reunir profissionais
bibliotecários de todo o Brasil para trocar experiências e deram ensejo à criação

20
de inúmeras bibliotecas nos órgãos públicos, especialmente federais,
incentivando o aumento de candidatos aos Cursos de Biblioteconomia.
A década de 1960 é relevante, também, pela instituição do Primeiro
Currículo Mínimo para os cursos de Biblioteconomia, em 16 de novembro de
1962, o que desencadeou o processo de regulamentação da profissão. Foi
promulgada a Lei n° 4.084/62, de 30/06/1962 e, depois, o Decreto n° 56.725, de
18/08/1965, fato que ocorreu em virtude de esforços de bibliotecárias, como
LAURA GARCIA MORENO RUSSO, que, com persistência e coragem, vinham
trabalhando em prol da regulamentação da profissão, há vários anos.
Também em 1962 foi criado o Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB),
órgão responsável pela fiscalização do exercício profissional, resguardando-o
para os bibliotecários de formação; sua oficialização só ocorreu em 1966.
Dados de 2009 apontam que a classe bibliotecária já se encontra
consolidada em todo o país, sendo representada por cerca de 30.000
bibliotecários, inscritos nos 15 Conselhos Regionais de Biblioteconomia,
distribuídos por todo o País.
No entanto, mesmo com esse número significativo de profissionais, ainda
existem postos de trabalho que não são ocupados por bibliotecários, como é o
caso das bibliotecas escolares e o das bibliotecas públicas, nos quais se
reconhece a atuação de leigos.
Visando modificar esse cenário, a Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES), por meio da Universidade Aberta do Brasil
(UAB) e com a parceria do CFB, está desenhando a proposta pedagógica de um
curso de graduação em Biblioteconomia, para ser oferecido na modalidade à
distância, cujo início está previsto ainda em 2010.

8 CRIAR, PESQUISAR E CONSUMIR INFORMAÇÃO

8.1 Bibliotecário de apoio, intermediário, facilitador da


informação?

O bibliotecário e o especialista da informação, que trabalham em


organizações e centros de informação, foram sempre vistos como parte do staff
de apoio, trabalhando quietamente nos bastidos, à margem das funções mais

21
importantes das organizações ou empresas. Mas o fato de que este profissional
possui as habilidades que são muito necessárias para efetivamente adquirir,
organizar e distribuir informação, as organizações (inteligentes) não podem se
dar ao luxo de prescindir de sua contribuição e participação em atividades
estratégicas (CHOO, 1998, p.215).
Os bibliotecários, especialistas em informação, devem quebrar essas
barreiras e refazer/inovar as suas funções na empresa, agir de forma mais
agressiva antecipando-se às necessidades e fornecendo informações para a
organização se conhecer melhor e à sua ambiência.
Devem ser também os primeiros a fazerem uso de modernas tecnologias
de informação e de software informacional que facilite a recuperação e
disseminação da informação. A sua função globalizada é a de estabelecer
conexões com aqueles que detêm a informação, e os que as querem
(DAVENPORT & PRUSAK, 1993, p.408)

8.2 Bibliotecário na organização inteligente

A organização inteligente entende que a descoberta e o uso do


conhecimento pode ser melhor atingido se fizer uma parceria estratégica
informacional entre aqueles na organização, que criam e usam a informação, os
especialistas da informação e os especialistas em tecnologia informacional.
Esta sinergia coletiva é necessária para tecer uma rede de informações
estruturadas e não estruturadas, internas e externas, correntes e históricas, e
informações orientadas para o futuro: para criar instrumentos e métodos para
acessar e selecionar a melhor informação disponível; desenhar arquiteturas
informacionais baseadas num entendimento profundo das necessidades
informacionais e de comunicação de seus clientes; e integrar os processos
informacionais da organização, formando uma plataforma para o aprendizado e
desenvolvimento organizacional (CHOO, 1998, p.217).
Sair da posição de apoio e de intermediador da informação para a de
criador, agregador de valor e consumidor da informação este é o passo a ser
dado pelo bibliotecário. A melhor forma de fazê-lo é através da inovação e da
educação continuada.

22
8.3 O bibliotecário inteligente

As universidades devem assumir a responsabilidade pela formação,


atualização e adaptação dos profissionais de biblioteconomia aos novos meios
de tornar disponível a informação e aos novos ambientes organizacionais
voltadas para o aprendizado, a criação de conhecimento e à inovação, onde esse
deverá assumir papéis mais proativos.
Cursos como por exemplo o de Inteligência Competitiva poderiam ser
ministrados. Inteligência competitiva, pode ser entendida, como o resultado da
análise de informações e dados coletados, que irá embasar decisões; ou
estrutura de redes ativas baseada em fatores críticos de sucesso para a
organização; ou ainda, processo sistemático de coleta, tratamento, análise e
disseminação da informação sobre atividades de concorrentes, tecnologias e
tendências dos negócios, visando subsidiar a tomada de decisão e atingir as
metas estratégicas da empresa (GILDA MASSARI COLEHO, 2000).

É feita a distinção entre dado (valor sem significado); informação (dado


com significado) e conhecimento (informação estruturada e
contextualizada). O conhecimento (ou inteligência) é o elemento
habilitador da decisão. O processo de Inteligência Competitiva é que
dá a visão geral consistente, a partir das informações. O conceito pode
ser ilustrado como uma pirâmide em três camadas (da base para o
topo): fontes, análise e sistema de inteligência (FULD, 1995). A
Inteligência Competitiva, quando aplicada ao sistema administrativo,
ou ao planejamento estratégico, ou ainda à coleta de informações para
tomada de decisão empresarial, pode gerar uma série de produtos com
sucessivo grau de valor agregado. Começa no nível mais baixo, com
uma base de dados de informação bruta. A partir desta base de dados,
boletins de notícias são produzidos e distribuídos aos indivíduos na
organização. O próximo nível pode ser representado, por exemplo,
pelos perfis da concorrência que são preparados de forma resumida
ou detalhada. A seguir podem vir os relatórios de impacto estratégico,
nos quais começa-se a agregar valor à informação. É neste nível que
a inteligência realmente começa a ser formada porque o impacto
potencial é determinado com base nas notícias. Mais valor ainda é
agregado no nível seguinte que consiste numa análise mais minuciosa
da situação. A hierarquia é encabeçada com resumos mensais de
inteligência e resumos especiais direcionados para a alta gerência
(TYSON, 1997)

A Inteligência Competitiva se utiliza de um conjunto de medidas do


planejamento estratégico que inclui a identificação de melhores práticas, análise
de pontos fortes e fracos do mercado e estudo de tendências (oportunidades,
ameaças).

23
Utiliza-se de métodos como a informetria e a bibliometria, técnicas como a
de Delphus, benchmarking, cenários, e outras, com o objetivo de assegurar um
melhor posicionamento no ambiente. Nas indústrias e no setor produtivo este
melhor posicionamento significará vantagem competitiva frente aos
concorrentes.
Em organizações não governamentais ou ainda, sem fins lucrativos, a
inteligência competitiva assume um papel mais próximo à inteligência
cooperativa, fazendo jus ao objetivo dessas organizações, qual seja, o
desenvolvimento de trabalhos voltados para o bem público. Algumas destas
entidades atuam nas áreas de informação e educação, outras são operacionais
e se envolvem com projetos técnicos na área do desenvolvimento, sem nenhum
objetivo de geração de lucros.
As bibliotecas, que são tradicionalmente organizações sem fins lucrativos,
se inserem nesta categoria e devem utilizar a inteligência competitiva e/ou
cooperativa para se posicionarem com alguma vantagem no mercado,
aproximando-se de forma mais personalizada de seu cliente/usuário, ocupando
um espaço, que está cada vez mais tomado por empresas privadas e comerciais.
O que se espera hoje do bibliotecário é a criação e gerenciamento de
informações e oferta de serviços e produtos com valor agregado e em tempo
real. Suas atividades baseiam-se hoje em acervos fixos e dados, informações,
sons e imagens contidos em bases de dados e nos estoques informacionais
digitalizados e disponíveis em redes e na Internet.

Habilidades que se esperam dele são: domínio das tecnologias de


imagem, reconhecimento de caracteres óticos, linguagens Markup,
catalogação e metadados, tecnologia de indexação e de bases de
dados, desenho de interfaces com o usuário, programação, tecnologia
de rede (web), e gerenciamento de projetos (TENNANT, 1999, p.39).

E também trabalho com a informação, interpretando dados, transformando-


os em conhecimento com valor agregado para a tomada de decisões na
organização, ou para atender necessidades informacionais de pesquisadores, e
ainda de qualquer tipo de usuário.
Espera-se também do bibliotecário uma atitude profissional proativa que o
posicione com destaque, como especialista da informação que é, e como

24
empresário, no contexto da Sociedade da Informação. Espera-se dele também
uma atitude de vigilância com o bem (informacional) público e com o
desenvolvimento e disseminação dos conteúdos informacionais através das
redes.
Percebe-se, na Sociedade da Informação, que a atividade informacional
está presente em todos os ambientes organizacionais e não apenas nas
bibliotecas, abrindo campo para inúmeras profissões da informação, mas com
um core comum, o ciclo informacional.
Finalizando, os perfis profissionais que podem ser detectados hoje, incluem
muitas características do profissional tradicional, mas também muitos outras que
emergem das inúmeras possibilidades que as modernas tecnologias, as redes,
a web, e a Internet têm propiciado, em especial o que tange à recuperação da
informação e ao atendimento personalizado aos usuários, bem como as
modernas teorias de gestão e trabalho com a informação.

9 PRIMÓRDIOS DO ENSINO E DA PROFISSIONALIZAÇÃO DA


ARQUIVOLOGIA NO BRASIL

Para delinear esse quadro, vamos nos reportar ao Brasil Império, quando
pela primeira vez transparece a importância da instituição arquivística para
depósito e custódia da primeira Lei Maior do país, assim explicitada no art. 70:

Assinada a Lei pelo Imperador, referendada pelo Secretário de Estado


competente, e selada com o Selo do Império, se guardará o original no
Arquivo Público, e se remeterão os Exemplares dela impressos a todas
as Câmaras do Império, Tribunais, e mais Lugares, aonde convenha
fazer-se pública (BRASIL, 1824).

Entretanto, somente catorze anos após a promulgação da Constituição


que mencionava o Arquivo Público é que foi criado o Arquivo Público do Império,
em 2 de janeiro de 1838.
A Constituição de 1824 e o Arquivo Público do Império são dois símbolos
emblemáticos que se constituem na gênese desse “saber” em que práticas
arquivísticas já se desenvolviam.
A formação da comunidade científica nacional de arquivologia começa a
se delinear a partir do ensino de graduação, oriundo da academia, porém, suas

25
raízes históricas originam-se no Arquivo Nacional, nos idos de 1911, onde se
encontram referências aos primeiros cursos especializados lá organizados.
Na criação do Curso de Diplomática, entre outras disciplinas a serem
ministradas, constava “regras de classificação” (FERREIRA, 1973). O interesse
pelo ensino formal voltado especificamente para a área remonta à década de
1920 e, mais precisamente, vincula-se a Alcides Bezerra, diretor do Arquivo
Nacional (de 1922 a 1938), que propõe a criação de um curso técnico para a
habilitação dos funcionários da instituição com base no Decreto nº 15.596, de 2
de agosto de 1922.
Esse texto legal criou o Museu Histórico Nacional e aprovou seu
regulamento, dispondo nos arts. 55 e 56 sobre a criação de curso técnico visando
habilitar, entre outros, os candidatos ao cargo de amanuense do Arquivo
Nacional, estabelecendo duração e disciplinas que integrariam o curso, e
delegando as respectivas responsabilidades e competências ao órgão para
ministrá-la, isto é, Museu Histórico Nacional, Biblioteca Nacional e Arquivo
Nacional.
Alcides Bezerra, grande defensor e incentivador do curso de formação em
arquivo, demonstrando sensibilidade para a temática, além de ampla visão como
educador, propôs, em 1930, nos dizeres do conselheiro Vicente Sobriño Porto,
relator do parecer que fixa o currículo mínimo do curso de arquivo,

(...) que o curso deveria ser incorporado à Universidade do Rio de


Janeiro, então em projeto, e em 1932 defendia a criação autônoma do
curso técnico, visto que a Biblioteca Nacional e o Museu Histórico
haviam criado cursos próprios e independentes. Ele alimentava “a
esperança que, em futuro não muito remoto, contará o Arquivo
Nacional com um corpo de competentes arquivistas” e expunha em
quase todos os seus relatórios, a necessidade da melhor formação de
arquivistas. Entendia, acertadamente, que não se devia perder de vista
“o caráter superior do curso técnico, que pressupõe nos candidatos
conhecimentos de vária matérias do curso de humanidades”. Sua
Exposição de Motivos, apresentada ao ministro Antunes Maciel, em 22
de março de 1932, é uma peça válida até hoje, pela atualidade das
ideias e pelo espírito crítico (SOBRIÑO PORTO, 1974).

Sem periodicidade regular, os cursos se realizam de acordo com as


possibilidades do Arquivo Nacional, a instituição mantenedora. Após a gestão do
grande mecenas dos cursos de formação em arquivo, se assim podemos chamá-
lo, nos anos que se seguiram a iniciativa de realização de cursos com o objetivo
de melhorar a formação do funcionário passa por um período de estagnação.

26
Diante dos fatos relatados, consideramos o período das décadas de 1920
e 1930 o primeiro marco da história da formação arquivística no Brasil. Passadas
algumas décadas, novos cursos são criados.
No final dos anos 1950, na administração do então diretor do Arquivo
Nacional, José Honório Rodrigues, é aprovado o novo Regimento do Arquivo
Nacional, através do Decreto nº 44.862, de 21 de novembro de 1958, que
estabelece no art. 31: “À Seção de Cursos do Arquivo Nacional cumpre organizar
e manter os cursos de formação do pessoal especializado em arquivos e
pesquisadores de história”, passando a se realizarem com maior regularidade a
partir de 1960.
A convite do então diretor do Arquivo Nacional, que demonstrou
preocupação com a situação dos documentos custodiados pela instituição, vem
ao Brasil o arquivista francês Henri Bouiller de Branche, com a missão de
estabelecer um diagnóstico da real situação e das condições em que se
encontrava o acervo do Arquivo Nacional.
A reorganização do acervo dentro dos princípios arquivísticos que
norteavam a área implicava mão de obra qualificada. Assim, visando dotar os
servidores da instituição de condições para efetuar o trabalho de reorganização
do acervo, é retomado o projeto de criação de cursos de formação em arquivo
no Arquivo Nacional, ministrados por Henri Bouiller de Branche.
Entendemos que esse novo período de cursos, iniciado por José Honório
Rodrigues, constitui o segundo marco da história da formação arquivística no
Brasil.
A partir desse momento, tem início, mesmo que vagarosamente, um
processo de consolidação de um novo saber na arquivologia brasileira, ainda
que com uma proposta técnica fundamentada nas teorias da época, transmitidas
nos cursos e na literatura pertinente, propiciando a expansão do conhecimento
na área.
A vinda de especialistas do Arquivo Nacional da França é fundamental
para a formação de arquivistas brasileiros, e a meta é alcançada, entre outras
atividades então desenvolvidas, com o estabelecimento de programas de
capacitação e disseminação de literatura especializada nessa área do
conhecimento e também com a tradução de literatura estrangeira, por iniciativa
do próprio Arquivo Nacional.

27
Todo esse movimento de base vai culminar na década de 1970 com o que
poderíamos considerar o boom da arquivologia no Brasil, quando o ensino com
uma característica técnica começa a esboçar, mesmo de forma embrionária, um
caráter científico. A responsabilidade pela formação dos recursos humanos na
área passa para a academia, e assim temos o ensino da graduação em
arquivologia no âmbito universitário.
No ano de 1972, através do Parecer nº 212/72, o Conselho Federal de
Educação, órgão vinculado ao Ministério de Educação, autoriza a criação do
Curso de Arquivo, em nível superior, dando início ao processo de
desenvolvimento do Curso de Graduação em Arquivologia.
Em cumprimento à recomendação do I CBA, realizado na cidade do Rio
de Janeiro no mês de outubro de 1972, que estabelece “que seja fixado o
currículo mínimo do Curso Superior de Arquivo” (Anais..., 1979, p. 561), a AAB
encaminha, por meio de seu presidente, ao Conselho Federal de Educação
Câmara de Ensino Superior, o Projeto de Currículo Mínimo para o Curso
Superior de Arquivo, constituindo-se no Processo nº 1845/72 daquele órgão
(BOTTINO, 1994). Reunidos em 7 de março de 1974,

(...) exatamente dois anos após ter sido aprovada a criação de curso
superior de Arquivo no país [...], o Conselho Federal de Educação do
Ministério da Educação e Cultura complementou sua atuação em
benefício de toda a classe dos arquivistas, oferecendo o currículo
mínimo, que irá orientar e disciplinar a formação dos futuros
profissionais brasileiros (ARQUIVO & ADMINISTRAÇÃO, abr. 1974).

E, finalmente, através da Resolução nº 28, de 13 de maio de 1974, é


fixado o currículo mínimo e a duração do Curso de Graduação em Arquivologia,
fato que impulsionou o florescimento dos cursos de graduação.
A partir de 1990 emerge, novamente, a questão da graduação em
arquivologia com a implantação do curso na Universidade de Brasília (UnB).
Tendo delineado de modo resumido o cenário do ensino da arquivologia, isto é,
seu saber, veremos a seguir o surgimento do movimento associativo, com a
criação da associação de classe, congregando os profissionais para esse fazer
arquivístico.

Ducharme assinala que a afirmação social de uma profissão pressupõe


vários aspectos, quais sejam: a aprovação e o reconhecimento da
profissão por parte da sociedade por desempenhar tarefas socialmente
importantes; a apresentação de um conjunto de conhecimentos

28
científicos; a existência de um programa de formação específica; a
reunião do grupo em torno de associação profissional com vistas à
promoção de metas comuns e ao fortalecimento de sua identidade
profissional, e ao estabelecimento de normas e valores, ou seja, um
código de ética (COUTURE, DUCHARME e ROUSSEAU, 1988).

As associações profissionais são um fator relevante para o fortalecimento


profissional e têm uma atuação indispensável no desenvolvimento de ações na
área em arquivos públicos e privados, universidades e centros de formação.
Nesse contexto surge a AAB, fundada em 20 de outubro de 1971, que
desempenha um papel de fundamental importância no processo de
desenvolvimento da arquivologia no Brasil.
A AAB é uma sociedade civil de direito privado, sem fins lucrativos,
apolítica e cultural, criada com a finalidade de dignificar socialmente a profissão
e elevar o nível de conhecimento dos arquivistas brasileiros.
As conquistas em benefício da área ocorrem em diversas ações da AAB,
seja cooperando com o governo e os organismos nacionais e internacionais,
públicos e privados, seja atuando no poder público, formando e acompanhando
políticas públicas na área da informação ou promovendo a difusão do
conhecimento arquivístico através de periódicos especializados e eventos na
área.
Relembrando os aspectos mencionados por Ducharme, não podemos
deixar de destacar outro fato que também contribuiu para sedimentar os rumos
da profissão e definir sua comunidade, qual seja, a regulamentação profissional
que ocorre no ano de 1978.
A década de 1970 passa a ser um marco no desenvolvimento profissional
arquivístico brasileiro, bem como na fixação das bases para o estabelecimento
de sua comunidade científica.
Fatos relevantes impulsionaram essa nova realidade, entre os quais
destacamos:

O florescimento dos cursos de graduação em arquivologia.


A fixação do currículo mínimo dos cursos.
A criação da AAB (apêndice A).
O lançamento do primeiro periódico especializado na área, a revista Arquivo &
Administração.

29
A regulamentação da profissão de arquivista.

Temos, portanto, o terceiro marco da história da formação arquivística no


Brasil com a criação de cursos universitários, a regulamentação da profissão e
a criação da associação profissional.
Com o cenário da formação arquivística no Brasil brevemente
contextualizado, passaremos ao objeto específico de nosso trabalho, o CBA.
Nas seções que se seguem reunimos os 13 congressos realizados no período
de 1972 a 2000.
Do material pesquisado, procuramos apresentar, de cada congresso, o
tema do evento, o local, a data de realização e a forma como foi estruturado,
identificando as atividades realizadas (sessões plenárias, comunicações livres,
seminários, encontros, painéis, mesas-redondas etc.), embora nem todas
tenham tido continuidade nos eventos posteriores.
Com o propósito de oferecer ao leitor um maior número de informações
relativas aos assuntos abordados nas plenárias, levantamos algumas
observações e, para o alcance do objetivo proposto, listamos as conferências
apresentadas.
Além destas, relacionamos também as comunicações livres
apresentadas. As sessões plenárias e de temas livres estiveram presentes em
todos os congressos, mesmo com denominação diferente (“sessão de
comunicações”) nos casos do VIII, do X e do XIII CBA. A exceção foi o I CBA,
em que a estrutura do evento apresentou “temas gerais” e “temas especiais”,
razão pela qual todas as conferências foram identificadas.
Posteriormente, reunimos o conjunto de recomendações aprovadas em
cada evento, identificando aquelas que se concretizaram a partir de ações
capitaneadas pela AAB, pelos profissionais da área, pelos arquivos públicos,
pelas universidades, enfim, pela comunidade arquivística existente, identificando
sua visibilidade e capacidade de mobilização para o alcance dos objetivos.

30
10 I CONGRESSO BRASILEIRO DE ARQUIVOLOGIA – 1972

Rio de Janeiro, antiga sede da capital federal, local de importantes


momentos de nossa história, sede do Arquivo Nacional, palco do despertar da
arquivologia no Brasil.
Arquivistas que somos, sabemos da importância da preservação de
informações, dos registros de fatos e ações que nos permitem reconstituir
cenários, avaliá-los, disseminar informações valiosas e em sua grande maioria
únicas.
Partindo dessa premissa, procuramos caminhar em busca desse resgate
possibilitado por uma regressão da memória de onde emergiram lembranças de
uma época distante, que remontam ao nosso despertar para a arquivologia. Ano
de 1971, a AAB é criada, 1972 I CBA, à época concluía o curso clássico,
posteriormente denominado 2º grau, no Colégio Santa Úrsula e, seguindo minha
opção de estudo, no ano de 1973 ingressei no Curso de História da Universidade
Federal Fluminense. E a história continua ...
No período de 15 a 20 de outubro de 1972, a AAB promoveu e realizou,
no antigo estado da Guanabara, o I CBA. Na ocasião (1971-1973), o presidente
da AAB era José Pedro Esposel.
Esse primeiro congresso foi organizado com temas gerais e temas
especiais, como descrito abaixo. Temas gerais (33 conferências apresentadas
no Palácio Tiradentes):

Sistema Nacional de Arquivos.


A formação e a profissão do arquivista no Brasil.
A formação do técnico.
O arquivista.
Estudo da arquivística na biblioteconomia gaúcha.
Currículo de arquivística.
Organização do arquivo fiscal.
A importância social dos arquivos.
Esboço de um método para a classificação de atos oficiais.

31
Nota do Departamento Geral de Documentação da Secretaria e Administração
do governo do Estado da Guanabara sobre o sistema de documentação e os
arquivos.
Estudo da história contemporânea.
Os arquivos na recriação da história.
Os arquivos e a história municipal.
Comunicações sobre artes visuais, literatura e história.
A experiência paranaense no levantamento de arquivos.
O Arquivo Histórico do Museu Imperial a serviço da pesquisa no campo da
história.
A importância do arquivo e levantamento de documentos históricos no estado
da Guanabara.
Arquivos municipais do estado do Rio de Janeiro.
A microfilmagem a serviço da administração fiscal.
O arquivo e o computador.
Pastas especiais para arquivamento de listagens de computadores
eletrônicos.
Microfilmagem de documentos.
Microfilmagem: avaliação, seleção e preparo da documentação.
O microfilme no arquivo.
Microfilmagem: planejamento e implantação de sistemas.
O arquivo como elemento de comunicação.
Terminologia arquivística.
Projeto Pandora.
Projeto Musa.
Participação dos arquivos na ação cultural.
Programas de “Slides” do sistema de arquivo e microfilmagem de Furnas
Elétricas S.A.
Administração e controle da produção documental em função da pesquisa.
Operação Arquivos I: Projeto Rondon (Costa e Souza; Paes, 1973:25-26).

Temas especiais (“Arquivos Médicos”, 28 conferências apresentadas no


Hotel Serrador):

32
Arquivo médico.
Recursos humanos: treinamento de pessoal no arquivo médico; Arquivo
médico.
Matrícula de pacientes.
Classificação de doenças em psiquiatria.
Planejamento do arquivo médico.
Padronização do Same.
Padronização do prontuário médico.
A microfilmagem aplicada ao arquivo médico.
O prontuário médico e as novas dinâmicas do cuidado do paciente.
Contribuição e demonstração prática do uso de computadores.
Funcionalidade e dinâmica do arquivo médico na integração paciente médico
doença.
Pastas especiais para arquivamento de listagens de computadores
eletrônicos.
Serviço de Arquivo Médico e Estatística: seu entrosamento no hospital.
Serviço de Arquivo Médico e Estatística do Hospital Santa Maria da Real e
Benemérita Sociedade Portuguesa de Beneficência do Rio de Janeiro.
Serviço de Arquivo Médico: sua importância.
Importância do prontuário médico.
Codificações de doenças e operações.
Arquivamento do prontuário médico pelo sistema alfanumérico.
Internação de doentes no Hospital Geral.
Tipos de fichários e arquivos de um hospital.
Aplicação de computadores em hospital: resumo de uma experiência.
Avaliação do profissional e do hospital.
Registro e elaboração de dados estatísticos.
Prontuários médicos: componentes.
Levantamento das necessidades nacionais.
Aspectos legais do prontuário.

33
Prontuários médicos e INPS; Regimento Interno do Serviço de Documentação
Médica do Hospital Estadual Souza Aguiar (Costa e Souza; Paes, 1973:26-
27).

Atividades especiais (realizadas no auditório do jornal O Globo):

Painel sobre “Conservação e restauração de documentos”.


Mesa-redonda sobre “Coleções e arquivos particulares”.
[primeiro] Encontro com os diretores dos Arquivos Públicos Estaduais,
promovido pelo diretor do Arquivo Nacional, dr. Raul do Rego Lima.

O congresso teve como objetivos discutir os problemas relativos aos


arquivos, divulgar informações técnicas da área, estudar e tornar conhecida a
situação dos arquivos médicos no Brasil, além de promover o congraçamento
entre os interessados na matéria arquivística.
A temática foi centrada, sobretudo, nos aspectos histórico e cultural dos
arquivos, temas amplamente enfatizados à época, além de sua função social.
Emergia, então, a discussão a respeito da arquivologia sob o ponto de vista
acadêmico, com a apresentação de uma proposta curricular para a criação de
um curso de graduação em arquivologia e com o debate sobre a formação do
arquivista e do técnico em arquivo.
As novas tecnologias também estiveram presentes nas discussões,
porém, somente a questão da microfilmagem foi amplamente abordada, devido
à existência de legislação pertinente, a Lei nº 5.433, de 8 de maio de 1968, que
regula a microfilmagem de documentos.
A relação dos arquivos com a informática, cuja terminologia utilizada à
época era computadores eletrônicos, é abordada timidamente em duas
conferências, sendo que uma delas aborda a relação arquivo/computador e a
outra, material de consumo, ou seja, pastas especiais utilizadas para o
arquivamento de listagens de computador.
É importante também ressaltar a apresentação de trabalho, ainda que
embrionário, sobre terminologia arquivística, demonstrando a preocupação da
classe em discutir e estabelecer terminologia específica para a área.

34
Sendo a questão terminológica importante para seu desenvolvimento,
eram necessários estudos para sua definição e utilização, o que esboçava certo
anseio por uma arquivologia científica, fortalecido também pela discussão
relativa à formação acadêmica.

A discussão é retomada no que concerne ao Sistema Nacional de


Arquivo, assunto também abordado em sessão do I CBA, considerando
que o tema já havia sido objeto de deliberação quando, em 7 de
novembro de 1961, através da Portaria nº 316-B, do Ministério da
Justiça e Negócios Interiores, é criada uma comissão presidida pelo
então diretor do Arquivo Nacional, José Honório Rodrigues, que
elabora um anteprojeto de lei instituindo o Sistema Nacional de
Arquivos (ESPOSEL, 1977).

A AAB, representando o segmento da comunidade arquivística brasileira,


não mediu esforços ao longo dos anos que se seguem ao I CBA, pleiteando a
criação do Sistema Nacional de Arquivo. Além da sessão “Temas gerais”, um
enfoque especial foi dado ao arquivo médico, com a apresentação de várias
conferências abordando sua organização e classificação, a aplicação de
tecnologia, o treinamento de recursos humanos, os recursos materiais, além de
relatos de experiências.
Cabe assinalar um fato de grande relevância para os profissionais de
arquivos ocorrido nesse congresso: o lançamento, com distribuição aos
presentes, do número zero da revista Arquivo & Administração, publicação oficial
da AAB e o primeiro periódico brasileiro dedicado exclusivamente à arquivística.
A revista passou a ser um veículo para a disseminação de artigos, relato
de experiências e reflexões acerca da área.
Outro fato muito significativo foi a presença de um grande número de
participantes, cerca de 1.300, o que deixa evidente a demanda por informações
e o interesse dos profissionais da área, que necessitavam de um fórum de
discussão para intercambiar conhecimentos, expor e buscar soluções para sua
atuação profissional.
A reunião da comunidade profissional, a discussão sobre a formação
acadêmica, a proposta de uma terminologia para a área e o lançamento de seu
primeiro periódico fizeram com que este I CBA começasse a desenhar um novo
modelo para a arquivologia, conferindo-lhe um aspecto mais formal e científico,
mesmo que ainda incipiente, e essas circunstâncias, em nosso entendimento, o
tornaram um marco na trajetória da arquivologia brasileira.

35
As 20 recomendações aprovadas (as plenárias dos congressos
aprovavam recomendações que deveriam ser encaminhadas pela AAB a
autoridades e órgãos competentes):

1. Que seja retomado o estudo, para transformar em lei, o anteprojeto de


criação do Sistema Nacional de Arquivos;
2. Que seja fixado o currículo mínimo do Curso Superior de Arquivo;
3. Que as autoridades e os administradores em geral sejam alertados e
esclarecidos sobre a natureza, o valor e a importância dos arquivos como fonte
primária de informação no processo do desenvolvimento nacional;
4.Que os critérios de avaliação dos documentos oficiais, com vistas à
eliminação ou preservação, sejam sistematizados e devidamente divulgados;
5. Que das comissões de eliminação de documentos participem,
obrigatoriamente, especialistas em arquivo que terão como consultores
historiadores e cientistas sociais devidamente qualificados;
6. Que se reconheça a necessidade da preservação e conservação dos
documentos em poder das autoridades administrativas e entidades privadas e
que eles, ao se tornarem dispensáveis às suas atividades, sejam recolhidos
aos arquivos públicos ou instituições interessadas na pesquisa histórico-social
(universidades, institutos históricos e congêneres);
7. Que seja modificado o atual projeto de Código de Processo Civil a fim de
impedir a destruição de processos judiciais passados em julgado, observando-
se apenas o preceito legal do seu recolhimento aos arquivos públicos federais
e estaduais competentes;
8. Que sejam microfilmados os documentos de interesse histórico-social,
conservando-se em locais separados os originais em microfilmes, para maior
garantia da sua conservação;
9. Que nas leis orçamentárias dos governos federal, estaduais e municipais
sejam incluídos maiores recursos destinados aos arquivos públicos;
10. Que ao Arquivo Nacional se assegurem, efetivamente, o controle e a
assistência técnica à documentação arquivada nos diversos órgãos da
administração federal direta e indireta;

36
11. Que seja estudada a criação de um sistema nacional de informação de
toda a documentação histórica do Brasil, com base na efetivação do Catálogo
Coletivo de Arquivos Brasileiros, atribuição do Arquivo Nacional;
12. Que os dispositivos preconizados pela medicina preventiva e higiene do
trabalho sejam rigorosamente observados nos arquivos;
13. Que o governo do Distrito Federal promova a instalação do Arquivo Público
de Brasília;
14. Que o Poder Executivo da União estabeleça a custódia centralizada dos
arquivos em desuso em vários órgãos da administração federal sediada em
Brasília, para isso erigindo ali nova sede do Arquivo Nacional, a fim de abrigar
o conjunto dos arquivos dos Três Poderes, patrimônio cultural e histórico do
país, sem prejuízo da permanência do atual no Rio de Janeiro;
15. Que sejam revistos os níveis de remuneração dos cargos atinentes aos
trabalhos de arquivo, tornando-se compatíveis com a importância das tarefas
que lhes são atribuídas;
16. Que se estabeleçam normas que regulamentem a instalação e o
funcionamento de Serviços de Arquivo Médico e Estatística, nos hospitais
brasileiros;
17. Que se uniformizem a coleta e apuração de dados de estatística médica e
administrativa dos Serviços de Arquivo Médico e Estatística dos hospitais
brasileiros, com o objetivo de proporcionar dados informativos que possibilitem
as melhorias da assistência médica no país;
18. Que se adotem medidas que visem aperfeiçoar os recursos humanos
necessários ao funcionamento dos serviços de arquivo médico do país;
19. Que se crie, no Serviço Público e Privado, a carreira de Técnico de Arquivo
Médico e Estatística;
20. Que a Associação dos Arquivistas Brasileiros, em colaboração com a
Associação Brasileira de Normas Técnicas, elabore projeto de norma fixando
a terminologia arquivística (COSTA e SOUZA; PAES, 1973).

Dessas recomendações, vale destacar os temas propostos:

37
Criação do Sistema Nacional de Arquivos (SINAR), tendo o Arquivo Nacional
como órgão central do sistema.
Fixação do currículo mínimo pelo Ministério de Educação para formação de
nível superior.
Importância dos arquivos.
Questões relativas à avaliação de documentos com a definição de critérios,
bem como o perfil dos integrantes das comissões de avaliação.
Alerta às autoridades, tanto públicas quanto privadas, sobre a necessidade de
preservação de acervo arquivístico.
Alteração do projeto do Código de Processo Civil, visando à preservação de
processos judiciais.
Microfilmagem de acervos.
Instalações adequadas dos arquivos.
Elaboração do Catálogo Coletivo de Arquivos Brasileiros.
Aplicação suficiente de recursos financeiros e humanos nos arquivos.
Criação do arquivo público de Brasília.
Instalação, em Brasília, do arquivo intermediário, com a finalidade de
armazenar o acervo arquivístico proveniente dos poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário.
Melhoria salarial para os profissionais.
Normalização da terminologia arquivística brasileira.
Pleito relativo ao Serviço de Arquivo Médico e Estatístico (Same), bem como
sua regulamentação, a normalização da coleta e da análise dos dados, a
capacitação do pessoal que atua no setor, além da criação do cargo de técnico
de arquivo médico.

Desse universo de recomendações, algumas se concretizaram, como


veremos a seguir.
A preocupação da comunidade arquivística com a criação do Sistema
Nacional de Arquivos (SINAR) foi objeto da primeira recomendação e reiterada
nos dois eventos seguintes, o II (1974) e III (1976) CBA. Em 1973, atendendo à
recomendação postulada pelos congressistas no I CBA, a AAB pleiteia junto ao
Ministério da Justiça a criação do SINAR.

38
Representando uma vitória da categoria, sua criação ocorrerá
efetivamente através do Decreto nº 82.308, de 25 de setembro de 1978, ou seja,
seis anos após seu pleito no I CBA. Posteriormente, esse decreto foi revisado e
alguns anos mais tarde revogado pelo Decreto nº 1.173, de 29 de junho de 1994.
Passados oito anos é assinado o Decreto nº 4.073, de 3 de janeiro de
2002, em substituição ao anterior, cujo texto dispõe “sobre a competência,
organização e funcionamento do Conselho Nacional de Arquivos (CONARQ) e
do Sistema Nacional de Arquivos (SINAR) e dá outras providências”.
A segunda recomendação pede a fixação do currículo mínimo do curso
de graduação em arquivologia junto ao MEC para que se pudesse investir na
criação de cursos de formação nas universidades, uma vez que o curso
ministrado pelo Arquivo Nacional já tinha mandato universitário obtido no ano de
1972, conforme visto anteriormente.
Passados dois anos, em 13 de maio de 1974, o Conselho Federal de
Educação, por meio da Resolução nº 28, fixa o currículo mínimo do curso de
graduação. A terceira recomendação espera que as autoridades sejam alertadas
sobre a importância dos arquivos como instrumento para o desenvolvimento
nacional.
Na ocasião em que pela primeira vez a comunidade de profissionais de
arquivo se reunia para propor e reivindicar meios para o desenvolvimento da
área, a conscientização da importância dos mesmos por parte de
administradores e autoridades em geral era condição sine qua non para seu
progresso.
A quarta recomendação diz respeito à sistematização dos critérios de
avaliação de documentos oficiais. A trajetória para se alcançar esse objetivo teve
início com a criação, em 1995, da Câmara Técnica de Avaliação de Documentos,
integrante do Conselho Nacional de Arquivos (CONARQ), cuja finalidade, entre
outras, é a de propor critérios de avaliação de documentos.
Essa reivindicação, objeto do I (1972) CBA e endossada pelos
participantes dos II (1974) e do III (1976) CBA, começa a vigorar a partir da
aprovação da Resolução nº 4, de 28 de março de 1996, do Conselho Nacional
de Arquivos, quando já havia passado um longo período desde a aprovação da
recomendação no I CBA, ou seja, 24 anos. Posteriormente, foi revogada pela
Resolução nº 14, de 24 de outubro de 2001, que:

39
(...) dispõe sobre o Código de Classificação de Documentos de Arquivo
para a Administração Pública: Atividades-Meio, a ser adotado como um
modelo para os arquivos correntes dos órgãos e entidades integrantes
do Sistema Nacional de Arquivos (SINAR), e aprova os prazos de
guarda e a destinação de documentos estabelecidos na Tabela Básica
de Temporalidade e Destinação de Documentos de Arquivo Relativos
às Atividades-Meio da Administração Pública (CONSELHO
NACIONAL DE ARQUIVOS, 2001).

A homologação de recomendações voltadas para a definição de critérios


de avaliação, bem como de comissão mista de avaliação composta por
especialistas de várias áreas de conhecimento, tornava evidente a preocupação
existente entre os profissionais dos arquivos quanto à eliminação aleatória de
acervos arquivísticos.
A demanda pela criação da comissão de avaliação, matéria da quinta
recomendação, será formalizada com a aprovação do instrumento de
classificação, temporalidade e destinação dos documentos, em 1996.
Entre as orientações estabelecidas no referido instrumento, uma
estabelece, como competência dos órgãos públicos, a criação da Comissão
Permanente de Avaliação, composta por arquivista, historiador, profissionais da
área jurídica, servidor da unidade à qual se refere o acervo e outros profissionais
que possam contribuir com a comissão.
O assunto “Comissão de Avaliação” volta à pauta e ainda será objeto de
recomendações no V (1982) e no VI (1986) CBA. Preocupados em conter a
eliminação de documentos arquivísticos, sem critérios de avaliação
preestabelecidos, mesmo aqueles de natureza privada e considerados de
interesse público, social e cultural, a comunidade arquivística presente no I CBA
aprova a sexta recomendação.
O primeiro instrumento legal que tratou da questão foi a Lei nº 8.159, de
8 de janeiro de 1991, que dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos
e privados, e estabelece no art. 12:

Os arquivos privados podem ser identificados pelo Poder público como


de interesse público e social, desde que sejam considerados como
conjuntos de fontes relevantes para a história e desenvolvimento
científico nacional (BRASIL, 1991).

Seguindo a cronologia das ações relevantes sobre o tema, cabe citar o


Decreto nº 2.173, de 29 de junho de 1994, que dispõe sobre a competência e o
funcionamento do CONARQ e do SINAR, posteriormente revogado pelo Decreto

40
nº 4.073, de 3 de janeiro de 2002, e cujo capítulo V trata especificamente da
declaração de interesse público e social de arquivos privados.

O CONARQ, através da Resolução nº 12, de 7 de dezembro de 1999,


mais tarde revogada pela Resolução nº 17, de 25 de julho de 2003,
“dispõe sobre os procedimentos relativos à declaração de interesse
público e social de arquivos privados de pessoas físicas ou jurídicas
que contenham documentos relevantes para a história, a cultura e o
desenvolvimento nacional” (CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS,
2003).

A preocupação com a preservação dos acervos estará presente também


no III (1976) CBA. Fazia parte do universo de anseios da comunidade, ainda que
de forma isolada, a procura por mecanismos científicos e políticos para atender
a esse fim, ou seja, a preservação dos acervos arquivísticos, como veremos
ainda no XII CBA, em 1998.
Na tentativa de evitar a eliminação indiscriminada dos processos judiciais,
desprovida de critérios de avaliação, os congressistas aprovaram a
recomendação nº 7, que propunha a alteração do projeto do Código de Processo
Civil a fim de impedir a destruição de processos judiciais passados em julgado.
No entanto, apesar do pleito de 1972, em 11 de janeiro de 1973, a Lei nº 5.869
institui o Código de Processo Civil com o seguinte artigo:

Art. 1.215. Os autos poderão ser eliminados por incineração,


destruição mecânica ou por outro meio adequado, findo o prazo de 5
(cinco) anos, contado da data do arquivamento, publicando-se
previamente no órgão oficial e em jornal local, onde houver, aviso aos
interessados, com o prazo de 30 (trinta) dias (BRASIL, 1973).

Nos anos que se sucederam, a AAB e profissionais, preocupados com as


consequências desse ato, que poderia resultar na destruição de preciosas fontes
de informação para pesquisa, não mediram esforços em sua mobilização no
sentido de reverter essa situação.
Finalmente, em 7 de outubro de 1975, a Lei nº 6.246 suspende a vigência
do art. 1.215 do Código de Processo Civil, resguardando assim os processos da
destruição total. Ao longo do trabalho não tomamos conhecimento de nenhuma
iniciativa significativa relativa à microfilmagem de documentos históricos visando
à sua preservação, conforme preconiza a recomendação nº 8.
A nona recomendação diz respeito aos recursos destinados aos arquivos
públicos. É interessante observar que a reivindicação por maiores recursos para

41
os arquivos foi aprovada no I (1972), no V (1982) e também no XIII CBA, não
integrando o rol de reivindicações dos outros CBA.
A partir da criação do SINAR, em 1978, o Arquivo Nacional passa a ser o
órgão central do sistema, sendo, portanto, responsável pelo estabelecimento de
uma política de arquivo voltada para os acervos arquivísticos da administração
federal direta e indireta, conforme preconiza a décima recomendação.
Os congressistas, interessados na criação de um sistema nacional de
informação da documentação histórica brasileira, aprovam a recomendação nº
11. A reunião dessas informações dar-se-ia através da elaboração de um
catálogo coletivo dos arquivos brasileiros.
Decorridos quase trinta anos, a concretização do catálogo reunindo
informações sobre os arquivos brasileiros ocorreu no ano de 2001, com a
elaboração do Censo de Arquivos Brasileiros: públicos e privados, cuja finalidade
foi a de reunir informações, tanto qualitativas quanto quantitativas, sobre os
arquivos brasileiros e seus acervos.
No que concerne ao interesse pela reunião de dados relativos às
instituições arquivísticas no Brasil, pleito da recomendação nº 11, vale fazer um
corte em nossa apresentação sobre o I (1972) CBA e, numa rápida retrospectiva
histórica, lembrar outras iniciativas a respeito.
Nas décadas de 1980 e 1990 foram efetuados cadastros de instituições e
acervos de âmbito local e regional, de determinada esfera governamental ou
sobre tema específico, como, por exemplo, o Cadastro Nacional de Arquivos
Federais, v. 1, relativo ao Rio de Janeiro e Brasília, elaborado pelo Arquivo
Nacional.
É importante assinalar que, ao final da Mesa-redonda Nacional de
Arquivos, entre as recomendações aprovadas estavam as de “implementar um
censo de arquivos brasileiros, envolvendo o conjunto de arquivos públicos e
privados, prevendo sua aplicação nas capitais e sua interiorização” e
“estabelecer e consolidar uma Rede Nacional de Informações Arquivísticas”
(1999).
Entretanto, cabe lembrar que, em 1972, como vimos, já se pleiteava essa
ação. O conteúdo da 12ª recomendação reflete a preocupação dos
congressistas em relação à saúde, ao bem-estar e às condições de higiene no

42
ambiente de trabalho nos arquivos, solicitando a adoção de medidas que visem
à melhoria das condições de trabalho.
Infelizmente, nossa vivência na área mostrou que medidas apregoadas
pela medicina preventiva e higiene do trabalho não foram adotadas nos arquivos.
Outro pleito dos congressistas, sintetizado na recomendação nº 13, foi a
criação do Arquivo Público do Distrito Federal, o que, efetivamente, ocorre em
14 de março de 1985, através do Decreto nº 8.530.
Preocupados com a dispersão e consequente perda da documentação da
administração pública federal, a comunidade arquivística reivindica a “custódia
centralizada dos arquivos em desuso em vários órgãos da administração federal
sediada em Brasília”, de acordo com a recomendação nº 14.
E, finalmente, em 15 de outubro de 1975, através da Portaria nº 600 B-
MJ, é incluído no Regimento do Arquivo Nacional a Divisão de Pré-Arquivo, cujo
objetivo é armazenar a documentação dos órgãos do serviço público federal
sediados em Brasília.
Nesse ano é criada a Coordenação Regional do Arquivo Nacional no
Distrito Federal (COREG), concebida originalmente com o objetivo de ser um
depósito intermediário dos órgãos do Poder Executivo, isto é, um espaço para a
guarda dos documentos administrativos de caráter provisório os quais, após
avaliação, passam para a guarda permanente da Coordenação.
A décima quinta recomendação reivindica a melhoria dos níveis de
remuneração dos profissionais que atuam nos arquivos para que sejam
compatíveis com o grau de importância das atividades exercidas.
Apesar do interesse manifestado no evento em torno da discussão sobre
arquivos médicos, foram aprovadas apenas quatro recomendações dedicadas à
questão (recomendações nº 16, 17, 18 e 19). Entre elas, destacamos a de
número 16, que propõe a normalização de procedimentos dos Serviços de
Arquivo Médico e Estatística (SAME).
A deliberação sobre a matéria ocorreu quase duas décadas após o
congresso, em 1989, ocasião em que o Conselho Federal de Medicina aprova a
Resolução CFM nº 1.331, posteriormente revogada pela Resolução CFM nº
1.639/2002, que aprova as “normas técnicas para uso de sistema informatizado
para a guarda e manuseio do prontuário médico”.

43
No entanto, a primeira iniciativa voltada para os arquivos médicos
proveniente efetivamente de entidade arquivística ocorreu no CONARQ com a
criação da Câmara Setorial sobre Arquivos Médicos, em 16 de dezembro de
2002, com o objetivo de estudar e propor medidas adequadas ao setor.
Finalmente, o Conselho Nacional de Arquivos aprova a Resolução nº 22, de 30
de junho de 2005, que “dispõe sobre as diretrizes para a avaliação de
documentos em instituições de saúde”.
A normalização da terminologia arquivística, outro tema debatido no
evento, foi objeto da vigésima recomendação. Passados três anos, em maio de
1975, a AAB cria o Comitê de Terminologia Arquivística, visando dar
continuidade e contribuir para a sistematização do trabalho iniciado por um grupo
de profissionais designado pela AAB, e cujo resultado foi apresentado no I (1972)
CBA.
Entre outros profissionais, o comitê contou com a participação de Marilena
Leite Paes, também designada como representante brasileira para integrar o
Comitê de Terminologia da Associação Latino-Americana de Arquivos (ALA),
que tinha por finalidade elaborar um vocabulário uniforme a ser encaminhado ao
Conselho Internacional de Arquivos (CIA), a fim de integrar um glossário
multilíngue.
Buscando a interação entre a Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT) e a AAB com o intuito de normalizar a terminologia arquivística, um dos
elementos fundamentais para a atribuição de caráter científico à área que
começava a se estabelecer no âmbito acadêmico, foi instalada em março de
1980 a comissão CE-14:04.01 – Comissão de Estudo de Terminologia
Arquivística.
Esse trabalho é fruto da integração da ABNT ao Projeto de Normatização
e estabelecimento de diretrizes básicas na área de arquivos, desenvolvido pela
Unesco através do Programa Geral de Informação.
Foram constituídos três grupos de trabalho (GT), cada qual estudando um
tema específico no âmbito da arquivística visando à padronização de critérios,
ou seja, GT para Terminologia em Língua Portuguesa; GT sobre Controle e
Arranjo de Documentos; e GT para Elaboração de Critérios de Avaliação de
Documentos.

44
Em agosto de 1982 é divulgado o 1º Projeto de Norma e, finalmente, em
1986, é aprovada a NBR no 9.578, sobre Terminologia Arquivística. No próximo
capítulo, abordaremos o II CBA.
Depois houveram ainda outros congressos de arquivologia no Brasil,
conforme se demonstra a seguir:

II Congresso brasileiro de arquivologia - 1974


III Congresso brasileiro de arquivologia – 1976
IV Congresso brasileiro de arquivologia – 1979
V Congresso brasileiro de arquivologia – 1982
VI Congresso brasileiro de arquivologia – 1986
VII Congresso brasileiro de arquivologia – 1988
IX Congresso brasileiro de arquivologia – 1992
X Congresso brasileiro de arquivologia -1994
XI Congresso brasileiro de arquivologia – 1996
XII Congresso brasileiro de arquivologia – 1998
XIII Congresso brasileiro de arquivologia – 2000

11 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do material pesquisado, foi possível tecer algumas considerações


sobre os 13 congressos realizados no período delimitado pela pesquisa que
trouxeram um significativo aporte técnico-científico, mesmo que não em sua
totalidade, para o florescimento dos estudos na área.
Certamente muitas informações importantes para análise e estudos se
perderam, pois dos 13 congressos aqui analisados somente quatro tiveram os
Anais publicados (I, III, IV e X, sendo este último disponibilizado no formato de
CD-ROM).
A inexistência dos anais dos congressos estudados dificultou a coleta e
reunião do material a ser trabalhado, o que se constituiu em uma tarefa árdua,
embora bastante instigante e rica, pois a pesquisa certamente pode preservar

45
informações de grande relevância para a nossa área, contribuindo para compor
a história da Arquivologia brasileira.
Precisamos envidar esforços a fim de que o produto dos encontros,
seminários e eventos em geral sejam preservados, principalmente numa época
em que temos a tecnologia digital à disposição, facilitando assim o
armazenamento e a disseminação da informação, sobretudo minimizando
custos.
Para que o evento pudesse alcançar um público maior em um país de
dimensões continentais como o Brasil, era preciso que se diversificassem os
locais de realização dos congressos.
No período abordado, nem todas as regiões brasileiras foram
contempladas, havendo maior concentração de ocorrências na Região Sudeste
(61,6%), seguida da Região Nordeste (23,1%) e das regiões Centro-Oeste e Sul
(7,7% cada).
O maior número de congressos ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, que
sediou o I, do III ao VI e o XI CBA, fato que se explica devido à localização da
sede da AAB, promotora dos eventos e polo aglutinador das discussões, e
também por abrigar dois cursos de graduação em Arquivologia. A Região Sul
realizará somente o IX CBA, no ano de 1992, mesmo tendo um curso de
graduação em Arquivologia em funcionamento desde 1977.
Dois anos antes de sediar o curso de graduação em Arquivologia, Brasília
organiza o evento, numa época de muita discussão política, quando se aprova a
nova Constituição brasileira. Já a Região Nordeste ficou polarizada pelos
estados da Bahia, com dois eventos, e da Paraíba, com um.
Ao longo da análise observamos que a academia, através dos cursos
superiores em Arquivologia, influenciará a concepção do desenho dos
congressos, sobretudo quando esses passam a abrigar os seminários de ensino,
pesquisa e extensão.
Nas conferências apresentadas nas sessões plenárias, vários temas
foram contemplados, a saber:

Acesso à informação.
Administração de documentos.

46
Arquivos administrativos, históricos, de ciência e tecnologia, empresariais,
estaduais, de informática, médicos, municipais, de imprensa.
Avaliação de documentos.
Conservação e restauração de documentos.
Construção de arquivos.
Cooperação internacional.
Formação acadêmica.
Funções do arquivista.
Gestão da informação, gestão de arquivos, as interfaces da arquivologia.
Microfilmagem nos arquivos.
Normalização nos arquivos.
Política nacional de arquivos.
Políticas públicas, preservação de documentos.
Profissão de arquivista.
Tecnologia da informação.
Teoria das três idades.
Terminologia arquivística.
Usuários de arquivo.

Desse conjunto de temas expostos, consideramos significativo ressaltar o


grande interesse na discussão relativa à:

“Formação acadêmica do arquivista”, objeto de plenárias no I (1972), III (1976),


VI (1986), VIII (1990), IX (1992), X (1994) e XIII (2000) congressos, portanto,
em mais de 50% dos eventos.
“Política nacional de arquivos”, discutida no III (1976), VI (1986) e XI (1996)
CBA.
“Avaliação de documentos” durante o II (1974), VII (1988) e X (1994) CBA.
“Gestão da informação e de arquivos”, tema de interesse somente no VIII
(1990) e no XIII (2000) CBA.
“Conservação e restauração de documentos”, destaque nas plenárias do II
(1974) e do III (1976) CBA.

47
É interessante notar que este último congresso inclui um seminário com o
mesmo tema, o I Seminário Brasileiro de Preservação e Restauração de
Documentos, em que surge pela primeira vez a terminologia preservação.

Mais tarde, o XII (1998) CBA dedica uma plenária à preservação de


documentos.
“Normalização voltada para a descrição arquivística”, tema de discussão no
âmbito do Conselho Internacional de Arquivos (CIA), que em 1990 constitui
uma Comissão ad hoc, posteriormente transformada em Comitê de Normas
de Descrição, em 1996, com caráter permanente, a fim de estudar a questão,
tem espaço com plenária dedicada à discussão do assunto no X (1994) CBA,
ano em que foi publicado o primeiro trabalho consolidado sobre normas de
descrição arquivística da Comissão ad hoc do CIA.
“Acesso à informação” no XII (1998) CBA.
“Arquivos e história”, temática do I (1972) e IV (1979) CBA.
“Arquivos municipais”, discutidos no I (1972) e V (1982) CBA.
“Arquivos médicos”, no I (1972) e II (1974) CBA.
As temáticas de arquivos médicos e de conservação e restauração de
documentos, conforme mencionado anteriormente, passam a ser
apresentadas no formato de seminários.
“Tecnologia da informação”, com microfilmagem e informática, só esteve
ausente na plenária do II (1974) CBA.
“Usuários”, tema da maior relevância, só teve plenária dedicada ao assunto no
VIII (1990) CBA, deixando uma lacuna muito grande nas discussões ocorridas
nos congressos anteriores e, consequentemente, entre a comunidade
arquivística.

É cada vez mais evidente a necessidade de discussão tendo por meta o


usuário, que é a quem interessa a informação; para ele deve ser direcionado o
foco de atenção.
Procuramos levantar ao longo dos 13 congressos, de acordo com o
quadro 1, o número de palestras proferidas, seja nas sessões plenárias, seja nas
comunicações livres, sobre o tema “informática nos arquivos”, e cuja terminologia

48
“computador” no I CBA e “automação de arquivos” ou “arquivos informáticos” nos
demais em nosso trabalho será “informática” e microfilmagem, ambas inseridas
no universo das novas tecnologias da informação.
Note-se que, até o IV CBA, em relação às novas tecnologias da
informação, predominavam palestras sobre microfilmagem, totalizando 14, e
sobre informática, do V ao XIII CBA temos 56 palestras sobre informática e
nenhuma sobre microfilmagem, deixando transparecer que a utilização da
microfilmagem nos arquivos começava a ceder espaço para a informática.
A seguir vamos nos direcionar para as questões relativas às
recomendações aprovadas nos 13 CBA.
A partir dos dados apresentados, algumas questões podem ser
levantadas, como veremos a seguir. Muitas recomendações eram reiteradas
uma ou mais vezes nos congressos subsequentes pelo fato de ainda não terem
sido implantadas.
No que se refere aos temas das recomendações, foram priorizados, no
curso dos eventos, os seguintes assuntos:

SINAR: sua criação, ativação e reformulação.


Cursos superiores de Arquivologia: fixação de currículo mínimo, reforma
curricular, incentivo à criação de novos cursos.
Conscientização das administrações públicas e privadas sobre a importância
dos arquivos.
Avaliação de documentos: definição de políticas para os documentos públicos,
comissões de avaliação.
Arquivos médicos: instalação, regulamentação, capacitação dos recursos
humanos.
Arquivos municipais: importância, criação.
Literatura sobre arquivologia.
Cadastro de profissionais na área.
Cargos de arquivista e técnico de arquivo no plano dos servidores públicos das
três esferas.
Censo dos arquivos brasileiros.
Concursos de monografias na área.

49
Construção de arquivos dentro das condições adequadas.
Implantação de cursos profissionalizantes.
Elaboração do dicionário de arquivística.
Criação de sindicato.
Ampliação da produção cientifica na área.
Gestão de documentos eletrônicos no Poder Judiciário.
Gestão dos arquivos correntes.
Interação entre os profissionais da informação.
Normalização da terminologia arquivística.
Normalização da transcrição paleográfica.
Microfilmagem de documentos.
Política de preservação do patrimônio documental.
Recursos humanos, materiais e financeiros para os arquivos.
Uso de tecnologia nos arquivos, entre outros.

Do conjunto de recomendações, destacamos inicialmente aqueles


referentes a arquivos médicos. Note-se que somente cinco incidiram sobre a
temática, sendo que deste total quatro foram apresentadas no I CBA, ocasião
em que foram proferidas 28 conferências a respeito do tema.
Durante o II (1974), III (1976) e X (1994) CBA realizaram-se conferências
nas plenárias, na sessão de temas especializados e de temas livres, e nenhuma
recomendação relativa a arquivos médicos foi aprovada.
O mesmo aconteceu no IV (1979), VII (1988), VIII (1990), IX (1992) e XII
(1998) congressos, que contaram com seminários de arquivos médicos em sua
estrutura.
A temática “arquivos médicos”, de inquestionável importância por envolver
organização, preservação e recuperação de informações relativas aos
prontuários dos pacientes na rede hospitalar, entre outros aspectos, não tem
despertado grande interesse na comunidade arquivística na busca de soluções
e discussões.
Só a partir de 2002, com a criação da Câmara Setorial de Arquivos
Médicos, no âmbito do CONARQ, a temática emerge e, em 30 de junho de 2005,

50
é aprovada a Resolução nº 22, que dispõe sobre as diretrizes para avaliação de
documentos em instituições de saúde.
Outro tema de recomendação relevante diz respeito à formação
acadêmica do profissional envolvendo questões relativas ao ensino, pesquisa,
extensão e demais discussões pertinentes.
Do total de 13 congressos, somente o V (1982) e o VII (1988) não
aprovaram recomendações ligadas à referida temática. Recomendações
voltadas para tecnologia da informação, arquivo e informática permearam o
universo de recomendações dos congressos seguintes: II, III, IV, VI, VIII, XII e
XIII.
As recomendações também sinalizaram sobre a conscientização e
importância dos arquivos com o objetivo de alertar as administrações públicas e
privadas sobre seu papel no desenvolvimento nacional, técnico-científico, social,
econômico, cultural etc.
Interessante notar que recomendações com esse teor foram aprovadas
do I ao IV CBA e posteriormente no VI CBA.
No período de 1986 até 2000, quando há um hiato na referida demanda,
será que os arquivos conquistaram uma posição de destaque com o devido
reconhecimento de sua importância na sociedade que justificasse a não
retomada do tema nos congressos que se sucederam.
Observamos na última década a promoção de concursos públicos para o
cargo de arquivista, mesmo estando aquém das reais necessidades, além de
iniciativas de inclusão de itens relativos à arquivística integrando o conteúdo
programático de concursos para o provimento de outros cargos que não o de
arquivista.
Note-se que mesmo tendo sido proferidas várias palestras sobre
determinado tema, nem sempre eram aprovadas recomendações a respeito,
como, por exemplo, o I CBA, que tem quatro palestras sobre computadores e
arquivos e nenhuma recomendação aprovada, e o tema microfilmagem, com
seis palestras e apenas uma recomendação voltada para a temática.
Os 13 congressos realizados no período de 1972 a 2000 deixaram um
saldo de 195 recomendações aprovadas, perfazendo uma média de 15 por
congresso.

51
O CBA que mais aprovou recomendações foi o VI: Convém chamar a
atenção para o fato de que, entre esse conjunto, 15 foram reapresentadas, pois
já haviam sido aprovadas nos congressos anteriores (I, II, III, IV e V). Em
segundo lugar, veio o XII CBA (1998), com 21 recomendações, e a seguir, o I
(1972) e o III (1976), com 20 recomendações cada.
Do total de recomendações, 35,8% foram reiteradas em outros
congressos, das quais 47,14% se concretizaram. Não foram reiteradas em
outros congressos 125 recomendações, ou seja, 64,1%, sendo que desse total
se concretizaram 46,4%.
Do conjunto de 195 recomendações aprovadas nas plenárias, somente
46,7% se concretizaram, um número regular para uma área que estava se
firmando na época.
Desse total, 54,9% se concretizou no período máximo de cinco anos após
sua aprovação no respectivo congresso. No período de cinco a 10 anos de
realização dos congressos conseguimos concretizar 15,3% de recomendações,
percentual pouco expressivo.
Na sequência, 13,1% de recomendações se concretizaram no período de
dez a quinze anos pós-congresso; 3,2% no período de quinze a vinte anos e
13,1% passados mais de vinte anos de cada congresso. Evidentemente esta
última referência se aplica somente até o IX CBA, em 1992.
Baseados nesse critério, o congresso que realizou, proporcionalmente, o
maior número de recomendações foi o VIII (1990) CBA, realizado em Salvador,
com 62,5% de aprovação, seguido do I (1972), IX (1992) e X (1994) CBA, com
60% das recomendações realizadas.
Entretanto, se o parâmetro para quantificarmos o percentual de
recomendações concretizadas se fixar na quantidade de recomendações
realizadas conjugado com o prazo de até cinco anos, pós-realização do CBA,
veremos que o que apresentou melhor desempenho foi o X (1994), na cidade de
São Paulo, com 100% das recomendações realizadas no período de até cinco
anos de sua aprovação, seguido do IX (1992), na cidade de Santa Maria, que
totalizou 66,66% de suas recomendações aprovadas.
Na década de 1990, a comunidade arquivística lutava para a aprovação
da lei de arquivos, o que ocorre em 1991, fato que contribui para o
desenvolvimento da arquivologia no Brasil, juntamente com a regulamentação

52
do CONARQ, que congrega no conselho representantes dos mais diversos
segmentos da comunidade arquivística, trazendo um reforço às demandas do
grupo e investindo na revisão e criação de legislação arquivística.
Impulsionados por esses fatores, nesse período teremos a ampliação do
número de recomendações que se concretizam. Não podemos esquecer que no
final da década de 1990 e na década de 2000 foram criados mais cursos de
graduação em Arquivologia no país, totalizando 16 instituições de ensino
superior mantenedoras de curso de graduação.
Esse período, sinalizado pela manutenção de novos cursos no âmbito da
academia. Em relação à produção e discussão do conhecimento, sua atuação
ainda está aquém das necessidades, pois, se queremos desenvolver a área, é
preciso produzir pesquisas cujos resultados contribuam para o fortalecimento
desse saber.
Não podemos nos esquecer do fato de que atualmente estamos
vivenciando um momento de incentivo à qualificação docente, em contrapartida
os resultados devem ser obtidos. E quanto à mobilização e força da academia
na mudança dos rumos e obtenção de resultados realmente positivos, como, por
exemplo, o movimento para concretização de ações importantes já reivindicadas
há muito tempo pelo grupo, cremos, salvo melhor juízo, que ela não vem
alcançando seus objetivos como deveria.
Outro fator de relevância e que merece uma reflexão é o papel das
associações de arquivistas. Até o final da década de 1990, a AAB era a única
associação de arquivistas existente no país.
Ela se mobilizou e lutou pelo desenvolvimento da área, sendo a
responsável por inúmeros ganhos, como por exemplo aprovação do currículo
mínimo do curso de graduação em Arquivologia, regulamentação da profissão,
realização dos congressos, edição de material bibliográfico específico da área,
entre outras ações.
Mas os tempos mudam, cada vez mais é necessária uma maior
participação da comunidade na obtenção de resultados positivos, é preciso que
ela esteja unida, e se fortalecendo. Havia a necessidade da criação de um maior
número de associações de arquivistas, o que ocorreu a partir do ano 2000.
Mas, em vez de convergirem as forças em prol do bem comum da classe,
houve uma dispersão. As ações se dizimaram, prova disso foi a organização de

53
congressos nacionais de arquivologia. Realização de novos eventos são bem-
vindas, mas não se pode dispersar forças. Ações pioneiras e que deram certo
deveriam continuar ainda mais fortalecidas com maior participação da
comunidade, pois vitórias importantes tendem a se enfraquecer.
No período de 1972 até o ano 2000, quando foram realizados os 13
congressos aqui analisados, o resultado obtido foi importante, o que pode ser
constatado na quantidade de ações realizadas a partir das demandas advindas
dos congressos. Do universo de recomendações realizadas, 75,8% ocorreram
nesse período.
Podemos considerar esse fato bastante relevante, demonstrando
empenho e participação da comunidade na obtenção do que considera
importante para sua área de atuação se estabelecermos essa relação com a
quantidade de recomendações concretizadas.
Entretanto, se tomarmos por base o total de recomendações aprovadas,
teremos somente 35,3% de realizações nesse período de vinte e oito anos,
percentual muito baixo, não configurando, no nosso entendimento, uma efetiva
mobilização, participação e força da comunidade arquivística.
Um significativo legado dos congressos, entre muitos, foi o lançamento do
número zero da revista Arquivo & Administração, no I CBA, que, além de ser
pioneira, se tornou um importante veículo disseminador na área.
Mesmo tendo passado por momentos de dificuldade quando teve sua
periodicidade regular interrompida, graças ao idealismo, espírito empreendedor
e arrojo das diretorias da AAB que se seguiram foi possível a retomada de sua
publicação.

A ação de retomada da edição lhe garantiu maior visibilidade,


contribuindo para que obtivesse “a certificação como periódico de
padrão ‘QUALIS’, que classifica os veículos de divulgação de produção
científica, técnica e artística dos Programas de Pós-Graduação-Capes”
(Cardoso, 2006, p. 3).

Ao longo de quase três décadas (1972-2000), muitas ações foram


implementadas e vitórias obtidas, mas, com certeza, ainda há muito a realizar e
temos uma longa trajetória a percorrer. É de fundamental importância a
promoção de eventos científicos na área, pois fornecem momentos de reflexão
e questionamento, proporcionando amadurecimento da comunidade científica

54
para lidar com as novas questões apresentadas, realizar troca de experiências,
difusão de resultados etc.
No decorrer da pesquisa e, pontualmente, na análise do papel
representado pela comunidade arquivística em prol da defesa da implementação
de ações visando à concretização das recomendações, pode-se observar que
muitos pleitos foram apresentados como propostas inovadoras, mas que na
realidade já haviam sido objeto de discussão em outros congressos, e muitos
deles não se realizaram.
É fato que os congressos produziram uma grande quantidade de
recomendações, como pudemos constatar ao longo deste trabalho. Além disso,
muitas dessas recomendações não foram colocadas em prática de imediato, e
muitas vezes nunca se concretizam. Nesse sentido, cabe lembrar as palavras do
renomado arquivista e professor Aurélio Tanodi, que afirma:

Seria melhor aprovar menos resoluções e traçar menos


recomendações, mas sim implementá-las, e, depois nos congressos
ou jornadas seguintes, antes de aprovar as novas, prestar conta sobre
o realizado em relação à última reunião; primeiro, repetir as resoluções
possíveis de se realizarem e contemplar os meios para realizar esse
procedimento, e, depois, passar para as novas. Se não for feita uma
retrospectiva do que foi realizado, quem vai garantir que as novas
resoluções não vão ter o mesmo destino das anteriores? Os
congressos, nos quais se manifesta claramente a inteligência, a
influência e os propósitos dos congressistas, têm uma finalidade
concreta: traçar as futuras atividades e estimular seu cumprimento
(TANODI, 1961:268-269).

Verificamos que um percentual significativo de recomendações aprovadas


nos congressos tem sido alvo de esquecimento por parte de nossa comunidade
científica, que, no lugar de trabalhar em prol da realização das reivindicações
anteriores, formula outras propostas, aumentando assim a fileira das não
concretizadas.
Propostas, reivindicações, moções, muitas delas jazem no limbo,
configurando uma enorme contradição, uma vez que somos profissionais da
informação e como tal acabamos por deixar nossa matéria-prima se perder.
Seria bom que nossa comunidade arquivística atentasse para essa
situação, não permitindo que demandas já reivindicadas, evidentemente com as
devidas atualizações, caíssem no limbo, tomando para si a tarefa de recuperar
para a área aquilo que considera relevante, válido, contribuindo e
engrandecendo o nosso pensar e fazer arquivístico.
55
Com o objetivo de enriquecer e completar os estudos relativos às
recomendações dos congressos, apresentamos, nos anexos, as
recomendações do XIV (2006), do XV (2008), do XVI (2010) e do XVII (2012)
CBA. Mesmo que não tenham sido objeto de pesquisa, podemos tecer duas
considerações sobre eles:

1. diminuição substancial do número de recomendações aprovadas, com uma


média de sete;
2. a primeira recomendação do XV CBA demonstrou preocupação em rever as
recomendações aprovadas no congresso anterior e apresentar os resultados
no posterior, ou seja, no XVI.

A partir de um estudo bastante preliminar, e salvo melhor juízo, não


obtivemos informações de que os resultados do XV CBA tenham sido elaborados
e apresentados no XVI CBA, o que é de se lamentar, pois informações preciosas
deixaram de ser analisadas e disseminadas.
À guisa de contribuição, sugerimos que, ao término do congresso, a
promotora do CBA, nesse caso a AAB, se envolva, juntamente com a
comunidade arquivística profissional e acadêmica, em ações que visem à
concretização das recomendações.
E que seja elaborado um relatório com os resultados e que este seja
apresentado no CBA seguinte. Dessa maneira evitamos o risco de aprovar
recomendações já apresentadas, ou outras tantas, sem que as anteriores
tenham sido trabalhadas; estaremos garantindo a preservação das informações
anteriores, sendo que registros devidamente organizados serão facilmente
recuperados, o que propiciará estudos e pesquisas em fontes confiáveis,
seguras, e não com base unicamente em recursos de história oral, que sem
dúvida são valiosíssimos, mas precisam ser complementados com outras fontes.
Por acreditarmos na importância do produto dos 13 congressos para
nossas comunidades de arquivo, tanto acadêmica quanto profissional,
procuramos disponibilizar nosso material de pesquisa, já que esse conhecimento
poderá ser de grande valia para o desenvolvimento de pesquisas acadêmico-
científicas, bem como objeto de reivindicação para a melhoria da área.

56
Estas são algumas questões que apresento aos leitores para uma análise
conjunta, unindo forças, e, longe de apontar falhas, para trabalhar em prol de
uma reflexão apurada a fim de detectarmos os pontos frágeis que precisam ser
revistos para traçarmos caminhos para um novo cenário da arquivologia,
conectado com as necessidades e demandas do terceiro milênio.
Nosso objetivo foi o de esboçar um quadro que possa contribuir para uma
análise da arquivologia brasileira nesse período, de preservar os registros da
arquivologia no Brasil relativos aos 13 Congressos Brasileiros de Arquivologia,
levantar informações e arrolar as respectivas fontes, de tal modo que possa
servir de subsídio para outros estudos e pesquisas na área arquivística.

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