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A colheita florestal é uma atividade realizada dentro de um projeto

florestal que possui conceitos distintos de acordo com cada autor. Esta
variação, geralmente, ocorre pela complexidade da operação, pelo uso de
diferentes nomenclaturas e, principalmente, pela diferenciação entre as etapas
envolvidas no processo. Uma gestão adequada desta atividade é essencial,
haja visto os custos envolvidos e os impactos causados no resultado das
operações subsequentes.
De acordo com as literaturas existentes é possível encontrar várias
definições de colheita florestal, de acordo com Conway (1976) apud Silva
(2017) a mesma se trata de um trabalho executado desde o preparo das
árvores para o abate até o transporte para o local de uso final, sendo esta
atividade composta pelas etapas de corte, extração e carregamento.
Dentro de um projeto florestal a colheita sempre será uma atividade de
grande importância, devido a sua alta representatividade nos custos de
produção. No Brasil, a colheita e o transporte florestal são responsáveis por
mais da metade do custo final da madeira colocada no mercado.
Quando se iniciou as atividades de reflorestamento no Brasil poucas
empresas empregavam a mecanização nas operações de colheita, até a
década de 40, praticamente não se usava máquinas na colheita florestal. Essa
modernização ocorreu somente no início na década de 1970 e acompanhou o
crescimento significativo do setor florestal da década, devido ao programa de
incentivos fiscais que intensificou o plantio de florestas homogêneas no Brasil.
Porém, só se intensificou no Brasil a partir do início da década de 1990, com a
abertura do mercado brasileiro à importação de máquinas e equipamentos.
Desde então, verifica-se um contínuo aumento no grau de mecanização
da atividade no país, buscando principalmente, melhoria das condições de
trabalho e redução do custo final da madeira posta no pátio da fábrica, haja
vista a necessidade, por parte das indústrias, de um fornecimento regular de
madeira.
Existem uma grande diversidade e quantidade de máquinas e
equipamentos de corte e extração disponíveis no mercado, as empresas
podem formar vários conjuntos de colheita capazes de serem utilizados, cada
empresa pode escolher aquele mais adequado às suas necessidades, de modo
a diminuírem eventuais perdas de material e tempo. Bem como, existem vários
métodos e sistemas de colheita e processamento de madeira no campo, cujo,
sistema a ser utilizado depende de um conjunto de fatores condicionantes, tais
como: capital demandado, variedade florestal, máquinas e equipamentos
disponíveis no mercado, idade do povoamento, e, principalmente, à finalidade
do produto.
De acordo com a literatura, as perdas podem ocorrer em função de
falhas dentro do processo produtivo, e essas falhas estão relacionadas com
investimentos feitos em qualidade pelas empresas, quer seja na prevenção ou
avaliação. A madeira perdida na colheita florestal pode estar na forma de: tocos
altos, ponteiros de fuste abaixo de um dado diâmetro pré-estabelecido, toras
perdidas, esquecidas ou largadas indevidamente no campo e serragem gerada
na derrubada da árvore e seccionamento das toras.
O volume de madeira deixado no campo durante a etapa de colheita
representa um problema operacional. Desta forma, tornou-se imprescindível o
conhecimento detalhado de cada etapa da colheita florestal, sua eficiência,
rendimento e de suas perdas operacionais (SERPE et. al, 2018).
Por isso, é comum nos inventários florestais visando à estimativa de
volumes comerciais, considerar como perdas em volume: a altura do toco e o
volume da madeira abaixo do diâmetro mínimo de aproveitamento (resíduo).
No entanto, durante a colheita florestal, além dessas perdas, existem aquelas
causadas pelo traçamento das toras (serragem), perdas pelo destopamento da
base da árvore, perdas no volume e número de toras devido à quebra do
tronco (SERPE et. al, 2018). Desse modo, para avaliar a produtividade, o
custo e a perda em uma colheita de madeira irão depender de diversos fatores.
Com isso, a exigência do mercado tem forçado as empresas a se
tornarem cada vez mais competitivas e a buscar novos modelos de
sobrevivência e de desenvolvimento. Entre estas melhorias, pode-se citar a
implantação de programas de controle de qualidade em suas atividades de
colheita florestal, com o intuito de conseguir retornos consideráveis em termos
de melhoria da qualidade, redução dos custos e atendimento ao cliente.
Ferramentas de gestão da qualidade para análise de defeitos ou não
conformidades como diagrama de Ishikawa, diagrama de Pareto, 5W2H, PDCA
e 6 Sigma, ferramentas de análise do modo e efeitos de falhas (FMEA) e
ferramentas de análise do resultado (FCA), podem ser praticadas buscando a
minimização de perdas e melhoria contínua dos processos, haja vista, que a
implantação de um sistema de controle de qualidade na operação de colheita
florestal visa evitar os desperdícios existentes no processo.
A colheita florestal é uma atividade econômica que, apesar, de causar
alguns prejuízos à natureza e ao meio ambiente é necessária. Visando a
sustentabilidade, vejo que essa prática precisa ser revista e aperfeiçoada, para
que possamos garantir o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a
preservação da biodiversidade.
Um dos principais problemas causados pela colheita florestal é a
degradação, por isso, acho que é fundamental que essas práticas sejam
revistas e melhoradas. Isso inclui investimento em tecnologias de manejo
florestal mais sustentáveis, como o plantio de árvores comerciais em áreas já
degradadas, além de planos de manejo florestal adequados e fiscalização
rigorosa para garantir que as atividades de colheita estejam em conformidade
com as leis e regulamentos ambientais.
No que diz respeito à influência dos aspectos humanos sobre a
operação de colheita florestal mecanizada é possível citar a importância da
experiência do operador na capacidade produtiva dos equipamentos, visto que
pode ser um trabalho complexo, que envolve rápidos movimentos manuais nos
controles e contínuas tomadas de decisão.
Além disso, é fundamental incluir as comunidades locais no
planejamento e na implementação dessas atividades, para garantir que seus
interesses e necessidades sejam levados em conta. É necessário,
acompanhamento das atividades, pois, independente do sistema de colheita
florestal, a falta de monitoramento das atividades pode levar a perdas
volumétricas e, consequentemente, financeiras para a empresa.

MACHADO, C.C. Colheita Florestal. 3 ed. Viçosa, MG: Universidade Federal de


Viçosa, 2014. 543 p.
SERPE, Edson Luis; FIGUEIREDO FILHO, Afonso; ARCE, Julio Eduardo.
Perdas volumétricas relativas à colheita florestal e seus reflexos
econômicos. BIOFIX Scientific Journal, v. 3, n. 1, p. 172-176, 2018.
SILVA, Arthur Araújo. Desenvolvimento do indicador de eficiência global de
máquinas de colheita florestal (EGMF). 2017. 104 f. Dissertação (Mestrado em
Ciência Florestal) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. 2017.

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