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Anais da Semana de Ciências Agrárias e Jornada de Pós-Graduação em Produção Vegetal

Viabilidade Econômica do Plantio Comercial do Mogno Africano em


Propriedade no Norte de Goiás

Julia Lôbo Ribeiro Anciotti Gil (1); Paula Riselly Cândida de Oliveira (1); Pablo Timóteo da
Silva (1); Ligiane Fernandes Ferreira Bessa (1);Andrécia Cósmem da Silva (2)
(1)
Discente em Engenharia Florestal, Universidade Estadual de Goiás, Campus Ipameri, GO.
Email: julialoboribeiroanciottigil@hotmail.com. (2)Docente em Engenharia Florestal,
Universidade Estadual de Goiás, Campus Ipameri.

INTRODUÇÃO

O mogno africano (Khaya spp.), do qual uma das espécies é a Khaya ivorensis A.
Chev., pertencente à família botânica Meliaceae, mesma família do mogno nativo, da
andiroba e do cedro, possui madeira nobre de grande potencial econômico para
comercialização interna e externa, podendo ser empregada na indústria moveleira, naval,
construção civil, painéis e laminados, entre outros usos. No Brasil, a espécie teve seus
primeiros plantios instalados na região Norte, onde a crescente demanda por madeira tropical
promoveu novos investimentos em plantios comerciais expandindo para todo o país
(PINHEIRO et al, 2011).
Khaya ivorensis possui madeira de coloração vermelha a marrom pálido, densidade
básica média de 0,47 g a 0,58 g.cm-3 e boa trabalhabilidade, o que torna a madeira do gênero
Khaya muito valorizada no mercado internacional. Apesar do crescente número de trabalhos
envolvendo essa espécie, os estudos envolvendo a viabilidade econômica para tomada de
decisão na condução da implantação do Mogno Africano ainda são escassos (FRANCEZ,
2011).
Diversos plantios de Khaya spp. se encontram instalados na região da Austrália, Ásia e
América tropical, porém foram poucos os resultados publicados referentes aos sistemas
silviculturais adotados, ao crescimento, da produtividade, da análise econômica e demais, que
forneçam aos manejadores e investidores florestais mais informações para a tomada de
decisão na condução dos plantios, o que dificulta a procura pela implantação da espécie
(PARAENSE, 2013).
Desse modo o presente trabalho teve como objetivo avaliar a viabilidade econômica de
implantação do mogno africano no município de Uruana-GO.

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MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado no primeiro semestre de 2017, em uma propriedade rural, no


município de Uruana, no norte de Goiás, a região apresenta clima tropical com chuva e seca
bem definidas e temperatura média de 28 °C. A propriedade possui uma área total de 72,6
hectares, dos quais foram selecionados 10 hectares para a implantação de Mogno africano.
Para a análise da propriedade, foram utilizadas variáveis internas e externas que
podem influenciar diretamente no resultado econômico. Posteriormente por meio de uma
vistoria in loco, foram avaliados os pontos fortes, e pontos fracos, as oportunidades e as
ameaças da fazenda, assim como a infraestrutura e os funcionários. Foram realizados estudos
de mercado, onde foi possível verificar a oferta, demanda e perspectiva do mercado de
madeira da região. Foi constatado que a propriedade possui bons atrativos para o
investimento.
Para avaliar o custo da produção do Mogno foram observados os custos de
implantação e manutenção num espaço temporal de 21 anos, que é quando será feito o corte
final da madeira. Foram considerados os custos referentes à mão-de-obra, materiais, insumos,
equipamentos, implementos, colheita e impostos.
Para fazer a análise de viabilidade econômica foram utilizados os seguintes
indicadores econômicos: Relação Benefício-Custo (RBC), que mostra o retorno dos
investimentos diante da relação entre a receita total e as despesas, a partir da fórmula (RBC=
Σ R/ΣI). Valor Presente Líquido (VPL), faz-se a estimativa do valor atual de um fluxo de
caixa, usando para isso uma taxa mínima de atratividade do capital, o projeto é considerado
viável quando o VPL for positivo. E por último foi utilizado o Payback atualizado, pois ele
demonstra o período de tempo de retorno para recuperar o investimento inicial. Foi
considerado a longo prazo uma taxa de juros de 7% a.a. (BNDS, 2017).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores ao longo dos 21 anos com taxa de juros de 7% a.a. contabilizaram custos
com implantação, manutenção, colheita, impostos e recursos humanos, totalizando R$
730.084,70. Por outro lado, foram obtidos com os valores atualizados das receitas o

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equivalente a R$ 3.645.914,00, proporcionando uma receita líquida atualizada de R$


2.915.829,30, que está representado no planejamento.
Para o RBC o resultado obtido foi de 4,99, demonstrando que o empreendimento é
viável, uma vez que para ser considerado tal, o resultado do RBC deve ser superior a 1 para
qualquer empreendimento, esse resultado se dá pelos pontos fortes da propriedade e mercado
consumidor de madeira. Para o cálculo do Valor Presente Líquido (VPL) encontrou-se dados
positivos, assim como o cálculo do Payback, que demonstra que o retorno do investimento
inicial virá no sétimo ano, ou seja, ainda no primeiro desbaste do mogno será possível
resgatar o dinheiro investido no projeto (Tabela1).

Tabela 1: Indicadores econômicos. (Fonte: Os autores).

RBC (1) VPL (2) Payback (3)


4,99 2. 915.829,10 7 anos

De acordo com os dados obtidos, o lucro foi elevado em consideração ao capital


investido. Mas é importante ressaltar que o cultivo de mogno nem sempre terá lucro
significativo e seu investimento é a longo prazo, o que pode se tornar um empecilho
principalmente para pequenos produtores (ROSS, 2009).
Diante disso Lopes (2011), ressalta a necessidade de uma análise cautelosa da
produção, dos custos e de conhecer o mercado para que o empreendimento gere um melhor
retorno econômico da atividade. A precisão dos resultados é que proporcionará a
possibilidade da implantação, garantindo a satisfação do produtor.

CONCLUSÃO

Todos os resultados dos indicadores foram positivos, mostrando que o Mogno


Africano é uma boa alternativa para aqueles que querem investir no mercado florestal, mesmo
para propriedades pequenas como a analisada nesse estudo.

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