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AUTARQUIA EDUCACIONAL DE SERRA TALHADA - AESET

FACULDADE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE SERRA TALHADA – FAFOPST


CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

DISTRIBUIÇÃO TAXONÔMICA E MORFOLOGIA DE NECTÁRIOS


EXTRAFLORAIS EM PLANTAS LENHOSAS DE DOIS AMBIENTES
NO SEMIÁRIDO DE PERNAMBUCO,
 
BRASIL.

CELSO ROMÁRIO GOMES DE SOUZA


Orientadora: Profª. Dra. Ana Paula Gomes
 
1. INTRODUÇÃO
NECTÁRIOS
(glândulas de néctar)

Florais (polinização) extra florais


Importância dos NEF’s
Ecológica

Alimento para diferentes espécies de artrópodes, envolvidas ou não com a


defesa e ou polinização da planta
Importância dos NEF’s
Defesa – (herbivoria)

A presença de NEF’s em algumas espécies vegetais garantem uma maior proteção


contra a herbivoria através de relações mutualísticas entre o inseto-planta
Importância dos NEF’s
Defesa – (herbivoria)

Pseudomyrmex ferrugineus na árvore de acácia: relação de dependência


Importância dos NEF’s
Taxonomia NEF’s 113 Famílias de Angiospermas

Google.com

Fotos Rubens T. Queiroz


Senna Mill. Chamaecrista Moench.

A localização e morfologia dos NEF’s em algumas espécies vegetais auxiliam


no reconhecimento de táxons, dentro de Leguminosae
1.INTRODUÇÃO
NECTÁRIOS EXTRAFLORAIS

Distribuição
Geográfica
DÍAZ-COSTELAZO et al. (2005);
MACHADO et al.,( 2008)
PIRES et al. (2017) áreas temperadas
FIALA e LINSENMAIR (1995)
OLIVEIRA e LEITÂO-FILHO (1987)

trópicos e subtrópicos
2. JUSTIFICATIVA
ESTUDOS COM NEF’S

ULTIMAS DÉCADAS NO BRASIL

ESPÉCIES COM NEF’s


Tratou de grupos
taxonômicos específicos
(MELO et al., 2010; GALLETO e
BERNARDELO, 1991)

Interações mutualísticas entre


formigas e plantas
(PIRES, 2015; PAZ et al.,(2016); cerrado do sudeste cerrado do centroóeste
semiárido nordestino
DEL-CLARO e TOREZAN-SLINGARD,(2009 )

Raras as pesquisas sobre a diversidade taxonômica e morfológica


dessas estruturas em diferentes ambientes.
3. PROBLEMÁTICA
A literatura mundial REGIÃO
(PIRES et al., 2017; FIALA e LINSENMAIR,1995;
OLIVEIRA e LEITÂO-FILHO, 1987 ).
TROPICAL

NEF’s

• Maior diversidade • Vegetações abertas


morfológica E em baixas altitudes
• Maior abundância

O presente estudo pretenderá responder a seguinte pergunta:

Em qual formação vegetacional (caatinga ou florestas serranas) existe


maior diversidade taxonômica e morfológica de nectários extraflorais?
4. HIPÓTESE

Considerando que os NEF’s são mais abundantes e


diversificados em vegetações abertas, e em menores altitudes,
espera-se que a área de estudo com vegetação de caatinga
apresente maior diversidade taxonômica e morfológica de NEF’s do
que a área de floresta serrana (brejo de altitude).
5. OBJETIVOS
5.1 Objetivo geral
•Estudar a morfologia dos nectários extraflorais de plantas lenhosas da
caatinga e de florestas serranas no semiárido de Pernambuco.

5.2 Objetivos específicos

• Identificar os nectários extraflorais nas espécies dos dois ambientes;


• Reconhecer e descrever os tipos morfológicos dos NEFS encontrados
nos táxons;
•Investigar as implicações ecológicas relacionadas aos NEFS nas áreas
estudadas.
6. REFERENCIAL TEÓRICO
6.1. Breve histórico sobre os NECTÁRIOS

são glândulas produtoras de néctar para fins


NECTÁRIOS mutualísticos (de defesa ou reprodução) com
insetos (CARDOSO, 2011).

Durante muito tempo foi alvo de


inúmeras discussões iniciadas ainda
no século XVIII.

VAILLANT (1717)
1º. estudioso a denominar de “MELÍFERAS”, as estruturas
que hoje conhecemos como nectários
(BONNIER, 1879)
6. REFERENCIAL TEÓRICO

NECTÁRIOS

Termo proposto por Linnaeus (1735)

Para glândulas produtoras de substância açucarada


encontradas em várias flores, as quais atraiam para si
borboletas e abelhas.
(BROWN, 1874)
6. REFERENCIAL TEÓRICO
Todas as partes da flor que apresentassem
irregularidades e/ou formas incomuns ao
seu conhecimento, sendo elas estruturas
secretoras ou não

NECTÁRIOS
CONCEITO MAIS AMPLO
MORFOLOGIA FLORAL DE
ALGUNS GRUPOS VEGETAIS.

GEROU UMA GRANDE CONFUSÃO


NO RECONHECIMENTO DOS
NECTÁRIOS
6. REFERENCIAL TEÓRICO
ADANSON (1763)
BOEHMERO (1758)

ACUSARAM LINNAEUS de utilizar o


mesmo termo para órgãos diferentes

GEROU muitas discussões


para definir
o que seriam NECTÁRIOS
6. REFERENCIAL TEÓRICO
MILLER (1777) nectários eram
estruturas atreladas a corola.

DESVAUX (1826), nectários seriam


“glândulas ovarianas”.,

BONNIER (1879)
TURPIN (1846) os nectários faziam
Sintetizou alguns dos conceitos parte do verticilo estaminal ou seriam
propostos para NECTÁRIOS estruturas substitutas dos estames

relacionando apenas a MORFOLOGIA


das estruturas observadas nas flores.
6. REFERENCIAL TEÓRICO
CONCEITO MORFOLÓGICO CONCEITO FISIOLÓGICO
(sensu LINNAEUS)
ANATOMIA
Mirbel (1815); De Candolle (1827)
Richard (1831) e Jussieu (1849)

insistiram em dar um significado


puramente fisiológico aos NECTÁRIOS.

= tecidos açucarados contidos nos


órgãos da flor, e limitado apenas ao
receptáculo floral.
o termo NECTÁRIO foi sendo menos
utilizado nas descrições morfológicas
florais.
6. REFERENCIAL TEÓRICO
BONNIER (1879) NECTÁRIOS EXTRAFLORAIS –NEF’S

BRAVIS (1842) – Definiu como NECTÁRIOS as glândulas


peciolares e foliares que produziam néctar

NECTÁRIO FLORAL
Glândulas produtoras de néctar
localizadas nas flores
CASPARY (1848)
NECTÁRIO EXTRAFLORAL –
Glândulas produtoras de néctar
localizadas no limbo foliar e ou pecíolos.
Conceito atual
NECTÁRIOS
estruturas secretoras de néctar ocorrentes em
quase todos os órgãos aéreos da planta.
ELIAS (1983), e OLIVEIRA
e LEITÃO-FILHO (1987),
6. REFERENCIAL TEÓRICO

Primeiro Registro de NEF’s

PTERIDOPHYTA
(PACINI et al., 2003)

Pteridium aquilinum var. latiusculum


6. REFERENCIAL TEÓRICO
6.2. Estudos sobre os NEF’s no Brasil Realizados em todas as
regiões

Porém muito poucos

Objetivos variados

Morfo-anatomia Taxonomia Questões ecológicas


Interação inseto-planta
CUNHA ( 2016) LEWIS e OWEN (1989);
LEITÃO (2001) PIRES (2015)
MELO (2008)
MACHADO et al. (2008) MELO et al. (2010)
MORELLATO e OIVEIRA (1991) Herbivoria
COLPAS (2004)
6. REFERENCIAL TEÓRICO
Estudos sobre os NEF’s no Brasil
Estudos morfoanatômicos

Estudos sobre os NEF’s no


Brasil
12

10
10
8
8
6

0 morfoanatomia relações ecológicas sudeste centro oeste


Series1 sul norte
Colunas1
nordeste
7. METODOLOGIA
7.1 TIPO DE PESQUISA: GIL (2002) - Pesquisa de campo

7.2 ÁREA DE ESTUDO

MUNICÍPIO: Serra Talhada


Área I: A Mata da Pimenteira (PEMP)
(7 ° 53‘57” S e 38º18’ 09” W)
ÁREA: 887,24 ha.
CLIMA: quente e seco
ALTITUDE: 500- 800m
VEGETAÇÃO: Caatinga
PRECIPITAÇÃO: 400-800mm/ano
RELEVO: forte ondulado
7. METODOLOGIA
7.2 ÁREA DE ESTUDO

MUNICÍPIO: Santa Cruz da Baixa Verde


Área II: Mata do Carro Quebrado
(07 ° 53'24.4 "S 38 ° 06'10.4 "W)
CLIMA: Quente e úmido
ALTITUDE: 620 m
VEGETAÇÃO: Floresta Serrana
PRECIPITAÇÃO: 1200mm/ano
RELEVO: forte ondulado
7. METODOLOGIA
7.3 COLETA DE DADOS

7.3.1.Identificação e descrição dos nectários extraflorais

excursões para CONFIRMAÇÃO


as áreas de
estudo
levantamento do material botânico

HESPA HESBRA
FAFOPST UAST
7. METODOLOGIA
7.4 ANÁLISE DOS DADOS

ANÁLISES

Morfologia predominante Apresentação de dados

Gráficos Tabelas
(%) de espécies com NEF’s

Órgãos da planta com NEF’s


8. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 DISTRIBUIÇÃO DOS NEF’S NAS ESPÉCIES

ESPÉCIES ANALIZADAS

ESPÉCIES COM NEF´s ESPÉCIES SEM NEF´s


8. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 DISTRIBUIÇÃO DOS NEF’S NAS ESPÉCIES

ESPÉCIES COM NEF´s POR ÁREA


ÁREA I ÁREA II AMBAS

18,75%

50%

31,25%
8. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 DISTRIBUIÇÃO DOS NEF’S NAS ESPÉCIES

NÚMERO DE ESPÉCIES COM NEF’S POR FAMÍLIA

10

0
Fabaceae Euphorbiaceae Ebenaceae Malvaceaea Salicaceae
8. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 DISTRIBUIÇÃO DOS NEF’S NAS ESPÉCIES

NÚMERO DE ESPÉCIMES

ESPÉCIE N. IND. ÁREA I N. IND. AREA II


Anadenanthera columbrina 83 73
Bauhinia cheilantha 424 -
Chloroleucon foliosium - 76
Croton laceratoglandulosus - 39
Croton rhamnifolioides 331 -
Diospyrus inconstans - 78
Helicteres baruensis 2 -
Hymenaea courbaril - 80
Libidibia ferrea 13 -
Parapiptadenia zehntneri 31 43
Piptadenia stipulacea 27 -
Prockia crucis 27 -
Sapium argutum 10 63
Sebastiania macrocarpa 23 -
Senegalia polyphylla - 97
8. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.2 MORFOLOGIA DOS NEF´s

RECONHECIMENTO DE NOVE TIPOS


MORFOLÓGICOS

1) elevado plano, 2) elevado calicioide, 3) elevado côncavo, 4) elevado ciatiforme,


5) plano depresso, 6) amorfo, 7) imerso em fenda, 8) elevado verrucoso e 9)
elevado globoso

TIPOS MORFOLÓGICOS
OS DEMAIS
43,75%

ELEVADO GLOBOSO ELEVADO CÔNCAVO


12,50% 25%

ELEVADO PLANO
18,75%

ELEVADO CÔNCAVO ELEVADO PLANO


ELEVADO GLOBOSO OS DEMAIS
8. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.2 MORFOLOGIA DOS NEF´s

PROJEÇÃO DOS NEF´s

SÉSSIL, ESTIPITADO E LEVEMENTE PROJETADO

PROJEÇÃO DOS NEF´s

SÉSSIL LEVEMENTE PROJETADO ESTIPITADO


8. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.2 MORFOLOGIA DOS NEF´s

FORMAS DOS NEF´s

ELÍPTICA, DISCÓIDE, CIRCULAR, CUPULIFORME, GLOBOSA, CÔNICA E


FUSIFORME
ESPÉCIE LOCALIZAÇÃO N. TIPO PROJEÇÃO FORMA
Anadenanthera Pecíolo e raque 4 Elevado plano Séssil Elíptica
columbrina
Bauhinia cheilantha Base do pecíolo * Elevado calicióide * *
Chloroleucon foliosium Folíolo e região 2 Elevado côncavo Séssil Cupuliforme
acropeciolar circular
Croton Acropeciolares, margem Numerosos Elevado globoso Estipitado e séssil Discoides/
laceratoglandulosus foliar, estipula e brácteas Globoso
florais  
Croton rhamnifolioides Acropeciolar 5a6 Elevado ciatiforme Estipitado Circular
Diospyrus inconstans Face abaxial 3a5 Plano depresso Séssil Circular
 
Helicteres baruensis Eixo da inflorescência 2a4 Elevado Séssil Discoide
Côncavo
Hymenaea courbaril Folíolos e face abaxial Numerosos Imerso Séssil Circular
Côncavo
Libidibia ferrea Pedicelo floral * Amorfo * *
Parapiptadenia Próximo ao pulvino 1 Imerso em fenda Séssil Elíptica
zehntneri
Piptadenia stipulacea Região mediana do 1 Elevado côncavo Séssil Cupuliforme
pecíolo Elíptico
           
Prockia crucis Folha, pecíolo, margem Numerosos Elevado globoso Séssil Globoso
foliar
Sapium argutum Inflorescência, pecíolo e Numerosos Elevado plano Séssil Cônico / circular
limbo
Sebastiania Eixo da inflorescência 2 Elevado    
macrocarpa Verrucoso Séssil Elíptica
Senegalia polyphylla Acima do pulvino 2 Elevado Levemente projetado Cupuliforme
Côncavo Circular
Senna macranthera Par proximal do folíolo 1 Elevado plano Levemente projetado Fusiforme
 
 

 
A B C D

 
E F G H

I J K
Figura 1. Diversidade morfológica de NEF’s em algumas espécies analisadas. A- Plano
depresso. (Parapiptadenia zehntneri). B- Elevado urceolado (Chloroleucon foliolosum). C- D
Elevado (Sapium argutum).E-G. Elevado ciatiforme (Croton rhamnifolioides). H-I.plano depresso
(Diospyrus inconstans). J. Elevado plano (Sapium argutum). K. Elevado verruciforme.
Sebastiania macrocarpa.
 
 
 

A B C

 
 

D E

F G

H I

Figura 2. Diversidade morfológica de NEF’s em algumas espécies analisadas. A-


Fusiforme (Senna macanthera) B- C Elevado séssil (Piptadenia stipulacea). D-.Elevado
globoso (Prokia crucis). E. Elevado côncavo (Senegalia polyphylla ). F. Elevado
côncavo. G. Elevado discóide. (seta maior, Croton laceratoglandulosus).I. Estipitado
globoso (Croton laceratoglandulosos)
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo foi o primeiro a abordar a distribuição
taxonômica e morfológica de nectários extraflorais em dois tipos
vegetacionais no semiárido nordestino, sendo pioneiro para
vegetação de caatinga.
Nectários extraflorais são estruturas mais abundantes e
diversificadas morfologicamente na vegetação de caatinga, assim
como também o número de indivíduos das espécies com NEF’s
foi maior nesta área.
Leguminosae e Euphorbiaceae foram famílias mais
representativas em número de espécies e indivíduos com NEF’s
nas duas áreas analisadas
9. REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA
BYK, J.; DEL-CLARO, K. Ant–plant interaction in the Neotropical savanna: direct
beneficial effects of extrafloral nectar on ant colony fitness. Population Ecology, v.
53, n. 2, p. 327-332, 2011.

 
COLPAS, F. T. Efeito de danos mecânicos simulando herbivoria sobre a produção
de néctar e o recrutamento de formigas em Inga laterifolia (Leguminosae:
Mimosoideae). Livro do curso de campo Ecologia da Floresta Amazônica (G.
Machado & P. De Marco, eds.). Manaus: PDBFF/INPA, 2004.
 

 
CARDOSO, P. R. Estruturas secretoras em plantas. Programa de Pós Graduação
em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente, São Paulo, 2011.

DA PAZ, J. R. L. et al. Guilda de visitantes de nectários extraflorais de Ipomoea


carnea subsp. fistulosa Convolvulaceae) em uma área de semiárido antropizado da
Bahia, Brasil. Acta Biológica Paranaense, v. 45, n. 1-4, 2016.

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