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Crimes militares

Objetivo

Identificar os crimes militares e


suas conseqüências.
Sumário
I. Introdução
II. Desenvolvimento
1. Crimes Militares
III. Conclusão
I. Introdução

Os crimes militares são


aqueles cometidos por militar
(caráter militar do agente) ou que
pela qualidade militar do ato
praticado, são reconhecidos.
II. Desenvolvimento
1. Crimes Militares
 
a. Conceituação
1) Crime Militar é toda ofensa ao dever militar,
praticado de maneira acentuadamente anormal e
prevista no CPM; e
 
2) Transgressão Disciplinar é qualquer
violação dos deveres e das obrigações militares, na
sua manifestação elementar e simples. Previsto no
RDE.
b . Classificação dos crimes
 
1) Políticos: os que atentam contra ordem
política do Estado, quer interna quer externamente;
2) Comuns: os que atentam contra os bens
jurídicos dos indivíduos, da família ou da
sociedade;
3) De ação: praticados mediante ação;
4) De omissão: são os praticados mediante
inação, o sujeito deixa de fazer alguma coisa;
5) De ação por omissão: quando o agente
transgride, por omissão, há preceito proibitivo de lei
penal;
6) Simples: um só ato; e
7) Complexo: é a fusão de dois ou mais tipos
penais.
c. Crimes Flagrantes.
 
1) está cometendo o crime;
2) acaba de cometê-lo;
3) é perseguido logo após o fato delituoso em
situação que faça acreditar ser ele o seu autor; e
4) é encontrado, logo após, com instrumentos,
objetos, material ou papéis que façam presumir a
sua participação no fato delituoso.
d. Crime doloso é quando o agente quis o
resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;

e. Crime culposo é quando o agente, deixando


de empregar a cautela, atenção, ou diligência
ordinária, ou especial, a que estava obrigado em
face das circunstâncias, não prevê o resultado que
podia prever, ou prevendo-o, supõe levemente
que não se realizaria ou que poderia evitá-lo;
f. Alguns crimes militares
1) Desrespeito ao Superior - Art 160 CPM

a) Desrespeitar superior diante de outro militar:

- Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um)


ano, se o fato não constitui crime mais grave;

- Parágrafo único. Se o fato é praticado contra o


Cmt da Unidade a que pertence o agente, oficial
general, oficial de dia, de serviço ou de quarto, a
pena é aumentada da ½ (metade); e

- Podemos dizer que desrespeito é a falta de


consideração pelo superior hierárquico, fato que, no
meio civil, seria considerado falta de educação
para com o chefe. No meio militar há a
preocupação em preservar a hierarquia e a
disciplina.
2) Insubordinação – Art 163 CPM

a) Recusar obedecer a ordem do superior


sobre assunto ou matéria de serviço, ou
relativamente a dever imposto em lei, regulamento
ou instrução:

- Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos,


se o fato não constitui crime mais grave; e

- Mais conhecido como recusa de obediência,


trata-se de crime propriamente militar em que o
subordinado deixa de cumprir ordem de seu
superior relativa a serviço ou dever militar imposto
em lei, regulamento ou instrução.
3) Uso indevido de uniforme – Art 172 CPM

a) Usar, indevidamente, uniforme, distintivo ou


insígnia militar a que não tenha direito:

- Pena – detenção, até 6 (seis) meses;

- Crime impropriamente militar que pode ser


cometido por qualquer pessoa, tanto os civis, como
os militares da reserva e reformados;
- O que a lei protege é a autoridade militar e a
ordem administrativa, levando-se em conta que a
farda ou uniforme identifica aquele que a utiliza,
como membro de alguma Organização Militar
(Federal, Estadual e Corpo de Bombeiros); e
- O artigo 171 do CPM trata do militar que
utiliza uniforme ao qual não tenha direito
(normalmente de posto ou graduação acima), não
levando-se em conta o motivo ou causa que o
induziu a fazê-lo, com pena que varia entre 6 (seis)
meses a 1 (um) ano, se o fato não constituir crime
mais grave.
4) Deserção – Art 187 CPM

a) Ausentar-se o militar, sem licença, da


unidade em que serve, ou do lugar em que deve
permanecer, por mais de 8 (oito) dias:

- Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)


anos; se oficial, a pena é agravada;

- O militar estabilizado pode ser licenciado


legalmente em qualquer tempo, já o efetivo variável
fica dependendo do término do serviço militar
obrigatório e os Cb/Sd do núcleo base precisam
aguardar o término do engajamento; e
- O militar indiciado ou acusado por esse delito
não tem direito à liberdade provisória, assim como
ao condenado não é concedida a suspensão
condicional da pena. Vale mencionar que a
contagem do prazo inicia-se a zero hora do dia
seguinte ao da verificação da ausência. O oitavo
dia é contado por inteiro, esgotando-se as 24 (vinte
e quatro) horas do oitavo dia de ausência.
5) Abandono de posto – Art 195 CPM

a) Abandonar, sem ordem superior, o posto


ou lugar de serviço que lhe tenha sido
designado, ou o serviço que lhe cumpria, antes
de terminá-lo:

- Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um)


ano; e

- Aqui o que se incrimina é abandonar,


afastar-se sem ordem superior do posto ou
lugar de serviço que lhe foi designado, quer
definitiva ou temporariamente, bem como
abandonar o serviço que deveria exercer sem
terminá-lo. A tentativa não é admitida. Assim,
conclui-se que a consumação do delito ocorre
no exato momento em que o militar se afasta de
seu posto e o deixa sem vigilância, não
importando o tempo que fica ausente.
6) Descumprimento de missão – Art 196
CPM

a) Deixar o militar de desempenhar a missão


que lhe foi confiada:

- Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2


(dois) anos, se o fato não constitui crime mais
grave; e

- Crime propriamente militar, onde o dever


militar e a regularidade do funcionamento das
instituições militares são resguardados. Ocorre
quando o militar se omite ou deixa de
desempenhar a missão que lhe foi confiada. É
indispensável que a missão seja compatível com
o posto, a patente ou a condição de praça. Além
disso, é necessário observar a legalidade da
missão, incluindo-se aqui a competência da
autoridade que a ordenou.
7) Embriaguez em serviço – Art 202 CPM

a) Embriagar-se o militar, quando em serviço,


ou apresentar-se embriagado para prestá-lo:

- Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)


anos; e

- A punição por embriaguez em serviço faz-se


necessária porque, além de preservar a integridade
física e psíquica do militar, procura também
resguardá-lo de acidentes consigo mesmo, bem
como em terceiros, ferindo ou até podendo tirar a
vida de um companheiro ou colocar em perigo a
estabilidade da OM. Essa modalidade de delito
divide-se em duas formas: na primeira o militar já
se encontra de serviço e embriaga-se. Se após a
ingestão de bebida alcoólica o agente não ficar
embriagado, não existe crime e ele responderá
disciplinarmente. Na segunda forma, o militar
apresenta-se embriagado para prestar o serviço.
8) Dormir em serviço – Art 203 CPM

a) Dormir o militar, quando em serviço:

- Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano; e


- É imprescindível que o militar utilize-se de todos os
meios necessários para manter-se acordado e atento
durante seu quarto de hora, valendo-se do preceito de
que a preparação para o serviço inicia-se no exato
momento do conhecimento da escala. O militar de serviço
deve sempre estar consciente de sua responsabilidade
de militar e cidadão para cumprir da melhor forma
possível o que lhe for confiado, sob a pena de além de
ser considerado um criminoso, perder sua própria vida e,
ainda, colocar em risco a vida de todos os seus
companheiros, instalações e operações militares. Toda
escala de serviço existe uma razão de ser, ainda mais na
atualidade, em que nossas unidades e instalações
tornaram-se alvo de bandidos em busca de armamentos
e equipamentos militares.
9) Lesão corporal – Art 209 e 210 CPM

a) Ofender a integridade corporal ou a saúde


de outrem:

- Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um)


ano; e

- Visa proteger a integridade corporal (física e


psíquica) contra toda e qualquer forma de lesão.
Isso compreende arranhões, esfoladuras,
ferimentos dilacerantes e contusões variadas. No
que diz respeito à saúde compreende, também, as
convulsões, choques nervosos e alterações
psíquicas provenientes de coação e ou ameaça de
qualquer tipo. Dentro da caserna os fatos mais
comuns causadores de lesões e até mesmo
homicídio são acidentes com armas, brigas e
“trotes”. Nesses casos a ação poderá ser culposa
ou dolosa.
10) Ato libidinoso – Art 235 CPM

a) Praticar, ou permitir o militar que com ele se


pratique ato libidinoso, homossexual ou não, em
lugar sujeito à administração militar:

- Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um)


ano;

- Crime propriamente militar, configura-se


somente se praticado em local sob administração
militar. Devemos observar que existem duas ações:
a do agente ativo (praticar, realizar, fazer e
executar) e a do agente passivo (permitir, consentir
e autorizar). Se um deles for civil, somente o militar
responderá pelo delito. Cabe ressaltar que não
existe qualquer tipo de discriminação por parte da
legislação penal militar quanto à opção sexual do
indivíduo, o que se preserva, no entanto, é a
integridade moral das Instituições Militares; e
- LIBIDINOSO: Relativo ao prazer sexual, ou
que o sugere, lascívia, sensualidade.
11) Ato obsceno – Art 238 CPM

a) Praticar ato obsceno em lugar sujeito à


administração militar:
- Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um)
ano;

- Parágrafo único – A pena é agravada, se o


fato é praticado por militar em serviço ou por
oficial;

- Crime praticado por civil ou militar, homem


ou mulher. Se civil cabe ressaltar que torna-se
difícil a caracterização de crime militar.

- O ato obsceno caracteriza-se pela simples


exposição em público do órgão genital, a
masturbação, a micção, gestos ou sinais com a
intenção de ofender o pudor público.

- OBSCENO: Que fere o pudor, impuro,


desonesto
12) Furto simples – Art 240 COM
a) Subtrair, para si ou para outrem, coisa
alheia móvel:
- Pena – reclusão, até 6 (seis) anos
b) Furto qualificado - Se o furto é praticado
durante a noite:
- Pena – reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos.
c) Se a coisa furtada pertence à fazenda
nacional:
- Pena- reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
- § 6° - SE O FURTO É PRATICADO:
I - com destruição ou rompimento de
obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso da confiança ou mediante
fraude escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa; e
IV - mediante concurso de 2 (duas) ou mais
pessoas.
Pena – reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos.
13) Furto de uso – Art 241 CPM

a) Se a coisa é subtraída para o fim de uso


momentâneo e, a seguir, vem a ser
imediatamente restituída ou reposta no lugar
onde se achava:

- Pena – detenção, até 6 (seis) meses;

- A lei penal militar ao tipificar o furto de uso


teve a finalidade de proteger em sentido amplo
o patrimônio contra toda e qualquer espécie de
ofensa ou violação da propriedade e da vontade
do possuidor; e

- Pode configurar-se pela simples


apropriação de viatura militar com o intuito de
dar uma “voltinha” ou, até mesmo, pela
apropriação de uma moto de um colega para dar
um passeio, mesmo que por uns poucos
instantes.
14) Dano – Art 262 CPM

a) Praticar dano em material ou aparelhamento


de guerra ou de utilidade militar, ainda que em
construção ou fabricação, ou em efeitos
recolhidos a depósito, pertencentes ou não às
Forças Armadas:

- Pena – reclusão, até 6 (seis) anos; e

- Neste crime se protege os bens da fazenda


nacional para que não sejam depredados,
destruídos ou deteriorados. São protegidos pelo
Código Penal Militar todos os bens que pertencem
ao patrimônio militar (armamentos, equipamentos
em geral, viaturas, utensílios, instalações, etc),
excluindo-se os bens particulares que são
protegidos pela justiça comum, salvo se estiverem
sob administração militar. Assim, conclui-se que
os bens protegidos são aqueles pertencentes ao
patrimônio das instituições militares.
15) Tráfico, posse ou uso de entorpecente - Art 290 CPM
a) Receber, preparar, produzir, vender,
fornecer, ainda que gratuitamente, ter em
depósito, transportar, trazer consigo, ainda que
para uso próprio, guardar, ministrar ou entregar
de qualquer forma a consumo substância
entorpecente, ou que determine dependência
física ou psíquica, em lugar sujeito à
administração militar, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou
regulamentar:
- Pena – reclusão, até 5 (cinco) anos; e
- Crime militar que pode ser cometido por
militar ou civil, desde que seja praticado em
local sob administração militar. Pelo
entendimento do Superior Tribunal Militar não
se leva em conta a quantidade de substância
entorpecente em posse do agente, pode ser um
decigrama ou até mesmo um centigrama de
substância que irá configurar o delito.
16) Desacato – Art 298 CPM

a) Desacatar superior, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro,


ou procurando deprimir-lhe a autoridade:

- Pena – reclusão, até 4 (quatro) anos, se o fato não constituir


crime mais grave;

- Trata-se de crime propriamente militar em que se protege a


autoridade, a disciplina e a hierarquia militar. A ação desacatar
consiste no menosprezo, no ultraje, no insulto e na ofensa moral
praticada contra superior hierárquico; e

- A consumação ocorre no momento em que o desacato é


cometido na presença do superior, mesmo que o ofendido não
perceba a ofensa, bastando a possibilidade de tomar
conhecimento diretamente. Não é admitida a tentativa e há forma
qualificada se o crime é cometido contra oficial general ou
comandante da unidade a que pertence o agente. Por fim, não há o
benefício da suspensão condicional da pena ao sentenciado por
esse crime.
g. Penas
1) Pena é a sanção aplicada pelo Estado
àquele que por ação ou omissão, infringiu o
preceito da lei penal; e
2) Doutrinariamente, a pena não tem por efeito
“castigar” o delinqüente (o que foi de encontro a
uma norma penal) e sim “prevenir a criminalidade e
emendar o delinqüente”.
3) Penas principais
a) Morte;
b) Prisão;
c) Detenção;
d) Impedimento;
e) Suspensão do exercício do posto ou
graduação, cargo ou função; e
f) Reforma.

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